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4 ARCABOUÇO LEGAL 31

No documento 1 2 1 2 (páginas 90-93)

20Site Ministério da Justiça em 03.04.2011

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As fontes do Direito podem ser materiais, formais ou ainda de produção. Serão tratada nesta obra apenas as fontes formais, ou propriamente jurídico. São elas: do âmbito do Direito Internacional Público e Privado, como do Direito Interno, em nível constitucional e infraconstitucional.

No Direito Internacional Público, as fontes formais são os costumes e os tratados internacionais multilaterais.

No Direito Interno, as fontes formais são, além dos tratados internacional e acordos bilaterais ratificados, a Constituição Federal e a legislação infraconstitucional vigente, como o Código de Processo Penal e a Lei de Introdução ao Código Civil, no caso brasileiro.

4.1 Fontes no Direito Internacional

A cooperação jurídica internacional em matéria penal pode decorrer tanto da promessa de reciprocidade por um Estado a outro, qualificando-se verdadeira cortesia, como também pode decorrer de um acordo formal ou de um costume internacional.

No âmbito do Direito Internacional Público tem-se, como principais fontes da cooperação jurídica internacional, a Convenção Interamericana sobre Cartas Rogatórias de 1975 e o Protocolo Adicional de

29Manual de Transferência de Pessoas Condenadas MJ- 2004 30Idem

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1979, a Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional de 2000, a Convenção das Nações Unidas de Mérida, de 2003 e o Tratado Interamericano de 1947.

No âmbito do Direito Internacional dos Direitos Humanos, os principais documentos internacionais de interesses ao estudo em curso são: Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948; Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem de 948; Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos de 1966; Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes de 1984; Convenção Americana sobre Direitos Humanos de 1969 (Pacto de São José da Costa Rica).

Importante destacar que a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, que inspirou os demais instrumentos, dispõe no seu preâmbulo, que o respeito universal aos direitos e liberdades fundamentais da pessoa e a observância desses direitos e liberdades têm como base a cooperação dos Estados.

Em matéria de extradição, o Brasil ratificou, por exemplo, os tratados firmados com Uruguai, Peru, Equador, Portugal, Argentina, Bolívia, Paraguai, Espanha, Portugal, Itália, Grã-Bretanha, Bélgica, Alemanha e Chile.

Outros tratados multilaterais ratificados pelo Brasil e que tratam em seus dispositivos do tema da cooperação são a Convenção das Nações Unidas contra corrupção (Decreto 5687, de 31/01/2006), a Convenção das Nações Unidas contra o tráfico ilícito de entorpecentes e substâncias psicotrópicas (Decreto 154, de 26/07/1991), a Convenção das Nações Unidas contra o crime organizado transnacional (Decreto n 5014, de 12/03/2004).

O Brasil também ratificou o Código de Bustamante (Direito dos Tratados) através do Decreto n.18871, de 13/08/1929.

No que se refere aos acordos bilaterais sobre cooperação jurídica internacional em matéria penal, o Brasil assinou e ratificou-os, dentre outros, com Cuba (Decreto n. 67462, de 21/05/2008), Espanha (Decreto n. 6681, de 08/12/2008), China (Decreto n.6282, de 03/12/2007), Estados Unidos da América (Decreto n. 3324, de 30/12/1999), Itália (Decreto n. 862, de 09/07/1993), Peru (Decreto n.3988, de 29/10/2001), Portugal (Decreto n.1320, de 30/11/1994) e Coréia (Decreto n. 5721, de 13/03/2006).

Finalmente, no âmbito do MERCOSUL, o Brasil ratificou o protocolo sobre assistência mútua em matéria penal, por meio do Decreto n. 3468, de 17 de maio de 200032.

4.2 Fontes do Direito Brasileiro

Basicamente toda legislação pertinente ao tema já foi mencionada em algum dos sub-itens desta obra, mas para agrupá-las nesta seção, faremos um apanhado geral, iniciado pelos artigos constitucionais que dizem respeito à cooperação jurídica internacional, seguidos pela legislação infraconstitucional.

A Constituição Federal trata do instituto da cooperação jurídica internacional em diversos dispositivos. Estabelece no preâmbulo que o Brasil, enquanto Estado Democrático reconhece a ordem interna e a ordem internacional como base para a solução pacífica das controvérsias e a plena realização dos direitos sociais e individuais.

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No art.3, I, reconhece a solidariedade como um dos objetivos da República Federativa do Brasil. No art. 4º, IX, reconhece a cooperação entre os povos para o progresso da humanidade como um dos princípios regentes das relações internacionais do país

No que se refere aos procedimentos da cooperação jurídica internacional, a Constituição Federal trata basicamente da competência jurisdicional. Estabelece a competência do Supremo Tribunal Federal par ao julgamento da extradição solicitada por Estado estrangeiro no art. 102, I, ―g‖, a competência do Superior Tribunal de Justiça para o conhecimento e execução das cartas rogatórias passivas, ou seja, aquelas encaminhadas pelo Estado estrangeiro, nos artigos 105, I, ―i‖, e a competência da Justiça Federal para sua efetiva execução, nos termos do art. 109, X.

4.3 Legislação infraconstitucional

Por enquanto no Brasil, em termos de legislação infraconstitucional não possui nenhuma lei específica que trate de cooperação jurídica. Existe o projeto de lei 1982/2003, que regulamenta a assistência judiciária internacional em matéria penal, a ser prestada ou requerida por autoridades brasileiras, nos casos de investigação, instrução processual e julgamento de delitos e estabelece mecanismos de prevenção e bloqueio de operações suspeitas de lavagem de dinheiro que tramita na Câmara Legislativa. Enquanto tal projeto não for aprovado, o Poder Executivo precisa desenvolver mecanismos que possibilitem a cooperação jurídica internacional, visto que se trata de um compromisso assumido pelo Estado brasileiro em vários tratados internacionais.

Os principais diplomas legais que tratam da cooperação jurídica internacional são: a Lei de Introdução ao Código de Processo Civil, o Estatuto do Estrangeiro (Lei n.6815/1980), o Código de Processo Civil e o Código de Processo Penal.

A Lei de Introdução ao Código Civil estabelece as regras relacionadas à aplicação da lei estrangeira, que refletem na interpretação do instituto da cooperação jurídica internacional. No art. 17 estabelece limitações, ao prescrever que as leis, os atos e as sentenças de outro país, bem como quaisquer outras declarações de vontade, somente terão eficácia no Brasil se não ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes.

O Estatuto do Estrangeiro (Lei 6815/80) estabelece, dentre outros, o procedimento da extradição.

O Código de Processo Civil, no artigo 210, ao tratar da admissibilidade e cumprimento da carta rogatória, estabelece a observância do disposto na convenção internacional. Segundo Nádia Araújo, Carlos Alberto de Salles e Ricardo Ramalho Almeida, ao analisarem as normas aplicáveis, podem ocorrer as seguintes situações: vigência de regras internacionais compartilhadas pelo Brasil em âmbito multilateral; vigência de tratado ou convenção bilateral sobre cooperação jurisdicional; no âmbito do MERCOSUL estão em vigor tanto a Convenção Interamericana, como o Protocolo de Las Lemas; a última hipót5ese é a de países com os quis o Brasil não celebrou nenhum tratado ou convenção internacional, que a legislação ordinária nacional tem aplicação

O Código de Processo Penal regulamenta as relações jurisdicionais com as autoridades estrangeiras nos artigos 780 e seguintes. Especificamente no que se refere ao tema da cooperação jurídica internacional em matéria penal, para fins de atos de comunicação e realização de diligencia por meio de carta rogatória, o CPP prescreve o respectivo procedimento.

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De acordo com o art. 783, as cartas rogatórias ativas serão remetidas pelo juiz brasileiro competente para a ação penal ao Ministro da Justiça e, posteriormente, por via diplomática, à autoridade estrangeira. Quanto às cartas rogatórias passivas, as mesmas deverão respeitar a ordem pública e os bons costumes.

O CPP, diferentemente da Lei de Introdução ao Código Civil, não estipula qualquer regra em relação à lei aplicável no atendimento do pedido de assistência jurídica internacional.

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