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Capítulo I Enquadramento teórico

3. A Catequese

3.3 A formação dos catequistas

Tal como nos é indicado no Diretório Geral da Catequese (1998), a formação de um catequista deve ser de qualidade, de resto uma exigência justificada pelo facto serem os catequistas que formam os cristãos da sua comunidade. Sendo uma tarefa extremamente complexa, a Igreja não deve descurar da formação destes agentes de evangelização. Assim, é finalidade da formação de catequistas a preparação adequada para que estes consigam desenvolver um itinerário catequético apropriado ao contexto e ao grupo com que trabalham. A formação deve munir os catequistas de competências para serem capazes de animar eficazmente um percurso catequético,

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através do qual anuncie Jesus Cristo, enquadrando-o na História da salvação e levando o catequizando ou catecúmeno a identificar-se com Jesus Cristo (Diretório Geral da Catequese, 1998).

No Diretório Geral da Catequese (1998) são mencionados os objetivos que se devem ter em consideração na formação de um catequista. Um catequista deve ser formado tendo em vista as necessidades de evangelização atuais, tendo presente os seus valores, desafios e dificuldades inerentes à sua ação educativa. O catequista deverá conter uma formação profunda e ser sensível às problemáticas sociais.

Para formar um catequista deve se ter em consideração três grandes dimensões, o ser, o saber e o saber fazer (Gil M). Por tal, a formação deve contribuir para o amadurecimento do educador da fé como pessoa, como crente; depois é necessário ter em consideração o que o catequista deve saber para exercer a sua tarefa de formador. Como em qualquer ação formativa, para além de ser conhecedor dos conteúdos cristãos, deve conhecer os destinatários da sua ação educativa e o contexto no qual estes estão inseridos. A última dimensão da formação de catequistas está relacionada com o saber fazer, visto a ação catequética se basear nas experiências e no testemunho de vida.

“A formação dos catequistas compreende diversas dimensões. A mais profunda refere-se ao próprio ser do catequista, à sua dimensão humana e cristã. Em primeiro lugar, a formação deve ajudar o catequista no seu amadurecimento como pessoa, como crente e como apóstolo. Depois, é preciso ter em conta aquilo que o catequista deve saber, para bem realizar a sua tarefa. Esta dimensão, impregnada pela dupla fidelidade à mensagem e à pessoa, requer que o catequista conheça adequadamente a mensagem que transmite e, ao mesmo tempo, o destinatário que a recebe, para além do contexto social em que este vive. Por fim, é preciso ter em conta a dimensão do saber fazer já que a catequese é um acto de comunicação. A formação tende a fazer do catequista um «educador da pessoa humana e da vida da pessoa» ”

(DGC, 1998, pp. 272 e 273)

Numa tentativa de clarificar e simplificar o que acima foi exposto serão referidos quatro blocos temáticos que a formação para catequistas deverá conter. Estes blocos temáticos serão indicados de acordo com as orientações do Diretório Geral da Catequese (1998).

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1º Bloco – A maturidade humana, cristã e apostólica dos catequistas

A finalidade deste bloco é a preparação do catequista para não ser mero transmissor passivo mas, vivenciar e partilhar a sua experiência de fé com as pessoas, com o intuito de dar testemunho e ser modelo de vida cristã (Gil M). Neste ponto, tal como nos é afirmado no Diretório Geral da Catequese (1998), o catequista deve estar consciente de que, ao dinamizar uma sessão de catequese, ele próprio também está a aprender ou a aprofundar os seus conhecimentos.

2º Bloco – A formação bíblico-teológica dos catequistas

Tal como o próprio nome indica, este segundo bloco centra-se na formação bíblica do catequista, elemento essencial para formar pessoas na fé cristã. Se o catequista não tiver um conhecimento aprofundado e coerente acerca da mensagem bíblica como poderá exercer funções de catequista? No Diretório Geral da Catequese (1998) são apresentados três fatores essenciais para este bloco temático; a concretização de uma síntese da fé, a partir da qual possa dar testemunho de fé; um segundo ponto fundamental neste bloco temático é a capacidade do catequista de relacionar os conteúdos bíblicos com a experiência humana; por último, o terceiro fator que se deve ter em conta nesta temática formativa do catequista é este ser capaz não apenas de expor os conteúdos mas, efetuar a sua transmissão de modo a suscitar nos outros interesses.

3º Bloco – As Ciências Humanas na formação dos catequistas

Como se percebe os catequistas estão em contacto com uma pluralidade de problemáticas e com diferentes grupos etários; por isso é pertinente que tenham algumas bases das Ciências Humanas, tais como a Sociologia e Psicologia. Este aspeto é justificado no Diretório Geral da Catequese (1998) quando se sublinha a importância de o catequista ter algumas noções da Psicologia. No documento é ainda referido a importância das Ciências Sociais, no sentido destes agentes educativos concretizarem uma análise acerca dos contextos sociais e culturais, visto estes aspetos serem relevantes para o êxito da prática catequética. Por fim o Diretório Geral da Catequese indica ainda as Ciências da Educação e da Comunicação como elementos relevantes neste tipo de formação. Estas referências a diversas ciências fazem todo o sentido, visto a catequese ser um ato educativo que envolve diversas dimensões, as quais se tornam necessárias para o sucesso do ato catequético.

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4º Bloco – A formação pedagógica do catequista

A formação pedagógica é um elemento essencial para a formação do catequista. Se este desempenha o papel de educador terá de ter noções básicas de processos, tais como planear uma sessão de catequese, atendendo ao contexto e às características dos destinatários. Resultando na escolha da melhor dinâmica e estratégia para atingir determinado objetivo. No Diretório Geral da Catequese (1998), estes aspetos são bastante claros, realçando a importância de munir o catequista de instrumentos que lhe permita programar o melhor possível a sessão de catequese, planeando a ação educativa, com outros e concretizando uma avaliação sobre a sua prática. O Diretório Geral da Catequese (1998) sublinha, que este tipo de conhecimentos são mais aplicados pelos catequistas se transmitidos quando estes estão a elaborar a planificação da catequese, ou seja, numa lógica de saber fazer, visto ser mais fácil a integração de determinados conceitos.

Para concluir, é de realçar que é importante a relação prática-teoria, no sentido em que o formando reflete acerca das conceções inerentes à catequese. Tal como nos é dito no Diretório Geral da Catequese (1998), o objetivo primordial da formação dirigida a catequistas é que estes educadores se tornem agentes ativos na sua própria formação, ou seja, a formação deverá conter aspetos práticos e próximos da realidade catequética e não ser apenas uma formação teórica.

“O objectivo ou a meta ideal é que os catequistas se tornem os protagonistas da sua própria aprendizagem, isto é, que a formação seja criativa e não a mera assimilação de regras externas. Por isso, a formação deve ser muito próxima da prática: é preciso partir desta para chegar àquela.”

(DGC, 1998, p. 280)

Afere-se deste modo por tudo o que tem vindo a ser exposto que a catequese consiste numa atividade de educação não formal. Conclui-se que, assim como em outras áreas educativas, a educação cristã é um sector complexo, exigente e desafiador para os educadores envolvidos nestas práticas.

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