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Avaliação de websites de câmaras municipais mundiais

Uma análise relacionada com a utilização do e-mail levaria mais tempo a ser feita, uma vez que seria necessário o contacto com pessoas externas à elaboração da investigação, e poderia levar a um atraso devido ao tempo de resposta dos e-mails enviados. Foi decidido que durante o projeto de dissertação apenas se iria analisar a autenticação.

De forma a compreender melhor a situação das câmaras municipais portuguesas em relação à sua presença na internet, foi analisado o documento “Digital Governance in Municipalities Worldwide”, onde se retira o ranking desenvolvido, que apresenta os vinte websites que se destacam a nível de E-Government em todo o mundo (Holzer e Kim, 2005, p. 5). Será feita uma análise destes websites de forma a compreender se a implementação de uma área reservada é ou não relevante para a determinação da posição final no ranking.

3.5.1. Pesquisa

Nota: A recolha de informações retiradas dos websites poderá ter algum erro, considerando que existem alguns dados que não foram encontrados, mas poderá ser porque realmente não existe a informação no website, ou porque não é de fácil acesso e compreensão. O tempo despendido em cada um dos websites foi a média do tempo que um utilizador normal precisa para encontrar algo que realmente necessita, sendo que o utilizador não tem culpa de estar a utilizar um website que não facilite a sua navegação.

Na Tabela 7 estão presentes alguns critérios apontados como os mais relevantes para a avaliação dos vinte websites apontados por Holzer e Kim (2005) em “Digital Governance in Municipalities Worldwide”. Estes critérios foram pensados com base na pesquisa feita na secção da Autenticação presente na Revisão de literatura. Não é apenas abordada a questão da autenticação, estando também a ser analisados alguns critérios que se consideram importantes para ter uma boa navegação no website.

A lista seguinte demonstra quais os critérios utilizados, e qual a escala que cada um utiliza. • Registo

o Sim - 1: é permitido que qualquer cidadão se autentique no website;

o Não - 0: não existe área reservada ou existe área reservada apenas para os responsáveis da organização e do sistema.

• Segurança

o 2: no processo de autenticação são pedidos dados fundamentais para a utilização das funcionalidades do website;

o 1: no processo de autenticação são pedidos dados que não são fundamentais para a utilização das funcionalidades do website;

o 0: não foi possível proceder ao processo de autenticação, mesmo que este seja permitido a residentes do país.

• Acessibilidade

o 1: é permitido que utilizadores com capacidades diferentes consigam utilizar o website com naturalidade (exemplos: um daltónico ser capaz de alterar o esquema das cores ou um cego conseguir utilizar o website através de som); o 0: não existe qualquer tipo de funcionalidade extra que ajude cidadãos com

incapacidades a navegar com facilidade no website.

• Usabilidade

o 2: foi necessário menos de um minuto para encontrar o que se procurava; o 1: foi necessário mais de um minuto para encontrar o que se procurava; o 0: não foi possível encontrar o que se procurava.

• Compreensão

o 2: existe a possibilidade de alterar a linguagem e é fácil compreender a informação partilhada, sendo esta considerada útil;

o 1: existe a possibilidade de alterar a linguagem e não é fácil compreender a informação partilhada;

o 0: não existe a possibilidade de alterar a linguagem.

• Responsividade: dispositivos (1)

o 2: é possível aceder ao website utilizando mais de dois tipos de dispositivos; o 1: é possível aceder ao website utilizando dois tipos de dispositivos;

• Responsividade: browser (2)

o 2: é possível aceder ao website utilizando mais de dois browsers; o 1: é possível aceder ao website utilizando dois browsers;

o 0: não é possível aceder ao website utilizando mais do que um browser.

Tabela 7 – Avaliação das vinte melhores cidades em governação digital mundialmente - 2015-2016

nº Cidade Registo Segura

nça Ace ss ibilida de Us abilida de Co m preen sã o Res po ns ivi da de Avali açã o fin al 1 2 20% 20% 10% 20% 10% 10% 10% 100% 1 Seoul 1 2 0 2 2 2 2 1.6 2 Helsinki 1 0 1 2 2 1 2 1.2 3 Madrid 0 0 0 0 0 2 1 0.3 4 Hong Kong 1 2 0 2 2 2 2 1.6 5 Prague 0 0 0 2 2 2 1 0.9 6 Tallinn 0 0 1 1 1 2 2 0.8 7 New York 0 0 0 1 1 2 2 0.7 8 Bratislava 0 0 0 2 2 2 2 1.0 9 Yerevan 0 0 0 1 1 2 2 0.7 10 Vilnius 0 0 0 1 1 2 2 0.7 11 Buenos Aires 0 0 1 0 0 2 2 0.5 12 Tokyo 0 0 1 1 1 2 2 0.8 13 Singapore 0 0 1 2 2 2 2 1.1 14 Moscow 0 0 0 0 0 2 2 0.4 15 Oslo 0 0 1 2 1 1 2 0.9 16 Amsterdam 0 0 0 2 2 2 2 1.0 17 Auckland 0 0 0 2 2 2 2 1.0 18 London 0 0 0 1 2 2 2 0.8 19 Lisbon 0 0 0 2 2 2 2 1.0 20 Sydney 1 2 0 2 2 2 1 1.5

3.5.2. Análise crítica

O objetivo deste estudo foca-se na análise das áreas reservadas dos websites das câmaras municipais presentes na lista das vinte cidades mais bem classificadas em E-Governance partilhada em “Digital Governance in Municipalities Worldwide”. Tendo por base os critérios analisados e os resultados obtidos, é possível fazer o seguinte ranking da lista dos vinte melhores classificados.

Tabela 8 – Lista final da avaliação das vinte melhores cidades em governação digital mundialmente - 2015-2016 Cidade Classificação

final Posição inicial

1 Seoul 1.6 1 2 Hong Kong 1.6 4 3 Sydney 1.5 20 4 Helsinki 1.2 2 5 Singapore 1.1 13 6 Bratislava 1.0 8 7 Amsterdam 1.0 16 8 Auckland 1.0 17 9 Lisbon 1.0 19 10 Prague 0.9 5 11 Oslo 0.9 15 12 Tallinn 0.8 6 13 Tokyo 0.8 12 14 London 0.8 18 15 New York 0.7 7 16 Yerevan 0.7 9 17 Vilnius 0.7 10 18 Buenos Aires 0.5 11 19 Moscow 0.4 14 20 Madrid 0.3 3

Após ser feita a contabilização na Tabela 7, concluiu-se que alguns dos websites têm classificações iguais. Para poder distribuir os websites pelas vinte posições, foi atribuída a melhor posição à cidade que anteriormente estava melhor classificada. Por exemplo, Seoul e Hong Kong têm a

mesma classificação, mas foi atribuída a primeira posição a Seoul sendo que anteriormente estava em primeiro, e Hong Kong estava em quarto.

Tendo em conta que a única informação retirada do documento “Digital Governance in Municipalities Worldwide” foi a lista referida anteriormente, pode concluir-se que a implementação de um sistema de autenticação não é um critério forte na determinação do lugar na classificação final. Retira-se esta conclusão, não só dos resultados apresentados na Tabela 8, mas também do número total de websites com áreas reservadas. Dos vinte websites, apenas quatro têm área reservada acessível aos cidadãos (Seoul, Helsinki, Hong Kong e Sydney), mas apenas foi possível analisar três dessas áreas reservadas (Seoul, Hong Kong e Sydney), sendo que no website de Helsinki apenas era permitido o acesso a residentes no país. Nos três registos feitos, os dados pedidos foram pertinentes, não tendo nada a acrescentar, e concluindo assim que apenas 20% (4) dos websites apresentam área reservada. Este resultado é alarmante, porque se conclui que as restantes dezasseis câmaras municipais não têm noção da facilidade que é para um cidadão proceder a uma autenticação e realizar online todas ou algumas das tarefas que teria de fazer presencialmente.

Aspetos a melhorar nos websites das câmaras municipais:

1. Ter uma área reservada onde os seus cidadãos tenham acesso aos seus dados e seja possível submeter formulários que por vezes os obriga a deslocarem-se à câmara municipal para se poder entregar;

2. No momento do registo no website apenas devem ser pedidos dados necessários para a identificação do cidadão. Ao requisitar dados que o cidadão considere desnecessários, poderá levar à desconfiança da credibilidade do website;

3. O acesso à área reservada é um aspeto importante mas, ao mesmo tempo deve ser fácil, sendo que nem todos os utilizadores estão habituados às novas tecnologias e nem sempre conseguem encontrar o link de acesso com a mesma facilidade.

Uma vez que a autenticação não foi um aspeto muito focado pelo “Digital Governance in Municipalities Worldwide” para a determinação do ranking final, será interessante analisar alguns dos restantes critérios apontados na pesquisa.

É bastante preocupante concluir que apenas 30% (6) dos websites se preocupam que utilizadores com capacidades diferentes consigam utilizar o website com naturalidade (Helsinki, Tallinn,

Buenos Aires, Tokyo, Singapore e Oslo). Estes websites criaram funcionalidades, por exemplo, que ajudavam pessoas com problemas de visão elevados, ou até mesmo cegas e daltónicas.

A tradução do website, no mínimo para a língua inglesa, parece simples e comum mas, depois da pesquisa feita, concluiu-se que três dos websites analisados (Madrid, Buenos Aires e Moscow) têm o seu website na sua língua materna, impedindo a sua leitura a pessoas estrangeiras.

É curioso referir que no website da câmara municipal de Vilnius é possível que utilizadores com capacidades diferentes utilizem o website, assim como é possível proceder ao login. Mas ambas as funcionalidades apenas funcionam se o utilizador estiver na língua materna. Neste caso, o website foi analisado utilizando a língua inglesa, tendo estas funcionalidades inativas, considerando-se então na análise que estes pontos não eram visíveis no website. À semelhança de Vilnius, nos websites de Buenos Aires e de Madrid também existe área reservada, mas não se contabiliza este dado durante o estudo, visto que se assume que o estudo é feito em português ou em inglês, impedindo assim que se consigam compreender as informações partilhadas. É importante referir que na responsividade do tipo 1 (dispositivos) foram utilizados um computador, um smartphone e um tablet. Na responsividade do tipo 2 (browser) foram analisados apenas três tipos de browsers, tendo sido escolhidos o Internet Explorer, Google Chrome e o Mozilla Firefox.