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Os dados desta pesquisa foram coletados por meio de entrevistas semi-estruturadas, realizadas com longevos participantes do Curso de Informática oferecido pelo Programa Geração III, e por observações realizadas em sala de aula.

3.1. ANÁLISE DAS ENTREVISTAS

Com o intuito de dar maior clareza ao processo de interpretação dos dados são destacados, no decorrer da análise, um conjunto de depoimentos apresentados pelos participantes, os quais permitiram ilustrar o caráter configuracional da subjetividade desses sujeitos.

Para preservar a identidade dos entrevistados bem como garantir maior liberdade nas respostas, os nomes dos participantes são fictícios. Os dados coletados serão apresentados por ordem das questões formuladas no roteiro utilizado para a realização das entrevistas.

Na busca de fatores que levaram os longevos a procurarem um curso de informática para a terceira idade, verificou-se o desejo de aprender acompanhado pela necessidade de integração, desenvolver o raciocínio e sentir-se independente frente às novas tecnologias.

Percebe-se que o desejo de aprender ocupa papel fundamental na busca de novos conhecimentos, seguido pela independência em relação ao uso do computador e pela integração com os pares pertencentes à mesma faixa etária. Os discursos abaixo exemplificam tal afirmativa:

“Vontade de aprender. Fazer alguma coisa, no grupo que eu convivo, eu converso e parece que sou a única que não entendo a linguagem do computador e isso é muito ruim.” L. 57

“Devido à chegada a uma idade com o cérebro bem ativo e com vontade ainda, com sede de crescer ainda, então eu em particular busco tudo aquilo que me acrescenta...” L. 68

“A razão principal é naturalmente a integração com a própria sociedade, porque é inadmissível pessoa da minha idade, ainda aparentemente jovem, que não tenha conhecimento de informática, e, quando a gente vê todos em casa fazendo, inclusive os filhos, netos, olha aí, tem que entrar, né?” L. 66

“Primeiro me localizar no mundo, porque se não eu ia ficar fora do contexto, quem não hoje trabalha com o computador fica totalmente fora do contexto. Segundo, até pra testar minha memória, porque, ao longo desses 05 anos, eu perdi muito em memória e isso foi me irritando...” L. 78

“Não depender de ninguém, nem de filho, nem de sobrinho, nem de nada, eu sou muito independente...” L. 59

“Necessidade de não me sentir analfabeta”. L. 64

Conforme evidenciado acima, há um forte desejo não apenas pela aquisição do conhecimento propriamente dito, como também a necessidade de sentir-se parte integrante da sociedade em que vive. A fala que mostra o “não depender de ninguém” revela o desejo da busca pela independência e de mostrar-se atuante no meio em que está inserido. Integrar este segmento da sociedade ao meio virtual ajuda a manter o indivíduo socialmente ativo e com a mente ocupada. Osório (2003), revela que as mudanças no mundo contemporâneo tornaram- se mais aceleradas e, consequentemente, o modelo atual se mostra mais ágil e as informações são colocadas na mídia com muita rapidez, o que implica a necessidade de uma aprendizagem contínua, que atenda às novas exigências.

A representação do idoso, do envelhecimento e da velhice vem sendo construída e sofrendo contínuas transformações, decorrente de um novo conceito de longevidade, da visibilidade positiva veiculada pela mídia e de fatores socioeconômicos e políticos.

De acordo com Berlinck (1994), existe uma grande expectativa, capacidade e disposição das pessoas de terceira idade em serem usuários e em terem domínio de todos os dispositivos da informática. De acordo com a fala dos entrevistados, existe uma consciência por parte da população da terceira idade, da importância da informática para uma melhor integração na atual sociedade. No grupo de participantes, percebe-se a necessidade de não sentir-se analfabeto. Este tipo de analfabetismo é identificado por Assmann (1996), como sendo tecnológico o que impede o sujeito de saber interagir com máquinas complexas.

Os entrevistados, na maioria, mencionaram que a escolha pelo Programa Geração III foi em virtude do anúncio visto no Jornal da Comunidade e no Correio Brasiliense, e também devido a indicação de outras pessoas que participaram do curso e mostraram satisfação pela qualidade do programa oferecido, conforme expressam os seguintes depoimentos:

“Por indicação de outras pessoas, de outros alunos que já fizeram, o nível de satisfação é realmente muito alto...” L. 66

“Estava num evento para a terceira idade e fiquei sabendo pelas pessoas ali presentes e imediatamente procurei informações, e já queria fazer a minha inscrição”. L. 57 “Olha, eu escolhi porque vi um anúncio no jornal, tentei me inscrever em vários cursos, mas não consegui, não encontrava um horário de acordo, sabe, que eu tinha

disponível, uns eram no horário da noite, outros à tarde e às vezes tinha alguma coisa pra fazer.” L. 75

“Porque tive informações boas mesmo, tive amigos que fizeram há alguns anos, e que era uma maravilha e que começava do nada, do iniciozinho, e era gradativa e que todo mundo aprendia”. L. 64

“Eu fiquei sabendo por uma reportagem que eu vi no jornal, o Correio Brasiliense”. L. 69

Além da escolha feita pelo próprio longevo por um curso de informática, é citado o apoio da família, considerando que todo indivíduo, independentemente da sua faixa etária necessita de suporte familiar e social para a sua inserção no meio tecnológico como forma de integração nesta sociedade contemporânea. Esta integração implica na melhoria da sua auto- estima, na construção de uma nova concepção, o que estimulará a sua capacidade de pensar e organizar os conhecimentos internamente.

A aprovação e satisfação dos familiares dos entrevistados foram quase unânimes, embora alguns longevos ainda não comunicaram a seus familiares sobre o curso de informática, por desejarem avançar primeiro nas etapas iniciais e, com este crescimento, poder surpreendê-los. De acordo com os depoimentos, as famílias além de apoiarem os longevos manifestam satisfação por verem os pais, avós e tios, inseridos no meio tecnológico e virtual, conforme as seguintes falas:

“Os filhos ficam felizes por ver nós dois (eu e meu esposo) fazendo o curso, por terem pais ativos, pais que estão se integrando na modernidade”. L. 66

“Os filhos aceitam e incentivam muito”. L. 66

“A minha neta senta até no meu colo para brincar comigo, coisa que não existia, até a integração dentro de casa melhora, aproxima”. L. 62

“Meus filhos me motivaram muito, inclusive desde março instalaram a internet lá em casa”. L. 64

“Os filhos estão satisfeitíssimos, a minha nora fala assim: “ah, ela agora chega da rua depressa pra entrar no computador”. L. 64

“Ah eles acham ótimo, podia já ter feito há mais tempo”. L. 73

No tocante às expectativas relacionadas à participação no curso de informática, o “aprender tudo, evoluir e aprimorar os conhecimentos”, obtiveram o maior índice de respostas, acompanhado da possibilidade, também, de perder o medo diante da máquina para não depender dos outros.

Fica evidente que a busca pelo conhecimento permite aos idosos se sentirem incluídos tanto no convívio com a nova tecnologia quanto com o meio social em que estão inseridos.

Percebe-se pelas falas dos participantes que tão importante ou mais do que adquirir conhecimentos e habilidades com o computador é ter a capacidade de utilizar a tecnologia de forma independente, sem medo de errar e, conseqüentemente, “danificar” o aparelho ou “perder os trabalhos de outros usuários”. As afirmativas abaixo corroboram essas ponderações:

“Aprimorar mais os conhecimentos”. L. 66

“Conseguir aprender a mexer no computador para não depender dos filhos”. 68 “Perder o medo da máquina”. L. 72

“...saber o que eu tô fazendo, como tô fazendo...”. L. 59

“Entender a linguagem do computador e não depender de ninguém”. L. 73 “Fazer meus próprios trabalhos no escritório”. L. 56

“Melhorar minha memória, fazer os neurônios trabalharem”. L. 68.

Os depoimentos referentes aos aspectos positivos relacionados ao curso de informática oferecido pelo Programa Geração III revelaram que, em relação ao conteúdo/programação, o planejamento é adequado para a faixa etária, bem como a seqüência utilizada passo a passo pelo educador, que trabalha os conteúdos com muita paciência. Vale ressaltar que a metodologia associada às diversas estratégias, utilizadas no processo de ensino-aprendizagem favorecem significativamente o acolhimento e, conseqüentemente, um aprender efetivo, livre de pré-julgamentos e cobranças de desempenho. Tais afirmativas podem ser observadas nas transcrições abaixo:

“O programa é maravilhoso, a gente aprende o tempo todo e no ritmo de cada um”. L. 57

“A programação é muito boa, muito prática, a gente esquece alguma coisa, né? Mas a maneira que ele faz repete muito, o professor faz, ajuda a gente lembrar do conhecimento”. L. 78

“Você aprende passo a passo se integrando ao aparelho. É uma seqüência muito apropriada para a nossa idade, é uma forma muito sábia de a gente chegar à didática”. L. 73

“Achei fundamental, porque a gente ta partindo do principiozinho, né que é o básico. Já começo a aprender esta linguagem que ta por aí: backspace, control del, não sei mais o que, né?”. L. 76

Constata-se a satisfação apontada pelos entrevistados quando estes apresentam os aspectos positivos em relação à condução das atividades. Vale ressaltar que no depoimento dos entrevistados está implícito que as novas informações devem ser ensinadas pelo professor com bom senso e respeitando o ritmo de cada um. Tais falas revelam a satisfação dos idosos na condução das atividades:

“O professor é atuante, tem um carinho especial para a nossa faixa etária, faz com que os alunos sintam a vontade de aprender”. L. 64

“O professor é maravilhoso, ensina com muita paciência, está no lugar que deveria estar, ensina a todos respeitando o ritmo de cada um”. L. 76

“Está muito positivo, o professor não tem pressa, ele ensina passo a passo, atende a todo mundo. Ele ensina a gente a fazer e passa a teoria antes”. L. 72

“Ah! O mais positivo em primeiro lugar é a paciência do professor, isso é uma coisa fantástica, e o método que começa do início, você conhece a máquina no primeiro momento, porque é um objeto estranho e específico, e que tá bem adaptado pra turma, sabe? Para as pessoas da nossa faixa etária. e então, eu tô conseguindo tudo direitinho”. L. 59

“Ele vai seguindo o programa e, se eu perguntar sobre o programa, ele explica e, se quiser saber sobre o que vem à frente, ele diz: “calma que na frente você vai aprender”. L. 62

Percebe-se claramente nessas falas que quando a metodologia é adequada para o sujeito aprendente, a assimilação dos conteúdos se processa de forma efetiva. Isto sugere a importância da integração do sujeito com o conhecimento a ser adquirido num ritmo apropriado para cada aprendente.

Ainda sobre os aspectos positivos relativos ao curso de informática, foram analisados os depoimentos referentes ao espaço físico. Segundo os entrevistados, o espaço físico é agradável, apresenta boa iluminação, os equipamentos funcionam adequado e suficientemente bem para um aprendizado de qualidade. No entanto, foram sugeridas alterações na disposição das cadeiras para melhor visualização do quadro negro e do professor, de modo que todos os participantes consigam ter melhor acesso às informações que são registradas no quadro e explicadas pelo professor.

“É excelente o espaço, eu enxergo o quadro, vejo tudo, quando o ar não está arejado a gente abre a janela.”

L. 64

“O espaço físico é perfeito, suficiente para aprender, arejado, muito bem localizado.” L. 58

O Espaço físico é bom, agradável, as máquinas funcionam bem, tinha um mouse que não funcionava bem, na mesma hora substituíram, a apostila eles não entregaram ainda, mas falaram que vão entregar.” L. 66

“Eu acho bom, só tem assim, por exemplo, essa coisa de ficar dependendo dos lugares, tem uns lugares que talvez assim fossem mais abertos, o espaço é em U, aqueles que ficam na frente aproveitam mais, os outros têm que ficar virando pra trás.” L. 57

“O espaço físico eu realmente acho que poderia ser em semicírculo, ele em círculo você tem que virar o tempo todo pra olhar pro professor, vira pro professor, vira pra tela, não sei se seria, por exemplo, em fila indiana, mas com uma certa jogada pros computadores não ficarem uns na frente dos outros.” L. 59

Em relação às mudanças pessoais ocorridas na vida do longevo após o ingresso no curso de informática, os dados revelam um aumento de conhecimento como fator recorrente na retomada e na readequação do participante na era tecnológica.

Destaca-se também a mudança na forma de pensar, ver e sentir, possibilitando a aquisição de conceitos e contribuindo para que os indivíduos possam se situar de forma ativa e incluídos nesta nova linguagem. Dentre as respostas vale ressaltar ainda o entusiasmo, a motivação e a segurança, como mudanças observadas pelos participantes:

“O que mudou em mim foi minha forma de pensar. Eu acho que você começa a olhar para as coisas diferentes”. L. 66

“Quando você começa entender a linguagem do dia-a-dia que hoje estamos vivendo, essa era do computador, então quando você não entende, você fica com a auto- estima meio baixa, né? Mas o uso da tecnologia como um benefício para resgatar parte da memória perdida, agilidade e outras questões decorrentes da idade, no momento que você tá aprendendo, você começa a ver o horizonte também de outras coisas na sua vida, a sua auto-estima e assim mexe com você, te dá mais prazer, mais segurança, perspectivas”. L. 62

“Eu me senti mais poderosa, mais jovem, mais segura, sabe? Mais, mais inclusa, independente”. L. 57

“Entusiasmo pelo curso, tô satisfeito porque tô aprendendo as coisas”. L. 71 “Eu acho que me deu mais segurança, porque vem desde a base, né?” L. 75 “Estou tendo mais facilidade pra mexer no meu computador”. L. 58

“Fiquei mais motivada de continuar em casa e treinar no computador, antes não tinha isso”. L. 68

“Primeiro o próprio ego, né? Então, você se situa de uma forma diferente”. L. 61

É válido destacar que dentre as falas mencionadas acima, chama a atenção o depoimento revelado com muito entusiasmo: “Eu me senti mais poderosa, mais jovem, mais segura, sabe? Mais, mais inclusa, independente”. Este desabafo evidencia a percepção otimista em relação aos aspectos sociais e psicológicos decorrentes da participação ativa neste curso. Como afirma Beavoir (1976), o processo de envelhecimento não depende somente dos fatores biológicos, como também dos processos sociais e psicológicos, que envolvem a vida do indivíduo.

De acordo com os entrevistados, os familiares, principalmente os filhos, perceberam visível mudança de atitude dos pais. A auto-estima melhorou, demonstram alegria e estão surpresos pela iniciativa. O uso da tecnologia pode beneficiar a auto-estima do idoso, pois ele aprende e descobre novos conhecimentos, o que o torna mais "antenado" e, conseqüentemente, inserido no mundo virtual, capacitado para interagir com o que está à sua volta.

“A minha mulher já fica me gozando, né? Fica de gracinha: „ah, agora você já entende, já faz piadinhas comigo‟. Comenta que eu estou diferente. A minha auto- estima melhorou”. L. 66

“Meus filhos ficam contentes, até perguntam: „mãe, o que você viu no curso hoje?‟”. L. 57

“As netas já disseram: pôxa, vó, você já está fazendo tudo isso?” L. 69

“Os meus filhos acham o máximo, dizem: „a minha mãe está sempre na luta, tá sempre aprendendo‟”. L. 64

Com relação às mudanças ocorridas após o ingresso no curso e observadas pelos amigos, percebe-se na fala dos participantes que alguns desses amigos por já estarem inseridos neste contexto, sempre os incentivaram devido a necessidade de trocar informações por e-mail e até mesmo bater papo na internet. Outros amigos, entretanto, se sentiram motivados ao perceberem as mudanças positivas no colega(participante do curso), e a permanência desses no curso foi causa de admiração e exemplo de motivação. Entre os respondentes estão também aqueles que não gostam de comentar sobre a sua vida, o que fazem ou deixam de fazer.

“Os amigos me motivaram muito, porque eu era a única que não sabia mexer no computador”. L. 67

“A vizinha ficou muito feliz e super motivada ao ver que eu estava fazendo o curso”. L. 69

“Não comentei ainda, eu tô esperando ficar melhor pra depois tocar nesse assunto”. L. 59

“Eu não comento muito o que eu tô fazendo”. L. 61

“Não perceberam ainda, não, mas fica todo mundo assim: nossa! Mais que chique, admirado de eu estar fazendo o curso, porque pensam que 60 anos é obrigado a ser velhinho, vovó, mas isso vai mudar, e eu trabalho pra isso, trabalho muito pra isso, tanto é que eu já inscrevi 5 amigas aqui”. L. 67

Dentre os principais desafios enfrentados para aquisição do conhecimento, o manuseio com a máquina e a integração com o mundo virtual, destaca-se a dificuldade de reconhecer as teclas em virtude da linguagem técnica e de sua terminologia além da

importância do uso da memória no sentido de assimilar e gravar as informações. Observou-se também a dificuldade para mexer no teclado, associada ao medo de apagar os documentos e à falta de agilidade. Essa associação pode ser exemplificada nos seguintes discursos:

“O primeiro instante é meio complicado, né? Porque você não conhece nada, e aí você vai descobrir, por exemplo, eu não conhecia nada, não tinha acesso a nada, não sabia pra que servia o teclado, o mouse”. L.. 73

“Pra falar a verdade, encontrei dificuldades só na linguagem técnica, sabe? Dos nomes das teclas, de todo o teclado”. L. 57

“A memória. Dificuldade para gravar, os passos a seguir. Até comentei com o professor, eu tenho que anotar todos os passos. Tô muito triste comigo, eu tenho que escrever os passos, porque a gente tem dificuldades“. L. 78

“Eu entrei num mundo novo, né? Um mundo que eu não conhecia. Agora eu penso na época que eu fazia faculdade, se eu dava conta, porque não vou dar conta de aprender agora?”. L. 72

“No princípio não deixei de ter medo, achava que se tocasse em alguma tecla apagaria o documento”. L. 68

“O professor começou mostrando a máquina, me deu segurança, perdi o medo que tinha de estragar tudo o que tinha ali dentro, saber o mecanismo foi importante”. L. 67

“Hoje o teclado é levezinho. A dificuldade maior é de reconhecer as teclas e agilidade. Os pequenos encontram facilidade porque vão mexendo, independente de estragar ou não, se estragar, o pai paga”. L. 78

“Eu estou encontrando ainda pra saber o que significa cada tecla do teclado, mas a gente chega lá. Eu to, como se diz na gíria, "catando milho", mas é só descobrir onde tá cada letra, pra ir direto lá. O meu lá em casa é o leptop, e eu acho até melhor, porque já me acostumei”. L. 73

Conforme afirmado anteriormente por Mercadante (ano), a leitura digital e a desmistificação da máquina/computador são passos e etapas difíceis para o longevo que, na maioria das vezes, poderá apresentar certa lentidão para a aquisição do conhecimento, os quais são imprescindíveis para a conquista do pleno exercício de seus direitos como cidadão.

Essa aprendizagem supõe interagir com o objeto do conhecimento, para conhecê-lo, tentar entender a sua aplicabilidade dentro do seu contexto e, posteriormente, fazer uso de acordo com as necessidades. Em razão disso, o processo de inserção do idoso no mundo digital requer a construção de um novo paradigma de educação, no qual novas estratégias são necessárias para atender às necessidades do longevo, por não ter vivenciado a era dos “botões” e do “clicar”.

Para Kachar (2003), na sociedade contemporânea, a socialização incorpora as relações produzidas pela rede de interconexões de pessoas entre si mediadas pelas novas tecnologias. A

geração nascida no universo de ícones, imagens, botões e teclas transitam no mundo virtual com mais propriedade por terem desenvoltura devido à presença destes recursos no seu dia-a-dia.

A nova geração apresenta facilidades com este universo, desencadeando uma relação de identificação e fascínio. Já os mais velhos revelam as suas dificuldades em entender a linguagem e lidar com os avanços tecnológicos até mesmo nas questões básicas, como eletrodomésticos, celulares, caixas eletrônicos, entre outros.

Em relação à convivência entre os participantes do curso destaca-se um vínculo muito positivo entre aluno e professor. É destacado também a competência, a responsabilidade, o respeito e o acolhimento do professor com o grupo.

“Excelente, ele é pontual, responsável, estabelecemos um vínculo muito positivo, de afetividade”. L. 61

“Ele é ótimo professor, muito competente, tem facilidade de transmitir tudo pra gente O professor tem que ter um copo de sabedoria, um copo de conhecimento e experiência, um mar de paciência”. L. 73

“O professor é um cara dotado pra aquilo. Porque tem pessoas que não têm paciência, mesmo que seja uma área de paciência porque ele é professor, mas ele é mais um pouquinho, não adianta ter somente conhecimento, precisa saber se relacionar com o outro”. L. 59

“A convivência com o professor é ótima, muito boa. A linguagem dele tá coerentíssima com o que a gente espera, com a faixa etária. A aprendizagem acontece”. L. 57

“É maravilhosa, uma doçura, não tem igual. O professor tem paciência com todos, se relaciona com muita alegria, tem os momentos de descontração, é maravilhoso”.

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