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Aspectos das relações éticas de consumo e cidadania

2 CONHECIMENTO CIENTÍFICO, COTIDIANO E ESCOLAR

6.3 Avaliações pelos alunos na categoria conteúdo do texto

6.3.5 Aspectos das relações éticas de consumo e cidadania

A formação do cidadão implica a educação para conhecimento e para o exercício dos direitos, mediante o desenvolvimento da capacidade de julgar, de tomar decisão, sobretudo em uma sociedade democrática.

Entendemos que, para o individuo exercer a cidadania, ou seja, para que possa posicionar-se criticamente frente às questões sociais, é imprescindível que ele tenha conhecimento e acesso as informações.

Nesse contexto, “criar oportunidades para discutir questões éticas da ciência, riscos e as próprias limitações da ciência é, também, fundamental para que os jovens se tornem cidadãos mais conscientes e aptos a tomar decisões” (MASSARANI, 1998).

Sendo uma das funções da divulgação científica complementar o ensino formal, a sua articulação com o discurso pedagógico pode contribuir para a formação científica e de cidadania dos estudantes. Assim sendo, a divulgação científica juntamente com a escola, assume um papel ainda mais importante e fundamental, já que:

“A educação básica tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho” (BRASIL, 1996).

O Ensino de Química enquadra-se na formação para cidadania, à medida que o conhecimento dessa ciência permite um posicionamento inerente à vida diária sociocultural dos estudantes. Sobre isso, Santos e Schnetzler (1996) afirmam que “a função do ensino de química deve ser a de desenvolver a capacidade de tomada de decisão, o que implica a necessidade de vinculação do conteúdo trabalhado com o contexto social em que o aluno está inserido”.

Além disso:

Com o avanço tecnológico da sociedade, há tempos existe uma dependência muito grande com relação à química. Essa dependência vai, desde a utilização diária de produtos químicos, até às inúmeras influências e impactos no desenvolvimento dos países, nos problemas gerais referentes à qualidade de vida das pessoas, nos efeitos ambientais das aplicações tecnológicas e nas decisões solicitadas aos indivíduos quanto ao emprego de tecnologias (SANTOS e SCHNETZLER, 2007, p.47).

Pautando-se nos pressupostos teóricos citados, buscamos contextualizar os textos de divulgação científica quanto às relações éticas de consumo e cidadania de forma clara e objetiva. Pretendemos com isso, no âmbito da divulgação científica na educação formal, favorecer um ensino de Química voltado ao exercício da cidadania aos alunos do ensino médio.

Pretendemos, também, que abordagens dessa natureza possam favorecer aos alunos uma percepção de que o conhecimento da ciência é necessário para atuar de forma crítica no mundo em que vivem, transformando-o num mundo melhor. Por exemplo, um dos pontos que chamamos a atenção dos alunos é quanto ao uso das sacolas de plástico, pois no mundo atual a problemática desse material está inserida em dois contextos, a saber: poluição e hiper-consumo. Ambos estão vinculados. Se pararmos para pensar qualquer coisa que compramos, até mesmo uma cartela solta de comprimidos, vem embalada em uma grande sacola de plástico. A grande quantidade de sacolas que consumimos aumenta o número de suas produções, acarretando assim sérios problemas ambientais.

Diante da necessidade e urgência de um consumo e tomada de decisões mais conscientes do indivíduo enquanto cidadão, entendemos ser relevante esse tipo de abordagem no material produzido

As Figuras 8, 9 e 10 mostram que, para as avaliações do texto 1, o percentual de alunos de semestres iniciais que atribuíram conceito bom foi de 71% dos alunos da UESC e de 65% dos alunos da UnB. Além disso, o percentual de alunos de semestres avançados da UESC foi de 64%. Os trechos que esses alunos identificaram como sendo abordagens das relações éticas de consumo e cidadania foram:

“Utilizar apenas a quantidade necessária de detergente ajuda na diminuição desses impactos, por isso, use e abuse dessa informação para agir de forma mais consciente e ajudar na preservação de nosso planeta.”

“A indústria do plástico, por meio de um Programa de Qualidade e Consumo Responsável das sacolas plásticas, tem produzido sacolas mais resistentes. Enquanto isso, nós usuários podemos exercer o consumo consciente dessas sacolas, evitando desperdícios e exigindo do comercio sacolas mais resistentes”.

“Por fim, quero usar este momento para sensibilizar a você, caro leitor, de que para nos mantermos vivos é preciso, primeiramente, mantermos a natureza viva, por isso, adote o consumo sustentável e contribua na preservação do meio ambiente. Ademais, diria tal qual João Bosco da Silva: “A responsabilidade social e a preservação ambiental significa um compromisso com a vida”.

As Figuras 11, 12 e 13 mostram que, para as avaliações do texto 2, o percentual de alunos que atribuíram o conceito bom foi de 100% dos alunos de semestres iniciais da UESC. Esse mesmo conceito foi também atribuído por 63% e 56% dos alunos de semestre avançado da UnB e da UESC respectivamente. Os trechos que esses alunos identificaram como sendo abordagens das relações éticas de consumo e cidadania desse texto, foram:

“Sabemos que nem todos podem degustar uma bala de canela o qualquer alimento adocicado com açúcar, devido à doença diabetes”. “Por isso, não devemos abusar de doces, salgadinhos, bebidas alcoólicas e precisamos praticar atividades físicas regularmente”. Esses resultados indicam que os alunos identificaram aspectos das relações éticas de consumo e cidadania nos textos produzidos. Essa percepção é um forte indicativo de que conseguimos contemplar com clareza e objetividade esse aspecto. Assim, esperamos agora que os professores, ao fazerem uso dos textos, possam oportunizar discussões em sala para despertar em seus alunos a crítica à sociedade sobre os assuntos em questão.