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CAPÍTULO 3 ASPECTO AMBIENTAL DO USO DE FONTES ORGÂNICAS

3.2 Material e Métodos

3.2.3 Índices ambientais e valoração dos atributos

3.2.3.1 Índice de risco ambiental

O risco ambiental do uso de fontes orgânicas de nutrientes em sistemas de preparo do solo foi estimado através de um índice de fósforo (IPo) que utilizou: formas lábeis e moderadamente lábeis de fósforo total, atributo este que foi associado ao risco de eutroficação das águas pela possibilidade de transferência do sistema solo para água através da erosão; um índice de metal (IM) utilizando-se o cobre mais zinco disponíveis, que associou-se ao risco de elevação do teor de metais pesados no solo e sua inserção na cadeia alimentar a partir da absorção pelas plantas e; a percepção de vários profissionais que exercem suas atividades na área de agronomia, a respeito de questões ambientais do uso de fontes orgânicas de nutrientes e de sistemas de preparos de solo, que associou-se com o risco de problemas ambientais diversos pelo uso das fontes orgânicas de nutrientes e dos sistemas de preparo de solo, ao que denominou-se de índice de percepção dos técnicos (IPT).

Para a valoração do fósforo total (formas lábeis e moderadamente lábeis), considerou- se tanto a sua concentração total no solo quanto à sua distribuição na profundidade de 0- 40cm. À associação dos dois parâmetros chamou-se de IPo. Na distribuição do P, considerou- se que o risco de contaminação ambiental é tanto maior quanto maior o teor na superfície e que a sua distribuição no perfil deveria ser uniforme. Assim, foram calculados os desvios do P total em cada profundidade em relação ao valor médio do P nas quatro profundidades (DP), através da equação:

(3.2)

onde: DP é o desvio do Pt; Pti é o teor de Pt na profundidade i; _

x Pt é a média ponderada dos teores de Pt das quatro profundidades e ié a profundidade.

Os DP foram relativizados pelo valor mínimo encontrado entre todas as parcelas, através da equação:

=             = 4 1 _ 2 _ / i Pt x Pt x Pti DP

95

(3.3)

onde: DP min é o menor desvio encontrado; DP parc é o desvio da parcela.

Com relação à concentração de Pt no solo, relativizou-se as médias de Pt (0-40cm) pelo valor mínimo de Pt encontrado nas parcelas (Ptr = Pt mínimo/Pt parcela). Ou seja, quanto

menor o valor de Pt, menor o risco e maior o valor que comporá o IPo. O IPo foi composto pela média da DPr e do Ptr.

Para a valoração do Zn e do Cu procedeu-se da mesma maneira como foi feito para o Pt, levando-se em conta a concentração e a distribuição destes na profundidade de 0-40cm, dando origem ao IZn e ICu. O índice de metais (IM), por sua vez, correspondeu à média aritmética do IZn e do ICu.

Para os resultados do questionário sobre as fontes de nutrientes, foi calculada para cada fonte a média da pontuação obtida, envolvendo as cinco respostas e todos os participantes (Apêndice W). O IPT se constituiu da combinação dos resultados de cada fonte de nutrientes e testemunha com os diferentes preparos do solo. O resultado de cada fonte foi somado ao resultado de cada preparo do solo, dividido por dois, resultando em 25 índices. Somente foram considerados no programa @RISK os valores médios destes índices.

O índice de risco ambiental (IRA) foi estabelecido atribuindo-se um peso de 60% para IPo, 20% para o IM e 20% para IPT, conforme apresentado na equação abaixo:

20 , 0 * 20 , 0 * 60 , 0 * IM IPT IPo IRA= + + (3.4)

Estes pesos foram atribuídos considerando-se que o potencial de contaminação ambiental pelo fósforo é grande, quando em teores elevados, trazendo como conseqüência a eutroficação das águas superficiais. Para os metais pesados, especialmente Zn e Cu, não se tem bem claro quais são as conseqüências destes no ambiente e nem quais são os níveis críticos considerados poluidores ao ambiente (solo, planta, etc) e, por isto, atribuiu-se um peso de 20%. Ao IPT atribuiu-se um peso menor, por se tratar de uma avaliação subjetiva, ao contrário dos outros atributos que foram determinados no experimento.

3.2.3.2 Índice de diversidade

A valoração do índice foi baseada em Gliessman (2001) que coloca que ecossistemas naturais relativamente diversificados apresentam índices de Simpson iguais ou maiores que

) 10 ( / ) 10 min (

96 cinco. Neste sentido, considerou-se que os índices de Simpson obtidos acima de 5,0 tem um peso de 1,0 e o menor índice de Simpson tem um peso de 0,7, resultando em uma regressão segmentada com patamar (Figura 3.1).

Figura 3.1 - Curva de valoração para o Índice de diversidade de Simpson.

3.2.3.3 Índice carbono-nitrogênio

Os dados de carbono orgânico total e nitrogênio total do solo foram relativizados (COTr e NTr, respectivamente) tomando-se como referência os teores máximos de carbono e

de nitrogênio encontrados nas parcelas do experimento. Considerou-se como índice carbono- nitrogênio a média das duas relativizações em cada tratamento.

3.3 Resultados e discussão

O uso de fontes de nutrientes associadas a sistemas de preparo do solo foi avaliado através de um modelo onde foram utilizados três índices ambientais. Deste modelo resultaram figuras de triângulos onde, figuras maiores e mais homogêneas (sem distorções), identificam um melhor aspecto ambiental do uso das fontes de nutrientes. Além da forma do triângulo, as fontes foram comparadas entre si pela área média e seu intervalo de confiança com probabilidade de 90%. 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 0 5 10 15

Indice de diversidade de Simpson

Valoração

Se:

IS = 5, Y=0,75x + 0,624 IS > 5, Y = 1

97 3.3.1 Avaliação das fontes de nutrientes através das figuras dos triângulos

Pela avaliação visual, observa ram-se poucas diferenças entre as fontes de nutrientes quanto ao aspecto ambiental (Figura 3.2). Entretanto, uma maior diferenciação entre as fontes ocorreu nos índices IRA e ID, com exceção do PCR. Neste sistema, apesar de ter havido uma menor variabilidade entre os índices, os triângulos são menores indicando um pior desempenho das fontes no aspecto ambiental em relação aos demais sistemas de preparo do solo, sendo que os três índices estão comprometidos. Entre os sistemas de preparo do solo, uma maior diferenciação visual das fontes de nutrientes ocorreu no PCO, com os índices variando mais entre as mesmas. Quando se observou as fontes de nutrientes considerando-se todos os sistemas de preparo do solo em conjunto, verificou-se o mesmo comportamento apresentado por elas em cada sistema de preparo. Entre os três índices que compõe o aspecto ambie ntal do uso das fontes, o IRA foi o que apresentou as menores valorações, sugerindo que todas as fontes apresentam um potencial de risco de dano ao ambiente (limitação). Por outro lado, todas as fontes de nutrientes, incluindo a testemunha (sem aplicação de nutrientes), apresentaram IRA mais baixos e semelhantes. Isto pode ser devido à falta de padrões de referência dos atributos quanto aos limites de dano, não permitindo uma melhor separação das fontes orgânicas de nutrientes.

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