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Um dos componentes principais do processo de melhoria corresponde ao respeito à comunicação. Certos autores enfatizam a necessidade de gerenciar o fluxo de informações entre os departamentos e níveis hierárquicos. Isto demanda dos gestores habilidades para compreender a importância estratégica da comunicação e do pensamento estatístico dentro das organizações para convergir informações obtidas com as cartas de controle (BURR, 1976; CHAMBERS; WHEELER, 1992; JURAN e GODFREY, 1999; ASQ/AIAG, 2005; OAKLAND, 2008).

Os gestores, segundo alguns autores (CHAMBERS; WHEELER, 1992; JURAN e GODFREY, 1999; ANGHEL, 2001; OAKLAND, 2008), devem enfatizar o fluxo total de dados e informações, pois as expectativas das tendências de competitividade demandam comunicação mais rápida e efetiva entre os envolvidos para se atingir o objetivo esperado. Neste sentido, as cartas de controle podem ajudar na tomada de decisões rápidas sobre mudanças no processo, sendo fundamental para isso que a equipe operacional tome ações no sentido de estabilizar o processo e que este conhecimento gerado por meio da identificação das causas não seja perdido e sim compartilhado para os demais níveis hierárquicos e departamentos da organização.

Uma questão prática é imposta: considerar que a melhor fonte para descobrir as causas da variabilidade são as pessoas que convivem diretamente com o processo que está sendo investigado. Neste sentido, orienta-se que as cartas de controle devem estar acessíveis aos operadores para que eles sejam responsáveis pela manutenção da estabilidade do processo (BURR, 1976; HAYES e ROMIG, 1977, LAM, 2005; SHINGO e FARIA, 2010).

Disso surge a seguinte questão: um modelo estruturado de centralização do conhecimento dificulta a integração entre os departamentos e compromete o fluxo de informações e conhecimento nos demais níveis hierárquicos da organização, sendo isto um fator critico de sucesso para o CEP?

Além da barreira de comunicação, outro ponto que necessita ser destacado diz respeito ao fluxo de informações, que muitas organizações, no intuito de implantar cartas de controle de modo afoito, se deparam. Justifica-se tal constatação: com um grande volume de cartas de controle disponíveis que acabam sendo utilizadas de maneira ineficiente, e, muitas vezes, falta conhecimento para lidar com esta situação, contribuindo negativamente para a implantação e manutenção do CEP (MANYIKA et. al., 2011). Críticas a essa postura organizacional é encontrada também em Shainin (1996).

Segundo os defensores do CEP, o grande potencial do uso apropriado das cartas de controle está no modo como os dados são analisados e transformados em informações úteis para a estabilidade do processo (BURR, 1976, HAYES e ROMIG, 1977; ANGHEL, 2001; LU; KUO e LEE, 2010). Ao confrontar as diversas correntes de pensamento sobre isso, há que se considerar o aspecto prático de estabilidade, conforme Woodall (1996) esboça: como resultado, parte desses dados gerados pode ser perdida ou subutilizada. Complementando Woodall (2000), isto significa que uma quantidade representativa das informações das cartas de controle, e seus potenciais conhecimentos sobre o processo derivado destas informações, passam despercebidos e são perdidos (BURR, 1976, SLACK; CHAMBERS e JOHNSTON, 2002; LU; KUO e LEE, 2010).

Uma saída a esta situação pode ser alcançada por meio de um sistema de gerenciamento de dados e na habilidade em lidar com a tecnologia da informação no desenvolvimento de canais de comunicação que facilitem o fluxo de informação ao longo do sistema produtivo, ou seja, desde as entradas de matéria-prima até o produto final acabado; problemas de comunicação entre os níveis hierárquicos e departamentos da organização devem ser mitigados (MANYIKA et. al., 2011).

Embora estudos tenham estabelecido evidências do impacto positivo dos investimentos em tecnologia da informação, em relação ao desenvolvimento de ferramentas como o CEP eletrônico, há um ceticismo por parte das empresas em relação ao investimento nesta tecnologia, uma vez que isto não garante a continuidade do programa CEP (CHAMBERS; WHEELER, 1992; GROOVER, 2007; OAKLAND, 2008; SORIANO e OPRIME, 2014).

Uma explicação para esta questão pode estar na confiança de que a tecnologia seria responsável pelo sucesso quando na verdade aspectos humanos e gerenciais correspondem a um amplo conjunto de fatores que são críticos para a sua implantação e manutenção. Portanto, investimentos realizados em infraestrutura de

tecnologia da informação são pouco explorados no CEP como fonte de melhoria (HAIR et. al., 2010; FIRKA, 2011; MANYIKA et. al., 2011).

Além dos problemas citados, outra questão básica que necessita ser considerada, muitas vezes negligenciada, diz respeito às características da qualidade dos dados (CHAMPAGNE; DUDZIC, 2002; LU; KUO e LEE, 2010). Para melhor compreensão do problema relacionado à análise dos dados, foi construído o quadro 2.1. Esse quadro mostra as características das informações e as suas definições, sendo útil ao considerarmos os problemas decorrentes da falta de qualidade dos dados no controle estatístico de processo. Pesquisas práticas evidenciaram que muitas vezes algumas destas características não estão sendo atendidas integralmente, basta apenas uma destas características não ser plenamente satisfatória para que todo o esforço analítico seja em vão (SORIANO e OPRIME, 2014).

Quadro 2. 1 Características das Informações

Características das Informações

Definição

Exatidão Representa ao grau com que o dado corresponde à realidade.

Precisão Corresponde ao grau de variação de uma medição em relação a mudanças sutis na variável

Confiabilidade Representa o grau com que a informação mantém sua qualidade ao longo do tempo.

Integridade Significa que conjunto de dados não pode ser alterado; e caso seja deve ser claramente comunicada as mudanças.

Concisão Corresponde à clareza da informação; os dados são de fácil entendimento quanto a seu desígnio.

Relevância Os dados disponíveis são significativos para o processo de melhoria Compressibilidade Os dados podem ser resumidos representando um período especifico Significado O dado em si traz sua definição

Disponibilidade É a facilidade do acesso, da localização e consequente disseminação da informação quando necessária.

Formato Os dados estão organizados de maneira que possam ser utilizados facilmente. Comparabilidade Refere-se à capacidade de ser possível, ao longo de uma série histórica, verificar

as diferenças no comportamento da variável.

Fonte: LU; KUO e LEE, 2010.

Neste capítulo foi apresentado alguns resultados da pesquisa bibliográfica sobre os efeitos da varibilidade e como ela pode ser minimizada. Tratau-se também dos antagonismos e divergências que rondam a relação entre o controle estatístico de processo e a melhoria da qualidade. No próximo capítulo será apresento os conceitos clássicos e fundamentos dos gráficos de controle desenvolvido por Shewhart.

3. CARTAS DE CONTROLE DE PROCESSO: UMA ABORDAGEM TEÓRICA