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4.4 Aspectos relevantes das propriedades das argamassas

5.1.3 Levantamento/Diagnóstico e Proposta de intervenção

5.1.3.3 Análise estático construtiva

Situação do revestimento original ― Estado de arte

Após o período de abandono pelo qual a edificação passou, a partir de janeiro de 2000, muitos elementos arquitetônicos foram roubados e diversos problemas surgiram em decorrência da exposição direta às intempéries (FIG. 28 a 31), a saber:

 os revestimentos internos desprenderam-se das paredes, expondo a alvenaria de tijolos diretamente à ação erosiva das águas pluviais;

 houve invasão de vegetação indesejável nas partes internas e externas do bem;  o revestimento cerâmico desprendeu-se das paredes da cozinha e do banheiro;

 as paredes perderam material do alicerce devido à exposição direta à ação das águas pluviais;

 as fachadas adjacentes às vias públicas apresentam manchas de umidade, sujidades, partes faltantes, trincas estruturais e fissuras superficiais, descolamento da pintura;  a fachada voltada ao pátio interno não apresenta o reboco, ou seja, a alvenaria encontra-

FIGURA 28: Varanda lateral - casarão sem a cobertura, que foi queimada pelo incêndio.

Fonte: Rede Cidade (2008a). Autoria: Daniel Quintão.

FIGURA 29: Varandas frontal e lateral e escada de acesso Rua Timbiras.

Fonte: Rede Cidade (2008a). Autoria: Daniel Quintão.

FIGURA 30: Detalhe alvenaria sem reboco. O piso, em madeira, foi queimado pelo fogo em 2000.

Fonte: Rede Cidade (2008a). Autoria: Daniel Quintão.

FIGURA 31: Varanda lateral sem a cobertura.

Fonte: Rede Cidade (2008a). Autoria: Daniel Quintão.

Tendo em vista a situação em que o imóvel se apresentava, tornava-se imperativo a implementação de ações de recuperação emergenciais, a fim de estancar o processo de deterioração, sobretudo dos elementos que apresentavam alto risco de desabamento.

5.1.3.3.1 Alvenarias

Comparadas com as paredes externas, as paredes internas apresentavam-se em pior estado de conservação. Devido à destruição da cobertura, as paredes estavam diretamente expostas às intempéries desde janeiro de 2000, quando houve o incêndio.

Na maior parte das superfícies das paredes internas, a ação erosiva das águas pluviais causou o descolamento das camadas de reboco. Grande parte da parede entre o hall de entrada e a sala de jantar desmoronou, e a parte que restava apresentava risco de queda. A verga da porta da sala de jantar de acesso ao corredor ruiu e a alvenaria sobre a porção posterior apresentava risco de queda, o mesmo ocorrendo analogamente nos demais vãos de portas e janelas deste mesmo cômodo.

As paredes constituintes das fachadas adjacentes às vias públicas estavam em razoável estado de conservação, visto que apresentavam os elementos decorativos estucados, cimalhas, platibandas, coroamentos dos vãos, pilares e demais relevos, em grande parte, em bom estado de conservação. Na fachada voltada para a Av. Álvares Cabral observava-se parte da alvenaria quebrada na porção inferior das janelas de parapeito sacado devido à retirada dos balcões. Um dos pilares que sustentava a cobertura do alpendre foi demolido ou desmoronou, provavelmente em decorrência do incêndio do dia 11 de janeiro de 2000.

Constatou-se perda de material na base das paredes em decorrência da ação direta das águas pluviais e capilaridade ascendente, nos cômodos onde havia o piso em tabuado de madeira sobre barrotes. Os buracos onde os barrotes encaixavam encontravam-se vazios, comprometendo a estabilidade estrutural das alvenarias.

Quanto às portas e esquadrias, as janelas de parapeito sacado da fachada adjacente à Av. Álvares Cabral apresentavam os marcos e alguns dos elementos constituintes das folhas internas, mas estavam em péssimo estado de conservação. Apresentavam partes faltantes e as demais que permaneceram estavam queimadas e apodrecidas. A camada de pintura também havia se desprendido. Os marcos das portas e janelas da fachada voltada ao pátio interno estavam em péssimo estado de conservação, apresentando partes faltantes e/ou apodrecidas, queimadas e com o desprendimento de pintura.

5.1.3.3.2 Revestimentos e pintura

De um modo geral, os revestimentos internos encontravam-se em péssimo estado de conservação. A maior parte do reboco das superfícies desprendeu-se em decorrência da exposição direta às intempéries. Apesar disso, podiam-se perceber pequenas regiões com um tratamento especial na pintura, pela identificação das diferentes camadas pictóricas e tratamento decorativo em barrados. Na cozinha, o revestimento cerâmico apresentava partes faltantes, quebradas, preenchimento inadequado com argamassa de cimento branco e

sujidades, o mesmo acontecendo no banheiro, onde havia revestimento cerâmico na cor azul, certamente executado em época recente. Apesar da ação direta das intempéries, as fachadas adjacentes às vias públicas apresentavam as superfícies em razoável estado de conservação, notando-se, porém, manchas de umidade, sujidades, partes faltantes, trincas estruturais e fissuras superficiais e ainda descolamento da pintura em algumas regiões. Já a fachada voltada ao pátio interno não apresentava o reboco, ficando a alvenaria aparente.

5.1.3.3.3 Elementos decorativos

FIGURA 32: (A) detalhe da janela da fachada voltada para Rua Espírito Santo; (B) detalhe da janela da fachada da Av. Álvares Cabral, sem o parapeito sacado em ferro batido; (C) detalhe das janelas da fachada voltada para Av. Álvares Cabral, sem os parapeitos sacados; (D) detalhe da cimalha e adornos.

Fonte: Rede Cidade (2008a). Autoria: Daniel Quintão.

Os elementos decorativos (FIG. 32) apresentavam:

 manchas de sujidades e bolor;

 partes faltantes na balaustrada do alpendre e gradil;

 fissuras e trincas nas cimalhas, desprendimento das camadas de pintura;

 partes faltantes e quebradas na porção inferior das janelas de parapeito sacado sobre a fachada da Av. Álvares Cabral.

5.1.3.3.4 Agenciamento externo

As áreas externas também se encontravam em péssimo estado de conservação, invadidas, inclusive, por vegetação (FIG. 33), conforme indicado a seguir:

 muros de divisa: desprendimento da camada de reboco, manchas de bolor sobre a pintura e vegetação invasora;

 escada de acesso ao alpendre: pavimentação de ladrilhos hidráulicos em bom estado de conservação, porém sujos;

 corrimãos em madeira: apodrecidos e com desprendimento de pintura;

 balaustrada do alpendre: péssimo estado de conservação, tendo seus elementos constituintes partes faltantes, quebradas e/ou fissuradas e com desprendimento da camada de pintura.

FIGURA 33: Detalhe escada de acesso ao alpendre e varanda frontal.

Fonte: Rede Cidade (2008a). Autoria: Daniel Quintão.

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