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Nasceu em Almeida em 3 de Maio de 1874. Era filho Ma- nuel Machado (comerciante) e Maria Augusta de Almeida Ginestal Machado. Casou-se com Maria da Piedade Topi- nho d’Almeida Ginestal Machado (1884-1963) em 1904, tendo tido oito filhos: Manuel, António, Armando, Casimira, Maria Antónia, Fernanda, Mariana e Maria Augusta de Almeida Ginestal Machado.

Concluiu o curso liceal na Guarda em 1892. Nesse ano foi admitido na Escola Naval de Lisboa. Em 1895 concluiu o curso de Administração Naval, passando a prestar serviço na 4.ª Repartição da Armada. Entre 1893 e 1897 frequentou com aproveitamento o Curso Superior de Letras em Lisboa.

Em 1898 foi nomeado professor efectivo do 4.º grupo (História e Geografia) no Liceu Nacional de Angra do Heroísmo, pelo que abandonou o seu posto na Marinha. Em 1899 foi colocado em comissão de serviço no Liceu Nacional de Santarém. Em 1903 foi promovido na Marinha ao posto de Comissário de 3.ª classe, equiparado a guarda-marinha. Em 1904 fixou residência definitivamente em Santarém, após ter sido nomeado professor efectivo do Liceu Nacional da cidade escalabitana. Foi eleito sócio honorário do Montepio Artístico de Santa- rém, vindo mais tarde a ser seu presidente. Em 1905 foi eleito director do Teatro Rosa Damasceno pela assembleia-geral do Clube de Santarém. Em 1906 foi eleito para a direcção da Associação do Magistério Secundário Oficial. Em 1907 foi exonerado da Marinha, conservando as honras militares (guarda-marinha hono- rário) e foi admitido na Real Irmandade do Santíssimo Milagre de Santarém. Pre- sidiu ao núcleo de Santarém da Liga Nacional de Instrução desde 1908. A 17 de Outubro de 1910 foi eleito pelo Conselho Escolar para desempenhar as funções de reitor do Liceu Nacional de Santarém, cargo no qual se manteria até Novem- bro de 1923. Em 1911 foi nomeado membro e relator da Comissão de Reforma do Ensino Secundário e comissário do governo junto da Companhia dos Cami- nhos de Ferro Portugueses, cargo que exercerá até ao seu falecimento em 1940. Em Julho de 1915 foi eleito sócio da Renascença Portuguesa. Em Novembro de 1919 foi eleito provedor da Misericórdia de Santarém, cargo que exercerá durante cinco mandatos consecutivos (Novembro de 1919 a Junho de 1933). Em 1921 pertenceu à Comissão que reorganizou o ensino liceal, conhecida por reforma Tomé José de Barros Queirós e António Ginestal Machado (1921-1926). Cola- borou com a Cruzada Nacional D. Nuno Álvares Pereira publicando alguns artigos nas suas revistas. Em Janeiro de 1926 foi eleito sócio ordinário da Sociedade de Geografia de Lisboa e em Junho do mesmo ano foi eleito sócio honorário da So- ciedade Nacional de Belas Artes, passando a sócio benemérito em Junho de 1928.

Em 1900 começou a publicar uma série de artigos sobre a «instrução secun- dária» no Novidades, tema que desenvolverá ao longo dos anos. Em 1908 publi- cou uma série de artigos sobre o republicanismo no Correio da Estremadura e n’O Debate. Deu uma conferência no Centro Eleitoral Republicano de Santarém e foi eleito para a direcção do núcleo de Santarém da Liga Nacional de Instrução.

Em Novembro de 1908 foi candidato a vereador da Câmara Municipal de Santarém numa lista independente que contava com o apoio dos republicanos, não sendo eleito. Em 1909 fundou e presidiu à Junta Liberal de Santarém, que promoveu uma conferência de Miguel Bombarda. O seu republicanismo de cariz conservador levou-o a filiar-se na União Republicana em Maio de 1912, vindo a colaborar activamente n’A Lucta. Em Novembro de 1913 foi candidato a deputado da União Republicana nas eleições suplementares pelo círculo de Lisboa, não tendo sido eleito. Em Abril de 1914 foi eleito substituto do direc- tório da União Republicana. Em Maio de 1914 discursou na inauguração do Centro da União Republicana de Santarém. Em Junho de 1915 foi candidato a deputado pela União Republicana pelo círculo de Santarém, não tendo sido

eleito. Em Novembro de 1917 foi eleito procurador à Junta Geral do distrito de Santarém. Em Maio de 1919 foi candidato a deputado da União Republicana pelo círculo de Ponte de Lima, não tendo sido eleito.

Colaborou brevemente com o sidonismo, distanciando-se do mesmo quando os ministros unionistas abandonaram o Governo em Março de 1918. Em 1919 teve um papel de relevo nas negociações com o Partido Republicano Evolucio- nista para a formação do Partido Republicano Liberal. Neste partido foi eleito para o Directório, em Março de 1922, durante o 3.º Congresso do PRL. Com a formação do Partido Republicano Nacionalista que agrupou o Partido Republi- cano de Reconstituição Nacional com o Partido Republicano Liberal, foi eleito presidente do Directório, cargo que exercerá até Março de 1927. Resignou da sua função de presidente do Directório do PRN devido à doença (tuberculose) do seu filho, sendo substituído por Júlio Dantas No entanto, manteve-se no Di- rectório do PRN até à sua dissolução em Fevereiro de 1935.

Integrou os executivos liberais de Tomé de Barros Queirós e de António Granjo, como ministro da Instrução Pública (24 de Maio de 1921 a 30 de Agosto de 1921 e 30 de Agosto de 1921 a 19 de Outubro de 1921). No governo nacionalista ocupou a presidência e a pasta do Interior (15 de Novembro de 1923 a 18 de Dezembro de 1923). Foi eleito deputado pelo círculo de Santarém em Julho de 1921 e em Janeiro de 1922 pelo PRL e em Novembro de 1925 pelo PRN. Projectos de lei que apresen- tou na Câmara dos Deputados em 1923-1924: 817-A, 817-F, 817-H; 817-J.

Em Setembro de 1925 depôs no Tribunal Militar em defesa de dois oficiais implicados no «18 de Abril». Recebeu o «Movimento do 28 de Maio» com fun- dadas esperanças de renovação do regime republicano. No entanto, à semelhança de muitos nacionalistas, foi-se afastando progressivamente da Ditadura. Em 1927 elaborou um projecto de revisão constitucional, que viria a ser discutida e apro- vada na Junta Consultiva do PRN em 4 de Novembro de 1927. No entanto, as autoridades da Ditadura Militar não autorizaram a sua divulgação à opinião pú- blica. Nos anos seguintes participou em várias iniciativas conducentes à união dos republicanos contra a Ditadura. Em Novembro de 1928 subscreveu um acordo político com alguns dirigentes partidários republicanos opositores ao re- gime. A 26 de Julho de 1931 participou na reunião para a eleição dos órgãos di- rigentes da Aliança Republicano-Socialista em Santarém. A sua postura de opo- sitor ao regime dentro da legalidade custou-lhe alguns dissabores. Em 1931 foi-lhe estabelecida uma nota de culpa como professor do Liceu Nacional de Santarém. A 13 de Julho de 1933 foi demitido da Misericórdia de Santarém. Após a disso- lução do PRN em 1935 adoptou uma postura política mais discreta.

Faleceu em Santarém a 28 de Junho de 1940. No funeral católico discursaram Rui Leitão, reitor do Liceu de Santarém, Vasconcelos Correia, director da CP, Alberto Dias Pereira, presidente da Câmara Municipal de Santarém e António Bastos, governador civil de Santarém. Também tomaram a palavra alguns dos seus companheiros no Partido Republicano Nacionalista, casos de Maldonado de Freitas, Alberto Xavier, Pedro Pita e João Tamagnini Barbosa.