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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.2 A farmácia hospitalar

A unidade hospitalar é composta por setores administrativos e técnicos, que por vezes compartilham atividades (CAVALLINI & BISSON, 2002). Espera-se que a farmácia hospitalar desenvolva atividades clínicas e relacionadas à gestão, que devem ser organizadas de acordo com as características do hospital onde se insere o serviço, isto é, manter coerência com o tipo e o nível de complexidade do hospital (TORRES et al., 2007).

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De acordo com Gomes & Reis (2006) a farmácia hospitalar “É a unidade tecnicamente aparelhada para prover clínicas e demais serviços dos medicamentos e produtos afins de que necessitam para o normal funcionamento”. Esta abordagem deixa claro que a intenção da farmácia inserida no ambiente hospitalar diferentemente da indústria, não é produzir medicamentos, e sim atender as necessidades assistenciais do estabelecimento de saúde onde está inserida, em relação a medicamentos e produtos farmacêuticos.

Pode-se dizer que a farmácia hospitalar tem diversas funções que são fundamentais para a assistência hospitalar, dada a importância de determinar as funções que deveria exercer a farmácia inserida no ambiente hospitalar, a Organização Pan-americana de Saúde – OPAS (1992) e o Ministério da Saúde do Brasil (1994) listaram as funções fundamentais da farmácia hospitalar:

 Seleção de medicamentos, germicidas e correlatos necessários ao hospital realizado pela comissão de farmácia e terapêutica ou correspondente e associada a outras comissões quando necessário;

 Aquisição, conservação e controle dos medicamentos selecionados estabelecendo níveis adequados para aquisição por meio de um gerenciamento apropriado dos estoques. O armazenamento de medicamentos deve seguir as normas técnicas para preservar a qualidade dos medicamentos;

 Manipulação, produção de medicamentos e germicidas, seja pela indisponibilidade de produtos no mercado, para atender prescrições especiais ou por motivos de viabilidade econômica;

 Estabelecimento de um sistema racional de distribuição de medicamentos para assegurar que eles cheguem ao paciente com segurança, no horário certo e na dose adequada;

 Implantação de um sistema de informação sobre medicamentos para obtenção de dados objetivos que possibilitem à equipe de saúde aperfeiçoar a prescrição médica e a administração dos medicamentos. O sistema deve ser útil na orientação ao paciente no momento da alta ou nos tratamentos ambulatoriais.

Estas funções são essenciais em uma farmácia hospitalar, estabelecidas pelo Conselho Federal de Farmácia por meio da Resolução 308/97.

Ainda de acordo com a Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar (SBRAFH, 2007), as principais funções da farmácia hospitalar foram divididas em seis principais grupos:

Gestão – a parte que prioriza a assistência hospitalar, e que deve possuir uma estrutura organizacional que comporte as necessidades das tarefas relacionadas, as quais missão, valores e visão de futuros devem ser muito bem estabelecidos. Participar de forma ativa no planejamento estratégico, como um integrante da comissão multiprofissional que define os critérios de avaliação do desempenho, tal como elaborar e participar da elaboração de procedimentos operacionais padrões (POP) que determinam a rotina de trabalho no ambiente da farmácia hospitalar, deve também ser incluída na participação e organização financeira da instituição, podendo então estipular os custos e benefícios na hora da aquisição de materiais e medicamentos Participar das comissões de formulação de políticas e procedimentos relacionados à assistência farmacêutica como: Comissão de Farmácia e Terapêutica, Comissão de Controle de Infecção Hospitalar, Comissão de Ética, Comissão de Suporte Nutricional e Comissão de Gerenciamento de Resíduos de Saúde, Comissão de Avaliação de Tecnologias, Comissão de Riscos Hospitalares, dentre outros (SBRAFH, 2007).

Desenvolvimento de infraestrutura – deve garantir a base material necessária à atuação eficiente do farmacêutico na farmácia hospitalar, e isso inclui a disponibilidade de equipamentos e instalações adequadas ao gerenciamento de medicamentos, saneantes e produtos para a saúde, manipulação de produtos estéreis e não estéreis. É necessária ainda a implantação de um sistema de gestão informatizado, a disponibilidade de recursos para informação e comunicação, salas para a prática de atividades farmacêuticas. (SBRAFH, 2007)

Preparo distribuição, dispensação e controle de medicamentos e produtos para a saúde – a implantação de um sistema racional de distribuição deverá ser priorizada pelo farmacêutico e pela instituição, de forma a buscar processos que promovam maior segurança ao paciente. A definição de normas e procedimentos relacionados ao sistema de distribuição deve ser realizada com a participação de representantes da equipe de enfermagem, dos médicos e da comissão de farmácia e terapêutica. As prescrições de medicamentos devem ser analisadas pelo farmacêutico antes de serem dispensadas, as dúvidas devem ser resolvidas com o prescritor e as decisões tomadas serem registradas (GOMES & REIS, 2000; SBRAFH, 2007).

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Otimização da terapia medicamentosa – visa aumentar a efetividade da intervenção terapêutica, promovendo o uso racional e garantido a qualidade da farmacoterapia, devendo ser realizado com o apoio da diretoria clínica e a colaboração da comissão de farmácia terapêutica. O uso racional de medicamentos consiste em obter o efeito terapêutico adequado à situação clínica do paciente utilizando o menor número de fármacos, durante o período mais curto e com o menor custo possível. O farmacêutico deve selecionar os pacientes que necessitam de monitoramento, como os que têm baixa adesão ao tratamento, em uso de medicamentos potencialmente perigosos, em uso de medicamentos com maior potencial de produzir efeitos adversos, de alto custo, crianças e idosos (GOMES & REIS, 2000; SBRAFH, 2007).

Informação sobre medicamentos e produtos para saúde – A farmácia é responsável avaliação de tecnologias, devendo primar pela utilização de informações baseadas em evidências.

Além das informações demandadas (informações passivas), a farmácia hospitalar deve elaborar e divulgar guias, boletins informativos sobre o uso de medicamentos (GOMES & REIS, 2000;

SBRAFH, 2007).

Ensino, educação permanente e pesquisa – a farmácia hospitalar deverá promover participar e apoiar ações de educação permanente, ensino e pesquisa nas suas atividades administrativas, técnicas e clínicas, com a participação de farmacêuticos, demais profissionais e estudantes. A formação, capacitação e qualificação dos recursos humanos deverão ser contínuas, em quantidade e qualidade suficientes para o correto desenvolvimento da assistência farmacêutica. Estas atividades deverão basear-se nas recomendações elencadas pelas diretrizes curriculares para o ensino de graduação em farmácia, e as recomendações dos Conselhos Profissionais, da SBRAFH e demais associações de classe. A Farmácia pode, ainda, promover, participar e apoiar pesquisas inseridas em seu âmbito de atuação, visando à produção de informações que subsidiem o aprimoramento das práticas, o uso racional de medicamentos e demais produtos para a saúde, contribuindo com a melhoria da qualidade da assistência

farmacêutica. As atividades de ensino, educação continuada e pesquisa devem buscar atender as necessidades da sociedade por ela assistida e da população em geral, favorecendo a harmonização entre as políticas das áreas da educação e de saúde, levando a formação de profissionais com perfil e competência compatíveis com estas necessidades (SBRAFH, 2007).

O nível de complexidade dos serviços ofertados pelo hospital influencia a natureza e a complexidade das atividades realizadas pelo serviço de farmácia hospitalar (MESSEDER et al., 2007).

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