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AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES DOS

No documento MOACYR DE MATTOS JUNIOR Cel Art (páginas 31-42)

É importante entender que o ambiente de atuação do narcotráfico carioca, a favela ou comunidade, tem características especiais que facilitam sua dominação de sua população. Seus moradores reconhecem que a favela são um território privilegiado da violência. O terror perpetrado pelas facções criminosas é patente quando seus moradores se sentem seguros para falar. Em entrevista constantes da Revista Praia Vermelha, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, ao tratar do tema “Cidade e Segregação”, os moradores relatam que “os traficantes sabem de tudo que eu faço. Dentro e fora da favela.” Completam dizendo que os traficantes são bandidos e que estão a margem da sociedade, e só se pode esperar deles violência e medo. São proibido o uso de cores identificadas com facções inimigas (vermelho nas favelas dominadas pelo Terceiro Comando e branco naquelas dominadas pelo Comando Vermelho); falar o número três nas dominadas pelo CV.

Tudo isso sob o império do terror. Espancamentos e assassinatos violentam os indivíduos e lhes produz constrangimento diante do poder das organizações criminosas.

É possível enquadrar tais atitudes no art. 2º da lei em estudo, uma vez que se torna evidente a condição de terror que permanecem as comunidades subjugadas.

Outros atos impactam a sociedade carioca e seus cidadãos. Não raro, por ordem dos líderes do tráfego, ônibus são queimados. Geralmente isto ocorre a fim de retaliar a cidade diante da prisão ou morte de um ou mais membros de uma facção, ou simplesmente para atrapalhar a execução de uma operação de combate ao tráfico de drogas.

Mais uma vez o art. 2º se apresenta. O número IV, do § 1º diz que sabotar o funcionamento ou apoderar-se com violência de meio de comunicação e transporte é tipificado como terrorismo.

31 Continuando a falar dos incêndios aos meios coletivo de transporte urbano, o fato de adquirir combustível ou fabricar explosivos constitui ato terrorista. São chamados atos preparatórios e aparecem na lei em questão em seu art.5º. Diz ser crime de terrorismo realizar atos preparatórios com o propósito inequívoco de consumá-lo.

Assim, todo recursos, ativos, bens, utilizados para a atividade ilícita, direta ou indiretamente, ou serviços de qualquer natureza estão tipificados como atividade terrorista como diz o art. 6º.

É perceptível a intenção do legislador em tipificar de maneira bastante peculiar o crime de terrorismo. Desta forma, as ações do narcotráfico na cidade do Rio de Janeiro podem ser avaliadas de várias formas. Desde de uma percepção subjetiva, onde a sensação de segurança expressada pela população é a mais importante variável até a utilização de indicadores de segurança pública apresentados pelas organizações internacionais, nacionais e estaduais (www.onu-brasil.org.br, www.mj.gov.br e www.rj.gov.br/web/seseg).

O mais expressivo indicador na área de segurança pública na é o do Escritório das Nações Unidas Contra Drogas e Crime (UNODC) que atua monitorando a corrupção, crime organizado, tráfico de seres humanos, contrabando de migrantes, tráfico de armas, lavagem de dinheiro e terrorismo. Nos dois relatórios apresentados por estes escritórios em 2001 e 2005, com dados recebidos do ministério da justiça brasileiro, o quesito terrorismo não aparece computado para o Brasil. Por outro lado é evidente a ação violenta do narcotráfico, contribuindo para a insegurança da sociedade e em particular, para a população das comunidades onde estas facções criminosas atuam.

Assim, podemos pensar que, mesmo com dados de 2001 e 2005, as lei Nº 13.260/2016, no que se refere a classificação da violência do narcotráfico, tem alguma aplicabilidade.

32 5. CONCLUSÃO

A sociedade brasileira enfrenta o fenômeno da violência do narcotráfico, comum em várias outros países. Porém, a despeito de ser um crime qualificado no nosso código penal, suas ações violentas vem ultrapassando o conceito de crime comum e se aproximando do terrorismo.

O mundo acadêmico apresenta definições e conceitos para tal evento.

Utilizando os estudos de David Rapoport para a conceituação e classificação do terrorismo moderno, existe a dificuldade de enquadrar o narcotráfico brasileiro em uma das quatro ondas terrorista. Por outro lado, o Dictionnaire de l’Académie Française, diz que o terrorismo tem como características a coação e a ameaça para impor sua vontade. Nada muito diferente do que é visto nas comunidades cariocas dominadas pelos traficantes de drogas.

A legislação brasileira sobre terrorismo se inicia na década de 1920,diante da onda anarquista que assolava o mundo, principalmente a Europa, sendo o estopim da Primeira Guerra Mundial. Ela evoluiu com a nossa história, passando por Getúlio Vargas em seus dois governos e chegando a Lei de Segurança Nacional nos anos de 1980. Até a lei 13.260/2016, atual Lei Antiterrorismo, este foi o caminho trilhado por nossa legislação.

Apresenta-se então o fenômeno do narcotráfico, particularmente no Rio de Janeiro, cidade que apresenta uma divisão peculiar estabelecida pelas facções criminosas que dominam o tráfico de drogas. Comando Vermelho – CV, Amigos dos Amigos – ADA, Terceiro Comando Puro – TCP e a possível união do Primeiro Comando da Capital – PCC, vindo de São Paulo com o TCP e ADA fazendo surgir o Terceiro Comando dos Amigos 1533 – TCA1533.

Estes grupos atuam na Cidade Maravilhosa de forma violenta, a fim de manter sob controle o comércio da droga, sua fonte de lucro. As comunidades onde se instalam estas facções criminosas passam a sofrer com o ambiente dominado pelos criminosos que impõem o terror como forma de submissão. Descrever os todos os atos perpetrados por estas organizações contra suas comunidades fortalece a convicção que, de alguma forma, estas podem sim ser enquadradas nas Lei Antiterrorismo. Assassinatos, destruição de meios de transporte como retaliação, opressão por intermédio do medo, da população em sua área, subversão

33 da ordem pública, entre outros aspectos, estão presentes nos artigos da Lei 13.260/2016, inclusive os “atos preparatórios”, podem sim ser utilizados nesta interpretação da lei.

O legislador ao pensar na Lei Antiterrorismo tentou tipificar da forma mais precisa possível o terrorismo. Apesar deste cuidado, grupos de pressão, principalmente movimentos sociais, viram na lei uma ameaça e se mobilizaram pelo seu veto. Mas a pressão internacional pela sua aprovação as vésperas das Olimpíadas de Verão no Rio de Janeiro, precipitaram sua assinatura.

Apoiando-se em comparações entre atos feitos pelo terrorismo internacional e aqueles executados pelos narcotraficantes, levando em consideração apenas o terror e a subversão da ordem social, é perceptível o possível enquadramento dos grupos de traficantes de drogas nos artigos da lei que trata sobre o terrorismo no Brasil.

A legislação específica, Lei 13.343 de 23 de agosto de 2006 que instituiu o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas – Sisnad, prescreve medidas para a prevenção do uso indevido de drogas, atenção e inserção social de usuários e dependentes e estabelece normas para a repressão à produção não autorizada e ao tráfico de drogas, sem contudo tratar efetivamente da violência dos traficantes.

Talvez uma mudança de postura ao responsabilizar os envolvidos com o tráfico de drogas sob as letras da lei 13.260/2016 possa conscientizar a sociedade para o problema da dominação exercida por estas organizações criminosas nas comunidades, fazendo com que os grupos de pressão possam seu papel junto ao poder público para a resolução do problema.

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ANEXO A

Presidência da República

Casa Civil

Subchefia para Assuntos Jurídicos

LEI Nº 13.260, DE 16 DE MARÇO DE 2016.

Mensagem de veto

Regulamenta o disposto no inciso XLIII do art.

5o

da Constituição Federal, disciplinando o terrorismo, tratando de disposições investigatórias e processuais e reformulando o conceito de organização terrorista; e altera as Leis nos

7.960, de 21 de dezembro de 1989, e 12.850, de 2 de agosto de 2013.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1o Esta Lei regulamenta o disposto no inciso XLIII do art. 5o da Constituição Federal, disciplinando o terrorismo, tratando de disposições investigatórias e processuais e reformulando o conceito de organização terrorista.

Art. 2o O terrorismo consiste na prática por um ou mais indivíduos dos atos previstos neste artigo, por razões de xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião, quando cometidos com a finalidade de provocar terror social ou generalizado, expondo a perigo pessoa, patrimônio, a paz pública ou a incolumidade pública.

38 servindo-se de mecanismos cibernéticos, do controle total ou parcial, ainda que de modo temporário, de meio de comunicação ou de transporte, de portos, aeroportos, estações ferroviárias ou rodoviárias, hospitais, casas de saúde, escolas, estádios esportivos, instalações públicas ou locais onde funcionem serviços públicos essenciais, instalações de geração ou transmissão de energia, instalações militares, instalações de exploração, refino e processamento de petróleo e gás e instituições bancárias e sua rede de atendimento;

V - atentar contra a vida ou a integridade física de pessoa:

Pena - reclusão, de doze a trinta anos, além das sanções correspondentes à ameaça ou à violência.

§ 2o O disposto neste artigo não se aplica à conduta individual ou coletiva de pessoas em manifestações políticas, movimentos sociais, sindicais, religiosos, de classe ou de categoria profissional, direcionados por propósitos sociais ou reivindicatórios, visando a contestar, criticar, protestar ou apoiar, com o objetivo de defender direitos, garantias e liberdades constitucionais, sem prejuízo da tipificação penal contida em lei.

Art. 3o Promover, constituir, integrar ou prestar auxílio, pessoalmente ou por interposta pessoa, a organização terrorista:

Pena - reclusão, de cinco a oito anos, e multa.

§ 1o (VETADO).

§ 2o (VETADO).

Art. 4o (VETADO).

Art. 5o Realizar atos preparatórios de terrorismo com o propósito inequívoco de consumar tal delito:

Pena - a correspondente ao delito consumado, diminuída de um quarto até a metade.

§ lo Incorre nas mesmas penas o agente que, com o propósito de praticar atos de terrorismo:

I - recrutar, organizar, transportar ou municiar indivíduos que viajem para país distinto daquele de sua residência ou nacionalidade; ou

39

II - fornecer ou receber treinamento em país distinto daquele de sua residência ou nacionalidade.

§ 2o Nas hipóteses do § 1o

, quando a conduta não envolver treinamento ou viagem para país distinto daquele de sua residência ou nacionalidade, a pena será a correspondente ao delito consumado, diminuída de metade a dois terços.

Art. 6o Receber, prover, oferecer, obter, guardar, manter em depósito, solicitar, investir, de qualquer modo, direta ou indiretamente, recursos, ativos, bens, direitos, valores ou serviços de qualquer natureza, para o planejamento, a preparação ou a execução dos crimes previstos nesta Lei:

Pena - reclusão, de quinze a trinta anos.

Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem oferecer ou receber, obtiver, guardar, mantiver em depósito, solicitar, investir ou de qualquer modo contribuir para a obtenção de ativo, bem ou recurso financeiro, com a finalidade de financiar, total ou parcialmente, pessoa, grupo de pessoas, associação, entidade, organização criminosa que tenha como atividade principal ou secundária, mesmo em caráter eventual, a prática dos crimes previstos nesta Lei.

Art. 7o Salvo quando for elementar da prática de qualquer crime previsto nesta Lei, se de algum deles resultar lesão corporal grave, aumenta-se a pena de um terço, se resultar morte, praticados contra o interesse da União, cabendo à Polícia Federal a investigação criminal, em sede de inquérito policial, e à Justiça Federal o seu processamento e julgamento, nos termos do inciso IV do art. 109 da Constituição Federal.

Parágrafo único. (VETADO).

Art. 12. O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação do delegado de polícia, ouvido o Ministério Público em vinte e quatro horas, havendo indícios suficientes de crime previsto nesta Lei, poderá decretar, no curso da investigação ou da ação penal, medidas assecuratórias de bens, direitos ou valores do investigado ou acusado, ou existentes em nome de interpostas pessoas, que sejam instrumento, produto ou proveito dos crimes previstos nesta Lei.

§ 1o Proceder-se-á à alienação antecipada para preservação do valor dos bens sempre que estiverem sujeitos a qualquer grau de deterioração ou depreciação, ou quando houver dificuldade para sua manutenção.

40

§ 2o O juiz determinará a liberação, total ou parcial, dos bens, direitos e valores quando comprovada a licitude de sua origem e destinação, mantendo-se a constrição dos bens, direitos e valores necessários e suficientes à reparação dos danos e ao pagamento de prestações pecuniárias, multas e custas decorrentes da infração penal.

§ 3o Nenhum pedido de liberação será conhecido sem o comparecimento pessoal do acusado ou de interposta pessoa a que se refere o caput deste artigo, podendo o juiz determinar a prática de atos necessários à conservação de bens, direitos ou valores, sem prejuízo do disposto no § 1o

.

§ 4o Poderão ser decretadas medidas assecuratórias sobre bens, direitos ou valores para reparação do dano decorrente da infração penal antecedente ou da prevista nesta Lei ou para pagamento de prestação pecuniária, multa e custas.

Art. 13. Quando as circunstâncias o aconselharem, o juiz, ouvido o Ministério Público, nomeará pessoa física ou jurídica qualificada para a administração dos bens, direitos ou valores sujeitos a medidas assecuratórias, mediante termo de compromisso.

Art. 14. A pessoa responsável pela administração dos bens:

I - fará jus a uma remuneração, fixada pelo juiz, que será satisfeita preferencialmente com o produto dos bens objeto da administração;

II - prestará, por determinação judicial, informações periódicas da situação dos bens sob sua administração, bem como explicações e detalhamentos sobre investimentos e reinvestimentos realizados.

Parágrafo único. Os atos relativos à administração dos bens serão levados ao conhecimento do Ministério Público, que requererá o que entender cabível.

Art. 15. O juiz determinará, na hipótese de existência de tratado ou convenção internacional e por solicitação de autoridade estrangeira competente, medidas assecuratórias sobre bens, direitos ou valores oriundos de crimes descritos nesta Lei praticados no estrangeiro.

§ 1o Aplica-se o disposto neste artigo, independentemente de tratado ou convenção internacional, quando houver reciprocidade do governo do país da autoridade solicitante.

§ 2o Na falta de tratado ou convenção, os bens, direitos ou valores sujeitos a medidas assecuratórias por solicitação de autoridade estrangeira competente ou os recursos provenientes da sua alienação serão repartidos entre o Estado requerente e o Brasil, na proporção de metade, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé.

Art. 16. Aplicam-se as disposições da Lei nº 12.850, de 2 agosto de 2013, para a investigação, processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei.

Art. 17. Aplicam-se as disposições da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990, aos crimes previstos nesta Lei.

Art. 18. O inciso III do art. 1o da Lei no 7.960, de 21 de dezembro de 1989, passa a vigorar acrescido da seguinte alínea p:

41

Art. l o

...

...

III - ...

...

p) crimes previstos na Lei de Terrorismo.” (NR)

Art. 19. O art. 1o da Lei n 12.850, de 2 de agosto de 2013, passa a vigorar com a seguinteo alteração:

Art. 1 o

...

...

§ 2o ...

...

II - às organizações terroristas, entendidas como aquelas voltadas para a prática dos atos de terrorismo legalmente definidos.” (NR)

Art. 20. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 16 de março de 2016; 195o da Independência e 128o

da República.

DILMA ROUSSEFF

Wellington César Lima e Silva Nelson Barbosa

Nilma Lino Gomes

Este texto não substitui o publicado no DOU de 17.3.2016 - Edição extra e retificada em 18.3.2016

No documento MOACYR DE MATTOS JUNIOR Cel Art (páginas 31-42)

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