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2 PNBE DO PROFESSOR 010: UM RECURSO DA BIBLIOTECA

2.1 A importância da formação continuada no desenvolvimento da

2.1.1 A Gestão Escolar na Formação continuada dos Profissionais

A gestão escolar é um termo utilizado para designar as várias competências necessárias à administração de uma instituição de ensino. Engloba ação gerencial nos aspectos administrativos, financeiros, pessoais, políticos e nos processos de participação coletiva nas decisões. De acordo com Lück (2009, p.25), “[...] um dos fatores de maior impacto sobre a qualidade dos processos educacionais é influenciar pessoas, mobilizá-las e orientá-las adequadamente na dinâmica de processos sócio pedagógicos da escola”.

No guia de Indicadores de Qualidade da Educação9 uma das dimensões analisadas é a “Formação e condições de trabalho dos profissionais da escola”, na qual fica clara a importância do gestor escolar para que todos participem de ações de formação. Na dimensão sobre a formação dos profissionais da escola, no elemento sobre a formação continuada, perguntas referentes ao tema são inseridas e suas respostas são relevantes para nortear as ações da gestão escolar.

A primeira delas é: “Todas as pessoas que trabalham na escola têm oportunidades de se atualizar e participar de cursos e ações de formação?”. Esta primeira pergunta nos remete ao processo de democracia que deve ser exercido pelos gestores. É necessário que realmente todos os profissionais possam ter essa oportunidade, o que nem sempre acontece se a formação for fora do ambiente escolar. Em primeiro lugar porque nem todos podem sair da escola ao mesmo tempo, em segundo lugar porque cada membro da instituição possui especificidades de função, que nem sempre são contempladas em um único curso de formação.

8 Autoformação

– Capacidade de gerir sua própria formação para resolver problemas complexos e variados, pelos seus próprios meios, com ética, autonomia e responsabilidade. (PERRENOUD, 2000)

9 Programa promovido mediante coordenação conjunta pela Ação Educativa, UNICEF, INEP,

Ministério da Educação e coordenado pela Professora Vera Masagão Ribeiro. (UNICEF, 2004). Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Consescol/ce_indqua.pdf> Acesso em: 08 de agosto de 2013.

Ao propor uma formação continuada no âmbito da escola, há uma perspectiva de que todos possam contribuir nas decisões que envolvem a melhoria da instituição. De acordo com Ambrosetti e Ribeiro (2005) as relações de troca de experiências contemplam uma aprendizagem que envolve a prática e a teoria

[...] ao destacar a escola como o lócus privilegiado da formação continuada dos professores, [...] esse processo precisa apoiar-se numa prática reflexiva, capaz de identificar os problemas e buscar soluções, mas especialmente, “[...] que seja uma prática coletiva, uma prática construída conjuntamente por grupos de professores ou por todo o corpo docente de uma determinada instituição escolar” (AMBROSETTI; RIBEIRO, 2005, p.39).

Esta prática coletiva colocada pela autora nos leva à segunda pergunta: “Os cursos e as ações de formação correspondem às expectativas de quem participa?”. É muito importante que o gestor cultive o diálogo e a comunicação entre os membros de sua equipe para que possa, mediante a necessidade de seus profissionais, planejar um trabalho de formação continuada dentro da escola; a formação que não atinge os professores nas necessidades reais da escola não faz sentido, acarreta frustrações e desânimos. As propostas de formação continuada na escola devem partir dos problemas que a instituição enfrenta e não ser alvo de comparação com outros estabelecimentos de ensino. As metas também precisam ser claras e coerentes, caso contrário, não há ânimo para alcançá-las.

Com objetivos claros, definidos e partindo das necessidades reais do estabelecimento, a terceira pergunta passa a ser uma resposta positiva aos gestores: “Os profissionais se mobilizam para reivindicar ou organizar as atividades de formação que lhes interessam?”. Quando há liderança compartilhada, os profissionais sentem-se co-responsáveis nas decisões da escola e, de acordo com Lück,

[...] a liderança compartilhada corresponde à prática de tomada de decisão e atuação colegiada por consenso (e não por votação), em que todos os participantes têm espaço e o usam para influenciar os rumos e as condições do desenvolvimento que pretende promover (LÜCK, 2009, p.78).

A formação continuada na escola passa a ter sentido com estes espaços de participação, da reflexão da própria prática. Ao se mobilizarem para organizar as

atividades que lhe interessam passam a sentir-se seguros e expõem-se aos problemas, sem se sentirem constrangidos. São estas três perguntas que devem nortear as ações gestoras para criar uma cultura organizacional com “interesses sócio educacionais com foco no desenvolvimento dos alunos” (LÜCK, 2009, p. 118).

O diretor é o principal agente de disseminação de uma cultura organizacional de colaboração, de comportamentos positivos e participativos de seus membros. Ele tem de conhecer qual cultura perpassa a instituição em que atua e,

[...] ao assumir as responsabilidades de seu cargo, assume necessariamente, a responsabilidade de liderar a formação de cultura escolar compatível com a necessária para o ambiente escolar seja estimulante e adequado para a formação de seus alunos. A partir de atuação nesse sentido, orienta o curso dos eventos e ações; ajuda as demais pessoas a fazerem sentido desses eventos, a retirarem lições das ações em se envolvem, estabiliza as soluções bem-sucedidas, disseminando-as; organiza os processos e interações sociais, tornando-os estimulantes (LÜCK, 2009, p.119). Esta liderança na formação continuada, não é somente por responsabilidade inerente ao cargo de gestor, mas necessária na sociedade atual marcada pela complexidade das informações. Porém a informação por si só não basta. É necessário estabelecer conexões, separar, compreender o que é informação necessária na construção de uma cultura escolar voltada para o sucesso dos alunos. Nesta dinâmica de uma cultura de formação continuada o espaço da biblioteca e o conhecimento contido nos livros podem ser aproveitados pelos gestores como espaço para ações que promovam a efetivação das políticas públicas leitoras voltadas para docentes e discentes

A biblioteca escolar, com seus acervos de informações, é o local da escola impulsionador na apropriação do conhecimento. É o espaço de excelência para docentes e discentes aprenderem a escolher, retirar, descartar, recomendar e outros adjetivos as informações necessárias.

É o local de aprendizagem na seleção das informações. Todos tem o direito a acesso e conhecimento, e a biblioteca escolar é o lócus privilegiado da instituição que pode garantir a igualdade na formação e no acesso da informação.

Este trabalho não tem como foco a biblioteca escolar, mas também não poderia deixar de remeter-se ao seu papel na guarda, conservação e espaço privilegiado de mediação de livros e leitura.

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