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Aspectos históricos da produção da exclusão/inclusão.

CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DOS PROCESSOS DE EXCLUSÃO E INCLUSÃO

3.1 Aspectos históricos da produção da exclusão/inclusão.

As terminologias exclusão/inclusão denotam complexidade abrangendo diversas concepções de, de acordo com variadas visões de homem e de mundo desenvolvidas em cada grupo ou sociedade. Para tais conceitos existem critérios, vínculo e relatividade entre os dois termos que não podem estar pressupostos na expressão do conceito. Ou seja, discutir a concepção de exclusão significa pensar em discutir a inclusão. Portanto, são dois conceitos que caminham simultaneamente, mas que em certos momentos, um apóia o outro.

Sendo assim, devemos nos preocupar com os critérios e dimensões em que a exclusão se processa e não com a definição do termo em si. Ao aparecer como um fato, a exclusão é retirada do seu conteúdo processual, sendo entendida na pessoa excluída, na conseqüência, e não na causa.

Para Santos (2006, p. 153), o processo de exclusão é questionável, pois devemos levar em consideração o contexto sócio-político e econômico no qual está inserido. Ou seja, vemos no nosso dia a-dia que existem situações que levam à exclusão, como: desempregados de longa duração, crianças de rua, desabrigados, além daqueles considerados pelas sociedades predominantemente exclusivas como alguém desprovido de reconhecimento social, como portadores de hanseníase, os doente mentais, as pessoas com deficiência, entre outras situações similares.

Diante do exposto o importante é saber que processo os levou a essa condição de vida, buscar a raiz, ou seja, estudar as condições que desencadearam a exclusão na sociedade do capital. Portanto, focalizando o contexto da exclusão evita-se uma série de erros políticos, que

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têm se tornado permanentes, não acabando com a exclusão, e sim aumentando o produto dela, os excluídos, conforme enfatiza Goffman (1988), quando diz:

[...] o pior dessa situação é que com um histórico significativo de fracasso das políticas públicas, tal panorama torna-se natural diante dos olhos da sociedade, desenvolvendo um imaginário socialmente distorcido no que diz respeito a atribuir estereótipos, rótulos e estigmas, formando julgamentos que condenam os desafortunados como se fossem responsáveis pelo próprio infortúnio (p.31).

No entanto, para sabermos quais as causas da exclusão se faz necessário nos reportar à história que, de acordo com Santos (2006, p. 153), explica que o capitalismo, nos últimos 200 anos, foi desenvolvendo e se ampliando com o reconhecimento de direitos. Esse modo de produção é um processo de avanço que, ao mesmo tempo, desperta um processo de retrocesso. Marx afirmou que a inclusão de todos no trabalho, tentando desenvolver-se a igualdade, conseguiu aumentá-la, transformando os donos do capital em indivíduos cada vez mais poderosos, ricos, concentradores de riquezas e, simultaneamente, aumentando a pobreza.

Entender a exclusão social em que algumas pessoas se encontram só é possível, ao se propor olhar o homem contextualizado historicamente, observando sua representação social. Para isso deve-se referir ao sujeito psicológico, que processa a informação sem analisar sua origem, valorizando apenas o produto final da informação recebida ( PAIXÃO, 1997).

Refletindo sobre o fenômeno social de exclusão, em que se acham envolvidas as pessoas com deficiência no Brasil, um primeiro questionamento interessa aqui, ao se articular possíveis retomadas inclusivas às quais se determina averiguar nesta dissertação: qual a crença comum desse segmento social, e mais especificamente das pessoas com deficiência, sobre a inclusão?

Ao partir da normalização como aporte de pertinência social, buscaremos exemplificar algumas idéias que norteiam a concepção acerca da pessoa com deficiência, em cada período histórico, para que se possa compreender melhor o lugar desse indivíduo com deficiência na sociedade contemporânea.

Durante a Antigüidade, os nascidos deficientes eram abandonados ao relento. Na cidade de Esparta as crianças com deficiências física ou mental eram consideradas subumanas, o que legitimava sua eliminação ou abandono, muito provavelmente em favor dos ideais morais da sociedade clássica e classista da época, na qual a eugenia e a perfeição do indivíduo eram extremamente valorizadas (PESSOTI, 1984; ARANHA, 1995; SCHWARTZMAN, 1999).

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Na Idade Média, numa visão influenciada pela Igreja, a deficiência era concebida como um fenômeno metafísico e espiritual, sendo a ela atribuído um caráter "divino" ou "demoníaco . Essa concepção, de certa forma, ao longo da história da humanidade, conduziu o modo de tratamento das pessoas deficientes. Com a influência da doutrina cristã, as pessoas com deficiência começaram a ser vistos como possuindo uma alma e, portanto, eram filhos de Deus. Dessa forma, não eram mais abandonados, mas, sim, acolhidos por instituições de caridade. Ao mesmo tempo em que imperava esse ideal cristão, as pessoas com deficiência eram consideradas como produtos da união entre a mulher e o demônio, o que justificava a queima de ambos, mãe e criança (SCHWARTZMAN, 1999).

Além dessa prática, usavam-se também outras mais "amenas" como punições, torturas e diversos tipos de maus-tratos no lidar com essas pessoas Essa era a postura da sociedade daquela época, em que a ambivalência caridade-castigo constituía a marca definitiva da atitude medieval diante da pessoa com deficiência (ARANHA, 1995).

No final do séc. XV, com a revolução burguesa e a racionalidade cientifica, houve mudanças na concepção de homem e de sociedade, o que proporcionou também uma mudança na concepção de deficiência, que passou a ter uma conotação mais direta com o sistema econômico que se propunha, sendo considerada atributo dos indivíduos não produtivos economicamente. Além disso, com o avanço da medicina, houve uma prevalência da visão organicista sobre a deficiência, sendo vista como um problema médico e não mais apenas como uma questão espiritual. Nos séculos XVII e XVIII, se ampliou às concepções a respeito da deficiência em todas as áreas do conhecimento, favorecendo diferentes atitudes frente ao problema, dentre elas a institucionalização do ensino especial.

De acordo com Bueno (1993), a educação especial surgiu nas sociedades industriais no séc. XVIII, como parte pouco significativa de um conjunto de reivindicações de acesso à riqueza produzida (material e cultural) e que desembocou na construção da democracia republicana representativa, cujo modelo expressivo foi implantado na França, pela revolução de 1789, sob as bandeiras da igualdade, liberdade e fraternidade. Dessa forma, o acesso à escola para pessoas com deficiência por meio da existência de uma escola especial nasceu como necessidade de oferta de escolarização às crianças cujas anormalidades eram consideradas prejudiciais ou impeditivas do convívio com os outros alunos normais . E esta não é uma mera diferença de ênfase na análise do percurso histórico da educação especial, mas uma diferença de fundo, demonstrativa do caráter de segregação do indivíduo anormal e dos processos exigidos pelas novas formas de organização social (BUENO, 1993, p. 37).

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No séc. XX houve uma multiplicação das visões a respeito da deficiência, com a prevalência de vários modelos explicativos: o metafísico, o médico, o educacional, o da determinação social e, mais recentemente, o sócio construtivista ou sócio-histórico que apesar da existência desses modelos, a deficiência tanto física como mental, ainda continua sendo considerada como um fenômeno que ocorre no sujeito; portanto, ele é o portador da deficiência (FERREIRA, 1993; ARANHA, 1991).

A análise histórica e crítica do conceito de deficiência proposta por Aranha (1995) rompem com as visões tradicionais e mecanicistas. A autora ressalta a importância dos ideais e pressupostos que o sistema socioeconômico capitalista possui na construção da deficiência, uma vez que esta é tratada como sendo sinônimo de improdutividade e desvio. No sistema capitalista, a produção é exigida igualmente para todos os indivíduos e aqueles que não conseguem atingir as expectativas dos detentores da produção são vistos como desviantes, estando à condição de deficiência incluída nessa categoria. Para ela, a deficiência é multideterminada por fatores que, aliados aos valores do sistema vigente na sociedade, levam à segregação e à estigmatização das pessoas com deficiência. Estes, por sua vez, são considerados incapazes e fracos, pois não se enquadram nos moldes produtivos do sistema capitalista. Portanto, a deficiência é vista como uma condição desvalorizada no contexto social da produção.

Segundo Omote (1995, p. 59), o deficiente tanto físico é uma pessoa que possui algumas limitações em suas capacidades e desempenhos; porém, há outras pessoas na sociedade que também são limitadas e que não são consideradas deficientes. Esse autor afirma que o nome deficiente refere-se a um status adquirido por essas pessoas. Então, sua preferência em utilizar o termo pessoa deficiente a utilizar o termo pessoa portadora de deficiência , pois dessa forma a deficiência torna-se uma variável estabelecida por quem está na audiência, de acordo com seus próprios padrões de normalidade.

Estigma, para os gregos, eram os sinais corporais8 com os quais se procurava evidenciar alguma coisa de extraordinário ou mau sobre o status moral de quem os apresentava (GOFFMAN, 1988, p.11).

Quando se tem alguém que não se conhece à frente, um determinado atributo que ele apresente e que permita categorizá-lo em uma espécie menos desejável, é um estigma. Um estigma aumenta a distância entre a identidade social virtual e a identidade social real de um indivíduo. Entendem-se como identidade social virtual uma identidade imputada ao indivíduo

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de acordo com o que se espera dele, com os requisitos pré-definidos que ele preencha para o convívio social. Já sua identidade social real corresponde aos atributos que o indivíduo prova possuir.

Nem todos os atributos indesejáveis são estigmatizantes, refere ainda Goffman (1988), mas apenas aqueles que são incongruentes com o estereótipo que se cria para um determinado tipo de indivíduo. Um atributo que estigmatiza alguém pode confirmar a normalidade de outro alguém. Um defeito físico pode ser escondido quando um indivíduo quer ser aceito em determinada função ou utilizado quando o indivíduo quer ser poupado de determinada função. Um estigma é, portanto, uma relação especial entre atributo e estereótipo.

Há três tipos de estigma: as abominações do corpo, as várias deformidades físicas; as culpas de caráter individual, fraquezas, homossexualismo, vícios, desemprego, alcoolismo, tentativas de suicídio, entre outros; estigmas tribais de raça, nação e religião: os transmitidos de pai para filho (GOFFMAN, 1988).

Em todos os casos, o indivíduo possui um traço que chama atenção e, por isso, outros atributos seus passam despercebidos. Ao se utilizar os termos como aleijado, retardado, bastardo, na verdade são metáforas para se dirigir a esse traço mais aparente. Na escola, freqüentemente assistimos a esse recurso metafórico para se distinguirem indivíduos normais daqueles com deficiências físicas e mentais, tratando-se estes últimos, como débeis mentais. Nessas situações, a vergonha pode surgir no indivíduo que se percebe diferente das expectativas, e a presença dos normais reforçarão a sua auto-exigência e ego, podendo surgir a autodepreciação e o auto-ódio.

Assim, refere Goffman (1988), o estigmatizado pode tentar corrigir a característica que origina o estigma, por meio de cirurgias, reabilitação física, dentre outras formas. No âmbito escolar, as salas de reforço ou salas de recursos, as atividades de reabilitação física, as inúmeras tentativas empreendidas por esses alunos com deficiência em adequarem-se a sua turma são exemplos dessas atitudes. Pode também tentar superar o estigma com o esforço para ressaltar outra característica sua, tornando-se exemplo de auto-superação.

Afirma então o autor que o estigmatizado pode romper com a realidade e (re) significar sua identidade social, encarando a deficiência como uma bênção secreta e os normais como diminuídos.

A rejeição da sociedade às pessoas com deficiência reflete a própria fragilidade social, pois tudo que é diferente e anormal chama atenção e pode causar variadas reações. A diferença é parte inerente ao conceito de deficiência e traz em si mesma a possibilidade do preconceito, uma vez que este se caracteriza pela aversão ao diferente (CROCHIK, 1997).

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Contudo, essa diferença poderia não traduzir essa forma de preconceito se ela, a diferença, fosse reconhecida como fazendo parte da essência humana. O preconceito vem sendo abordado como questão psicológica desde a década de 1920, quando começou a ser pesquisado. Apesar de se constituir como fenômeno psicológico, o que leva o indivíduo a ser preconceituoso pode ser encontrado em seu processo de socialização, o qual só pode ser entendido, novamente, ao se olhar esse indivíduo histórica e culturalmente. Os preconceitos surgem como resposta aos conflitos pela sobrevivência. Portanto, apesar de um fenômeno que se manifesta no indivíduo, a sociedade que o contém pode inibi-lo ou suscitá-lo, devendo ser observadas as duas naturezas distintas dessa realidade: a social e a individual (CROCHIK, 1997).

Entender os estigmas, preconceitos e discriminações advindas de uma sociedade eminentemente excludente, remete-nos a procurar as causas da exclusão e até tentar justificá- la através da história. Mas o fato é que, as causas serão certamente múltiplas. No entanto esse desenvolvimento tenaz da exclusão como um todo incentivou os responsáveis políticos Mas poderíamos condensar resumir tal situação em ter momentos distintos: no primeiro as que têm tradições democráticas mais antigas.

Diante do contexto abordado acerca da exclusão, faz-se necessário a partir de agora abordar O contrário, quando se O termo inclusão instiga artigos e debates em torno do seu significado social. A palavra inclusão deriva do verbo incluir, originado do latim incluire, correspondendo a inserir, introduzir, acrescentar ou abranger. Seria equivalente ao verbo incluir a frase "colocar também..

Acredita-se que o termo inclusão seja sugestivo a compreensões ou análises direcionadas a pessoa com deficiência por questões ideológicas. De acordo com Backhtin, (1992).

É preciso fazer uma análise profunda e aguda da palavra como signo social para compreender seu funcionamento como instrumento da consciência. É devido a esse papel excepcional de instrumento da consciência que a palavra funciona como elemento essencial que acompanha toda criação ideológica, seja ela qual for. É no fluxo da interação verbal que a palavra difunde significados. É através dela que se evidenciam ideologias e se consolidam interpretações, até mesmo as mais contraditórias ou precipitadas (p. 37).

A maneira de pensar de cada um é levada adiante através do convívio. O profissional mantém sua postura ideológica muitas vezes fundamentada numa premissa empírica. Tudo o que sabemos acerca do mundo dos fatos deve, pois, ser suscetível de expressão sob a forma de

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enunciados acerca de nossas experiências. Só podemos chegar à conclusão de que esta mesa é azul ou verde consultando nossa experiência sensorial. Pelo imediato sentimento de convicção que ela nos transmite, podemos distinguir o enunciado verdadeiro, aquele cujos termos estão em concordância com a experiência, do enunciado falso, aquele cujos termos não concordam com a experiência (POPPER, 2000, p. 100).

Em muitas situações há grande preocupação em incluir os "diferentes" no sistema regular de ensino, enquanto aqueles que são vistos como "normais" não são compreendidos em suas particularidades, podendo gerar um sentimento de exclusão, ocasionando, dentre outras conseqüências.

Inclusão, palavra empregada nacional e internacional; porém, se entendida como plena participação de todo o processo educacional, laboral, de lazer, dentre, torna-se cada vez mais difícil de ser vivida por muitos, dadas às rápidas transformações que afetam todas as áreas, dentro de organização social cada vez mais excludente (AURÉLIO, 2004).

O termo se refere à conduta de inserir alguém ou alguma coisa em algum lugar, que tem conotações diferentes quando adjetivado, se no social ou no educacional. Entendendo que o social abranje tudo que se relaciona ao espaço social. Os defensores da inclusão se baseiam no modelo social da deficiência. Pelo modelo social da deficiência, os problemas da pessoa com necessidades especiais não estão nela tanto quanto estão na sociedade. Assim, a sociedade é chamada a ver que ela cria problemas para as pessoas portadoras de necessidades especiais, causando-lhes incapacidade ou desvantagem no desempenho de papéis sociais em virtude de: seus ambientes restritivos; suas políticas discriminatórias e suas atitudes preconceituosas que rejeitam a minoria e todas as formas de diferenças; seus discutíveis padrões de normalidade; seus objetos e outros bens inacessíveis do ponto de vista físico; seus pré-requisitos atingíveis apenas pela maioria aparentemente homogênea; sua quase total desinformação sobre necessidades especiais e sobre direitos das pessoas que têm essas necessidades; suas práticas discriminatórias em muitos setores da atividade humana.

Cabe, portanto, à sociedade eliminar todas as barreiras físicas, programáticas e atitudinais para que as pessoas com necessidades especiais possam ter acesso aos serviços, lugares, informações e bens necessários ao seu desenvolvimento pessoal, social, educacional e profissional.

Fischinger (2000) explica que o modelo social da deficiência focaliza os ambientes e barreiras incapacitantes da sociedade e não as pessoas deficientes . O modelo social foi formulado por pessoas com deficiência e agora vem sendo aceito também por profissionais não-deficientes. Ele enfatiza os direitos humanos e a equiparação de oportunidades.

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O modelo social da deficiência diz que são as atitudes da sociedade e o nosso ambiente que necessitam mudar . E, em meados da década de 80, já se afirmava que a comunidade como um todo deveria aprender a ajustar-se às necessidades especiais de seus cidadãos com deficiência (WESTMACOTT, 1985, p. 21-22).

Para incluir todas as pessoas, a sociedade deve ser modificada a partir do entendimento de que ela é que precisa ser capaz de atender às necessidades de seus membros. O desenvolvimento por meio da educação, reabilitação e qualificação profissional das pessoas com deficiência deve ocorrer dentro do processo de inclusão e não como uns pré-requisitos para estas pessoas poderem fazer parte da sociedade, como se elas precisassem pagar "ingressos" para integrar a comunidade."

A prática da inclusão social repousa em princípios até então considerados incomuns, tais como: a aceitação das diferenças individuais, a valorização de cada pessoa, a convivência dentro da diversidade humana, a aprendizagem através da cooperação. A diversidade humana é representada, principalmente, por origem nacional, opção sexual, religião, gênero, cor, idade, raça e deficiência que é acometido.

A inclusão social é um processo que contribui para a construção de um novo tipo de sociedade através de transformações, pequenas e grandes, nos ambientes físicos como espaços internos e externos, equipamentos, aparelhos e utensílios, mobiliários e meios de transporte, nos procedimentos técnicos e na mentalidade de todas as pessoas, portanto também na da pessoa com deficiência.

Os sistemas sociais comuns em várias partes do mundo já é realidade. A prática da inclusão começou, há cerca de 10 anos. O processo de inclusão vem sendo aplicado em cada sistema social. Quanto mais sistemas comuns da sociedade adotar a inclusão, mais cedo se completará a construção de uma sociedade que realmente seja para todos, dita por sociedade inclusiva.

Para Werneck (1997, p. 21), "a sociedade para todos conscientes da diversidade da raça humana, estaria estruturada para atender às necessidades de cada cidadão, das maiorias às minorias, dos privilegiados aos marginalizados".

Assim, existe a inclusão no mercado de trabalho, na educação, no lazer e recreação, nos esportes, nos transportes etc. Quando isso acontece, podemos falar em empresa inclusiva, educação inclusiva, no lazer e recreação inclusivos, no esporte inclusivo, no transporte inclusivo e assim por diante. Uma outra forma de referência consiste em dizermos, por exemplo, educação, lazer e recreação, esportes, mercado de trabalho e transportes para todos.

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Segundo Werneck (1997), a menção do conceito sociedade inclusiva é de certa forma recente nos meios especializados em assuntos de deficiência. Ele vem sendo mencionado a partir de 1995 em traduções e textos originais em português, assim como em palestras e reuniões que tratem de estudar o desafio da implementação das vinte e duas normas de equiparação de oportunidades para pessoas com deficiência propostas pelas Nações Unidas em 1996. Ele é mais recente do que os conceitos de educação inclusiva, lazer inclusivo e empresa inclusiva, os quais começaram a ser aplicados já na década de 80 nos EUA, na Europa e em alguns outros países.

No âmbito internacional, a ONU - Organização das Nações Unidas foi provavelmente a primeira entidade a cunhar explicitamente a expressão uma sociedade para todos , pois ela está registrada na resolução 45/91 da Assembléia Geral das Nações Unidas, ocorrida em 1990. Desde então os documentos da ONU vêm relembrando constantemente a meta de uma sociedade para todos. Para tanto, foi dado ao processo de consecução da meta de uma sociedade inclusiva o prazo de cerca de 20 anos (1991-2010). E, para apoiar ações concretas