• Nenhum resultado encontrado

A gestão da qualidade baseada em norma ISO

No documento Sistemas de Gerenciamento da Qualidade (páginas 103-107)

A preocupação com a qualidade de produtos e serviços não é recente, porém seu foco foi deslocado ao longo do tempo: da quantidade (período fordista) para qualidade (período pós-fordista) no controle dos processos produtivos. A partir de 1970, espalha-se pelo mundo a filosofia da gestão da qualidade total (TQM – Total Quality Management), onde as empresas percebem que a noção da qualidade não está somente no produto e sim em tudo que envolve a produção, como a informação e o elemento humano, desenvolvendo-se os sistemas de gestão da qualidade. A reorganização produtiva do pós-fordismo levou ao desenvolvimento de um modelo de gestão da qualidade que tentasse auxiliar as organizações no desenvolvimento de estratégias voltadas para inovatividade.

Segundo autores da área de gestão, a internacionalização dos mercados, as legislações de defesa do consumidor e o surgimento de normas internacionais, como as da família ISO 9000, “transformaram definitivamente o escopo da qualidade, consolidando-a em todos os pontos dos negócios” (JORGE; ABAGLI, 2012 apud MARSHALL JUNIOR et al., 2005, p.27). As iniciativas de normalização da área da garantia da qualidade (como era antes denominada) começaram a partir da combinação de várias normas já existentes. Normas americanas, canadenses, francesas, norueguesas e, principalmente, britânicas influenciaram no desenvolvimento da ISO 9000, lançada em 1987. Este foi considerado um marco histórico na evolução da garantia e gestão da qualidade. A vasta maioria de normas ISO é específica a um produto, material ou processo em particular. Porém a série ISO 9000 e, posteriormente, a série ISO 140005 são genéricas, isto é, aplicáveis a qualquer tipo de organização, qualquer negócio e a serviços de forma geral. (JORGE; ABAGLI, 2012 apud MARSHALL JUNIOR et al., 2005).

Desde 1987, a série ISO 9000 foi revisada em 1994, 2000 e 2008. As revisões periódicas das normas ISO possibilitam sua adaptação constante ao contexto ao qual elas estão inseridas. Estabelecer um sistema da qualidade baseado em uma norma ISO não significa que se aumentou ou diminuiu a qualidade dos serviços ou produtos, mas sim que se aumentou ou reduziu a certeza de que os requisitos e atividades especificados sejam cumpridos. Desse modo, uma organização faz gestão da qualidade de seus produtos e/ou serviços baseado em uma norma ISO, controla seus processos, de maneira que a

PARA (NÃO) FINALIZAR

forma de fazer deve estar conforme o padrão estabelecido internacionalmente. É uma relação envolvendo conformidade e adequação.

Dentre os princípios disseminados pelas normas ISO para gestão da qualidade estão: o foco no cliente, o papel dos líderes nas empresas, o envolvimento dos funcionários com a empresa, a abordagem das atividades e recursos por processo, a gestão das inter- relações dos processos, a melhoria contínua, a abordagem factual para tomada de decisão e os benefícios mútuos nas relações com os fornecedores.

O principal argumento dos empresários e gestores para uso das normas ISO de gestão da qualidade é de que isso facilitaria o comércio internacional, e assim se tornaria uma vantagem competitiva para o negócio. Neste discurso, a abertura dos mercados incentivou o processo de trocas entre os países e aprofundou a necessidade do uso de uma linguagem comum, como forma de evitar riscos para o consumidor e o meio ambiente. A garantia de comprar de alguém que tem o processo produtivo conhecido por cumprir requisitos de uma norma de âmbito internacional geraria, em tese, um ambiente de maior confiança nos negócios (JORGE; ABAGLI, 2012 apud SCHMIDT, 2000, p. 20). Então, depois de implementar a norma ISO, as organizações partem para certificação de seu sistema de gestão da qualidade, a fim de demonstrar para seus parceiros a garantia proposta pelo uso da norma ISO.

A informação neste contexto assume um status diferenciado. Para além de seu uso como controle da rotina, onde auxiliava a confecção de diretrizes que visavam à padronização e produção em massa, a informação no pós-fordismo torna-se insumo da produção. A troca de informações na cadeia produtiva possibilita a produção just

in time e, também, um maior conhecimento sobre o seu cliente. Os trabalhadores são

incentivados a comunicarem-se, sendo os elementos linguísticos importantes para a nova filosofia da qualidade deste período. Os usos da informação deixaram de ser exclusivos de um determinado grupo. O trabalhador passou a ser incentivado a refletir sobre as informações produzidas, visando à melhoria de seu processo de trabalho. A gestão da qualidade baseada em norma ISO conta com diversas ferramentas que convergem para o incentivo à explicitação de informações e conhecimentos desenvolvidos nas organizações que implementam este tipo de sistemática, como as auditorias internas, as análises críticas, os ciclos de avaliação da conformidade (por organismos externos). A realização da análise crítica para uma melhoria contínua (ciclo PDCA), que é o slogan utilizado para o incentivo da inovação no ambiente organizacional, se dá, principalmente, através de análise dos resultados registrados. Também as auditorias internas e a avaliação da conformidade com fins de certificação são dadas a partir dos registros das informações do processo de trabalho.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR ISO 9001/2008: Sistema de Gestão da Qualidade – Requisitos. Rio de Janeiro, 2008.

FREITAS, A. A Família ISO 9000. Disponível em: <http://academiaplatonica.com. br/2012/gestao/a-familia-iso-9000/>. Acesso em: 30 set. 2014.

GRYNA, F.M.; CHUA, R.C.H.; DEFEO, J. Quality planning and analysis for enterprise quality. 5 ed. Mc Graw Hill, 2007.

INSTITUTO DE PESOS E MEDIDAS DO ESTADO DO PARANÁ. Qual a diferença entre verificação e calibração? Disponível em: <http://www.ipem.pr.gov.br/ modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=52>. Acesso em: 2 out. 2014.

JORGE. V.A.; ALBAGLI, S. Gestão da qualidade e informação no pós-fordismo. XIII Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação – XIII ENANCIB 2012, 2012.

MACEDO- SOARES, T. D. L. V. A.; RATTON, C. A. Medição de desempenho e estratégias orientadas para o cliente: resultados de uma pesquisa de

empresas líderes no Brasil. Revista de Administração de Empresas, v. 39, no 4,

Out./ Dez. 1999.

MARSHALL JUNIOR, Isnard. et al. Gestão da qualidade. Rio de Janeiro: FGV, 2005.

ROCHA, J.M. et al. ISO 22000: gestão da segurança de alimentos. Revista ADMPG – Gestão Estratégica. pp. 59-66. 2008.

SCHMIDT, Maria Luiza Gava. Qualidade total e certificação ISO 9000: história, imagem e poder. Psicologia: ciência e profissão [on-line], v. 20, no 3, pp. 16-23, 2000.

SLACK, N. et al. Operations and process management. 2nd. Prentice Hall, 2009.

ZMITROWICZ, W.; NETO, G. A. Infraestrutura urbana São Paulo: EPUSP, 1997. (Texto Técnico da Escola Politécnica da USP, Departamento de Engenharia de Construção Civil, TT/PCC/17).

REFERÊNCIAS

Sites

<espacodaqualidade2010-2.blogspot.com> <http://academiaplatonica.com.br/2011/gestao/iso-90012008-4-2-2-manual-da- qualidade/> <http://boaspraticasfarmaceuticas.blogspot.com.br/2009/03/validacao-na- industria-farmaceutica.html> <http://casadaconsultoria.com.br/masp-ferramenta-administrativa/> <http://coyoti.com.br/blog/wp-content/uploads/2013/09/Escopo-do-Projeto.jpg> <http://foodsafetybrazil.com/?wpdmact=process&did=ODEuaG90bGluaw==> <http://intranet.fdsm.edu.br/portal/sgq/asp/Reuni%C3%A3o%20de%20 An%C3%A1lise%20Cr%C3%ADtica%201%C2%AA%20de%202013.pdf> <http://librairie.immateriel.fr/fr/read_book/9788565651110/chapter-4> <http://movimentoempreenda.revistapegn.globo.com/news/ferramentas/2012/06/ missao-visao-e-valores-069.html> <http://portal.anvisa.gov.br/wps/content/Anvisa+Portal/Anvisa/Setor+Regulado/ O+que+voce+precisa/Autorizacao+de+Funcionamento+-+AFE/Saneantes/90e0200 0400573cd98569e54e035b7cb> <http://pt.wikipedia.org/wiki/Valida%C3%A7%C3%A3o_de_requisitos> <http://sistemasdegestaointegrada.blogspot.com.br/2013/06/mapeamento-de- processo-e-mesma-coisa.html> <http://solutions.3m.com.br/wps/portal/3M/pt_BR/Fornecedores/Home/ AcompanhamentoFornecimento/AvaliacaoFornecedores> <http://www.admbrasilconsultoria.com.br/o-que-e-treinamento.asp> <http://www.abcq.org.br/13/indicadores--objetivos-metas-qualidade.html> <http://www.apqp.com.br/apqp/> <http://www.blogdaqualidade.com.br/capabilidade-do-processo/> <http://www.fortalentos.com.br/gestao-pessoas/como-fazer-uma-matriz-de- competencias/>

<http://www.inmetro.gov.br/ct/apresentacoes/iso%20nbr%2019011.ppt; Slide 13,14> <http://www.infobibos.com/Artigos/2010_2/AgriculturaPrecisao/image016.jpg> <http://www.msarh.com.br/blog/wp-content/uploads/2012/11/mapeamento-de- compet%C3%AAncias.jpg> <http://www.normalizacao.cni.org.br/metrologia_rbc.htm> <http://www.portaleducacao.com.br/educacao/artigos/37223/importancia-das- pessoas-na-organizacao> <http://www.procon.sp.gov.br/pdf/ACS-Orienta%20SAC-dez2009.pdf> <http://www.qualiblog.com.br/wp-content/uploads/2010/09/organograma-olr.jpg> <http://www.scielo.br/img/revistas/gp/v16n3/a10fig02.gif> <http://www.scielo.br/img/revistas/gp/v17n3/08f01.gif > <http://www.tgnbrasil.com.br/gestao-do-conteudo-empresarial-ecm/> <http://www.totalqualidade.com.br/2009/10/usando-metodologia-do-pdca-para. html> <http://www.totalqualidade.com.br/2010/11/requisitos-da-norma-iso-9001-72. html> <http://www.totalqualidade.com.br/2010/01/42-requisitos-de-documentacao-serie. html> <http://www.totalqualidade.com.br/2011/08/requisito-76-controle-de-equipamento- de_08.html>

No documento Sistemas de Gerenciamento da Qualidade (páginas 103-107)

Documentos relacionados