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Existem dois tipos de dados referentes aos indicadores de corrupção: as avaliações especializadas e as pesquisas de empresários internacionais e de outros observadores no âmbito dos países. O Guia Internacional do Risco-País (ICRG) publica dados de corrupção, basedos em um conjunto de dados compilados pelo Centro de Reforma Institucional e Setor Informal (Iris), da Universidade de Maryland, mediante dados coletados originalmente pelo

Political Risk Services. Esses dados são interessantes pois apresentam uma avaliação do grau

de obrigatoriedade de pagamentos nos altos escalões políticos e em escalões inferiores (como funções públicas).

A metodologia de cálculo do Índice de Percepção de Corrupção (IPC), apoiada pela organização International Transparency (IT), é baseada em uma pesquisa de diversos tipos de grupos, e incorpora as informações de seis fontes diferentes, incluindo-se aí o ICGR/Iris. Optou-se por utilizar, nesse trabalho, os dados do IT, pois assim a amostra de percepção tenderá a ser mais condizente com a realidade (menos viesada).

O IPC é baseado em um questionário direcionado a instituições independentes. Essas instituições farão parte da pesquisa de acordo com a metodologia anual. A cada seleção (anual), apesar da mesma metodologia, há uma nova classificação de países para fazer parte da pesquisa. Apesar da metodologia de cálculo do IPC ser vertical (comparando os países no mesmo ano), de acordo com os modelos desenvolvidos por diversos autores, a utilização da análise horizontal (verificando a evolução de um país ao longo do tempo) não prejudica o estudo. Assim, essa metodologia de cálculo de uma análise horizontal é significante para os estudos dos modelos, pois basicamente entram quase sempre os mesmos países, conforme tabela 03, abaixo (a tabela completa encontra-se no Anexo 01). Note que no caso do Brasil, a percepção de corrupção aumenta de 2001 e 2005.

Tabela 03: Índice de Percepção de Corrupção

Países 2001 2002 2003 2004 2005 África do Sul 4.8 4.8 4.4 4.6 4.5 Austrália 8.5 8.6 8.8 8.8 8.8 Brasil 4.0 4.0 3.9 3.9 3.7 Cazaquistão 2.7 2.7 2.4 2.2 2.6 Chile 7.5 7.3 7.4 7.4 7.3 China 3.5 3.6 3.4 3.4 3.2 Cingapura 9.2 9.3 9.4 9.3 9.4 Colômbia 3.8 3.9 3.7 3.8 4.0 EUA 7.6 7.5 7.5 7.5 7.6

Fonte: www.transparency.org. Acesso em março de 2007.

Outro detalhe importante na metodologia é a quantidade de países selecionados, que anualmente são diferentes. Por exemplo, no ano 2001 foram selecionados 91 países, assim o IPC (de zero a dez) é distribuído de acordo com os 91 países selecionados. Já no ano 2002 foram selecionados 102 países, o resultado do IPC tenderá a ser diferente, isso de acordo com a metodologia e o próprio IT, não podendo assim ser comparado. Apesar da quantidade

analisada não ser a mesma, os países podem ter o mesmo grau de corrupção. Por exemplo, no ano 2001 e 2002 a Lituânia e África do Sul obtiveram pontuação 4.8, isso quer dizer que existe um alto grau de corrupção no país. Já a Bielorússia, no ano de 2002, teve o mesmo IPC, 4.8. Assim, pode-se observar que apesar da metodologia ser vertical, a análise pode ser feita horizontalmente, pois a variação, com a inclusão de alguns países ou exclusão de outros, não afeta no cálculo da percepção daquele país ao longo do tempo, pois vários países podem, coincidentemente, receber a mesma nota17.

Na classificação das instituições independentes18 é selecionada a quantidade mínima em cada país, além da quantidade mínima de entrevistados daquelas escolhidas, para que a base de dados seja suficientemente sólida para os cálculos. Esse é um motivo que a quantidade de países é diferente a cada ano. A pontuação do IPC varia de 10 (altamente correto) e 0 (altamente corrupto), dada de acordo com a percepção acerca do grau de corrupção do ponto

de vista de empresários, pesquisadores e analistas de risco.

Deve-se observar que se um país receber a pontuação mais alta ou mais baixa não necessariamente esse país é o mais corrupto ou o menos corrupto. Mas significa que o país de pontuação mais baixa é o país mais corrupto comparado aos países que entraram no cálculo do índice. Conforme dito anteriormente, observa-se claramente que nem sempre um determinado país entra no cálculo anualmente.

Mas, de acordo com o gráfico 01, pode-se fazer uma comparação da série temporal (ao longo do tempo) entre os países analisados. Observa-se que há certa hegemonia entre os dados

17 A tabela completa, do IPC referente aos anos de 2001 a 2005, encontra-se no Anexo 01.

analisados no ano, mesmo que na estatística adotada (metodologia) não seja levada em consideração os dados anuais dos anos anteriores.

O IPC baseia-se somente em percepções, pois comparar os níveis de corrupção em diferentes países, partindo-se de princípios apenas empíricos, seria muito complicado, como por exemplo, comparar o número de acusações em casos judiciais. Esse tipo de dado não reflete os níveis reais de corrupção, pois dependendo do tipo de legislação e cultura de cada país, esses dados não terão as mesmas características, ficando assim uma amostra viesada, do ponto de vista econométrico.

Deve-se considerar também que nem todos os países analisados em um ano estarão em outro, isso por causa da metodologia utilizada no cálculo do score mínimo necessário para a solidez da base de cálculo. De um ano para outro, com a inserção ou exclusão de um país, o IPC de um determinado país pode alterar, visto que o cálculo é baseado na comparação entre países e não anual, conforme foi dito anteriormente. Mas, essa alteração não interfere no resultado final, visto que vários países podem receber o mesmo score.

Nesse trabalho foram analisadas uma cesta de países que entraram em todos os anos escolhidos e a quantidade de países selecionados foi basicamente a mesma, entre 2001 e 2005. Apesar de alguns países serem diferentes, a amostra para análise em painel é bem representativa.

Com relação a taxa de juros de cada país, há de se observar também que existe diferença entre o tipo de Estado e constituição de cada país, além da forma de legalidade entre eles. Mas independentemente da estrutura dos Bancos Centrais, a determinação da taxa de juros poderá ter uma forte relação com o IPC, pois os juros é um dos instrumentos de política monetária que servem para controlar a liquidez do sistema bancário. Para essa análise foram coletadas as

taxas básicas de juros, de cada país, no fim do período (fechamento anual), pois esse valor corresponde, na maioria dos países, a meta final da política monetária.

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