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1. A GESTÃO DO DESEMPENHO DOCENTE COMO INSTRUMENTO DE

1.4 Caracterização das escolas investigadas

1.4.2 A escola E.M Gustavo Lima

Escolhida pelo bom desempenho no SPAECE 2011 em relação às demais escolas da regional, a escola E.M. Gustavo Lima oferta os 1º, 2º e 3º anos do ensino médio regular e EJA ensino médio, com uma matrícula de 1. 203 alunos, distribuídos em 41 turmas, sendo 14 dessas em extensões de matrícula nos Distritos de Roldão, Uiraponga e Boa Água, do município de Morada Nova/CE.

Em efetiva regência de sala de aula, há 16 professores efetivos e 39 temporários, todos graduados e/ou com especialização. Há, também, outros 13 docentes nos ambientes de apoio, sendo 11 no centro de multimeios e 2 no laboratório de informática. Além disso, há 3 Professores Coordenadores de Área e 14 professores do projeto Professor Diretor de Turma. A escola dispõe de outros 38 profissionais de educação nas atividades de secretaria, cozinha e serviços gerais (SIGE, 2011).

No que tange à infraestrutura, a instituição possui 9 salas de aula, salas para a direção, professores, coordenação pedagógica, secretaria, 3 laboratórios de informática equipados com 58 computadores e Internet, um laboratório de ciências, quadra coberta e um pequeno auditório.

De acordo com a equipe gestora, todos são comprometidos com a missão da escola. Há cumplicidade, articulação e integração da equipe. É notória a preocupação quanto aos resultados de desempenho. A gestão é compartilhada e a delegação de tarefas é uma prática constante, dado o nível de amadurecimento e de responsabilidade da equipe gestora. Nossa observação durante as visitas à escola é que as regras de convivência são muito bem acordadas e disseminadas na comunidade escolar, o que resulta no alinhamento da equipe, dos professores, dos servidores e dos alunos20.

20 Dados colhidos pela observação participante do pesquisador que supervisiona a gestão escolar

A diretora da escola é formada em Pedagogia, com 3 especializações, uma em Gestão Escolar, pela Universidade Federal do Ceará, outra em Gestão e Avaliação da Educação Pública, pelo Centro de políticas Públicas e Avaliação - CAEd da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), e outra em Planejamento Educacional, pela Universidade Salgado de Oliveira - Universo. Professora desde 1984, já exerceu função de regente da sala de multimeios e foi membro do conselho escolar por mais de 9 anos. Foi eleita diretora pela comunidade escolar, após uma seleção de provas e títulos. Está há 8 anos na direção, mas considera que tem, ainda, muito a aprender sobre a função21.

Em seu Plano de Metas (PLAMETAS), desenvolvido no ano de 2009, a escola definiu como objetivo estratégico:

- Elevar a taxa de matrícula da escola em todos os níveis e modalidades.

- Reduzir a taxa de reprovação na escola em todos os níveis e modalidades.

- Reduzir a taxa de abandono na escola em todos os níveis e modalidades.

- Elevar a taxa de aprovação da escola em todos os níveis e modalidades.

- Melhorar o desempenho dos alunos em avaliações externas (ENEM, SPAECE etc.).

- Elevar a taxa de aprovação no vestibular na terceira série do Ensino Médio.

- Elevar os resultados dos alunos nas olimpíadas externas, em todos os níveis e modalidades. (CEARÁ, 2009).

Observa-se que, dentre os objetivos estratégicos da escola, não há referências a processos de avaliação institucional, nem de desempenho de professores. A preocupação da escola em melhorar seu aproveitamento nas avaliações em larga escala e o número de aprovados nos vestibulares não guarda relação, ao menos explícita, com processos avaliativos de sua prática escolar, incluindo a avaliação do desempenho docente.

O Projeto Político Pedagógico da escola apresenta a percepção de seus atores em relação às razões do desempenho dos alunos. Esse documento descreve a visão do núcleo gestor em relação aos resultados da escola. Para a equipe gestora, a taxa de abandono se dá, principalmente, por fatores externos, como “a greve de professores, o período chuvoso que comprometeu o transporte escolar, o

cansaço dos alunos do turno noite, a falta de perspectiva de trabalho, a dificuldade de deslocamento e a ausência de base para ingresso no ensino médio” (CEARÁ, 2010).

Quanto ao indicador de aprovação, o resultado é considerado satisfatório, como “fruto de um planejamento efetivo dos professores, coordenados pelos PCAs – professores coordenadores de área –, que proporcionaram um acompanhamento sistemático, uma boa estrutura física, recursos pedagógicos adequados, o Primeiro Aprender22, além de fatores externos como o Bolsa-família” (CEARÁ, 2010).

Já os alunos afirmaram que os resultados de abandono decorrem “da falta de incentivo da família e da necessidade de trabalho”. Quanto à aprovação, consideram a sua percepção de “escola [como] o ponto de partida para atingirem o sucesso profissional” e “o apoio dos professores e da escola” (CEARÁ, 2010).

Na visão dos professores, a queda no desempenho no período analisado, como consta no Projeto Político Pedagógico da escola em 2010, se dá pela “falta de acompanhamento familiar, pela baixa autoestima dos alunos, principalmente no turno noturno, pela falta de um maior acompanhamento pedagógico e de projetos voltados para os alunos, encorajando-os em seu processo de aprendizagem, e pela falta de uma melhor preparação durante o ensino fundamental”. Essa percepção escolar sobre seu desempenho, em nenhum momento referiu-se aos processos avaliativos da prática dos profissionais de educação ou, ao menos, à avaliação dos processos de ensino desenvolvidos. Na verdade, há uma tendência a identificar os fatores externos e lhes atribuir relevante influência no desempenho escolar dos alunos (CEARÁ, 2010).

O Avalia Educacional constatou que o nível de satisfação do professor, nesta escola, foi de 4,6. Esse valor corresponde à 27º posição no conjunto de 36 escolas semelhantes e, portanto, é um nível de satisfação profissional muito abaixo da média das escolas de mesmo perfil.