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A vitória de Murilo

No documento Livro de Testes Manual Sentidos 10 (páginas 64-67)

A obra vencedora da primeira edição do Prémio LeYa é um tomo ambicioso e universalista, que parte da pequena história para chegar à grande História

E foi um romance histórico que venceu a primeira edição do Prémio LeYa, galardão associado à mega-editora-de-muitas-editoras que, através de um júri presidido por Manuel Alegre, recom- pensou com 100 mil euros a obra do jornalista e documentarista brasileiro Murilo Carvalho – agora regressado à paixão da literatura, depois de duas experiências dedicadas ao género do conto na ju- ventude. O Rastro do Jaguar (LeYa), 600 páginas editadas em duas versões – de capa dura amarela, com o perfil de um jaguar, e com capa mole, com um olho-aguarela felino a espreitar – lê-se, sur- preendentemente, a um ritmo veloz e ávido. Ajuda a essa missão o pendor cinematográfico, resul- tado de uma confessa experiência em “vida de estrada” da palavra, a escrever guiões de cinema e a realizar filmes e documentários sobre os índios e os proprietários, pelos brasis de que não se fala muito, rodapés antropológicos numa era de informação global. Ajuda igualmente uma vontade de vocabulário próprio e desenvolto, uma cadência narrativa de passada larga e vigorosa, um colorido produzido por horas e anos de pesquisa assumida.

Murilo Carvalho quis, como um qualquer primeiro romancista que admira a grande literatura, produzir um romance épico, marcante, ambicioso, universalista, capaz de migrar entre a pequena biografia e o gigantesco mosaico da humanidade; de inserir o pequeno soldado na guerra de mun- dos; de pressentir nas aventuras e desventuras singulares (ou minoritárias, melhor dizendo) uma revelação metafísica e uma solução existencialista.

O mote veio da leitura das pesquisas do naturalista francês Auguste Saint’Hilaire, que andari- lhou pelo Brasil do século XIX, mapeando a flora tropical e que quis levar para a Europa, à guisa de oferta para um seguidor de Napoleão, um índio guarani infante. O bom senso frustrou-lhe as in- tenções, a História perdeu o rasto ao “presente”. Murilo Carvalho ficcionou o “depois” dessa figura, supondo que chegava a França.

A partir daí, segue o rastro do jaguar (o guarani Pierre), atravessando os paradigmas literários e musicais europeus, a cultura dos índios guarani, as guerras que levaram à constituição de uma parte da América do Sul – Brasil e Paraguai incluídos. Esta é uma reflexão sobre a história brasileira e as perdas de identidade e inocência, que deixa protagonistas e leitores a sonhar com uma Terra Sem Males.

Sílvia Souto Cunha, in Visão, n.o 841, 16 a 22 de abril de 2009, p. 110.

1. Para responder a cada um dos itens de 1.1. a 1.7., selecione a opção correta. 1.1. O autor da obra literária analisada

(A) tem-se dedicado exclusivamente à escrita de romances. (B) revela alguma experiência na poesia.

(C) revela experiência cinematográfica.

(D) escreveu o seu romance baseado num documentário.

1.2. No parágrafo introdutório, o segmento “um tomo ambicioso e universalista” (l. 1) corresponde ao (A) sujeito. (B) complemento direto. (C) complemento do nome. (D) predicativo do sujeito. 5 10 15 20 25

1.3. A palavra “tomo” (l. 1) é sinónima de (A) romance.

(B) conto. (C) volume. (D) coleção.

1.4. Com o uso do travessão duplo, nas linhas 7-8, a autora (A) especifica a informação apresentada anteriormente. (B) generaliza a informação apresentada anteriormente. (C) especifica a informação apresentada posteriormente. (D) generaliza a informação apresentada posteriormente.

1.5. O segmento sublinhado na frase “Ajuda a essa missão o pendor cinematográfico” (l. 9) desem- penha a função sintática de

(A) complemento direto. (B) sujeito.

(C) modificador do nome restritivo. (D) complemento indireto.

1.6. O antecedente do pronome pessoal presente na frase “O bom senso frustrou-lhe as intenções”

(ll. 22-23) é

(A) “Brasil” (l. 21).

(B) “Auguste Saint’Hilaire” (l. 20). (C) ”Napoleão” (l. 22).

(D) “um índio guarani” (l. 22).

1.7. No constituinte “os paradigmas literários e musicais europeus” (ll. 25-26), podemos encontrar (A) três adjetivos qualificativos.

(B) dois adjetivos qualificativos e um nome. (C) dois adjetivos qualificativos e dois nomes. (D) três nomes e um adjetivo qualificativo. 2. Responda de forma correta aos itens apresentados.

2.1. Construa um campo lexical, com três palavras, partindo do vocábulo sublinhado em “guerra de mundos” (ll. 17-18).

2.2. Identifique o referente da expressão “dessa figura” (l. 23). 2.3. Classifique a oração “que chegava a França” (l. 24).

GRUPO III

TESTE DE AVALIAÇÃO

Nome: ______________________________________________________ N.

O

: _____________ Turma: _____________ Data: ___________________

08.

GRUPO I A Leia o texto seguinte.

A este mote alheio

Campos bem-aventurados, tornai-vos agora tristes, que os dias em que me vistes alegre são já passados. Campos cheios de prazer, vós que estais reverdecendo, já me alegrei com vos ver; agora venho a temer

que entristeçais em me vendo. E, pois a vista alegrais

dos olhos desesperados, não quero que me vejais, para que sempre sejais

campos bem-aventurados.

Porém, se por acidente, vos pesar de meu tormento, sabereis que Amor consente que tudo me descontente, senão descontentamento. Por isso vós, arvoredos, que já nos meus olhos vistes mais alegrias que medos, se mos quereis fazer ledos,

tornai-vos agora tristes.

Já me vistes ledo ser, mas despois que o falso Amor tão triste me fez viver,

ledos folgo de vos ver, porque me dobreis a dor. E se este gosto sobejo de minha dor me sentistes, julgai quanto mais desejo as horas que vos não vejo

que os dias em que me vistes.

O tempo, que é desigual, de secos, verdes vos tem; porque em vosso natural se muda o mal para o bem mas o meu para mor mal. Se perguntais, verdes prados, pelos tempos diferentes que de Amor me foram dados, tristes, aqui são presentes,

alegres, já são passados.

Luís de Camões, Rimas. Texto estabelecido e prefaciado por Álvaro J. da Costa Pimpão, Coimbra, Almedina, 2005 [1994], pp 53-54. 5 10 15 20 25 30 35 40

Apresente, de forma bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem. 1. Justifique o recurso à apóstrofe no mote da composição poética apresentada.

2. Identifique o recurso expressivo que estrutura o conteúdo do poema, fundamentando com expres- sões textuais.

3. Explique, considerando o tema da mudança, os efeitos da passagem do tempo tanto nos campos como no sujeito poético.

B Leia o texto.

Amigas, que Deus vos valha, quando veer1 meu amigo, falade sempr’~uas outras2, enquant’el falar comigo, ca3 muitas cousas diremos

que ante vós nom diremos.

Sei eu que por4 falar migo chegará el mui coitado,5 e vós ide-vos chegando lá todas per ess’estrado,6

ca muitas causas diremos, que ante vós nom diremos.

João Garcia de Guilhade, B749, V352, in Cantigas Medievais Galego-Portuguesas (www.cantigas.fcsh.unl.pt).

1 vier; 2 falade sempr’~uas outras: falai sempre umas com as outras; 3 porque; 4 para; 5 chegará el mui coitado: chegará muito

ansioso; 6 local onde se colocavam almofadas e estava destinado às mulheres

Apresente, de forma bem estruturada, as respostas aos itens que se seguem. 4. Defina o papel desempenhado pelas “amigas” e pelo “amigo”.

5. Estabeleça a relação entre os dois últimos versos de cada cobla e o conteúdo que os antecede. GRUPO II

Leia o texto que se segue.

No documento Livro de Testes Manual Sentidos 10 (páginas 64-67)