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2. ENQUADRAMENTO TEÓRICO

2.4 Bases preparatórias para a transição para o novo referencial

2.4.1 Ajustamentos

Todas as autarquias locais têm de criar as condições necessárias ao processo de transição do POCAL para o SNC-AP, o que implica apresentar o balanço de abertura do ano de 2020, de acordo com o novo normativo. Para tal, será necessário procederem a um conjunto de ajustamentos ao último balanço do ano de 2019, tal como prescrito no artigo 14.º do DL n.º 192/2015 e no artigo 10.º da Portaria n.º 218/2016:

➢ Reconhecer todos os ativos e passivos cujo reconhecimento é exigido pelas NCP; ➢ Reconhecer itens como ativos apenas se os mesmos forem permitidos pelas NCP; ➢ Reclassificar itens que foram reconhecidos de acordo com o POCP, ou planos setoriais,

numa categoria, mas de acordo com as NCP;

➢ Aplicar as NCP na mensuração de todos os ativos e passivos reconhecidos;

➢ Os ajustamentos resultantes da mudança das políticas contabilísticas por força da primeira adoção devem ser reconhecidos no saldo de resultados transitados;

➢ Para ser possível a comparabilidade, as entidades públicas devem reconhecer ainda os correspondentes ajustamentos nas Demonstrações Financeiras do período anterior. Segundo Carvalho & Carreira (2016), atendendo aos critérios de reconhecimento e de mensuração do SNC-AP as áreas que poderão causar maior impacto na transição do POCAL para o SNC-AP são os ativos fixos tangíveis, os ativos intangíveis, as propriedades de investimento, as provisões, passivos contingentes e ativos contingentes.

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Carvalho & Carreira (2016) acrescenta ainda que os principais ajustamentos que as Autarquias Locais terão de efetuar com a transição para o novo normativo contemplam as seguintes análises:

✓ Nos Ativos Fixos Tangíveis, as Autarquias que ainda não tenham inventariado todo este tipo de ativos que devam ser reconhecidos têm de, na transição, reconhecer e mensurar esses ativos. Existem Autarquias que ainda não reconheceram no seu balanço alguns bens, em especial os bens de domínio público. Quando na transição para o SNC-AP exista a necessidade do Município reconhecer pela primeira vez ativos fixos tangíveis relacionados com os bens de domínio público, estes bens devem ser mensurados de acordo com as disposições da NCP 5 em que, deve ser adotado o mesmo tratamento que para os bens adquiridos sem contraprestação, ou seja:

o os imóveis, pelo Valor Patrimonial Tributário;

o outros bens o custo do bem-recebido, ou na falta deste, o respetivo valor de mercado.

✓ Nos Ativos Intangíveis, as Autarquias devem desreconhecer as despesas de instalação. No que concerne às despesas de investigação e desenvolvimento, por um lado, os gastos relacionados com a parte afeta à fase de investigação devem ser desreconhecidos. Por outro lado, para os gastos respeitantes à fase de desenvolvimento de novos produtos ou processos deve-se testar se satisfazem todos os requisitos de reconhecimento e, em caso afirmativo, manter o seu reconhecimento como ativo intangível (caso contrário será desreconhecido).

✓ Nas Propriedades de Investimento, todos os terrenos e edifícios que ainda não foram ocupados pelos serviços da Autarquia ou estejam detidos para venda, incluindo os que ainda não tenham uso definido devem ser reclassificados como propriedades de investimento. As Autarquias podem optar por manter a mensuração pelo modelo do custo, não havendo qualquer ajustamento de valor a fazer. Caso optem pelo novo modelo de mensuração contemplado na NCP 8, o modelo do justo valor, devem recorrer a peritos ou utilizar outros procedimentos que não ponham em causa a objetividade e fiabilidade do justo valor.

Os principais aspetos relacionados com a transição do SNC-AP para os AI e AFT a ter em conta são:

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✓ Reconhecer como AI e AFT os itens que satisfaçam os critérios de definição de ativo bem como os critérios de reconhecimento, a título de exemplo, temos os acordos de concessão de serviços. Este tipo de ajustamentos que consistem em alterações nas rubricas do ativo, resultantes de alterações de políticas contabilísticas, tem consequências no valor da rubrica de “Resultados transitados do Património líquido (alterações modificativas).

✓ Desconhecer as Imobilizações Incorpóreas que não cumpram os critérios de reconhecimento dos AI; (por exemplo, despesas de instalação e de investigação eram consideradas como Imobilizações Incorpóreas, circunstância que não ocorre do SNC- AP).

✓ Reclassificações que consistem em alterações de classificações de rubricas, podendo ser permutativas (alteração de classificação do mesmo agregado), como por exemplo, a reclassificação de um investimento num imóvel antes classificado como investimento financeiro, e que à luz do SNC-AP, passam a propriedade de investimento, ou a reclassificação dos bens de domínio público, antes numa rubrica própria e que à luz do SNC-AP, integram os AFT ou modificativas (implicando alteração do valor do Património líquido), como por exemplo a reclassificação das transferências e subsídios de capital para investimentos depreciáveis, registadas nos normativos anteriores como proveitos diferidos no passivo, para outras variações no património líquido (transferências e subsídios de capital).

No que concerne aos AFT, é necessário ter em conta o preconizado no MI:

✓ No ponto 1.3.12. “Quando não está disponível informação fiável sobre o custo, na transição para as NCP, uma entidade, pode escolher a mensuração ao justo valor (…) dos AFT (NCP 5)”.

✓ 1.3.13. “A regra é utilizar o custo considerado quando não existir disponível o custo de aquisição. Contudo, mesmo existindo informação fiável sobre o custo, os prédios rústicos ou urbanos devem ficar mensurados na transição para o SNC-AP pelo seu Valor Patrimonial Tributário (VPT).”

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