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3 DA CONSTITUIÇÃO DO CORPUS ÀS CATEGORIAS DE

3.2 QUAL É E COMO SE ABORDA O OBJETO DE ESTUDO

3.2.3 Construção de proposta de análise

3.2.3.2 Análise dos textos por série: estruturação argumentativa e

Os níveis de estruturação argumentativa podem ser configurados em graus

diferenciados de complexidade. Lembrando que o grau menos eficiente de

argumentação fica por conta da estrutura que apresenta apenas um posicionamento,

ou seja, apresentação de uma tese, porém sem sustentação, sem apoio de pelo

menos um argumento. Em termos de infraestrutura, ressaltamos que tal raciocínio

argumentativo é expresso (é semiotizado) numa versão fragilizada de tese que, sem

justificativas e sem negociar contraposições, pode facilmente ser desmontada, por

isso se caracteriza como um nível frágil de argumentação. Como já destacamos, em

Coirier e Golder (1993) este nível não chega a ser propriamente argumentativo, e

sim pré-argumentativo.

Numa estruturação mais elaborada, a tese passa a contar com pelo menos

um argumento que a justifique, que lhe dê suporte. A expressão do raciocínio

argumentativo nessas bases cumpre papel básico de argumentação, mas ainda

sofre com a possibilidade de ser desafiada (nos termos de Toulmin).

Há, nesse caso, um plano justificativo, porém sem o reforço de um plano

dialógico (quando, por exemplo, levam-se em conta outros pontos de vista e com

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Como será possível observar, optamos por referenciar este item do esquema argumentativo pelos termos refutação-restrição por considerarmos que em algumas situações a refutação é um posicionamento mais delimitador da restrição, perceptível muito mais como uma ressalva.

eles negociam-se posições). Nesse ponto, a estruturação argumentativa

representa-se em um nível básico de argumentação, que nos termos de Coirier e Golder (1993)

é compreendido como um nível de argumentação mínima. Já o plano justificativo,

acrescido de mais de um argumento, sendo relacionados entre si ou não, representa

uma complexidade argumentativa maior.

De certa forma, o arranjo argumentativo expresso nessas condições, em que

uma tese é apoiada por mais de um argumento, expressa um cuidado e uma maior

consciência sobre o efeito argumentativo que se pretende delinear frente ao

interlocutor (e teses contrárias). Assim, a estrutura desenvolvida com a delineação

de um plano dialógico expressa uma estruturação de maior complexidade

argumentativa, especialmente por se aproximar de uma argumentação que se

encaminha para mudanças de conceitos e de teses anteriores.

Um plano de argumentação nesse nível de configuração leva em conta a

diversidade de pontos de vista, procurando antecipar conclusões, contraposições

possíveis. Em Barroso (2007) esse modo de configuração argumentativa é tratado

como um nível em que o locutor posiciona-se frente ao tema, negociando a posição

(tese) com apoio em contraposição e/ou contra-argumentos.

Adam (2008), ao sugerir que a estrutura organiza-se em dois níveis

(justificativo e dialógico) permite a reflexão sobre o fato de que o nível justificativo

pode estar presente independentemente do dialógico, porém, a questão de como

uma argumentação pode ser mais ou menos eficiente está sujeita à importante

interdependência entre esses dois níveis.

A partir de trabalhos como os expostos acima, objetivamos neste trabalho de

análise refletir sobre as diferentes manifestações nas formas de estruturação

argumentativa. Baseando-nos no que se referenciou anteriormente, a escala que

logo se apresenta pretende dar conta das variadas formas de estruturação

argumentativa:

Estrutura argumentativa de nível 1: dado>tese>justificativa.

Estrutura argumentativa de nível 2: dado>tese>justificativas.

Estrutura argumentativa de nível 3: estrutura argumentativa em que há,

entre as justificativas, uma forma de apoio.

Estrutura argumentativa de nível 5: estrutura argumentativa com restrição e

contra-argumentação.

Os aportes teóricos relacionados no capítulo anterior, no que diz respeito

aos níveis de estruturação argumentativa deram suporte para o estabelecimento de

um parâmetro de análise sobre níveis de argumentação a serem reconhecidos nos

três níveis escolares que compõem o Ensino Médio.

Escolhemos, então, delinear essa graduação pelos níveis de ensino que

compõem o Ensino Médio, cujas competências, como preconizam as Orientações

Curriculares para o Ensino Médio, devem reforçar e/ou complementar o que já se

tenha trabalhado no nível fundamental, além de possibilitar o avanço em níveis mais

complexos.

Sobre isso, encontra-se nas Orientações Curriculares o preceito de que:

O processo de ensino aprendizagem deve levar o aluno à construção gradativa de saberes sobre os textos que circulam socialmente, recorrendo a diversos universos semióticos, pode-se dizer que as ações realizadas na disciplina de língua portuguesa, no contexto de ensino médio, devem refinar as habilidades de leitura e escrita de fala e escuta. (BRASIL ,2006 p.18)

Como dito, o contexto escolar do Ensino Médio organiza-se para relacionar

seus conteúdos, incluindo a produção de texto, aos processos de seleção que

ocorrem em período paralelo ou ao final desse período de ensino.

As bases acima elencadas procuram atender a demanda das estruturações

argumentativas apresentadas nos textos em análise.

3.3 CONCLUSÃO DO CAPÍTULO

Proposta de análise dos textos

1º. Momento (em cada um dos textos)

Análise de textos tendo como princípio

organizador o foco dado ao tema

Observações sobre o texto analisado quanto à organização argumentativa

2º. Momento (em cada nível

escolar)

Análise dos níveis de argumentação

Níveis graduais de complexidade argumentativa: Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4 Nível 5

Quadro4- Proposta de análise do texto argumentativo escrito representativo

do Ensino Médio

São com categorias aqui expostas que investimos na análise dos textos

argumentativos escritos em nível de Ensino Médio e que a partir do próximo capítulo

será exposta.

4 ANÁLISES TEXTUAIS: ESTRUTURA ARGUMENTATIVA NO TEXTO ESCRITO

EM NÍVEL DE ENSINO MÉDIO

4.1 APRESENTAÇÃO DO CAPÍTULO

Este capítulo pretende apontar para dados que se mostraram relevantes nos

textos aqui analisados.

Num primeiro momento (tendo como princípio organizador pontos de vista

mais acessados pelos alunos), apresentamos análises de textos representativos do

corpus como um todo sem distingui-los em séries. No próximo momento, propomos

a análise de textos representativos de cada uma das séries do Ensino Médio, aí sim,

com vistas a caracterizações de formas de estruturação para cada um dos anos e

seus textos representativos. Em seguida, a partir das análises, damos foco às

formas de organização argumentativa, tendo por parâmetro os cinco níveis de

estruturação propostos.

Antes, porém, apresentamos uma análise piloto que se espera poder

contribuir para a visualização dos passos adotados na investigação dos textos que

compõem o corpus, no que corresponde à análise estrutural e à análise dos níveis

de argumentação.

4.2 ESTRUTURAÇÃO DA ARGUMENTAÇÃO: PROPOSTA DE ANÁLISE EM UM