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As tendas eram originalmente feitas de peles;

mais tarde essas foram substituídas por pêlo de cabra. Por­ tanto, o tendei ro era alguém que trabalhava com cou­ ro e o nome ficou (At 18.3), embora o couro fosse usado para fazer recipientes, cintos e equipamento militar, tal como capacetes, escudos e fundas. Um tendeiro (ou artesão em couro) tinha de tirar primei­ ro a pele do animal, remover depois o pêlo, torná-la macia para o uso e algumas vezes tingi-la. Os pêlos eram removidos raspando, molhando e aplicando cal. As peles eram então mergulhadas ein água contendo cascas de carvalho e folhas de sumagre, esfregados com estrume de cachorro e depois marteladas. O tra­ balho era tão malcheiroso que o curtidor tinha de trabalhar fora da cidade e na direção do vento predo­ minante, e era tão desagradável pessoalmente que podia tornar-se causa de divcSrcio. Quando os servos de Cornélio foram procurar a casa de Sim ão, o curtidor, em Jope, não devem ter tido dificuldade em achá-la (At 10.6).

Os tecidos de linho e de lã se desenvolveram mui­ to cedo. Entre os judeus, a roupa de lã era a norma.

P ág in a ao lado : C u rtid o r fa z e n d o s a n d á lia s fo ra da o fic in a , n o te as fe rra m e n ta s e s p e c ia is em su a b a n c a d a . À e s q u e rd a : Lã c ru a e p e le s de o v e lh a fo ra da o fic in a d o m e rc a d o r em H eb ro m .

3 l

1 6 2 /0 Indivíduo na Vida Familiar

P esos para te c e r de K adum , Israel. Veja os m es m o s em uso num te a r na pág. 165.

Depois cia lã da ovelha ter sido lavada, ela era pentea­ da a fim de prepará-la para ser tecida. A fiação era feita usando uma vareta de madeira ou fuso, que tinha um chanfro ou gancho em uma das extremidades. Na outra extremidade havia um peso, uma pedra com um furo no centro. O peso era feito de barro, pedra ou osso e dava movimento à vareta quando ela era girada. A fiandeira puxava alguns fios da lã penteada presa de­ baixo do braço esquerdo e prendia os fios no chanfro ou gancho. Ela torcia então o fuso e o deixava cair até quase chegar ao chão. Ao cair e girar, o fuso puxava um fio de lã que era então enrolado em torno da vareta antes que o processo fosse repetido várias vezes. Em­ bora cores naturais fossem usadas na tecelagem, era possível tingir o fio. Este era limpo com salitre e sabão (Jr 2.22) antes de ser tingido.

Tingimento

A tinta vermelha (Ex 25.4) era feita de ovos de insetos (tipo cochonilhas) pulverizados. A cor azul escuro (índigo) era obtida da casca da romã. O corante púr­ pura era preparado com o molusco murex (At 16.14). As cascas eram esmagadas, cozidas em sal e deixadas ao sol para que a secreção tomasse a cor púrpura (veja também Nm 1 5.38; Et 8.15). O azul era também fei­ to com o murex, mas acrescentava-se outra substância

Artífices e comerciantes/163

A b aix o : B ed u ín a to rce a lã, p re p a ra n d o -a para ser fia d a .

durante o cozimento. O amarelo era feito no Egito com o açafrão, e os romanos o extraíam das flores da açafroeira. Os corantes eram fabricados preparando- se uma solução de água, potassa e cal. Depois de dois dias acrescentavam os pigmentos, e o tingimento se fazia em vasilhas de cerâmica ou bacias de pedra. O fio ou pele depois de tingido era então lavado em água limpa e pendurado para secar.

164/0 Indivíduo na Vida Familiar M ulher te c e n d o em te a r v ertical. N o te os pesos do te ar p e n d u ra d o s nos fios da urdidura.

Tecelões

A tecelagem se desenvolveu durante todo o período do Antigo Testamento. No princípio foi usado um tear horizontal, preso no chão. Mais tarde, um tear vertical foi desenvolvido, embora houvesse épocas e lugares em que ambos os tipos de tear foram usados lado a lado. O tear horizontal era preso no chão e os fios da urdidura tinham o comprimento da peça de roupa a ser tecida. O processo era facilitado com o uso de uma peça de madeira plana, já passada através de fios alternados. Quando essa peça era colocada na extremidade, os fios eram separados de modo a ha­ ver espaço suficiente para que a linha da trama pas­ sasse através deles. Na volta, a vareta era passada por cima e por baixo de cada fio sucessivo.

Foi finalmente compreendido que se os mesmos fios da urdidura empurrados para baixo pela peça de madeira, pudessem ser puxados de volta, prenden­ do-os com laçadas à outra peça de madeira, a vareta podia ser então passada rapidamente também na outra direção. Isso tornou possível substituir a vareta por uma lançadeira. A lançadeira estava certamente em uso nos dias de Jó (Jó 7.6), e o tear horizontal estava sendo usado nos dias dos juizes porque Dalila fez uso dele para tecer os cabelos de Sansão num pe­ daço de tecido (Jz 16.13). O "pino" usado nessa his­ tória foi usado para bater a trama para que os fios ficassem firmes.

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O problema com o tear horizontal era que a largu­ ra do tecido ficava limitada ao tamanho dos braços do tecelão, porque este tinha de sentar ou ficar aga­ chado para trabalhar. A invenção do tear vertical per­ m itiu que o tecelão ficasse em frente ao tecido. Nesse caso, uma estrutura pesada de madeira (veja 1 Sm 17.7) era construída com uma arcada quadrada, e os fios da urdidura eram pendurados no alto e firmados por uma barra horizontal. Os fios eram mantidos esticados por pequenos pesos de pedra ou cerâmica, conhecidos como pesos do tear. O material era então feito de cima para baixo e o pino usado para juntar os fios da trama no alto do tear.

O avanço final do tear foi aquele em que os pesos foram substituídos por um rolete que rematava o te­ cido acabado. A fiação era então feita de baixo para cima. Esses teares não se prestavam para fazer mode­ los coloridos e complicados, e até “tecido bordado” pode referir-se a diferentes tecidos costurados juntos (Jz 5.30; Ez 26.16). Significava, porém, que o tecido

B ed u ín as te c e n d o num a podia ser formado nos teares, variando o número re-

Artífices e comerciantes/167

P ed reiro s tra b a lh a n d o em J e ru s a lé m .

Trabalho com pedras

Os pedreiros eram sócios dos carpinteiros na cons­ trução. O trabalho de pedreiro foi outro ofício que o povo judeu teve de aprender. Os judeus destruíram as grandes cidades fortificadas dos cananeus (Nm 13.18) e não sabiam como reconstruí-las, até que foram ajudados pelos fenícios. O trabalho do pedrei­ ro começava pelos alicerces, onde uma canaleta era enchida com pedras e argamassa e deixada para as­ sentar (Lc 6.48). Levantavam-se então as paredes so­ bre os alicerces. A afirmação de Paulo, de que ao pre­ gar ele não construía sobre o fundamento de outro homem, se baseia provavelmente num costume con­ temporâneo de que o homem que construía os ali­ cerces também construía as paredes (Rm 15.20).

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Página O p osta: A q u e d u to rom ano em C e s aré ia M arítim a.

P arte do tra b a lh o m a c iç o ao re d o r do D o m o da R ocha. A s g ra n d e s p e d ra s que fo rm am a p arte in fe rio r do m uro d a ta m da ép o ca de H ero d es.

Num prédio de boa qualidade, pedras angulares, grandes e quadradas eram colocadas em cada canto. Em vista de as pedras grandes não servirem para uso no resto da construção, os construtores as deixavam às vezes de lado; mas descobriam no final que essas pe­ dras eram necessárias para dar solidez e direção ao edi­ fício (SI 118.22). Tais pedras de esquina ou “chefes” se tornaram metáforas para os homens proeminentes e estáveis da comunidade (Jz 20.20; 1 Sm 14.38).

Quando um prédio de alta qualidade estava sendo construído, blocos de pedra calcária eram cortados na pedreira. A pedra calcária era sempre mais mole quando cortada no subsolo; ela endurecia em conta­ to com o ar. A prática geral era então cortar na pe­ dreira os blocos do tamanho requerido e depois acabá- los, raspando a superfície no canteiro de obras. Quan­ do o Templo de Salomão foi construído, os blocos foram acabados na própria pedreira, onde era possí­ vel fazer um acabamento melhor porque eles ainda estavam macios (1 Rs 6.7).

1 7 0 / 0 I nd iv íd u o na V i d a F a m i li a r

As paredes eram mantidas retas por meio da cana e