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Seminário 5 20/09/2011 A compreensão das teorias

3. A interação discursiva nos processos entre os participantes a partir da:

5.2 ANÁLISES DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS DURANTE O CURSO DE MODELOS DIDÁTICOS.

5.2.1 Análise das Atividades Introdutórias

A fase inicial do curso teve o propósito de levantar as concepções dos PFIQ sobre “o ser professor”. Dessa forma, trazemos aqui a análise das respostas dadas à pergunta (Anexo 5): que tipo de professor você gostaria de ser e para qual sociedade? Os desenhos sobre como se enxergam enquanto professores também foram analisados, segundo Thomas; Pedersen e Finson (2001), considerando os critérios descritos na metodologia.

Procurou-se avaliar os segmentos que expressassem a representação da profissão que os PFIQ construíram até aquele momento de sua formação, destacando-se: o papel do Professor (ações, posições e representações); o papel dos estudantes (ações, posições) e o ambiente onde se desenvolve a ação entre os atores. A interpretação do desenho (Figura 23) do PFIQ1 é trazida no Quadro 13.

144 PFIQ1 sobre “o ser professor”

Quadro 13. Análise do desenho do PFIQ1 sobre o tipo de professor que quer ser PFIQ1 Análise do desenho feito sobre como ele se enxerga como professor

Professor (P) Estudante (E)

Ações e posição Representações Ações e posição Ambiente A professora está à

frente da sala lecionando. Está com os braços abertos e tem um desenho de um coração no peito, seu rosto é de felicidade. Não aparecem linguagens verbais e não verbais. Só gestos de contente dos participantes. Não é desenhado nenhum tipo de representação, pelo professor, mas aparecem desenhos que saem das cabeças dos estudantes.

Nível 1

Representações como imagem.

Eles estão sentados em fila, voltados para o professor, de suas cabeças saem balões com imagens de corações, lâmpadas e rostos de pessoas. Os balões parecem representar a fala deles ou suas ideias. Em um deles aparece o rosto da P. Só tem um estudante que fica em pé olhando para seus colegas e de sua cabeça saem imagens.

O ambiente é interno, mas não aparecem paredes, a sala encontra-se em ordem. A sala de aula é caracterizada pelo quadro e pelas mesas.

Fonte: Atividade introdutória PFIQ1

A interpretação do desenho do PFIQ2 (Figura 24) é trazida no quadro 14 Figura 24. Desenho do PFIQ2 sobre “o ser professor”

145 Quadro 14. Análise do desenho do PFIQ2 sobre o tipo de professor que quer ser

PFIQ2 Análise do desenho feito sobre como se enxerga como professor

Professor (P) Estudante (E)

Ações e posição Representações Ações e posição Ambiente O professor está entre

os estudantes no laboratório, aparece uma seta indicando quem é o professor. Sua atitude é de quem está pensando, ainda que ele não esteja realizando nenhuma atividade. Na lousa aparecem desenhos de moléculas como o benzeno, cadeias carbônicas e de ácidos carbônicos, tem uma seta indicado o processo de quebra do benzeno.

Uma Tabela periódica e a bancada do laboratório. Nível 2 Representação como habilidade simbólica. Alguns estudantes encontram-se trabalhando na mesa do laboratório interagindo com o professor ou fotografando alguma reação, outro está analisando algo no quadro, todos estão ativos e trabalhando com material do laboratório e prestando atenção no professor. O ambiente é interno, do laboratório. Não aparecem paredes, só os desenhos de fórmulas de moléculas para mostrar algo como uns processos existem signos de comunicação entre P e E, e nem entre E-E, representados na boca aberta desenhada.

Fonte: Atividade introdutória PFIQ2

A interpretação do desenho (Figura 25) do PFIQ3 é trazida no Quadro 14

146 Quadro 15. Análise do desenho do PFIQ3 sobre o tipo de professor que quer ser

PFIQ3 Análise do desenho feito sobre como se enxerga como professor

Professor (P) Estudante (E)

Ações e posição Representações Ações e posição Ambiente São desenhados dois

tipos de Professor: Professor (P1) que está dentro de uma sala de aula e se situa frente aos estudantes para lecionar e os estudantes prestam atenção. E o outro professor (P2) que está fora da sala de aula e os estudantes estão a seu redor. Na sala do P1 estão escritas as fórmulas químicas (H2O, NaCl, HCl) na lousa e do lado escritas as palavras: respeito, tolerância e responsabilidade. O P2 não utiliza linguagens verbais e não verbais. Nível 2 Representação como habilidade simbólica. Na sala do P1, os estudantes estão sentados em ordem prestando atenção e não expressam nada, com uma postura passiva.

Na sala do professor P2, os estudantes estão ao redor do professor em atitude de estarem levantando a mão para questionar e contentes. Na sala do P1, é apresentada como um ambiente interno fechado e são desenhadas paredes. Na sala do P2, não existem paredes, a aula acontece num ambiente externo, parece ser em contato com a natureza.

Fonte: Atividade introdutória PFIQ3

A interpretação do desenho do PFIQ4 (Figura 26) é trazida no Quadro 16

147 Quadro 16. Análise do desenho do PFIQ4 sobre o tipo de professor que quer ser

PFIQ4 Análise do desenho feito sobre como se enxerga como professor

Professor (P) Estudante (E)

Ações e posição Representações Ações e posição Ambiente O professor está

parado na frente de um prédio que diz “universidade”. Sua atitude é passiva, pois ele não está realizando nenhuma atividade.

Não são desenhadas representações

utilizando linguagens verbais e não verbais.

No desenho não aparecem estudantes.

O ambiente é externo, fora da universidade, como não têm estudantes não tem interações entre P e E e nem entre E-E.

Fonte: Atividade introdutória PFIQ4

A interpretação do desenho (Figura 27) do PFIQ5 é trazida no Quadro 17 Figura 27. Desenho do PFIQ5 sobre “o ser professor”

Quadro 17. Análise do desenho do PFIQ5 sobre o tipo de professor que quer ser PFIQ5 Análise do desenho feito sobre como se enxerga como professor

Professor (P) Estudante (E)

Ações e posição Representações Ações e posição Ambiente A professora está na

frente dos estudantes no laboratório, ela está trabalhando com o material que está acima da mesa, sua atitude é ativa.

Na lousa aparece escrita a palavra Química, junto com algumas fórmulas e elementos de laboratório (HCl e NaCl). Nível 2 Representação como habilidade simbólica. Os estudantes encontram-se observando a demonstração da professora. De um lado, na parede, tem a lousa com algumas informações.

O ambiente é interno, do laboratório, não aparecem paredes, só os desenhos de uma molécula e algo como uma reação, não tem interação entre P e E, nem entre E-E.

148 A análise realizada considerando os tipos de representações que são utilizados nos desenhos permitiram identificar uma expressão de como cada PFIQ se enxerga em sua profissão: enquanto a seu saber e saber fazer e de como os estudantes são vistos na sala de aula permitiu identificar como determinadas linguagens, símbolos, fórmulas ou outras formas de expressão são privilegiados em um dado momento no processo de ensino. Foi possível perceber uma possível tendência ontológica de tipo realista, possível no sentido de que os símbolos utilizados podem indicar que ele acredita que as moléculas existam tal qual a representação é feita, baseando-se em características físicas e em alguns elementos interpretados literalmente. Outra interpretação pode ser como uma concepção não realista, pois é só uma forma de representar as substâncias. Isto acontece nos desenhos dos PFIQ 2, 3 e 5. No desenho do PFIQ1 não fez representações na lousa.

A posição do professor na frente da aula no controle dos estudantes (PFIQ1) indica uma concepção do professor que dirige as atividades dos alunos, ainda que os estudantes estejam pensando eles não têm a possibilidade de construir e interagir com seus colegas de aula. Nos desenhos dos PFIQ 2, 3 e 5, a disposição da aula mostra o professor entre os estudantes, isto possivelmente facilita a troca de ideias, permitindo uma aproximação do professor com os estudantes. A imagem de professor desenhada pelo PFIQ4 é de um professor universitário, solitário na frente de um prédio chamado “Universidade”, apresentando uma concepção individualista, normatizada, passando a ideia de que ele é autossuficiente e não precisa de outros para desenvolver seu trabalho.

O trabalho docente realizado no laboratório é marcante nos desenhos do PFIQ2 e do PFIQ5. Tal fato pode ser devido a eles incorporarem mais facilmente seu papel como químicos do que como professores de química, ou também pode ser interpretado pela importância dada ao laboratório para o ensino de química, pois eles consideraram a Química como uma Ciência de caráter experimental. Só é possível afirmar que é levado em consideração o papel do trabalho experimental no desenvolvimento de sua profissão. No que diz respeito ao PFIQ5, o papel do experimento parece ser do tipo demonstrativo e, como meio de comprovação, mas isto não pode ser confirmado só inferido.

Em relação ao PFIQ2, quem está desenvolvendo os experimentos, observando e tirando fotos e analisando as fórmulas na lousa são os alunos, o que pode indicar uma

149 concepção de trabalho laboratorial de cunho mais investigativo onde o professor é um mediador no processo.

Quanto à resposta à pergunta a que tipo de professor gostariam de ser e para qual sociedade uma interpretação dada às respostas dos PFIQ (Anexo 5) é apresentada a continuação: o PFIQ1 manifesta uma preocupação com o fato de ser professores e o relacionam com a qualidade da educação para o progresso da sociedade. Já o PFIQ2 expressa a ideia de querer ser o professor crítico, que convide os estudantes a pensar e refletir mediante a atividade docente, pretendendo contribuir na reconcepção da ciência como uma atividade social, com interesse em trabalhar com populações de distintas origens e contextos sociais, procurando conhecer diferentes formas de assumir o mundo, não só mediante a Química senão também de forma interdisciplinar. Isto como um caminho para o enriquecimento e progresso da educação. O PFIQ3 expressa ter uma preocupação com o ensino da Química e com a formação das pessoas para a sociedade, aceitando as diferenças de cada um e que todos devam ter as mesmas oportunidades. A ideia do PFIQ4 é ser um professor comprometido com o trabalho de ensinar não só Química, como também contribuir para a formação dos estudantes ao dar muito bem as aulas, pois, segundo ele, se a informação dada ao estudante é errada, causaria um grande dano, porque ele acreditaria no que o professor diz. O PFIQ5 se enxerga como uma professora íntegra, com valores, com respeito e consciência para entender os estudantes e também diz que procuraria não ser como os típicos professores que tem preguiça de trabalhar com os estudantes, ela continua seu raciocínio dizendo que, em oposição a isto, procuraria ser uma professora que gera espaços para novos conhecimentos.

De forma geral, a concepção proveniente da imagem do professor expressada pelos PFIQ está condicionada por um estereótipo construído durante suas experiências como estudantes e pela forma com que foram incorporando as atitudes, crenças e ideias sobre o que signfica ser professor, construindo seu próprio modelo baseando-se na observação e no senso comum, sem uma construção crítica e fundamentada sobre a profissão docente. Isso pode indicar a falta de sintonia entre os conteúdos disciplinares, pedagógicos e didáticos que os professores recebem no percurso de sua formação inicial, para que se transformem em subsídios teóricos e metodológicos que orientem o futuro

150 professor em seu saber e saber fazer na sala de aula, o que no final significaria uma contribuição na configuração do Conhecimto Pedagógico do Professor.

Em seguida são trazidas as análises da segunda parte do curso ministrado. Foi um recorte, pois, como já foi mencionado, apenas 10 PFIQ completaram o processo, sendo que destes serão analisadas a produção dos cinco até então considerados no Quadro 10. Dessa forma, a seleção das atividades ao longo do curso (Quadro 7) são o foco da análise de acordo com este critério.