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3 PLANO DE AÇÃO EDUCACIONAL PARA A IMPLEMENTAÇÃO DO

3.1 ASPECTOS DO CASO DE GESTÃO CONSONANTE COM A AÇÃO DE

A presente dissertação trata de um caso de gestão que tem por objetivo analisar dificuldades na implementação do Conselho Municipal de Educação de Urucurituba, no Estado do Amazonas.

O fato de ser integrante da equipe técnica da Secretaria Municipal de Educação e Cultura desde 2005, soma-se às aptidões adquiridas com a atuação docente na Rede Estadual de Educação num período de 24 anos de carreira. Tais fatores promoveram uma maior aproximação com estas questões decorrentes das experiências vivenciadas nas rotinas de trabalho neste campo de pesquisa, razões pelas quais despertaram o interesse em investigar a problemática abordada.

As perspectivas oriundas dessa vivência ocasionaram as inquietações geradoras do interesse em discutir esta problemática no sentido de delinear as dificuldades que influenciam a não participação dos setores sociais na composição do Conselho Municipal de Educação do Município de Urucurituba/AM e até que ponto os reflexos desta conjuntura afetam o sistema educacional deste ente federado.

O CME/Urucurituba, embora permeado de alguns vícios constantes em seu processo de implementação, existe formalmente, mas no contexto da prática, sua atuação figura de forma incipiente.

A partir destes pressupostos, decidimos aprofundar um estudo das etapas que compunham o processo de criação deste colegiado com o intuito de ter a compreensão dos fatores que fragilizaram os fundamentos basilares impressos nas dificuldades que comprometeram a operacionalização no contexto do desenho e implementação. Tais subsídios são elementares para a formulação de um plano de intervenção exequível e fundamental com vista a mudar as implicações que moldaram esta realidade.

Estes aspectos figuram como elementos fulcrais na descrição do caso que compõe o Capítulo 1 desta pesquisa que suscita, em primeiro plano, a necessidade em responder a uma discussão em torno do tema que tem como pano de fundo a descentralização com vistas à municipalização da educação.

Nesta perspectiva, a criação de ambientes participativos é crucial e estratégica para a promoção da qualidade do ensino ancorada na justificativa centrada na proximidade da gestão municipal com a sociedade.

Este cenário é considerado propício no subsídio de políticas educacionais mais focadas na realidade local, pois estimula a democracia, fomenta o exercício da cidadania e fortalece a autonomia de gestão.

Foi constato nesta pesquisa que embora instituído, o CME/Urucurituba tem dificuldade em corresponder a esta perspectiva cujos aspectos evidenciam a fragilização das ações relacionada à participação da sociedade civil no âmbito deste colegiado. Tais embargos têm se constituído em grandes desafios para o gestor Municipal de Educação para compor e implementar este ambiente deliberativo.

Percebeu-se que tais dificuldades são manifestadas dentro do processo de escolha ou eleição dos membros deste colegiado para que este funcione efetivamente na elaboração de normas próprias de gestão em consonância com o que dispõem a Constituição Federal de 1988 e as regulamentações impressas na Lei 9394/96 no que se refere às competências e ao fortalecimento da gestão democrática e participativa.

Ainda no Capítulo 1, foi feita a descrição dos principais atores que compõem o cenário do presente caso de gestão, seu comportamento no âmbito da problemática levantada cujos dados trouxeram a tona fatores de intervenção como a

falta de infraestrutura, reuniões esparsas e a falta de um parâmetro legal consistente, visto que o Decreto Municipal no402/2009 (URUCURITUBA, 2009b) não

possui vínculo com a Lei Municipal 054/2006 (URUCURITUBA, 2006) que instituiu o Sistema Municipal de Ensino considerando o princípio da hierarquia das Leis consonantes em suas espécies normativas.

Uma das falhas encontradas aponta que o Decreto Municipal que institui o CME/Urucurituba não estipula competências importantes como o período de mandato dos membros e a determinação para a elaboração de seu regimento interno, o que foi considerado como fator preponderante para a geração destes problemas. Embora sem este embasamento legal, o gestor municipal de educação, ao assumir a pasta em 2013, considerando a expiração dos mandatos dos conselheiros, tenha expedido ofícios aos segmentos sociais contemplados no caput do Art. 1º do referido Decreto para que efetuassem o processo de escolha de seus representantes. A maioria dos segmentos sociais não respondeu aos ofícios convocatórios para ocuparem seus devidos assentos representativos no CME/Urucurituba.

Tal fato figura como justificativa que suscitou esta investigação sistemática objetivando a identificação de suas causas e as possíveis implicações no processo educacional do município.

Vale ressaltar que o quadro de integrantes do CME/Urucurituba, na formatação, estipulada pelo seu ato de criação, não é paritário, pois contempla apenas representantes da gestão municipal e de profissionais da educação vinculados à Rede Municipal de Ensino.

O fato de a Secretaria Municipal de Educação, entre outras carências estruturais, não dispor de um setor com atribuições específicas para tratar as questões relacionadas aos Conselhos Municipais conforme seu organograma estrutural prescrito no seu Sistema de Ensino (URUCURITUBA, 2006), fragiliza-os como colegiados e estimula a tomada de decisões isoladas do gestor educacional nessas relações que tendem a ter um caráter mais personalista, implícitos no timbre dos ofícios convocatórios originados diretamente de seu gabinete e destinados aos segmentos sociais.

Tal problemática submete o secretário municipal de educação às pressões multilaterais por parte de outros atores que requerem uma tomada de decisão no

sentido de equacionar os problemas gerados pela falta de atuação do CME/Urucurituba.

Ressalta-se que este cenário é propício para decisões autocráticas, abrindo margem para que o prefeito e ou gestores da administração direta possa se apropriar de decisões de competência do Conselho.

Os vereadores, considerando terem indicado um de seus representantes para o devido assento neste colegiado, conforme teor do ofício CMU/033, de 10 de maio de 2013 (URUCURITIBA, 2013), cobram por uma atuação mais efetiva visto que já aprovaram a criação do Sistema Municipal de Ensino e reclamam melhores resultados no desempenho educacional (URUCURITUBA, 2014/2015). Por outro lado, supõe-se que os pretensos proprietários de escolas particulares locais não encontram diretrizes que norteiam a regularização de seus estabelecimentos de ensino, além de não ter representatividade na arena de discussão, situação esta que também exclui os pais, os grêmios estudantis e os comunitários.

Dentre esses embargos, destaca-se a falta de manifestação dos munícipes integrantes de alguns segmentos sociais em ocupar seus espaços neste colegiado ligado à cultura política e à participação como princípio da cidadania.

Outra evidência que pesa nesse contexto é a falta de conhecimento específico que induz as pessoas ao erro ou ao descaso com a problemática abordada. É possível afirmar que a soma desses fatores contribua de forma significativa para que não haja, por parte dos segmentos sociais, o desejo de se fazer representar nos órgãos colegiados e deliberativos.

Ao definir o percurso metodológico como parte integrante do Capítulo 2 deste trabalho, selecionou-se os mecanismos de investigação a fim de que a apropriação dos conhecimentos relacionados ao CME/Urucurituba oriundas dos depoimentos dos sujeitos selecionados no âmbito da pesquisa e do contexto da prática fossem somados aos achados das etapas anteriores. Para tanto, foram elaboradas entrevistas com roteiros semiestruturados como instrumento de investigação e estas foram aplicadas com direcionamento ao ex-gestor municipal de educação, conselheiros da formação inicial do colegiado, representantes do sindicato dos professores, representante da UNCME, gestores das escolas particulares e comunitários atuantes no contexto educacional através de associações de pais e comunitários (APMCs).

Com o intuito de mensurar a realidade vivenciada pelos sujeitos selecionados no âmbito da investigação, optou-se pela pesquisa qualitativa por considerar que esta vertente de pesquisa revela com maior fidelidade a realidade impressa nas falas destes atores o que se materializou como base de exploração e análise dos dados coletados.

Considerando os achados da pesquisa, o presente capítulo apresenta o detalhamento das ações articuladas com o intuito de suprimir as dificuldades na implementação do CME/Urucurituba, criando mecanismos que deem maior visibilidade a este colegiado, destacando a sua importância no contexto da educação no Município de Urucurituba e que promova seu fortalecimento através da ampliação e incentivo à participação cidadã.

Com vistas a dar maior consistência à eficácia e à operacionalização do presente Plano de Ação Educacional – PAE, buscou-se parâmetros através da ferramenta gerencial 5W2H, que embute as perguntas: What? (o que?), Why? (por que?) Where? (onde?), When? (quando?) Who? (Por quem?) How? (Como?) How Much? (quanto?), cujas respostas implicam em ações que demonstram ser capazes de equacionar os problemas detectados no âmbito desta pesquisa.

3.2 ARTICULAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS NO ÂMBITO DO SISTEMA MUNICIPAL