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PARTE I – ENQUADRAMENTO TEÓRICO

6. A Gestão Intermédia

6.1. A Liderança no Contexto Escolar

A constante preocupação com a qualidade, no âmbito do sucesso educativo, e na gestão participativa implicam uma verdadeira liderança que impulsione uma efectiva colaboração de todos os actores da comunidade educativa, na determinação de projectos, planos e metas educativas, assim como a sua realização, defendendo e garantindo o futuro da organização escolar (Vicente, 2006, p. 129).

Foram, sobretudo, as mudanças verificadas no mundo das organizações ligadas às novas exigências de produção e competitividade que trouxeram à superfície a questão de liderança como tema fulcral. Para se compreender estas novas exigências, é da competência dos líderes, nas organizações, conhecerem e transformarem a cultura organizacional das instituições, no sentido da mudança e adaptação constantes na obtenção do sucesso, da qualidade e da competitividade da organização de que fazem parte, como é o caso do Director de Turma.

GESTÃO CURRICULA R (GC) CONSELHO DE TURMA (CT) DIRECTOR DE TURMA LIDERANÇA

Do ponto de vista de uma liderança ambígua e articulada com a perspectiva micro-política, aparece o conceito de “liderança dispersa” apontada por Bryman (1996, p. 284). Na sua opinião, esta liderança terá de ser vista como uma actividade pouco clara para as organizações. Daqui se pode realçar as lideranças intermédias das equipas de trabalho e das lideranças informais.

Ball (1987, p. 97) é peremptório em afirmar que não se pode descurar a liderança nas escolas. E Chiavanato (2000, p. 137) vai mais longe ao apontar três estilos de liderança diferentes: autoritária, liberal e democrática. As características globais de cada estilo estão representadas no quadro (n.º 1) seguinte:

QUADRO 1 Os Três Estilos de Liderança

Autocrática Democrática Liberal (laissez-faire)

• O líder fixa as directrizes, sem qualquer participação do grupo.

• As directrizes são debatidas e decididas pelo grupo, estimulado e assistido pelo líder.

• Há liberdade total para as decisões de grupo ou individuais, e mínima participação do líder.

• O líder determina as providências para a execução das tarefas, cada uma por sua vez, na medida em que se tornam necessárias e de modo imprevisível para o grupo.

• O grupo esboça as providências para atingir o alvo e pede aconselhamento do líder, que sugere alternativas para o grupo escolher. As tarefas ganham novas perspectivas com os debates.

• A participação do líder é limitada, apresentando apenas materiais variados ao grupo, esclarecendo que poderia fornecer informações desde que as pedissem.

• O líder determina a tarefa que cada um deve executar e o seu companheiro de trabalho.

• A divisão das tarefas fica a critério do grupo e cada membro tem liberdade de escolher seus companheiros de trabalho.

• A divisão das tarefas e escolha dos colegas fica totalmente a cargo do grupo. Absoluta falta de participação do líder.

• O líder é dominador e é “pessoal” nos elogios e nas críticas ao trabalho de cada membro.

• O líder procura ser um membro normal do grupo, em espírito. O líder é “objectivo” e limita-se aos “factos” nas críticas e elogios.

• O líder não avalia o grupo nem controla os acontecimentos. Apenas comenta as actividades quando pergunta.

Fonte: Adaptado de Chiavenato (2000, p. 137).

Sobre estes três estilos de liderança, foram feitas experiências nos Estados Unidos, aduzidas pelo autor acima citado, demonstrando que os grupos dirigidos por uma

tão produtivos quanto os outros e também mais criativos. Isto não quer dizer que o líder só possa usar um determinado tipo de liderança. Pelo contrário, cada líder pode utilizar os três processos de liderança, de acordo com a situação, com o perfil dos elementos do grupo e com o tipo de trabalho a realizar (Idem, pp. 138-140).

Nesta perspectiva de liderança Rego (1998, pp. 115-117) explica os Sistemas de

Liderança de Likert e a sua relação com a eficácia da organização, focando a existência

de quatro sistemas de liderança típicos: 1. “Autoritário explorador”; 2. “Autoritário benevolente”; 3. “Consultivo”;

4. “Democrático - participativo” (Ibidem).

Este último tipo de sistema de liderança é classificado pelo autor como sendo o mais eficaz, qualquer que seja a situação, existindo também uma maior eficácia à medida que as organizações vão mudando os sistemas.

Daqui se pode concluir que diferentes tipos de situações exigem diferentes

estilos de liderança. Na organização escola, os líderes das suas estruturas intermédias,

como é a Direcção de Turma, deverão adoptar estes diferentes estilos de liderança e adaptá-los de acordo com todo seu contexto situacional.

Defendemos que a liderança não é um processo fácil, uma vez que cada pessoa a adopta de acordo com a sua maneira de ver e sentir as coisas. No entanto, se assentar em valores, na confiança de uma lógica de organização de compromissos, no respeito e na camaradagem com os demais professores, ficamos certos que resultará no sucesso das escolas.

Nesta linha de pensamento, Vicente (2004, p. 138) esclarece-nos que os factores fundamentais para a melhoria da qualidade da educação passam por uma “forte e esclarecida liderança e capacidade da assunção de riscos, num quadro de autonomia”. Esta autonomia não deve prescindir de orientação, assistência, supervisão e avaliação por parte da administração educativa, como factor de garantia de “qualidade e da coesão nacional”.

Perspectivando uma conclusão, poderemos afirmar que o tipo de líder e de liderança está condicionado a vários factores e que os líderes simbolizam um contexto organizado num determinado grupo que dirigem, devendo influenciar de modo positivo o mesmo, na obtenção do sucesso pessoal do grupo e da organização, isto é, o líder deve

usar uma linguagem apropriada e ter em atenção a cultura dos elementos do grupo e da organização. Só nesta perspectiva poderá dinamizar um contexto que valorize o desenvolvimento do PCT, centrado numa análise relacional do Currículo – sobre o que iremos reflectir no capítulo seguinte.

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