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PARTE 2 – REMUNERAÇÃO DA MÃO DE OBRA

2.1. R EMUNERAÇÃO

2.1.4. Adicional de periculosidade

O adicional de periculosidade é previsto no art. 193 da CLT. É devido ao empregado cujo

trabalho envolva a execução de atividades perigosas, que impliquem risco à sua incolumidade

física.

Atividades perigosas são as que, por sua natureza ou método de execução, exponham o

trabalhador a contato permanente com inflamáveis, explosivos ou energia elétrica em

condições de risco acentuado (art. 193, I, CLT), ou o exponham a risco de roubos ou outras

espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial

(art. 193, II, CLT).

O inciso II e o § 3º do art. 193 da CLT foram incluídos pela Lei 12.740/2012. O inciso

II, como vimos acima, acrescentou a atividade de segurança como perigosa; já o § 3º do

dispositivo determina a compensação do adicional de periculosidade com outras parcelas

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remuneratórias da mesma natureza concedidas ao vigilante por norma coletiva de trabalho

(ex.: adicional de risco de vida).

Assim, se for devido ao vigilante o adicional de periculosidade (30% sobre o salário base)

previsto no art. 193 da CLT e, por exemplo, parcela denominada adicional de risco de vida,

criada por Convenção Coletiva de Trabalho, no valor correspondente a 20% do salário base, a

planilha consignará o pagamento das duas parcelas, da seguinte maneira:

- salário base (hipotético) = 2.000,00

- adicional de risco de vida (cláusula “x” da CCT) = 400,00 (20% do salário base)

- adicional de periculosidade (art. 193 da CLT) = 200,00 (30% - 20% referente ao

adicional de risco de vida)

Lembre-se que o adicional de periculosidade previsto na CLT só pode ser pago mediante

prévia inclusão da atividade em norma do Ministério do Trabalho e Previdência Social e

realização de perícia (art. 195, CLT).

A matéria – descrição das atividades perigosas – é regulada pela Norma

Regulamentadora 16, anexa à Portaria 3.214/78 do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

Em 3.12.2013 foi publicada a Portaria MTE 1885/2013, incluindo na NR-7, o Anexo III -

ATIVIDADES E OPERAÇÕES PERIGOSAS COM EXPOSIÇÃO A ROUBOS OU OUTRAS ESPÉCIES DE

VIOLÊNCIA FÍSICA NAS ATIVIDADES PROFISSIONAIS DE SEGURANÇA PESSOAL OU

PATRIMONIAL.

Mencionada Portaria estabeleceu que “Os efeitos pecuniários decorrentes do trabalho em

condições de periculosidade serão devidos a contar da data da publicação desta Portaria, nos

termos do art. 196 da CLT.”

Frise-se: a despeito da inclusão da atividade no rol descrito na NR-16, a concessão do

adicional é condicionada à prévia perícia, exigida pelo art. 195 da CLT.

CLT

Art. 195 - A caracterização e a classificação da insalubridade e da periculosidade, segundo as normas do Ministério do Trabalho, far-se-ão através de perícia a cargo de Médico do Trabalho ou Engenheiro do Trabalho, registrados no Ministério do Trabalho.

Importa anotar que o adicional de periculosidade devido ao Bombeiro Civil é

determinado por lei específica, não se sujeitando ao regime da CLT, na espécie (vide art. 6º, III,

Lei 11.901/2009).

O adicional devido corresponde a 30% do salário contratual, sem os acréscimos

resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa (art. 193, § 1º,

CLT). É o que preconiza a Súmula 191 do TST:

JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO Súmula 191

O adicional incide apenas sobre o salário básico e não sobre este acrescido de outros adicionais.

Segundo entendimento do TST, ainda que a exposição ao risco seja intermitente, o

adicional é devido. Será indevido apenas quando o contato com o agente nocivo se der de

forma eventual:

JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO Súmula 364

Tem direito ao adicional de periculosidade o empregado exposto permanentemente ou que, de forma intermitente, sujeita-se a condições de risco. Indevido, apenas, quando o contato dá-se de forma eventual, assim considerado o fortuito, ou o que, sendo habitual, dá-se por tempo extremamente reduzido.

Ademais, o adicional de periculosidade, pago com habitualidade, integra o cálculo

das horas extras.

JURISPRUDÊNCIA DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO Súmula 132

O adicional, pago em caráter permanente, integra o cálculo de indenização e de horas extras.

Caso o empregado tenha direito, também, ao adicional de insalubridade, deve fazer a

opção (é vedado o pagamento dos dois adicionais ao mesmo tempo). A opção é do empregado,

não do empregador.

Por fim, frise-se que, descaracterizada a periculosidade, o adicional deixa de ser devido,

vale dizer, não há direito adquirido ao adicional de periculosidade (art. 194, CLT).

Vejamos, então, como calcular o adicional de periculosidade:

- para um empregado que recebe salário definido em Convenção Coletiva de Trabalho e

no contrato no valor de R$ 2.000,00 e está exposto a perigo, o

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O valor do adicional de periculosidade deve ser consignado no Módulo 1 (composição da

remuneração) da planilha de custos e formação de preços.

Importa colacionar julgado do TCU, no qual aquela Corte de Contas entendeu que, embora

a Administração não contemple em seu orçamento estimado a rubrica “adicional de

periculosidade”, deve aceitar proposta que a consigne por força de disposição do edital do

certame. Ou, em outros termos, o licitante deve cotar o adicional de periculosidade ainda que

omisso, no ponto, o orçamento estimado da Administração.

JURISPRUDÊNCIA DO TCU [RELATÓRIO]

17. Alega a representante que, no Anexo II do edital, no qual se trata da estimativa de preço máximo, não teria sido levado em consideração o adicional de periculosidade, no percentual de 30% sobre os salários da categoria de vigilantes, em face da alteração do art. 193 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), promovida pelo art. 1º da Lei 12.740, de 8/12/2012, que incluiu no rol de atividades consideradas perigosas aquelas que, por sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco acentuado em virtude de exposição permanente do trabalhador a roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais de segurança pessoal ou patrimonial.

[...]

19. Da análise efetuada ao Anexo II do instrumento convocatório, intitulado "Modelo de proposta" (peça 2, p. 39-43), verifica-se que o referido documento não se refere à estimativa de preço que teria sido efetuada pela Caixa, pois não foi divulgada a planilha analítica de formação de preço no edital da licitação. O anexo III (peça 2, p. 44) traz apenas tabelas com estimativa dos preços máximos finais dos postos de trabalho e o preço global total, não sendo possível, por isso, afirmar que o adicional de periculosidade está ou não incluído no cálculo do preço máximo.

[...]

21. Ademais, consoante a planilha de composição de preços (peça 4), de que trata o

Anexo VII do edital (peça 2, p. 82), extraída do endereço

www5.caixa.gov.br/fornecedores/licitações/asp/licitai.asp, verifica-se que, para a formulação da proposta de preços pelas licitantes, deve-se incluir o adicional de periculosidade e o respectivo percentual.

22. Assim, resta claro que as licitantes devem levar em conta o pagamento do adicional de periculosidade, sob pena de a referida vantagem ser desconsiderada da formação de custos, razão pela qual entende-se improcedente o apontado pela representante.

[VOTO]

6. No que tange ao adicional de periculosidade, cuja inclusão na planilha de preços é reivindicada pelo representante, a Unidade Técnica relacionou as cláusulas e subitens do edital que confere à contratada a responsabilidade pela composição do preço, pela inclusão de todas as despesas necessárias ao cumprimento das obrigações avençadas e pelo pagamento dos tributos relacionados com o serviço. Destarte, não procede o argumento de que o adicional deveria estar explicitado no edital ou na planilha de

estimativa de custos, porquanto a composição do preço ofertado é de responsabilidade da contratada.

(Acórdão 282/2014 – Primeira Câmara)