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CAPÍTULO II. O DISCURSO DO DESENVOLVIMENTO PARA AMÉRICA

2.1 A construção do Terceiro Mundo: América Latina e o subdesenvolvimento

A partir do discutido no Capítulo 1, neste capítulo 2 vamos procurar reconstruir historicamente o discurso do desenvolvimento como um discurso hegemônico que foi construído como política internacional dos Estados Unidos após da Segunda Guerra Mundial e no contexto da Guerra Fria. Tentamos visar o modo como esse discurso foi agenciado nos países na América Latina. Logo, a partir de depoimentos registados no lugar mesmo e alguns

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documentos, vamos procurar compreender como o desenvolvimento foi reconfigurado em La Leonera, zona rural do município de Cali, na Colômbia.

Vários teóricos do desenvolvimento, entre eles Sachs (1996), Esteva (1988) e Escobar (2007), coincidem em datar o início do desenvolvimento como formação discursiva na posse de Harry Truman, como presidente dos EUA, acontecida o dia 20 de janeiro de 1949. No seu discurso pronunciado esse dia, Truman fala do já famoso quarto ponto da sua agenda:

[…] En cuarto lugar, hay que embarcarse en un programa nuevo y audaz para lograr que los beneficios de nuestros avances científicos y el progreso industrial mejoren el crecimiento de las áreas subdesarrolladas. Más de la mitad de los habitantes del mundo viven en condiciones cercanas a la miseria. Su alimentación es inadecuada. Son víctimas de la enfermedad. Su vida económica es primitiva y estancada. Su pobreza es un obstáculo y una amenaza tanto para ellos como para las áreas más prósperas. Los Estados Unidos es preeminente entre las naciones en el desarrollo de técnicas industriales y científicas. Los recursos materiales que podemos permitirnos el lujo de utilizar para la asistencia de otros pueblos son limitados. Pero nuestros recursos imponderables en conocimientos técnicos están en constante crecimiento y son inagotables (…) Y, en cooperación con otras naciones, debemos fomentar la inversión de capital en las áreas que necesitan desarrollo (…) Con la cooperación de los negocios, el capital privado, la agricultura, y la mano de obra en este país, este programa puede aumentar en gran medida la actividad industrial en otras naciones y puede aumentar sustancialmente su nivel de vida2.

Assim, Truman, no contexto de pós-guerra, instaurava não só a existência de países desenvolvidos, mas também a existência de países subdesenvolvidos. Terminada a guerra, os Estados Unidos, assumindo o seu papel de novo ordenador do mundo capitalista, procurava que o capital tanto voltasse a se mobilizar quanto que o socialismo stalinista não ganhasse adeptos. Segundo Escobar, cinco foram os imperativos que os Estados Unidos tentava impor para segurar sua hegemonia mundial: “consolidar el centro, encontrar mayores tasas de ganancia en el extranjero, asegurar el control de las materias primas, expandir los mercados externos para los productos norteamericanos, y desplegar un sistema de tutelaje militar” (2007:149).

2http://www.trumanlibrary.org/whistlestop/50yr_archive/inagural20jan1949.htm. Versão original em inglês. Acesso 5 de agosto, 2015.

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A primeira tarefa a ser realizada pelos EUA com vistas à sua liderança mundial foi reconstruir Europa. Aquilo se conseguiu a traves do Plano Marshall. Depois, o problema era o que fazer com os países que recentemente deixavam para trás o colonialismo e aqueles que se proclamando repúblicas desde o século anterior não conseguiam nem organizar sua produção nem se estabilizar politicamente. Fazia-se necessário articular o aumento da produção com o controle tanto dos Estados quanto da população para garantir a nova ordem mundial.

A erradicação da pobreza por conta da tecnificação foi a “verdade” que se construiu para garantir as duas coisas. No discurso de Truman, três fatores são importantes para atingir esse objetivo: a inversão de capital, o intercâmbio cooperativo e as ajudas técnicas na produção agrícola. Porém, mais que erradicar tratava-se de administrar a pobreza, tendo que intervir não apenas a economia e a política, mas também áreas como a educação, a saúde e a socialização dos povos mesmos através do sua influência nas legislações nacionais. A coordenação dessas politicas devia fazer-se através do planejamento e execução dos Estados, organizados eles em entidades internacionais que foram criadas pelos países vencedores na segunda guerra mundial, sob a regência de Estados Unidos.

A ONU3, com seus organismos especializados, foi a principal organização criada para implantar a política internacional de ajuda técnica e financeira que tanto interessava a Estados Unidos. Ainda durante a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos e a Inglaterra desenharam já a criação do Banco Internacional de Reconstrução e Fomento Mundial (BIRF), após mais conhecido como Banco Mundial, e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

John Maynard Keynes, como representante da Inglaterra, e Harry Dexter, como representante dos Estados Unidos, elaboraram a proposta em 1943, a qual foi ratificada em julho de 1944 durante a conferência Monetária e Financeira das Nações Unidas, à que assistiram 44 nações, 20 delas latino-americanas. Naquela conferência, os países da União Soviética estiveram presentes, mas não ratificaram os acordos. Oficialmente, as duas organizações entraram em funcionamento em dezembro de 1945.

No contexto da conferencia, em 1944, Keynes enviou um correio ao tesouro britânico nos seguintes termos:

3 A O.N.U. foi oficialmente inaugurada também por Truman durante seu primeiro mandato o 26 de junho de 1945.

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Han sido invitados veintiún países que claramente no tienen nada que aportar […], a saber, Colombia, Costa Rica, Dominica, Ecuador, El Salvador, Etiopía, Filipinas, Guatemala, Haití, Honduras, Islandia, el Irán, el Iraq, Liberia, Luxemburgo, Nicaragua, Panamá, el Paraguay, el Perú, el Uruguay y Venezuela –la cochiquera más monstruosa que se haya reunido en años. A estos tal vez se podrían añadir: Chile, Egipto y (en las actuales circunstancias) Yugoslavia. (Keynes, citado por Franco, 2013: 31)

O FMI teve como intuito organizar um sistema monetário mundial no período do pós-guerra e ajudar para facilitar a expansão do comércio internacional. O sistema monetário foi baseado no dólar com respaldo do ouro-divisa controlado pelos Estados Unidos, os outros países deviam fixar os preços de suas moedas quanto ao dólar. Por sua parte, o BM tinha como objetivo ajudar na reconstrução dos países membros através de inversões de capital com fins produtivos. Além disso, sempre no marco da ONU, estabeleceu-se em 1954 o Fundo Especial de Assistência Técnica, com vistas a financiar projetos de desenvolvimento econômico e social.

Al 31 de diciembre de 1964, 67.200 personas de países en desarrollo habían participado en cursos de capacitación a tiempo completo. Ello incluía la formación de varios miles de ingenieros, técnicos de nivel medio, supervisores y gerentes de plantas industriales, profesores de escuelas secundarias y especialistas en planificación, administración pública, transporte y comunicaciones. También se prepararon estudios de pre-inversión en energía, transporte, minería, comunicaciones, agricultura y otros ámbitos por más de 1.000 millones de dólares (Franco, 2013: 47).

Depois e já no marco de Aliança para o Progresso o Fundo Especial passou a fazer parte do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em 1965. Até hoje a maior aporte econômico tem sido dos Estados Unidos.

A cada país se le asigna anualmente una cifra global destinada a asistencia técnica, que varía según su grado de desarrollo, ingreso per-cápita, población y asistencia que recibe de otras fuentes. La mayor parte de esos recursos se destinan a financiar servicios de expertos, becas y la compra de equipos o suministros que se requieran para la ejecución del proyecto. Los países también pueden recibir asistencia operacional, por la que se proporcionan servicios de personal directivo, ejecutivo y administrativo para el sector público (Franco, 2013: 48).

O Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR) foi assinado pelos países americanos na conferência acontecida no Rio de Janeiro em agosto 1947. O tratado pactuado tinha como intuito garantir ajuda e cooperação para os países assinantes, caso existisse uma

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agressão por parte do outro país, fosse ele americano ou não. No tratado considerava-se agressor, aquele país que por motivo que for, invadisse o território do outro (Caicedo, 2010). Em 1948 criou-se a Comissão Econômica para América-Latina (Cepal), com sede em Santiago de Chile, como órgão subsidiário do Conselho Econômico e Social das Nações Unidas. Seu objetivo era fazer estudos e elaborar os informes encomendados pelos governos membros.

Como assinala Franco (2013), grande parte do pessoal que começou trabalhando na Cepal, entre eles Raúl Prebisch e Celsio Furtado, eram economistas que, sendo nascidos em países de América Latina, tinham-se formado em universidades dos Estados Unidos e da Europa. Os cursos da Cepal começam em 1952 com vista a preparar os quadros técnicos que requeriam os países latino-americanos.

Em 1959 foi criado o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), no qual os Estados Unidos tinham novamente o direito a veto quanto aos empréstimos que fossem a ser feitos pelo Banco. O BID foi criado para facilitar empréstimos de acordo com os recursos disponíveis, para fazer melhoras institucionais e adotar medidas destinadas para o uso eficaz dos próprios recursos, com o intuito de atingir um maior progresso e um crescimento mais equilibrado (Franco, 2013: 79).

Porém, só foi durante o segundo período da administração de Eisenhower que os Estados Unidos voltaram a olhar com verdadeira atenção para América latina, preocupado pela gestação de movimentos revolucionários que teriam poucos anos depois seu máximo esplendor com o triunfo da Revolução Cubana.

Mas, só foi na administração Kennedy que a politica fez-se efetiva. Decidido a impedir outra Cuba na América-latina, o governo Kennedy diversificou e aumentou o pacote de ajudas para os governos latino-americanos, procurando não apenas o crescimento econômico, mas também as reformas políticas e as mudanças culturais que dessem hegemonia aos Estados Unidos no continente.

O programa Aliança para o Progresso foi inaugurado por Kennedy em março de 1961 com um discurso dado por ele na Casa Branca. O programa foi ratificado em janeiro de 1962 pelos países membros da OEA, com a exceção de Cuba, na reunião acontecida em Punta de Leste, Uruguai. Nessa reunião, os países membros comprometeram-se a desenhar planos nacionais de desenvolvimento na procura de se implantar as reformas necessárias para atingir os

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objetivos da Aliança. Deram-se um prazo de 18 meses para apresentar os planos, condicionando o entregue dos recursos à apresentação deles pelos países solicitantes. Estados Unidos comprometeu-se a disponibilizar um milhão de dólares como fundo público durante um ano e vinte milhões de dólares em parceria entre o crédito internacional e a inversão privada para os dez anos seguintes. (Rojas, 2010: 97).

Pela importância que teve a Aliança para o Progresso de América Latina para a política exterior dos Estados Unidos, reproduzimos grande parte do discurso de Kennedy com o qual se inaugurou o programa:

[…] en este momento de máxima oportunidad, enfrentamos las mismas fuerzas que han amenazado a América a través de su historia -- las fuerzas extrañas que una vez más intentan imponer los despotismos del Viejo Mundo a los pueblos del Nuevo […] Nuestras naciones son el producto de una lucha común la rebelión contra el dominio colonial. Y nuestros pueblos comparten un patrimonio común — la búsqueda de la dignidad y libertad del hombre […] Como ciudadano de los Estado Unidos de América, permítanme que sea el primero en reconocer que nosotros no hemos comprendido siempre el sentido de esta misión común, así como también es cierto que hay mucha gente en los países que representan ustedes que no han entendido por completo la urgente necesidad de librar al pueblo de la pobreza, la ignorancia y desesperación. Pero procede ahora que superemos los errores, las fallas y las incomprensiones del pasado, en la marcha hacia un futuro lleno de peligros, pero resplandeciente de esperanza.Del buen éxito de la lucha de nuestros pueblos, de nuestra capacidad para brindarles una vida mejor depende el futuro de la libertad en las Américas y en el mundo entero […] Solamente los esfuerzos resueltos de las propias naciones americanas pueden asegurar el éxito de esta empresa. Ellas, y solamente ellas, pueden movilizar recursos, alistar las energías del pueblo y modificar los moldes sociales, de modo que los frutos del crecimiento sean compartidos por todos y no sólo por unos cuantos privilegiados. Si se hace este esfuerzo, la asistencia del exterior dará un impulso vital al progreso; si no se logra, no habrá ayuda capaz de contribuir al bienestar del pueblo […] Un Consejo Interamericano Económico y Social fortalecido, en colaboración con la Comisión Económica para la América Latina y el Banco Interamericano de Desarrollo, puede reunir a los principales economistas y expertos de nuestro hemisferio para que ayuden a cada país a trazar su propio plan de desarrollo, y mantener una revisión constante del progreso económico del hemisferio […] Debemos expandir rápidamente el adiestramiento de aquellos que lo necesitan para que manejen la economía de los países en rápido desarrollo. Esto significa amplios programas de adiestramiento técnico, para lo cual los Cuerpos de Paz estarán disponibles dondequiera se les necesite. Esto significa, igualmente, asistencia a las universidades latinoamericanas, escuelas para

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graduados e institutos de investigación […] Para lograr este objetivo, la libertad política debe acompañar al progreso material. Nuestra Alianza para el Progreso es una alianza de gobiernos libres -- y debe esforzarse por eliminar la tiranía de un hemisferio en que no tiene derecho a estar. Por lo tanto, expresemos nuestra especial amistad hacia los pueblos de Cuba y de la República Dominicana -- y la esperanza de que ellos pronto se reintegrarán a la sociedad de los hombres libres, uniéndose a nosotros en nuestro esfuerzo común.4 A ameaça: o comunismo. A estratégia: considerar-nos irmãos para procurar defender-nos do inimigo comum. A traição: Cuba. Na República Dominicana há tempo governava Trujillo e os Estados Unidos, sabendo do seu despotismo, apenas agora encontrava reparos, só que prudentemente condenavam-se os governos desses países, mas não seus povos. Kennedy reconhecia que os cidadãos estadunidenses nem sempre tinham entendido a missão comum dos americanos todos de lutar contra o colonialismo e defender a liberdade e a dignidade, pois, com seu matiz no discurso, para Kennedy ficava claro que o difícil era esquecer-se das ofensas à liberdade e à dignidade que os Estados Unidos, depois de promulgar a doutrina Monroe em 1823, cometesse contra México na guerra de 1848, quando conseguiu expandir seu território nacional, contra Colômbia nos começos do século XX, quando arrebatou parte do território colombiano para fazer o Canal de Panamá, contra Nicarágua em 1912, Haiti em 1915 e República Dominicana em 1916 quando os invadiu militarmente para colocar governos títeres que protegessem os seus interesses na região.

Enquanto nós, latino-americanos, devíamos reconhecer e superar nosso subdesenvolvimento, pois o continente era perigoso no sentido de criar as condições sociais para que a “liberdade” se perdesse. Era claro que, com Kennedy, a política dos Estados Unidos para América latina não ia ser mais invasora, pelo menos diretamente5.

Agora ela virava intervenção no planejamento estatal para garantir no só a seguridade com assistência técnica e treinamento dos exércitos nacionais através das brigadas militares, mas também com ajuda técnica e econômica para conseguir desde os Estados mesmos a modernização que lograssem também garantir que os benefícios do desenvolvimento chegassem a mais pessoas e não só às elites latifundiárias que por décadas possuíam o poder nos países latino-americanos.

4 Disponível em: http://www.memoriapoliticademexico.org/Textos/6Revolucion/1964-ALPRO-JFK.html. Acesso 6 de agosto, 2015.

5 Para ninguém é já um segredo da colaboração do governo Kennedy na invasão a Cuba por parte dos exiliados cubanos em 1961, e sua ajuda também para levar a sério um golpe militar no Brasil, o que finalmente

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La modernización no era sólo un modelo académico sino un proyecto político que le permitiría a Estados Unidos orientar, dirigir y controlar el cambio social global: “la modernización fue también una ideología, un marco conceptual que articulaba un conjunto de suposiciones sobre la naturaleza de la sociedad estadounidense y su capacidad para transformar un mundo que percibía tanto materialmente como culturalmente deficiente (Latham, Michael 2000: 5).

A Cepal foi desde o primeiro momento importante para desenhar o planejamento das reformas que se deviam fazer nos países latino-americanos no marco da Aliança para o progresso, pois nesse momento “[...] era la única organización con enfoque teórico, investigaciones realizadas e información acumulada sobre lo que sucedía en la región (Franco, 2013: 87); a despeito de ter diferenças com a teoria da modernização quanto à forma de compreender o subdesenvolvimento na América Latina e de estar em desacordo com as políticas do desenvolvimento implantadas pelas administrações anteriores à de Kennedy, ao ponto que no marco da ONU o governo Truman tentou acabar com ela em 1951.

A diferença da teoria da modernização que entendia o desenvolvimento dos países pobres como um esforço deles mesmos por seguir a senda aberta pelos países ricos, além de contar com o apoio destes países quanto ao fornecimento de conhecimentos, tecnologia, organização e capital que com o tempo ajudaria para que virassem também eles desenvolvidos (Kay, 2000), os teóricos da Cepal pensavam que o subdesenvolvimento de América latina tinha por causa uma divisão internacional do trabalho que produzia uma desigualdade estrutural.

Assim, os países pobres ao produzirem alimentos e matérias primas para os países ricos, e os países ricos produzirem tecnologia e mercadorias para os países pobres, fazia com que os subdesenvolvidos nunca pudessem atingir o capital e a possibilidade de produzir industrialmente, pois os seus produtos sofriam constante desvalorização face aos produtos industrializados do Primeiro Mundo, dificultando as possibilidades de acumular capital para o investimento em maquinaria e técnica, pelo que existiria uma vantagem comparativa que não seria superada somente pelo mercado (Dias, 2011).

Em consequência, a Cepal propunha o planejamento estatal para dirigir as forças do mercado e conseguir uma expansão industrial. O modelo a seguir era a substituição de importações, por meio do qual, baseado no mercado interno, devia-se construir uma indústria nacional que suprisse paulatinamente as importações, de jeito que o desequilíbrio entre centro e periferia fosse superado num estágio superior, quando a industrialização tiver sido alcançada.

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Al condenar el deterioro de las condiciones del mercado de materias primas, Prebisch no combate el comercio internacional en sí mismo, como tampoco nunca ha sugerido desconectarse de los países centrales. Al contrario, considera el comercio internacional y el capital foráneo como elementos esenciales para elevar la productividad y el crecimiento en la periferia (Kay, 2002: 347).

Além da Cepal, a responsabilidade pelo bom sucesso da Aliança para o Progresso foi dada a outras duas organizações, a saber: a Organização dos Estados Americanos (OEA) que aportava no campo político, e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) que aportava no financeiro.

A OEA foi criada oficialmente durante a realização da IX Conferência Interamericana acontecida em abril de 1948, em Bogotá. Durante a Aliança para o Progresso, a OEA funcionou principalmente para expandir, pelos países das Américas, a política de seguridade dos Estados Unidos contra o comunismo. Prova disso, foi a expulsão de Cuba da organização em janeiro de 1962, ante a solicitação dos Estados Unidos.

O BID, criado em 1959, foi a organização encarregada de fazer os empréstimos monetários necessários para executar os planos de desenvolvimento dos países de América latina. Além das inversões econômicas requeridas para atingir os objetivos da Aliança, fazia-se necessário apoiar tecnicamente o desenho dos planos nacionais de desenvolvimento. Assim, contrataram-se expertos em parceria com os governos dos países latino-americanos para que eles determinassem os lineamentos a ser seguidos. Uma vez feitos, os projetos passavam pela missão da Agência Internacional de Desenvolvimento (AID), com sede em cada país, os quais avaliavam sua viabilidade, para logo, em Washington serem aprovados e liberados os empréstimos (Rojas, 2010: 97).