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A aradura e o plantio eram no geral uma única ope­ ração O grão era espalhado por meio de um cesto

aberto e reabastecido de um saco amarrado no lom­

bo de um jumento. Eram necessárias cerca de 13k de

sementes para meio acre, embora os babilônios tives-

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Um la v ra d o r b e d u ín o usa o ju m e n to p ara p u x a r o arado .

sem inventado uma distribuidora primitiva de semen­ tes que estava em uso em alguns lugares e economi­ zava mais as sementes. A semente era então plantada para que os pássaros não a comessem (M t 13.4). Esse método de plantar sublinha a parábola do semeador em Mateus 13, onde havia um caminho endurecido e espinhos aguardando o semeador.

O arado era feito com dois pedaços de madeira unidos em forma de T. A parte horizontal do T for­ mava o cabo para dirigir o arado e a extremidade pontuda para quebrar a superfície do solo. A seção vertical do T era presa ao jugo colocado sobre o pes­ coço dos animais. O jugo em si era simplesmente um pedaço de madeira colocado sobre o pescoço de um par de animais e mantido no lugar por duas va­ ras verticais que desciam de cada lado do pescoço e eram amarradas por baixo (veja Jr 28.13).

Bois eram usados quando possível, e se era um touro tinha de ser castrado. A lei proibia mistura de animais, como um boi e um jumento (Dt 22.10), provavelmen­ te por haver um puxão desigual que causaria sofrimen­ to para o animal mais fraco. A regra proibindo a assoei-

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Um fa z e n d e iro dos te m p o s b íb lic o s ara com um a p a relh a de bois. N ote a lâm in a do a ra d o e o a g u ilh a d a p o n tu d a do lavrador.

ação entre crentes e incrédulos em 2 Coríntios 6.14 (“Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis”) não era simplesmente exclusivista, mas se baseava na experiência do sofrimento que poderia ser causado.

A quantidade de terra que um par de bois podia arar num dia tornou-se uma medida padrão (1 Sm 14.14. Is 5.10). Nos primeiros dias da agricultura, a extremidade aguçada o arado não passava de uma vara pesada e pontuda. Um grande avanço foi feito quando o cobre veio a ser derretido e um revesti­ mento ou lâmina de cobre preso à ponta. Um avan­ ço ainda maior foi feito quando os filisteus introdu­ ziram o ferro na terra, mesmo que isso significasse que os judeus tinham de mandar afiar as relhas de seus arados por filisteus (1 Sm 13.20).

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Arados

Os primeiros arados eram leves. Embora fossem portáveis e pudessem ser levados durante algum tem­ po no ombro, eles só podiam arranhar a superfície do solo a uma profundidade de 70-100m m . A razão para o lavrador não olhar para trás (Lc 9.62) não era porque o sulco do arado não seria reto; mas pela ne­ cessidade de toda a sua concentração, a fim de em­ purrar com força e cavar suficientemente o solo. Ele tinha também de prestar atenção nas pedras e seixos, porque eles podiam quebrar facilmente uma ferra­ menta assim tão leve, apesar da leveza significar que podia levantar o arado por cima do obstáculo.

A aradura era feita às vezes em equipe, cada fazen­ deiro contribuindo com seu arado e bois até que os campos do povoado inteiro estivessem prontos. Eliseu estava arando com mais onze pessoas e 24 bois quan­ do foi chamado para o seu ministério de profeta (1 Rs 19.19).

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M a rte lo da ép o ca de C risto . O m a rte lo de m ão era u s ad o para q u e b ra r o solo o n d e o a ra d o não p odia a lcan çar. Era fix a d o num cab o lo ngo.

Os arados não podiam ser usados nas encostas, per­ to de árvores, ou numa terra excepcionalmente dura. Em tais casos era usado o martelo — uma ferramenta de mão como uma enxada, com uma lâmina fixada em ângulo reto com o cabo (Is 7.25). Havia um méto­ do alternativo de semear e arar, onde o solo era pri­ meiro arado e depois semeado. Isso requeria uma nova aradura em ângulo reto com a primeira, puxando um arbusto grande atrás de uma parelha de bois.

Se os bois não quisessem mover-se ou fossem muito lentos para o lavrador, ele os incitaria a mover-se cu­ tucando-os com uma vara pontuda ou aguilhada. Ela era suficientemente pesada para servir de arma (Jz 3.31). Jesus usou uma aguilhada simbólica para em­ purrar Paulo até o ponto de conversão. “Dura coisa te é recalcitrar contra os aguilhões” (At 9.5).

O trigo (muitas vezes chamado “milho” na Versão do Rei Tiago) era plantado primeiro, depois a cevada e as demais colheitas — painço, lentilhas, ervilhas, melões e pepinos. Era necessário manter o solo livre de ervas daninhas, capinando de dezembro até feve­ reiro. Essa era uma época em que, exceto nas regiões montanhosas, o movimento de um lugar para outro

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era impossível porque as chuvas transformavam as planícies em verdadeiros pântanos. Quando as tem­ peraturas começavam a subir no final de março e iní­ cio de abril, as chuvas da primavera chegavam (veja J1 2.23). Essas chuvas faziam os grãos incharem e no final de abril a cevada estava pronta para ser colhida.

Os campos para a sega eram divididos por cami­ nhos e era permitido colher as espigas do trigo quase maduras junto ao caminho. Isto era particularmente apreciado na primavera, quando os grãos nao havi­ am ainda endurecido. Os doze discípulos que esta­ vam com Jesus comeram as espigas em amadureci­ mento num sábado (Lc 7.1,2). Eles não foram criti­ cados por causa disso por ser permitido na lei (Dt 23.25). Alguns pensavam, porém, que até mesmo colher as espigas poderia ser considerado “trabalho” no sábado.

Colheita

O linho era colhido em março e abril, cortando as hastes com uma enxada junto do solo. Tão logo isto era completado, a cevada estava pronta para a colhei­ ta. Os grãos eram cortados com uma foice — um

M u lh e r á ra b e c o lh e o c ere al u s a n d o um a fo ic e m an u al.

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D eb u lh a do trig o , u s a n d o instrumento em forma de crescente com um corte boisrenÓ püXad° P° r d° ÍS afiado do lado interno. Nos primeiros tempos as fer­ ramentas eram feitas de madeira ou até do osso ma­ xilar de um animal, e pedras de pederneira fixadas do lado cortante interno. Mais tarde, foices de metal podiam ser adquiridas (Jr 50.16; J1 3.13).

Os caules eram cortados perto do alto e o restante deixado no chão para as ovelhas pastarem (veja pág. 134). Eles eram amarrados em feixes (Gn 37.7 e SI 129.7) e carregados nos lombos de jumentos (Gn 42.26,27), ou colocados num carrinho para serem levados para ser debulhados. O cereal era ocasional­ mente arrancado do solo. O solo era normalmente cortado por um grupo de pessoas que trabalhavam juntas, mas os cantos do campo tinham de ser deixa­ dos para os pobres (Lv 23.22). Os pobres também podiam andar atrás dos ceifeiros para apanhar qual­ quer coisa que eles deixassem (Dt 24.19-22). A his­ tória de Rute é contada com esse pano de fundo. Ela pôde encher a parte de baixo de seu manto com o que havia colhido (Rt 2).

O grão estava bem seco na época da colheita e havia perigo de incêndio (veja Ex 2 2.6 ). Esse p eri­ go era freqüentem ente explorado pelos inim igos na guerra, por saberem que tal incêndio iria enfra-

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quecer seriamente a condição dos donos das co­

lheitas (v e ja jz 6.1-6; 15.4,5).

Debulha

Usava-se a eira para separar o grão da palha. A eira