Como todas, mista de dor e glória Vou contar-lhes mas é segredo Cada mínimo detalhe desse enredo
E ao saber, não espalhe sem consentimento
É um segredo que a história oculta do esquecimento São fatos verdadeiros de uma vida
De uma pessoa muito, muito querida De um ser humano por demais especial Uma professora da Escola Normal Talvez esteja um pouco fora da ética Mas vou falar, seu nome é Angélica É de ti, Angélica, de ti mesmo que falo E nem vem, não adianta, eu não me calo Vou contar tudo o que eu descobri Mas tudo mesmo sobre ti
Nasceste há vinte e quatro anos atrás Numa família bela e cheia de paz Talvez por isso sejas tão adorável Legal, simpática e amável
Para começar talvez não saibam, nasceste numa quarta Que imagino tenha sido um dia de alegria farta
A data, é o número de dedos de tuas mãos, ou teus pés Número esse que serve também para dar-te nota: dez O mês de teu nascimento foi maio
Cujo dia primeiro é o dia do trabalho Tu és sublime do signo de touro Cuja amizade nos tem o valor do ouro Agora, porque a memória nos consente Lembraremos de teu passado, aqui presente Eu não vou seguir uma ordem cronológica exata Pois se o tempo confunde a mente de quem viveu, imagina de quem relata Primeiro relatarei tua infância, teu tempo pueril De uma forma, que se diga, bem sutil
Soube que não te machucavas muito, pois eras cuidadosa
E poucas foram as tuas traquinagens porque eras medrosa Tens no joelho e no pé um sinal do passado
Isto porque na sala sobre o armário teu brinquedo foi colocado
Teu irmão quis apanhá-lo
Tu porém quiseste impedi-lo de pegá-lo Subiste no armário, que não resistiu E sobre vós então caiu
Teu irmão machucou a cabeça, e tu tais lugares citados E inspirastes de tua mãe mil cuidados
Se não aprontavas muito, andavas por todos os lugares Quando residias à rua Governador Valadares
E no intento de brincar deixavas a casa tua E, por aventuras, preferias o muro à rua
Caminhando sobre o muro sentias o prazer do perigo Levavas amigos teus contigo
Na casa de dona Marineida ias parar Gostavas muito de lá
Sozinha não eras de aprontar
Mas com teus irmãos gostavas de malinar
E nesta rua onde moravas
Jogavas água no povo que na rua passava
Ias para a igreja presbiteriana ainda em construção Munida de vontade de se divertir e de um papelão Punhas o papelão no chão e te ajeitavas
E pela rampa deliciosamente deslizavas Imagino a menina que eras
Florindo docemente pelas primaveras Um sorriso meigo e fugaz
Base de uma adulta guerreira em busca de paz. Tuas brincadeiras, tantas que nem sei
Um delas eu ainda não contei Tenho um pouco de receio de dizer Talvez tua face possa se enrubescer Mas já que estou aqui para falar de tudo Não posso, diante teu vexame, car mudo Eu rio ao refazer em meus pensamentos Este que foi um dos teus piores momentos Lá na praça em frente à igreja matriz É que te aconteceu este fato infeliz
Bem, conforme recebi informações em mãos Brincavas com teus amigos e irmãos
Em determinado momento tentaste subir na estátua da praça
Caíste, e achaste disto tanta graça
A ponto de fazer xixi na roupa de tanto ri E tiveste que logo dali sair
Foste para casa toda molhada
E, consequentemente, envergonhada Coitada de ti, caste molhadinha
Se eu tivesse visto teria dito: “Pobrezinha!” Tinhas 10 anos em tal tempo
Que longínquo se pôs a correr como o vento Mas minhas recordações que me contem Se não te são aqueles dias como que ontem
E sigo ainda mais nesta tua história
Recordando fatos esquecidos por tua memória E de tua infância prossigo em meu esboço Adoravas, lembro-te, brincar de cair no poço Nossa! Como é bom lembrar de fatos passados!
Que em algum cantinho da memória caram guardados Parece até que o futuro não compensará o que passou Que por insistência do tempo para trás cou
Rabiscados às vezes em papéis
Letras descuidadas que sejam, porém éis
Elas compuseram o teu nome em lugar, armo, especial Lá em Teólo Otoni, na Casa Vera Cruz, hoje um hospital Lá deixaram o teu nome escrito
Nome que, modéstia à parte, é bonito Mas deixemos o sol se ocultar
Morrer lentamente o dia no brilho crepuscular Estrelas inúmeras tomar conta do céu
E na vida, a noite é amarga como fel Porque não são eternos os paraísos
E não se vive uma vida inteira de sorrisos
Porque se nasce menina, torna-se mulher maldosa Logo após mãe, meigamente doce e carinhosa
Destino maldoso, vou falar com ele para que se acanhe E deixe conosco eternamente a nossa mãe
Que nos permita tê-la ao menos até entender a vida Pois tu só tinhas nove anos em época de sua partida A vida e teus amigos te consolaram
E também muitos anos se passaram Algum dia, junto ao mar, ao amanhecer Algo poderá fazer-te sofrer
Talvez a falta de pessoas na praia Talvez o dia, que tarda e não raia E quando o dia começar a nascer Algo então vais perceber
EDMILSON ANTUNES TAVARES
Sendo bem cedinho, e a brisa te sendo lençol
Verás o sol saindo de dentro do mar, o mar dando luz ao sol
Lembrarás do ser mãe, porque o sol se fez lho Que deixando a mãe chorará brilho
Senta na areia e deixa o tempo te falar Não te importes, chora, caso queiras chorar Bem sei quanta coisa existe
Mas se não quiseres car triste
Olha para o gigante em tua frente, irás te consolar Ao notar que ao longe o céu se encontra com o mar De olhos fechados imagina que a água se solidica sob teus pés
Ver-te-ás então caminhando por sobre as marés Na verdade, de olhos fechados, és mais leve que o ar Por isso poderás ir calmamente por sobre o mar Mas se veres que o céu não se encontra com as águas Abre teus olhos, vem viver, esquecer as mágoas Pois te espera hoje muita felicidade
A qual tu mesma semeaste em tua amizade Com teu sorriso lírico e teu humor cativante O teu “menina-levada”, ou “mulher-comportada”, sempre insinuante Mas sempre aquela velha história
Que persiste viva e bem guardada na memória Esse que nunca é o derradeiro
O nosso amor primeiro
Talvez não seja o maior de todos os nossos amores Nem o mais feliz, ou o de maiores dores
Mas sempre estará lá, e nunca que se esquece E eternamente, algo em nós dele permanece Pois sempre em mim está vivo o meu
E certamente em teu peito, também vive o teu E em outros braços, e em outro beijo
No teu âmago ainda, dele o desejo
A entrega total em um amor perfeito
Ter sempre do lado quem vive dentro do peito Mas te faço chorar ou sorrir
Se eu te sussurrar o nome: “Valmir”?
Sei que vais rir e lembrar de tudo com carinho
Talvez um pouquinho de tristeza chegue de mansinho A verdade é que tudo ca velho e assim seu amor cou Como o nome dele nas folhas de papel que o tempo amarelou Quantas vezes dormistes sonhando com ele?
Já choraste por causa dele?
Prosseguindo nesta minha rima real Vou falar-te agora de, Wilson Leal Nossa! Já ouço o teu peito acelerado Pois foi este teu primeiro namorado Dizem ter sido nele o teu primeiro beijo Fechando meus olhos eu até vejo
Em tal momento tuas palavras mal saíam
O coração pulsava forte, vossos olhares se corriam As pernas quase não aguentavam o peso do corpo E todo o ar da atmosfera naquele instante te foi pouco Assim, a bela adormecida foi despertada
A menina tímida se tornou mulher amada Queria ter uma bela adormecida assim Tão bela! Nada adormecida, aí de mim Mas soube que era muito bravo o teu pai E quando o rei é bravo o príncipe não vai Atrai a princesa para fora do castelo
Assim foi o teu, talvez romântico, quem sabe belo Mas se um homem tem barba, o outro também tem Quem tem dignidade e respeito não teme ninguém Namoravas um determinado rapaz
Alheio ao conhecimento de teus pais
Vossos beijos, vossos abraços, as emoções vividas Encontráveis por aí, às escondidas
Dona Luzia era quem vos emprestava a casa para servir de abrigo
Agora, conta a verdade, é tão gostoso namorar em perigo! Disseram para ele que teus pais já sabiam de tudo De tal forma, aquilo para ele se tornou um absurdo E não é que o príncipe adentrou teu castelo encantado! E este guerreiro era o sir Díglio Furtado.
Mas quanto melhor o dia mais rápido a noite vem A noite e sua escuridão barulhenta e tudo mais que ela tem
As noites vêm intercalando os dias
De repente tristezas quando tudo eram alegrias É que no morrer do dia a noite cai
Assim tu perdeste teu pai Quando a vida briga conosco
Quando o mundo vem dar- nos desgosto
Refugiamo-nos em nós mesmos e o silêncio vem Aí não queremos ver mais ninguém
Se o coração se fecha em luto a alma pouco pode E quando o luto é muito grande parece que o peito explode
Fica-se calado, o silêncio já diz tudo Mas é bem verdade, é um absurdo
Por maior que seja a nossa dor, alguém sofre mais
Atracamos hoje, há quem viva eternamente em um cais Sabes Ángel (gosto de chamar-te assim)
Não é errado chorarmos o m Mas se o mar for fruto de um pranto Se alguém conseguiu chorar tanto Pode ter deixado o mundo comovido Mas terá seu problema sido resolvido? Ah! Ángel, para que tristeza
Assim, vamos falar de algo engraçado Por exemplo, um fato até gozado
Um dia te empregaste visando melhores dias E o teu pioneiro emprego foi lá em Zé Farias Estas lembranças devem te são eternas
Teu emprego foi de um dia; não aguentaste a dor nas pernas
Imagina, um dia empregada Deve que não zeste nada.
De tua personalidade sei que gostas de viajar Que não és vaidosa, porém moralista a ponto de se reclamar
Ao perguntar para tua irmã: “E como ela é?” Respondeu: “Cem por cento!” E nisto ponho fé Porém ela voltou um pouco atrás
Disse: “noventa e nove, é moralista demais” Não gostas muito de dar aula
Pena, adoro ver-te na sala
Em professor algum eu ponho mau gosto Mas és a professora mais compatível conosco Talvez seja teu sangue, levemente adocicado Tua simpatia, tua idade, teu humor alado
Que sobrevoando nossos males espanta nossas dores És a mais aluna de nossos professores
Claro, todos os nossos professores são maravilhosos Sejam eles mais calminhos, sejam mais nervosos
Mas no fundo, temos ótimos professores, graças a Deus! Porém, por falar de ti, exalto os modos teus.
Bem, temos ótimos professores, e tu és magníca O adjetivo sublime é o que melhor te qualica Deve ser tais qualidades que te tornam irresistível Cujo olhar, se de desejo, é infalível
EDMILSON ANTUNES TAVARES
Sabes, tenho comigo uma dúvida danada Se conquistaste ou foste conquistada Do teu agora, isto ainda não sei
Se foste atrás ou perseguida por Danrley Este é o nome do que hoje felizardo fazes Este que invejável do teu lado trazes
A primeira vez que paqueraste foi no Black-Tie, do lado de fora
Bem, esta é a informação que tenho por hora. Angélica, lha de dona Liomar e do senhor Alcides Tu e teu escolhido, sejais felizes onde irdes.
Tentei, Ángel, contar tua história
Quem sabe tudo está ainda bem vivo em tua memória Perdoa-me, se passei alguma informação errada Só contei tudo o que soube, mais nada
Esta é uma forma que nós encontramos
Nós do 2º e do 3º técnico, de dizer o quanto te gostamos Um pedido de Luana, do segundo contabilidade
Foi feito por mim com carinho, e por amizade Foi quase uma pequena biograa, quisera que fosse Peço-te perdão pelo que nela não te for doce
Não é bela esta obra, não foi a melhor coisa escrita por mim
Mas foi feita com o maior carinho, garanto-te que sim. Bem, agora eu cheguei ao nal
Devo confessar, escrever isto foi legal Porém, antes de tudo eu ndar
Escrevo uma coisa para poderes sempre te lembrar Vou deixar gravado nestas linhas em bom português Os alunos do segundo técnico de noventa e seis Que são Luiz, Marta e Mariana
Gonçalves, Carlos, Marina e Luana Essa sala cheia de Lúcia e Luciano Eller, Elena, Zé Prates e Silvano
Mário, Ana Beatriz ou Bia
Todos estes alunos te vêem com alegria Elizete, Jerson, Jorge e Sara
Manoel, Marta, Celina e Mara Almero, Nani e Severino
Ranulfo, Célia e também Altino E agora para nalizar:
Falta-me citar Leomar
E também os do terceiro técnico, de quem és madrinha Wanderson, Elizeu, Marina e Sandrinha
Alunos que nunca se esquecem de ti Como Alcione, Alex, Marcelo e Bibi E todos nós te gostamos até danar Antonio Alceu, Eliezer e Ademar Também tua aluna alhada Ana Carla Finalmente eu, que é quem te fala
E em nome de todos esta homenagem redigiu E te deseja sempre felicidades… Mil!