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3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.3 ANÁLISE DO IMPACTO REGULATÓRIO (AIR)

A Análise do Impacto Regulatório (AIR) é uma ferramenta de uso generalizado em países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). É utilizada para auxiliar na definição de problemas e contribuir para que a ação regulatória seja mais eficiente, além disso,

120 oferece aos responsáveis pelas decisões no processo, elementos para que possam

avaliar as opções e as consequências de suas deliberações (ANVISA, 2008).

No Brasil muitos esperam que a AIR seja incorporada gradualmente à política regulatória brasileira, mesmo porque é o que recomenda o Relatório da própria OCDE de 2007 sobre reforma regulatória4. O procedimento atual de análise do impacto regulatório apresentado nos guias de melhoria do processo regulatório, recomenda que se colete diferentes percepções e pontos de vista dos atores envolvidos no processo de elaboração do regulamento, para que a sua experiência sirva às atividades futuras (ANVISA, 2008). A acolhida dessas percepções cumpre o objetivo de estabelecer, pragmaticamente, vantagens e desvantagens em relação ao regulamento técnico, bem como, estabelece fatores relacionados à respectiva governabilidade, devendo ser coletadas por meio de questionários e roteiros padronizados para compor o Relatório de Instrução de Proposição, dando inicio ao processo de elaboração de regulamentos técnicos (ANVISA, 2008). Esses dados, depois de coletados, serão tabulados devendo resultar em indicadores utilizados para mensurar o Índice de Governança e Impacto Regulatório (I-Reg), destinado ao monitoramento e avaliação do Programa (ANVISA, 2008). Esse Índice apresentará variação representada pelos diferentes níveis de qualidade, governança e impacto de um novo regulamento, conforme apresentado na Figura 4.

Figura 4: Escala do índice de governança I-Reg

Fonte: Guia para o Programa de Melhoria do Processo de Regulamentação da ANVISA (2008)

4

OCDE – Relatório sobre a Reforma Regulatória: Brasil, Fortalecendo a governança para o crescimento.

O nível do I-Reg quando considerado ruim indica a preponderância de ameaças ao programa, grosso modo, também sinaliza uma opção regulatória inviável, com baixo grau de efetividade. Com esse resultado a recomendação é a de que se rejeite e se arquive a proposta de regulamento considerada ineficiente, preparando dessa maneira a sua substituição (ANVISA, 2008). Ademais, o nível do I-Reg será considerado insuficiente quando o resultado indicar certa predominância de pontos fracos ou então, quando a maioria das variáveis estiver sob o controle institucional, indicando a necessidade de acentuados ajustes. Nesse caso, a opção regulatória é insatisfatória, porém, ajustável, com grau de efetividade potencialmente prejudicado. Com esse resultado recomenda-se a alteração da proposta de regulamento (ANVISA, 2008).

O nível do I-Reg será considerado satisfatório, quando o seu resultado indicar a preponderância de oportunidades e quando a maioria das variáveis envolvidas não estiver no âmbito de controle institucional, o que indica a possibilidade de alteração do ambiente externo à organização, com consequente modificação do cenário. Essa opção sinaliza uma opção regulatória aceitável, com grau de efetividade potencialmente satisfatório, porém passível de algumas adequações para plena eficiência. Esse resultado pode ser acompanhado de recomendação no ato da aprovação da proposta, podendo conter pequenos ajustes ou ressalvas (ANVISA, 2008).

O nível do I-Reg será considerado excelente quando o resultado indicar a preponderância de pontos fortes; e a maioria das variáveis envolvidas estiver no âmbito de controle institucional, sinalizando, portanto, uma excelente opção regulatória e representando a máxima efetividade. Mediante esse resultado a recomendação é a de que seja encaminhado para a aprovação da proposta (ANVISA, 2008). Cabe notar, que há críticas a respeito da plena aplicabilidade da AIR em relação às propostas de regulamentação mais significativas, pois segundo esses críticos, a AIR não conseguiria avaliar plenamente os custos e os benefícios das propostas ou, ainda, considerar a gama de alternativas viáveis à regulamentação que se pretende realizar (OECD, 2009).

A Análise do Impacto Regulatório (AIR) consiste na avaliação dos possíveis benefícios, custos e impactos das regulamentações novas ou já existentes. Em termos práticos, a AIR se inicia pela identificação de um problema, bem como a sua análise, buscando meios de determinar a melhor política

120 regulatória. Nesse sentido, também cabe à AIR avaliar os custos e os benefícios dos

possíveis processos a serem implementados, optando pela alternativa que ofereça o maior benefício público. A AIR apoia o ciclo de políticas públicas, trazendo informações e dados empíricos, além de sugerir bases racionais que auxiliem na tomada de decisão e, por conseguinte, a resolução do problema. (PECI, 2010).

O Comitê de Política Regulatória da OCDE, cuja atividade consiste em ouvir membros e não membros envolvidos, de alguma forma, na construção, no fortalecimento da qualidade da regulação e na reforma regulatória, criou um documento cujo conteúdo fornece orientação regulatória bastante consistente com base, principalmente, na experiência da OCDE responsável por implementar a reforma regulatória sistemática, que há mais de uma década está em vigência.

Neste documento, destacamos as seguintes recomendações da OCDE:

a) Integrar a Avaliação do Impacto Regulatório (AIR) desde os estágios iniciais do processo de políticas para a formulação de novas propostas de regulação; b) Identificar claramente os objetivos da política, e avaliar se a regulação é necessária e como ela pode ser mais efetiva e eficiente na consecução desses objetivos; c) Considerar outros meios de regulação e identificar os trade off5 das diferentes abordagens analisadas para escolher a melhor alternativa. (OECD, 2012, p.4).

Na Figura 5 apresentamos um gráfico a respeito da crescente disposição de muitos países, membros da OCDE, para adotar o procedimento de Análise de Impacto Regulatório. Nesse gráfico é possível perceber claramente que, a partir de 1992 houve um crescimento significativo na quantidade desses países que passaram a adotar essa ferramenta:

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Trade off é uma expressão em inglês cujo sentido se expressa através do ato de escolher uma coisa em detrimento a outra, sendo muitas vezes traduzida livremente como "perde e ganha".

Figura 5: Países, membros da OCDE, que adotaram a AIR

Fonte: OCDE (http://www.oecd.org/gov/regulatory-policy/ria.htm)