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1 O CONSELHO DE CLASSE: DA ORIGEM AO CONTEXTO ATUAL DAS

1.3. As orientações da SRE/ DIVAE quanto ao funcionamento do conselho

1.3.3 A Contextualização do Campo de Pesquisa do Caso de Gestão

1.3.3.1 A Caracterização da Escola A

A Escola A é uma das instituições educativas da Rede Estadual que compõe a superintendência Regional de Ensino de Carangola /MG. Foi criada em 1930 e instalada definitivamente no endereço atual em 1952. A partir de 2002, passou a atender às turmas dos anos finais do Ensino Fundamental e, em 2013, passou a oferecer o Ensino Médio. Atende atualmente à 1.050 alunos, incluindo 15 alunos na sala de recursos e 22 alunos do Programa da Educação Integral. Mantém funcionamento em dois turnos (matutino e vespertino). A matrícula nos anos finais do ensino fundamental é de 504 alunos. A escola oferece o ensino fundamental completo e ensino médio. A escola tem sede própria, com estrutura física em estado regular, requerendo ampliação, o que causa a locação de outro imóvel para atendimento de parte da demanda escolar. Possui um espaço físico limitado diante da demanda e da situação de um prédio que necessita de ampliações e reformas. O prédio tem 16 salas de aula, laboratório de informática improvisado, biblioteca, quadra descoberta, cozinha, banheiros para alunos (masculino e feminino), banheiros para funcionários. A escola contém um quadro pessoal com professores efetivos e designados com formação superior, licenciatura plena e pós-graduação. Os Profissionais são habilitados para as funções que ocupam, prevalecendo um maior número de servidores concursados, sendo alguns designados de acordo com os critérios estabelecidos em Resolução da SEE/MG. Quanto ao número de servidores, a escola tem 01 diretor, 02 vice-diretores, 03 especialistas de educação básica, 01 secretário escolar, 04 ATBs, 09 ASBs, 03 professores em ajustamento funcional e 54 professores.

Quanto ao Perfil dos alunos, expresso no PPP da escola:

[...] são filhos de trabalhadores assalariados e de nível socioeconômico baixo. Acrescenta que 10% desses alunos são agitados, agressivos e apresentam muita dificuldade de conviver uns com os outros no ambiente escolar e, também fora dele, gerando indisciplina na sala de aula. A maioria tem acesso à televisão, rádio e Internet e alguns também fazem uso de

celular no ambiente escolar através de Facebook, Whatsapp e máquina fotográfica (PPP da Escola A, 2014, p.09).

Quanto ao Perfil dos Pais descrito no PPP da escola:

[...] identifica que são na maioria trabalhadores assalariados com baixo nível de escolaridade, sendo cerca de 10% analfabetos (apenas escrevem o nome). Constatou-se que, apenas 40% dos pais acompanham o desenvolvimento escolar dos filhos, 70% procuram a Escola a partir das convocações escritas para informações sobre a vida escolar dos filhos e 30% dos pais não procuram e não atendem aos convites da Escola (PPP da Escola A, 2014, p.10).

Quanto ao registro do diagnóstico, a escola afirma como condição de eficácia do PPP o fato dele ser construído a partir das observações sistemáticas sobre o cotidiano da escola, da apropriação e análise dos resultados das avaliações internas e externas, realização de reuniões de pais e debates envolvendo professores, alunos, demais funcionários e representantes da comunidade escolar (PPP, 2014).

Esta Escola estabeleceu os seguintes elementos como bases norteadoras do seu trabalho pedagógico:

- a garantia dos direitos de aprendizagem e desenvolvimento dos alunos; -o Currículo Básico Comum – as competência e habilidades a serem consolidadas pelos alunos;

-as avaliações Internas e Externas – PROALFA/PROEB/IDEB;

-a intervenção e a interpretação do perfil real dos alunos do ponto de vista intelectual, cultural, emocional, afetivo;

-a clareza sobre o fazer pedagógico – a metodologia e os materiais didáticos utilizados pelos professores em sala de aula;

-o acesso e a permanência dos alunos na Escola para conquista da qualidade social;

- a utilização do Livro Didático-PNLD;

- a formação continuados dos professores e especialistas;

- o envolvimento e integração dos pais ou responsáveis dos alunos nas ações escolares (PPP da Escola A, 2014, p. 43).

A organização da escola está apontada em seu PPP como uma gestão democrática, participativa e compartilhada definido-se por pautar-se em uma gestão que “tem nas instâncias colegiadas o espaço em que são tomadas as decisões que orientam o conjunto das atividades escolares, os processos e procedimentos pedagógicos e administrativos no âmbito escolar” (PPP, 2014, p.43).

Assim, no que concerne ao conselho de classe, observou-se que esta escola regimentou o texto sugerido pela SEE/SRE e tem implementado um modelo buscando a praticidade para as ações, imprimindo ao conselho uma lógica

pragmática, cuja dinâmica organizacional reflete-se nos processos posteriores sob a coordenação das equipes gestora e pedagógica. As formas ritualizadas que envolvem o trabalho pedagógico do conselho de classe estão associadas à permanência das dificuldades nas mudanças dessas práticas.

Reportando-se aos critérios da escolha da Escola A como parte do campo de pesquisa a ser acompanhado sistematicamente torná-se oportuno citá-los: adesão à pesquisa, organização do tempo para as práticas com o conselho de classe (observado nos registro da escola), atendimento ao ensino fundamental completo, número de matrículas atendidas (número acima de 300 alunos nos anos finais do ensino fundamental), acessibilidade para realização desta pesquisa, o trabalho efetivo com o conselho de classe (incluindo a participação dos alunos) conforme verificado nas atas dos arquivos escolares, como também, os trabalhos com projetos pedagógicos que desenvolve.

Entretanto, a junção dos materiais sobre as experiências das sete escolas constituiram-se em um material de pesquisa que muito contribuiu para as proposições do Plano de Ação Educacional desta dissertação.

A contextualização do campo de pesquisa acima apresentado representou a mobilização dos elementos explicativos do local de produção como um espaço físico, social e político em que as relações e interações entre os grupos aconteceram em meio a complexidade da construção dos saberes desses atores escolares para, a partir daí, construir novas aprendizagens para o caso de gestão proposto nesta pesquisa.

Assim considerou-se que, por suas possibilidades de atuação coletiva, interativa e interdisciplinar no processo avaliativo a pressuposição que o conselho de classe poderá fazer-se mediador de mecanismos interventivos a partir da participação reflexiva de seus componentes (equipes administrativa e pedagógica) para a melhoria do ensino e da aprendizagem cuidando-se para não priorizar os aspectos burocráticos em suas atividades pedagógicas.

Portanto, considerou-se o alerta de Cruz (2011, p.11) de que “um dos espaços mais ricos de transformação da prática pedagógica, talvez, dos mais mal aproveitados nas escolas é o conselho de classe” sinalizando para uma reavaliação destes trabalhos.

Cabe, dessa forma, a busca do entendimento da funcionalidade do conselho de classe na gestão pedagógica, sua abrangência e quais são suas possibilidades

de proposições interventivas. Neste contexto, o problema se delineia quanto aos méritos desse colegiado nos rumos das decisões das escolas, suas contribuições, aspectos negativos e positivos de sua participação no percurso do ano letivo e, principalmente, enquanto gerador de intervenções pedagógicas.

Neste sentido, a análise dos obstáculos que permeiam e interpõem-se às normativas regimentais das Escolas e aos fundamentos norteadores de seus PPPs, como também, a organização e o funcionamento do conselho de classe, direcionou os caminhos investigativos para obtenção de respostas de como acontece no âmbito dessa instância coletiva os processos de avaliação diagnóstica, sua formação cultural e de como a gestão pedagógica influencia nestas práticas. Buscou-se, ainda, confirmar se as atribuições e competências do conselho de classe sob a ótica da SEE e SRE apresentam discrepâncias entre a teoria contida nos documentos escolares (Regimentos e Propostas Pedagógicas) e as práticas gestoras.

O Capítulo II, a seguir, comporta a explicitação dos aspectos metodológicos que conduziram os estudos dos materiais obtidos nas escolas (campo pesquisado), a discussão sobre o funcionamento do conselho de classe, a exposição dessas análises e inferências a partir das observações dos dados e informações, que foram trabalhados numa perspectiva propositiva, a fim de contribuir para as práticas de conselho de classe das escolas estaduais e elaboração do PAE desta pesquisa.

2 ASPECTOS METODOLÓGICOS E ANÁLISE DO FUNCIONAMENTO DO