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1.4. ARQUITETURA ESCOLAR

1.4.3. AMBIENTE DE ENSINO

O ambiente escolar, especificamente a sala de aula, agrega características físicas, arquitetônicas, organizacionais e aspectos particulares tanto dos professores quanto dos alunos, que influenciam no clima social do ambiente (MOOS, 1979 apud KOWALTOWSKI, 2011, pg. 160).

Procurando melhorar as inter-relações entre os usuários e o ambiente, as cores, as texturas, as composições geométricas, os símbolos e as sinalizações ajudam a promover a sensibilidade, a criatividade dos usuários e uma identidade espacial.

Diversos estudos apontam as sensações e estímulos que as cores podem proporcionar ao ser humano. Na ambientação de interiores diversos fatores são levados em consideração para a escolha das cores, que vão desde as proporções do ambiente, a sua finalidade, orientação, forma e até o orçamento disponível.

Segundo um dos cadernos técnicos da FUNDESCOLA (CORTEZ; SILVA, 2002), as cores têm a capacidade de mudar os ambientes, sendo importante a análise de suas qualidades antes de especificá-las. Esta análise identifica as “cores quentes” e as “cores frias”. A seguir, no quadro 01 é apontada a definição para estas classificações.

Quadro 01_Classificação, identificação e utilização das cores na edificação. Classificação Identificação e utilização

Cores frias o verde, o azul e o violeta – são repousantes e devem ser usadas em ambientes bem iluminados, com muitas janelas ou luminosidade. São perfeitas para dar a sensação de frescor e amplitude. Transformam pequenos ambientes em ambientes espaçosos. Porém, um ambiente com pouca luz natural trará sensação de solidão e frio.

Cores

quentes o amarelo, o vermelho, o roxo e o laranja e fortes. Por este motivo, usá-las em ambientes que não recebam – são excitantes, vivas muita luz natural, pois iluminam e aquecem o ambiente. Onde há muita luz natural, as cores quentes diminuem o ambiente e transmitem sensação de abafamento, tornando-se pesadas e cansativas.

Cores neutras

o cinza, o marrom e o bege - são tonalidades pertencentes as cores neutras, que combinam com todas as outras, dosando as sensações ambientais, sendo ideais para renovar ou modificar ambientes onde já tenha sido utilizada uma cor quente. São cores que se encaixam bem em qualquer projeto de interiores.

Fonte: CORTEZ; SILVA, 2002, pg.115 e FNDE et al, 2000.

Na cartilha do FNDE, “Recomendações para uso de cores no ambiente escolar”, também é exposto os efeitos das cores:

Sobre uma sensibilidade grosseira, a cor tem apenas efeitos superficiais que, desaparecida a excitação, logo deixam de existir. Por mais elementares que sejam esses efeitos são variados. As cores claras atraem mais o olho e o retêm. As cores claras e quentes retêm-no ainda mais: assim como a chama atrai irresistivelmente o homem, também o vermelho atrai e irrita o olhar. O amarelo- limão vivo fere os olhos. A vista não consegue suportá-lo (...) Os olhos piscam e vão mergulhar nas profundezas calmas do azul e do verde (FNDE et al, 2000).

Os objetivos destas cartilhas não são de definir padrões, mas de discutir a adequação de certas combinações ou tonalidades, de tal modo sugerindo cores e composições para os ambientes de uma instituição de ensino. Segundo uma destas cartilhas é recomendada para as paredes das salas de estudos o uso de cores claras, em tom pastel, nas nuances das cores do amarelo, verde, azul, bege e cinza pérola.

Para grandes superfícies, como as paredes, principalmente as internas das salas de aulas, devem ser evitadas cores vibrantes como vermelho, o rosa, o alaranjado e o violeta por serem excitantes. A cor branca neve, também precisa ser evitada, pois pode produzir o efeito de ofuscamento, assim como o preto que deprime e o marrom que provoca sonolência.

Nos pisos de pátios, acessos e corredores o uso da cor branca também não é indicado, pois seu alto nível de reflexão acaba direcionando a radiação solar para as paredes e acarretando um aumento da temperatura interna. Neste caso, o ideal é a utilização de tons de bege ou argila, cores mais neutras. Ao contrário dos pisos, o teto deve receber a cor branca, por seu alto grau de reflexão da luz, é recomendada, ajudando na luminosidade das áreas de trabalho (mesas e carteiras).

As esquadrias e portas podem receber tonalidades mais fortes, as classificadas cores quentes, tanto pela sua pequena superfície como para utilização de elemento de identificação e comunicação.

Figura 23_ Aplicação das cores na forma correta e não correta sugerida pela FNDE.

1°) Aplicação correta das cores sugeridas 2°) Aplicação não correta das cores.

Fonte: FNDE et al, 2000.

No exemplo exposto na cartilha da FNDE, a figura 23 apresenta duas formas de se utilizar as cores sugeridas: na 1° figura, a utilização correta, cor clara na parede e cores mais escuras na porta e esquadria. Já na 2° opção, a aplicação de cores vibrantes na parede não seria a melhor escolha.

A cor é um instrumento eficaz de comunicação visual e tem a função de informar, sinalizar e orientar os fluxos de circulação. As soluções mais usuais segundo Cortez e Silva (2002, pg. 113) em escolas são:

• O uso de cores distintas para paredes, tetos e pisos em cada setor; • A utilização das portas como suportes de comunicação, com cores diferenciadas, placas e elementos gráficos de identificação;

• Sinalização adequada e tratamento do piso para identificar e orientar fluxos; • Uso de placas informativas, murais e quadros de avisos.

A NBR 9050 (2004), sobre “Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos”, dentro do seu contexto, aborda as formas de comunicação e sinalização, sendo classificada em visual (através de textos ou figuras), a tátil (em braile ou figuras em relevo) e sonora.

Para os tipos classificados dentro da forma visual estão as permanentes, as direcionais, as de emergência e as temporárias. Dentro destes tipos, as cores tem a importante finalidade de identificar uma determinada função, conforme se verifica no quadro 02.

Quadro 02_Cores padronizadas pelas ABNT para sinalização.

Cor Finalidade

Vermelho Equipamentos de proteção e combate á incêndios.

Laranja Partes móveis e perigosas de máquinas e equipamentos.

Amarelo Indica cuidado em escadas, bordas perigosas, elementos finos, salientes, etc.

Verde Indica segurança; é utilizado também em quadros de avisos.

Azul Pontos ou chaves de comando de fontes de energia.

Branco Demarcação de áreas de corredores, armazenagem e localizações de equipamentos de socorro, coletores de resíduos e bebedouros.

Preto Identificação de coletores de resíduos.

Fonte: CORTEZ; SILVA, 2002, pg. 115.

Na figura 24, alguns exemplos da aplicação destas cores em sinalizações, de acordo com a sua finalidade especificada no quadro acima: o vermelho para equipamentos de combate a incêndio e o verde avisando a saída de emergência.

Figura 24_Sinalizações de emergência.

Fonte: FDE, 2013.

A norma ainda expõe as representações gráficas dos símbolos (reconhecidos internacionalmente), a sua aplicação e a sua legibilidade para as informações visuais que são muito importantes para a rápida identificação da localização dos setores, as indicações de emergência, saída e outros.

As cores, formas e símbolos também podem expressar a pedagogia e os valores da escola. Juntos, a escolha correta das cores e a qualidade formal da arquitetura podem criar uma identificação, tornando-se uma unidade visual e podendo até ser uma referência na comunidade.