• Nenhum resultado encontrado

1 – APRESEN TAN DO A PROBLEMÁTI CA

Este capítulo trata da problem ática do com ércio 24 horas na Grande São Paulo contem plando os Superm ercados, os Hiperm ercados e as Loj as de Conveniência. Busca identificar a diversidade de relações sociais que se processam neles e entre eles.

Apresenta considerações sobre a distribuição destes estabelecim entos varej istas pela região m etropolitana de São Paulo apontando para as áreas de m aior e m enor concent ração conform e suas respect ivas localizações.

Busca tam bém , refletir sobre as novas relações espaço- t em po na m etrópole através da análise do processo de generalização da m ercadoria e as diferent es form as de com ércio e de consum o.

Por m eio de dados secundários e das entrevistas realizadas, apresentam os um quadro geral do consum idor noturno da m etrópole: suas necessidades e m odo de vida.

As variadas form as de com ércio present es hoj e na m et rópole nos faz perceber o m ovim ent o de ( re) produção da sociedade, j á que, com o ant eriorm ent e apont ado, as form as com erciais são t am bém form as sociais, são frut os dos diferent es m odos de apropriação do espaço urbano.

A t roca de m ercadorias é um m om ent o no processo geral da

produção2 1 em que se estabelecem as m ais variadas relações sociais, sendo o

m ercado, sua form a m ais característica. Na história da cidade o lugar do m ercado sem pre dem andou situações estratégicas, pois sua finalidade é de produzir e aproveitar- se da aglom eração, configurando- se com o um elem ent o produtor de centralidade.

Conform e Lefèbvre2 2 “a centralidade é parte constitutiva essencial

do fenôm eno urbano” e se considerarm os que a centralidade é tam bém pré- requisit o para as form as do com ércio, chegarem os a conclusão que o com ércio é elem ento fundam ental para a form a urbana, sendo produto e condição de situações estratégicas.

21 De acordo com Marx, K. I ntrodução à crítica da econom ia política. São Paulo: Col. Os

pensador es, 1973, 115p.

A centralidade que as form as do com ércio produz está ligada à natureza da troca de m ercadorias que dem anda e produz a aglom eração. Na hist ória do com ércio, o m ercado e o hiperm ercado são os represent ant es extrem os da evolução dos lugares destinados à troca de alim entos, onde cada um tem seu lugar. Conform e as cidades iam crescendo novas condições foram sendo im post as para o com ércio e assim , foi- se desenvolvendo novas m aneiras para possibilitarem a troca.

Na m etrópole, a idéia de centralidade hoje, está ligada ao processo de expansão e crescim ent o urbano, onde o cent ro - histórico – não é m ais o único lugar onde tudo se pode encontrar, a diversidade de funções está

distribuída por todo espaço m etropolitano. Segundo Carlos2 3 “a centralidade

acentua- se, isto é, o centro histórico representa ainda o locus da adm inistração, da organização política” . O centro contém todavia a sua im portância política e social, m ant endo seu conteúdo sim bólico. A autora continua dizendo que hoj e

“ Assist e- se à const rução de um a pluralidade de cent ros ( cult urais, religiosos, sim bólicos, de m ercado, etc.), ao m esm o tem po em que se est rut uram as periferias, est endendo- se a perder de vist a, englobando sem pre novas áreas e ext ensões fragm ent adas. Esses elem entos revelam a m etrópole polinucleada2 4” .

A m etrópole hoje está constituída por atividades de diversas naturezas, fruto de ações políticas, econôm icas e sociais, condensando riqueza, poder, inform ação e cultura. Suas diversas partes vão se estruturando conform e a m obilização dos setores produtivos articulados às ações políticas no seu interior, produzindo efeitos de valorização/ desvalorização de áreas inteiras, art iculando t odo o conj unt o da m et rópo le.

Esse m ovim ent o é frut o das novas relações ent re o local e o global que se anuncia com o discurso hom ogeneizador, produzindo contradições surgidas nessas relações.

“ A cent ralidade liga- se hoj e, port ant o, a um a nova capacidade de concent ração. No quadro produzido, o espaço fragm ent a- se; é raro em torno dos centros onde é literalm ente pulverizado, vendido em

23 CARLOS, A. F. A . Espaço- Tem po na Metópole. São Paulo: Cont ext o, 2001, p.177. 24 CARLOS, ( op.cit )

lotes, podendo m esm o assum ir as funções de reserva de valor, m eio de segregação, elem ent o e dispersão da sociedade nas periferias e subúrbios. I sto porque a cidade explodiu e concret izou- se a part ir de novas form as, est rut uras e funções, onde áreas im ensas ganham novo valor de uso e, conseqüentem ente, valor de t roca, pois o espaço, m ercant ilizado, insere - se no m undo da m ercadoria2 5” .

Nest e cont ex t o, o com ércio é ent endido com o um elem ent o

fundam ental para a construção de novas centralidades de acordo com Lefèbvre2 6

quando diz que “ o fat o de que qualquer pont o pode ser t om ado com o cent ro é o que caracteriza as relações espaço- t em po no urbano” . Dest e m odo , se inicialm ente as form as de com ércio estavam concentradas no centro da m etrópole e distribuídas conform e a m ercadoria vendida, hoj e o que vem os é a concentração em determ inados lugares da m etrópole de grandes superfícies com erciais que vendem t oda a sort e de produt os, com o Hiperm ercados,

Shopping Cent ers e Superm ercados, fazendo desaparecer a função de

abastecim ento fam iliar dos pequenos e tradicionais estabelecim entos com o os em pórios, m ercearias, quitandas e bazares. Essas grandes superfícies com erciais produzem um novo tipo de relação social onde se estabelecem , além de influenciarem na estruturação da cidade, dem andando a construção de novas infra- estruturas, com o novas avenidas, rotas de ônibus, m etrô e trem .

No processo de expansão do espaço urbano m etropolitano, vários foram os agentes ligados ao com ércio que influenciaram na valorização/ desvalorização de áreas inteiras da m etrópole, com binados ao adensam ento de serviços especializados, fazendo surgir grandes concentrações de estabelecim entos com erciais em alguns distritos de São Paulo, onde fatores com o nível de renda, núm ero populacional e infra- estrutura viária contribuíram para t ant o.

No m om ento atual, quando o discurso da m ercadoria e do consum o encont ra- se num est ágio alt am ent e com plexo e cont raditório, e um a nova estrutura social vem se anunciando, o com ércio, neste contexto, tem sido

25 CARLOS, A.F.A. Espaço- tem po na m etrópole. São Paulo: Cont ext o, 2001, p.178. 26 LEFEBVRE, H. La revolución urbana . Madrid: Alianza, 1983, p.122.

um im portante agente para a produção de novas relações sociais e de adaptação a est as t ransform ações na sociedade.

A produção industrial, o m undo do trabalho e as atividades ligadas ao lazer, a partir das transform ações ocorridas desde a segunda m etade do século XX, têm sido para o com ércio os elem entos que m ais contribuíram para o surgim ento de novas form as com erciais. Na m etrópole, que hoj e se apresenta com o a form a m ais elaborada do processo de urbanização, as form as do com ércio tom am um a com plexidade ainda m aior, pois a diversidade de usos precipita na m aior variedade de relações sociais.

Desde m odo concordam os com Carlos2 7 quando diz que a

m etrópole revela toda a com plexidade do atual estágio de desenvolvim ento do m undo, pois é elem ento histórico, construção hum ana, obra e produto das relações sociais de produção. Nessa linha, a m esm a autora afirm a que a m et rópole:

“ Revela um m om ento histórico do processo de reprodução da cidade, port ant o não est am os diant e de um novo processo, m as de t ransform ações hist óricas no processo de const it uição do espaço urbano. Assim , a noção de cidade ganha nova am plitude revelando- se em sua hist oricidade, aparecendo com o cat egoria cent ral da análise ao revelar a m at erialização do processo hist órico de produção do espaço geográfico. Assim , do m esm o m odo que em cada m om ento da história se produz um espaço, este revela, em cada m om ento histórico, um a cidade e suas possibilidades2 8” .

No plano do com ércio o período atual contém a m aior variedade de form as, ganhando m aior com plexidade e, na m etrópole, os lugares destinados à troca e ao consum o de m ercadorias revelam grande diversidade de usos onde novas cont radições surgem . As form as do co m ércio hoj e se apresent am adaptadas à m orfologia da m etrópole, isto é, à estruturação das diferentes regiões de acordo com o nível de renda, infra- estrutura viária e aos locais disponíveis para a am pliação dos estabelecim entos e para novas inaugurações.

27 CARLOS, A F A. A Cidade. São Paulo: Cont ex t o, 135p.

Carreras2 9 cham a a at enção para o fat o de que um dos m om ent os

principais envolvidos no processo de consum o e de reprodução da cidade está na escolha do lugar de com pras e sua respectiva localização, sendo dois fatores determ inantes para a estruturação do espaço urbano e do processo produt ivo.

“ O m om ento culm inante é o m om ento da com pra do produto ou da aquisição do serviço com o m aterialização do consum o em si m esm o, m as não é o único, nem talvez o m ais im portante. Mas este m om ento requer um espaço e um a localização bem concret a, os que podem ser cham ados espaço do consum o: o m ercado, a loj a, o shopping cen t er3 0” .

Para m elhor t rat ar dos assunt os referent es às form as do com ércio, obj eto de nossa pesquisa, apresentarem os um quadro geral do setor superm ercadist a e das lojas de conveniência hoje na Grande São Paulo para, logo após, levarm os adiant e a discussão do com ércio 24 horas.

29 CARRERAS, C. “ Consum ir ou com pr ar . Repensando o consum o ur bano à luz da globalização” . GEOUSP, n.06, 1999, pp.81-9 4 .