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7. RESULTADOS E DISCUSSÃO

7.4. Resultado das entrevistas com os membros das Comissões Próprias de

7.5.2. Análise comparativa das entrevistas

Com relação aos resultados das entrevistas, que foram analisadas por meio da técnica de análise de conteúdo, cabe ressaltar que estes, além de servirem para identificar as características do processo de auto-avaliação nas instituições, também revelaram a percepção dos membros da CPA sobre o que desejam e esperam da auto- avaliação institucional.

A primeira categoria trabalhada relacionava-se às dificuldades, encontradas na condução do processo de auto-avaliação. Apesar de suas peculiaridades e de atribuírem intensidades diferentes em relação às dificuldades, as duas instituições apresentaram resultados semelhantes. O baixo envolvimento da comunidade acadêmica com a auto-avaliação, principalmente por parte dos alunos, a dificuldade de agendar reuniões e a dificuldade relacionada à compreensão de certas dimensões foram mencionados pelos entrevistados das duas instituições. Vale ressaltar que, apesar dos alunos terem representado o maior percentual de respondentes dos questionários da presente pesquisa, eles não participaram de forma efetiva da auto- avaliação institucional. Na FAESA, ainda que a percepção dos alunos tenha sido positiva em relação à auto-avaliação, eles não atenderam às expectativas da instituição quanto à participação no processo.

Todavia, apesar dos entrevistados da FAESA terem citado um número maior de dificuldades, estas não foram consideradas como problemas propriamente ditos, mas como dificuldades normais, inerentes a processos complexos como este. Na UFV, estas dificuldades foram enfatizadas como sendo prejudiciais ao processo. O grande número de membros da comissão foi a maior dificuldade citada, assim como acontecimentos como a greve também dificultaram a condução dos trabalhos. Conclui-se, nesta categoria, que a grande diferença entre as duas instituições é a criação de um Núcleo de Avaliação (NAI) na FAESA. Esta questão facilitou em demasia a operacionalização dos trabalhos e, consequentemente, diminuiu consideravelmente o número e a intensidade das dificuldades. Na UFV, não foi possível criar um órgão semelhante devido a limitações financeiras e administrativas. Assim, as dificuldades operacionais foram maiores.

As conclusões anteriores contribuem com as análises dos aspectos facilitadores das atividades de auto-avaliação nas instituições em estudo. Conforme mencionado, é evidente que a criação do NAI foi o grande facilitador do processo na

FAESA. Entretanto, por trás deste núcleo que, provavelmente, representa realmente o grande fator facilitador, está o interesse da alta administração da FAESA nos resultados deste processo. Em uma instituição particular, geralmente, a vontade do grupo gestor sinaliza que os esforços serão concentrados para que os objetivos sejam atingidos, independente do processo. Na UFV, esta situação não é comum devido às próprias características burocráticas dos órgãos públicos. No entanto, fatores como a sistematização do banco de dados e o envolvimento e dedicação de alguns membros na condução dos trabalhos foram apontados como facilitadores das atividades.

Como o processo de auto-avaliação está em andamento na UFV (no momento em que este relatório foi concluído), torna-se inviável apresentar a análise comparativa da dimensão que os entrevistados julgaram mais complexa de ser avaliada. Portanto, as opiniões sobre esta categoria basearam-se nas expectativas dos entrevistados da UFV e não em opiniões conclusivas, como aquelas encontradas na FAESA. Esta situação repetiu-se, quando as políticas e ações decorrentes deste processo foram trabalhadas. Na FAESA, a auto-avaliação já havia sido concluída e, portanto, algumas políticas haviam sido traçadas e ações previstas no planejamento foram aceleradas por conta dos resultados.

Em relação às contribuições deste processo para as instituições, os resultados são positivos e semelhantes em ambas. A possibilidade de identificar as potencialidades e fragilidades da organização por meio deste diagnóstico e, principalmente, auxiliar na correção de rumos para alcançar o desenvolvimento institucional foram contribuições reconhecidas tanto pela FAESA quanto pela UFV. Estes resultados demonstram que o objetivo principal da auto-avaliação está sendo alcançado, embora não seja possível prever as contribuições concretas relacionadas às políticas e ações efetivas decorrentes deste processo.

Para contribuir com a otimização do processo de auto-avaliação, questionou- se sobre sugestões de melhorias para o mesmo. Em geral, essas melhorias estavam relacionadas às próprias dificuldades do processo, anteriormente comentadas. Portanto, os entrevistados de cada instituição basearam suas sugestões nos próprios problemas relatados. Em relação a sugestões mais amplas e comuns às instituições, destaca-se o papel mais efetivo que o MEC deveria ter no sentido de esclarecer a comunidade sobre o retorno que ele dará às instituições. Outra sugestão em comum relacionou-se à uma campanha mais efetiva de sensibilização da comunidade acadêmica, para que nas próximas avaliações ela perceba a importância em fazer

parte deste processo. Conclui-se que não existem diferenças discrepantes em relação às sugestões de melhoria do processo entre as instituições e que essas sugestões visam à continuidade da auto-avaliação.

Conforme esclarecido na apresentação dos resultados das entrevistas de cada instituição, o processo global de avaliação institucional contempla a auto-avaliação, o ENADE e a avaliação dos cursos de graduação. Assim, como informação complementar, foi identificada a opinião dos entrevistados a respeito das formas de avaliação externa, propostas pelo MEC. Segundo as informações coletadas, as opiniões quanto a estes instrumentos de avaliação são semelhantes nas duas instituições, fato que pode ser explicado pela própria variedade de percepções. Estes instrumentos sempre foram discutidos no meio acadêmico nacional e as conclusões são polêmicas. Percebe-se uma preocupação maior da FAESA, em relação às possíveis distorções deste tipo de processo, pois, se comparada à UFV, ela é mais vulnerável aos resultados dessas avaliações. A periodicidade da avaliação dos cursos de graduação é menor nas instituições particulares, em comparação às universidades federais. Portanto, as instituições particulares ficam mais expostas às comissões de avaliadores. A heterogeneidade dessas comissões em relação ao preparo dos avaliadores é motivo de preocupação de alguns membros nas instituições.

Em relação ao ENADE, os entrevistados da UFV e da FAESA possuem opiniões semelhantes, pois, alguns o julgam necessário, mas, fazem ressalvas à metodologia de comparar o resultado de ingressantes e concluintes. Outros julgam esta avaliação ineficiente. O que se pode inferir de uma análise comparativa desta dimensão é que, em geral, os entrevistados da FAESA possuem menos informações a respeito do ENADE, razão pela qual alguns entrevistados não emitiram opiniões. Por fim, conclui-se que a maior parte dos entrevistados das instituições em estudo, apresenta muitas ressalvas a estes instrumentos, mas, reconhece a necessidade de ferramentas de controle e regulação da qualidade do ensino superior, administradas pelo governo federal.

Ao final da entrevista, pôde-se verificar as expectativas dos entrevistados em relação à continuidade do processo face às constantes mudanças de governo e políticas para a educação superior, assim como a postura das instituições em levar este processo adiante. De acordo com as conclusões, ao final da análise comparativa dos questionários, as expectativas da comunidade acadêmica da UFV foram, fortemente, influenciadas pelo atraso no processo de auto-avaliação, uma vez que

ainda não foi possível identificar o retorno concreto de alguns resultados. Soma-se a isto, o fato de haver experiências passadas de processos pontuais de avaliações mal sucedidas e a dificuldade em implementar ações devido à estrutura burocrática da instituição. Na FAESA, a percepção é diferente, pois, alguns resultados já podem ser percebidos pela comunidade, o que não impediu que alguns atores da mesma expressassem descrença quanto à continuidade do processo, seja por não acreditarem no retorno do MEC ou da própria instituição. Entretanto, o saldo das entrevistas com os membros das Comissões Própria de Avaliação (CPAs) foi positivo, fato extremamente importante para a eficácia do processo, uma vez que os responsáveis pela condução da auto-avaliação devem ser os primeiros a reconhecerem a importância deste diagnóstico.

Por fim, a continuidade e efetividade da auto-avaliação institucional dependerá do empenho, motivação, seriedade e cooperação entre os agentes envolvidos: comunidade acadêmica e externa, Instituição de Ensino Superior e Ministério da Educação.