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Análise do fluxo de caixa da empresa

Os fluxos de caixa, tidos como o sangue que corre pelas veias da empresa, são o foco principal do gestor financeiro, seja na gestão das finanças rotineiras, seja no planejamento e tomada de decisões a respeito da criação de valor para o acionista. Assim, daremos ênfase à estimativa e análise dos fluxos de caixa associados às grandes decisões financeiras discutidas e demonstradas ao longo do livro.

Um fator importante que afeta o fluxo de caixa é a depreciação (e qualquer outra despesa não desembolsável). Do ponto de vista contábil, os fluxos de caixa de uma empresa podem ser resumidos na demonstração dos fluxos de caixa, que descrevemos no Capítulo 2. Do ponto de vista financeiro, as empresas muitas vezes se concentram no fluxo de caixa operacional, usado na tomada de decisões gerenciais, e no fluxo de caixa livre, monitorado com atenção pelos agentes do mercado de capitais. Começamos nossa análise dos fluxos de caixa com um estudo dos principais aspectos da depreciação, que está fortemente relacionada com os fluxos de caixa da empresa.

Depreciação

Para fins fiscais e de relatórios financeiros, as empresas podem lançar contra as receitas anuais uma parte dos custos do ativo imobilizado. Essa alocação de custos históricos ao longo do tempo é chamada depreciação. Para fins fiscais, a depreciação dos ativos da empresa é regulada pela legislação tributária. Como os objetivos dos relatórios financeiros às vezes diferem dos encontrados na legisla- ção tributária, as empresas muitas vezes usam métodos de depreciação diferentes para os dois fins. É perfeitamente legítimo manter dois conjuntos separados de registros para esses dois propósitos.

A depreciação fiscal é determinada por meio do sistema modificado de recuperação acelerada

de custos (MACRS — modified accelerated cost recovery system). Há diversos métodos de deprecia-

ção usados para fins dos relatórios financeiros. Antes de tratar das maneiras pelas quais um ativo pode ser depreciado, é preciso entender o valor depreciável e a vida útil de um ativo.

Depreciação Lançamento

sistemático de uma porção dos custos dos ativos imobilizados contra as receitas anuais, com o passar do tempo.

Sistema modificado de recuperação acelerada de custos (MACRS — modified

accelerated cost recovery system) Sistema usado para

determinar a depreciação de ativos para fins fiscais.

S

e você recorre ao Google para encontrar uma empresa com grande volume de caixa, é bem possível que acabe encontrando justamente a Google, Inc. Em menos de nove anos de fundação, ela se tornou uma máquina de fazer caixa, gerando $ 3,58 bilhões em caixa operacional em 2006 a partir de receitas de $ 10,6 bilhões. Com mais de $ 11 bilhões em caixa e títulos negociáveis de curto prazo, a Google está preparada para se aproveitar de quaisquer aquisições interessantes que surjam.

O que a administração da empresa deveria fazer com seu ‘cofre de segurança’ de $ 11 bilhões? Alguns usos comuns de caixa são explorar novas oportunida- des (inclusive aquisições), pagar dividendos, recomprar ações e reduzir dívidas. A Google praticamente não tem dívida de longo prazo. Nem tem histórico de pagamento de dividendos. Em seu relatório anual de 2006, a empresa afirmou que “nunca declarou ou pagou dividendos em dinheiro sobre suas ações. Pretendemos reter quaisquer lucros vindouros e não temos planos de pagar quaisquer dividendos no futuro previsível”. Será que a Google usará seu caixa para recomprar ações? Com um índice preço/lucro de aproximadamente 47, a ação não custa barato. Assim, é improvável que haja uma recompra.

Desde que se tornou sociedade por ações, a Google vem seguindo uma política de crescimento alimentado pela aquisição de empresas de alta tecnologia que aumentem seu domínio em tecnologia de busca automatizada e publicidade on -line. Ela conta, hoje, com 87 subsidiárias, inclusive o YouTube, o site de compartilhamento de vídeo, que comprou por $ 1,65 bilhão no fim de 2006. Com suas ações negociadas acima de $ 400, não precisou sequer gastar caixa para comprar o YouTube. Apenas emitiu ações para isso. A Google manteve sua atitude agressiva em aquisições durante 2007, quando anunciou que compraria a DoubleClick, empresa de publicidade on -line, por $ 3,1 bilhões à vista.

Se a Google continuar a acumular caixa, alguns acionistas poderão exigir a distribuição de dividendos. Em curto prazo, os acionistas podem sentir -se reconfortados pela ideia de que a empresa tem clara capacidade de gerar lucros, ao contrário de muitas das ponto -com que quebraram no começo desta década.

Assim como a Google, as empresas precisam traçar e implementar planos estratégicos. Como veremos neste capítulo, parte do processo de tomada de decisão envolve o que fazer quando as entradas de caixa superam rotineiramente as saídas.

Quais são alguns efeitos negativos que podem surgir para uma empresa que acumula grandes volumes de caixa?

Google, Inc.

Em busca de usos para o caixa

Capítulo 3 – Fluxo de caixa e planejamento financeiro 95

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Valor depreciável de um ativo

Segundo o procedimento MACRS básico, o valor depreciável de um ativo (o montante a ser depre- ciado) é o seu custo total, inclusive despesas de instalação.1 Não se exige ajuste quanto ao valor

residual esperado.

EXEMPLO

A Baker Corporation adquiriu uma nova máquina por $ 38.000, com despesas de instalação

de $ 2.000. Independentemente do valor residual esperado, o valor depreciável da máquina é igual a $ 40.000: custo de $ 38.000 + despesas de instalação de $ 2.000.

Vida útil de um ativo

O prazo ao longo do qual um ativo se deprecia — sua vida útil — pode afetar de forma significa- tiva o padrão dos fluxos de caixa. Quanto mais curta a vida útil, mais rápida será a recuperação do fluxo de caixa criado pela depreciação. Dada a preferência do administrador financeiro por uma entrada acelerada de fluxos de caixa, uma vida útil breve é preferível à outra prolongada. Mas a empre- sa precisa atender a determinadas exigências da Receita Federal para determinar a vida útil. Esses padrões do MACRS, que se aplicam a ativos tanto novos quanto usados, determinam que o contribuin- te use como vida útil do ativo o prazo de recuperação aproximado do MACRS.2 Há seis prazos de

recuperação segundo o MACRS — 3, 5, 7, 10, 15 e 20 anos — desconsiderado -se o aplicável a imóveis. É de praxe referir -se às categorias de ativos como bens de 3, 5, 7, 10, 15 e 20 anos. As primeiras qua- tro categorias — as mais usadas — estão definidas na Tabela 3.1.

Métodos de depreciação

Para fins dos relatórios financeiros, as empresas podem usar diversos métodos de depreciação (método da linha reta, do saldo duplamente decrescente, da soma dos algarismos dos anos3). Para fins

fiscais, os ativos das quatro primeiras categorias são depreciados pelo método do saldo duplamente

crescente (200%), usando -se a convenção de meio ano e alternando -se para o método da linha reta quando isso for vantajoso. As porcentagens aproximadas (arredondadas para a porcentagem inteira mais próxima) deduzidas anualmente para cada uma das quatro primeiras categorias podem ser encon- tradas na Tabela 3.2. Em vez de usar as porcentagens da tabela, a empresa pode usar a depreciação em linha reta ao longo da vida útil do ativo, com a convenção de meio ano, ou o método alternativo de depreciação. Para os fins deste livro, usaremos as porcentagens de depreciação do MACRS porque costumam proporcionar redução mais rápida do valor de um ativo e, portanto, os melhores efeitos de fluxo de caixa para empresas lucrativas.

Como o MACRS exige o uso da convenção de meio ano, admite -se que os ativos foram adquiridos no meio do ano. Assim, só se recupera no primeiro ano metade da depreciação. Com isso, o último

1 O valor de terrenos não é depreciável. Assim, para determinar a vida útil de imóveis, subtrai -se o valor do terreno do custo do ativo. Em outras palavras, só podem ser depreciadas as construções e benfeitorias.

2 Uma exceção ocorre no caso de ativos depreciados pelo sistema alternativo de depreciação. Para simplificar, este texto ignorará a depreciação de ativos segundo esse sistema.

3 Para uma análise desses métodos de depreciação e outros aspectos dos relatórios financeiros, consulte qualquer texto de contabili- dade financeira de publicação recente.

Vida útil Período durante o

qual um ativo é depreciado.

Prazo de recuperação Vida

útil atribuível a determinado ativo, de acordo com o MACRS.

Categoria de ativos

(prazo de depreciação) Definição

3 anos Equipamento de pesquisa e algumas ferramentas especiais.

5 anos Computadores, máquinas de escrever, copiadoras, equipamento de duplicação, automóveis, caminhões leves, equipamento tecnológico qualificado e ativos semelhantes.

7 anos Móveis de escritório, luminárias, equipamento industrial em sua maior parte, ferrovias, instalações agrícolas e de horticultura com finalidades específicas.

10 anos Equipamento utilizado no refino de petróleo ou na fabricação de produtos derivados do tabaco e alguns produtos alimentícios.

As quatro primeiras categorias de bens segundo o MACRS

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3.1

96 Princípios de administração financeira

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meio ano de depreciação é recuperado no ano seguinte ao fim do prazo de recuperação do ativo. A Tabela 3.2 mostra para n + 1 anos as porcentagens de depreciação de uma categoria de ativos de n anos. Por exemplo, um ativo de cinco anos se deprecia ao longo de seis anos de recuperação. A apli- cação das porcentagens de depreciação fiscal dadas na Tabela 3.2 pode ser demonstrada com um exemplo simples.

EXEMPLO

A Baker Corporation adquiriu, a um custo de $ 40.000, já incluindo despesas de instalação,

uma máquina com prazo de recuperação de cinco anos. Usando as taxas apropriadas da Tabela 3.2, a Baker calculou a depreciação de cada ano da seguinte maneira:

Ano Custo (1) Taxas (Tabela 3.2) (2) Depreciação [(1) × (2)] (3) 1 $ 40.000 20% $ 8.000 2 40.000 32 12.800 3 40.000 19 7.600 4 40.000 12 4.800 5 40.000 12 4.800 6 40.000 5 2.000 Totais 100% $ 40.000

A Coluna 3 mostra que o custo integral do ativo é baixado no prazo de seis anos.

Como os administradores financeiros se concentram principalmente nos fluxos de caixa, este livro

tratará somente dos métodos de depreciação fiscal.

Porcentagem por ano de recuperaçãoa

Ano de recuperação 3 anos 5 anos 7 anos 10 anos

1 33% 20% 14% 10% 2 45 32 25 18 3 15 19 18 14 4 7 12 12 12 5 12 9 9 6 5 9 8 7 9 7 8 4 6 9 6 10 6 11 4 Totais 100% 100% 100% 100%

a As porcentagens foram arredondadas para o maior valor inteiro percentual para simplificar os cálculos e, ainda assim, manter o realismo. Para calcular a depreciação efetiva para fins fiscais, não deixe de aplicar as porcentagens sem arredondamento, ou aplicar diretamente o método do saldo duplamente crescente (200%), usando a convenção de meio ano.

Taxas arredondadas de depreciação por ano de recuperação, usando o MACRS para as quatro primeiras classes de ativos

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3.2

Capítulo 3 – Fluxo de caixa e planejamento financeiro 97

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Elaboração da demonstração dos fluxos de caixa

A demonstração dos fluxos de caixa, apresentada no Capítulo 2, resume o fluxo de caixa da empresa ao longo de um dado período. Antes de discutir a demonstração e sua interpretação, ana- lisaremos como o caixa flui pela empresa e a classificação das entradas e saídas de caixa.

Os fluxos de caixa da empresa

A Figura 3.1 ilustra os fluxos de caixa de uma empresa. Observe que os títulos negociáveis são considerados como caixa devido a sua elevada liquidez. Tanto o caixa quanto os títulos negociáveis representam uma reserva de liquidez que aumenta com entradas de caixa e diminui com saídas de

caixa.

Observe, ainda, que os fluxos de caixa da empresa podem ser divididos em (1) fluxos opera- cionais, (2) fluxos de investimento e (3) fluxos de financiamento. Os fluxos operacionais constituem as entradas e saídas de caixa diretamente relacionadas à venda e produção de bens e serviços. Os

fluxos de investimento representam os fluxos de caixa associados à compra e venda de ativo imo- Dica Em finanças, o caixa é

quem manda. Os lucros indicados na demonstração do resultado são bons, mas não pagam as contas nem são aceitos pelos donos dos ativos como se fosse dinheiro.

Fluxos operacionais Fluxos de

caixa diretamente relacionados à venda e à produção de bens e serviços pela empresa.

Fluxos de investimento Fluxos

de caixa associados à compra e venda tanto de ativos imobilizados quanto de participações societárias em outras empresas. Fluxos de caixa de empresa Fluxos de caixa FIGURA

3.1

Produtos em processo Despesas

gerais Investimento emparticipações societárias Fornecedores Matérias- -primas Salários a pagar Mão de obra Ativo imobilizado Dívidas (de curto e longo prazo) Quitação Pagamento de dividendos em dinheiro Recompra de ações Venda de ações Captação Venda Compra Venda Compra Patrimônio líquido Produtos acabados Despesas operacionais (inclusive depreciação) e financeiras Caixa e títulos negociáveis Imposto de renda Pagamento Depreciação Pagamento de compras a crédito Pagamento de despesas a pagar Vendas à vista

Cobrança de vendas a prazo Restituição Receita de vendas Contas a receber de clientes

(1) Fluxos operacionais (2) Fluxos de investimento

(3) Fluxos de financiamento

Pagamento

Pagamento

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bilizado e investimentos em participações societárias Evidentemente, as transações de compra resultam em saídas de caixa e as de venda, em entradas de caixa. Os fluxos de financiamento provêm de tran- sações financeiras com capital de terceiros (dívidas) ou capital próprio. Incorrer em dívidas de curto ou longo prazos resulta numa entrada de caixa correspondente; a quitação de dívidas resulta em saída de caixa. Da mesma forma, a venda de ações da empresa resulta em entrada de caixa, enquanto a recompra de ações ou distribuição de dividendos em dinheiro geram saídas de caixa.

Classificação das entradas e saídas de caixa

O que a demonstração dos fluxos de caixa faz, na prática, é resumir as entradas e saídas de caixa durante um dado período. A Tabela 3.3 classifica as principais entradas (fontes) e saídas (usos) de caixa. Por exemplo, se o saldo de fornecedores de uma empresa aumentar em $ 1.000 durante o ano, a variação será uma entrada de caixa. Se o estoque aumentar em $ 2.500, a variação será uma saída de

caixa.

É conveniente fazer mais algumas observações a respeito da classificação apresentada na Tabela 3.3:

1. A redução de um ativo, tal como o saldo de caixa da empresa, é uma entrada de caixa. Por quê? Porque o caixa que estava empatado no ativo em questão é liberado e pode ser usado para outra finalidade, como a quitação de empréstimos. Por outro lado, um aumento do saldo de caixa é uma saída de caixa, pois um volume maior de dinheiro está sendo imobilizado no saldo de caixa da empresa.

Muitas pessoas têm dificuldade para entender a classificação de reduções e aumentos dos saldos de caixa de uma empresa. Para facilitar, imagine que você guarde todo o seu dinheiro num balde. Seu saldo de caixa é representado pelo valor que há no balde. Quando você pre- cisa de dinheiro, retira -o do balde, o que diminui seu saldo de caixa e lhe proporciona uma

entrada de caixa. Pelo mesmo raciocínio, quando você tem um excedente de caixa, deposita-o

no balde, o que aumenta seu saldo de caixa e representa uma saída de caixa para você. Pense na movimentação de recursos que entram e saem de seu bolso: é claro que uma redução do caixa (retirada do balde) constitui uma entrada (para seu bolso) e que um aumento do caixa (depósito no balde), uma saída (de seu bolso).

2. A depreciação (assim como a amortização e a exaustão) é uma despesa não desembolsável — uma despesa lançada na demonstração do resultado, mas que não envolve desembolso efetivo de caixa durante o período. Como protege a empresa de impostos ao reduzir a receita tributável, as despesas não desembolsáveis são consideradas entradas de caixa. Do ponto de vista estritamente contábil, adicionar a depreciação ao lucro líquido depois do imposto de renda fornece uma estimativa do fluxo de caixa operacional:4

Fluxo de caixa

operacional = Lucro líquido depois do imposto de renda + despesas não desembolsáveisDepreciação e outras (3.1) Observe que uma empresa pode apresentar prejuízo líquido (lucro líquido negativo depois do imposto de renda) e ainda assim apresentar fluxo de caixa operacional positivo, se a depre-

4 Esta equação é apenas uma estimativa porque se baseia na premissa de que contas a receber, estoques, fornecedores e contas a pagar permaneçam inalteradas durante o período. Geralmente, os saldos dessas contas efetivamente variam ao longo do ano.

Fluxos de financiamento

Fluxos de caixa que resultam de transações de financiamento com capital de terceiros e capital próprio. Incluem a obtenção e devolução do capital de terceiros, entradas pela venda de ações e saídas para pagamento de dividendos ou recompra de ações.

Despesa não desembolsável

Uma despesa deduzida na demonstração do resultado, mas que não envolve pagamento efetivo no período; é o caso da depreciação, da amortização e da exaustão.

Entradas (fontes) Saídas (usos)

Redução de qualquer ativo Aumento de qualquer ativo Aumento de qualquer passivo Redução de qualquer passivo Lucro líquido depois do imposto de renda Prejuízo líquido

Depreciação e outras despesas não desembolsáveis Pagamento de dividendos

Venda de ações Recompra ou cancelamento de ações

Entradas e saídas de caixa

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3.3

Capítulo 3 – Fluxo de caixa e planejamento financeiro 99

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ciação (e outras despesas não desembolsáveis) do período forem maiores do que o prejuízo líquido. Por isso, na demonstração dos fluxos de caixa, o lucro (ou prejuízo) líquido depois do imposto de renda e a depreciação (e outras despesas não desembolsáveis) são tratados como lançamentos em separado.

3. Refinaremos a Equação 3.1 na próxima seção e aplicaremos a equação revista (Equação 3.4) no Capítulo 8 para estimar as entradas de caixas operacionais relevantes associadas aos inves- timentos em ativos fixos existentes e propostos de uma empresa.

4. Como a depreciação é tratada como uma entrada de caixa em separado, apenas as variações

brutas, e não líquidas, do ativo imobilizado aparecem na demonstração dos fluxos de caixa.

Esse tratamento evita o risco de dupla contagem da depreciação.

5. Os lançamentos diretos de variações nos lucros retidos não são incluídos na demonstração dos fluxos de caixa. Em vez disso, os lançamentos que afetam os lucros retidos contam como lucros ou prejuízos líquidos depois do imposto de renda e como dividendos pagos.

Elaboração da demonstração dos fluxos de caixa

A demonstração dos fluxos de caixa de um dado período é desenvolvida a partir da demonstração do resultado do período em questão, associada aos balanços patrimoniais do começo e do fim do período. A demonstração do resultado do ano encerrado em 31 de dezembro de 2009 e os balanços patrimoniais de 2008 e 2009 da Baker Corporation podem ser encontrados nas tabelas 3.4 e 3.5, res- pectivamente. A demonstração dos fluxos de caixa da Baker Corporation para o ano encerrado em 31 de dezembro de 2009 consta da Tabela 3.6. Observe que todas as entradas de caixa e lucro líquido

Receita de vendas $ 1.700 Menos: custo das mercadorias vendidas 1.000

Lucro bruto $ 700

Menos: despesas operacionais

Despesas de vendas $ 70 Despesas gerais e administrativas 120 Arrendamentosa 40

Despesa de depreciação 100 Total da despesa operacional $ 330 Lucro antes de juros e imposto de renda (LAJIR) $ 370 Menos: despesa financeira 70 Lucro líquido antes do imposto de renda $ 300 Menos: imposto de renda (à alíquota de 40%) 120 Lucro líquido depois do imposto de renda $ 180 Menos: dividendos preferenciais 10 Lucro disponível aos acionistas ordinários $ 170 Lucro por ação (LPA)b

$ 1,70

a A despesa de arrendamento é mostrada aqui separadamente, e não incluída na despesa financeira, como especifica o FASB para fins de relatórios financeiros. A abordagem aqui empregada condiz com relatórios fiscais e não com os procedimentos de relatório financeiro.

b Calculado por meio da divisão do lucro disponível para os acionistas ordinários pelo número de ações ordinárias em circulação ($ 170.000 ÷ 100.000 ações = $ 1,70 por ação).

Demonstração do resultado da Baker Corporation ($ mil) para o ano encerrado em 31 de dezembro de 2009

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3.4

100 Princípios de administração financeira

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31 de dezembro Ativo 2009 2008 Ativo circulante Caixa $ 400 $ 300 Títulos negociáveis 600 200 Contas a receber 400 500 Estoques 600 900

Ativo total circulante $ 2.000 $ 1.900

Ativo imobilizado bruto (ao custo)

Imóveis $ 1.200 $ 1.050

Máquinas e equipamentos 850 800

Móveis e utensílios 300 220

Veículos 100 80

Outros (inclusive certos bens arrendados) 50 50 Ativo total imobilizado bruto (ao custo) $ 2.500 $ 2.200

Menos: depreciação acumulada 1.300 1.200

Ativo imobilizado líquido $ 1.200 $ 1.000

Ativo total $ 3.200 $ 2.900

Passivo e patrimônio líquido

Passivo circulante

Fornecedores $ 700 $ 500

Bancos a pagar 600 700

Despesas a pagar 100 200

Passivo total circulante $ 1.400 $ 1.400

Dívida de longo prazo $ 600 $ 400

Passivo total $ 2.000 $ 1.800

Patrimônio líquido

Ações preferenciais $ 100 $ 100

Ações ordinárias — valor nominal de $ 1,20; 100.000 ações existentes em 2009 e 2008 120 120 Ágio na venda de ações ordinárias 380 380

Lucros retidos 600 500

Total do patrimônio líquido $ 1.200 $ 1.100 Passivo total e patrimônio líquido $ 3.200 $ 2.900

Balanço patrimonial da Baker Corporation ($ mil)

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3.5

depois do imposto de renda e depreciação são tratados como valores positivos. Todas as saídas, além de prejuízos e dividendos, são tratadas como valores negativos. Os itens de cada categoria — opera-