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2.3 ANÁLISE DOS DADOS QUALITATIVOS E QUANTITATIVOS

2.3.2 Avaliação dos Eixos do PAS pelos profissionais de educação dos

2.3.2.2 Avaliação do Eixo Gerenciamento de Dados

Nesta seção, traremos a análise dos dados coletados das afirmativas 3 a 11 do questionário aplicado e que versaram sobre gerenciamento de alguns dos Indicadores de Sucesso: Para Casa, Faltas do Professor e do Aluno e acompanhamento de leitura e de escrita (Língua Portuguesa). Desta vez, recorreremos a uma outra tabela, a 14.

Tabela 14- Resposta do questionário referente ao Eixo Gerenciamento de Dados

PROFESSORES COM MENOS DE CINCO ANOS NO PAS (19) PROFESSORES COM MAIS DE CINCO ANOS NO PAS (22) PROGRAMA ALFABETIZAR COM SUCESSO 1 2 3 4 1 2 3 4 3 O monitoramento do Programa Alfabetizar com

Sucesso contribui para a prática pedagógica do professor.

2 7 10 1 5 14 2 4. O monitoramento do Para Casa é um Indicador

de Sucesso importante para a prática pedagógica. 4 5 3 6 3 17 2 5. O cumprimento da meta do Para Casa depende

só do acompanhamento do professor. 16 3 15 4 3 6. O cumprimento da meta do Para Casa depende

só do aluno. 16 1 1 1 13 7 2

7. O cumprimento da meta do Para Casa depende

só da família. 6 10 1 2 11 6 4 1

8. O monitoramento dos Livros Lidos é um Indicador

de Sucesso importante para a prática pedagógica. 1 12 6 1 1 15 5 9. O monitoramento das Faltas dos Alunos é um

Indicador de Sucesso importante para a prática pedagógica.

2 3 10 4 3 3 8 8 10. O monitoramento das Faltas do Professor é um

Indicador de Sucesso importante para a prática pedagógica.

5 3 6 5 1 4 7 10 11. A ficha de leitura, escrita e produção é indicador

de Sucesso importante para a prática pedagógica. 1 6 7 5 3 15 4 Fonte: Elaboração própria tendo como base dados da pesquisa.

Ao analisar a afirmativa 3, vinte e quatro professoras respondentes do questionário disseram que mais concordam que discordam, duas disseram que concordam fortemente que o monitoramento do PAS contribui para a prática pedagógica do professor. A entrevistada 8, ao explanar sobre as dificuldades do PAS, enfatizou o excesso de documentação “[...] a questão da documentação. [...] Até hoje é taxada como empecilho para os professores, eles acham que é muito papel [...] acompanhamento mensal, da caderneta

(E8)”. Em relação à afirmativa 4, referente ao monitoramento do Para Casa, 28 das 41 professoras respondentes do questionário concordaram que é um importante Indicador de Sucesso para a prática pedagógica. Desse total, vinte mais concordaram do que discordaram, oito concordaram fortemente. Ainda sobre esse Indicador de Sucesso (afirmativas 5, 6 e 7), 31 discordaram fortemente de que o cumprimento da meta do Para Casa (meta de 98% de atividades da tarefa de casa realizada) depende só do acompanhamento do professor; 29 discordam fortemente de que depende só do aluno; dezessete discordaram fortemente de que depende só do acompanhamento da família.

Quanto ao Indicador de Sucesso Livros Lidos (afirmativa 8), o resultado apresenta uma reflexão muito importante: a leitura de paradidáticos parece não ser de extrema importância ou não é bem compreendido. Apesar de 27 das professoras mais concordarem que discordarem de que o monitoramento de livros lidos é um Indicador de Sucesso importante para a prática pedagógica, só onze concordam fortemente. Nesse Indicador de Sucesso, cada aluno tem de ler de 3 a 4 livros paradidáticos ao mês. A leitura de paradidáticos para o PAS é uma das tarefas educativas mais importantes que o professor deve planejar para estimular a leitura. A entrevistada 7, ao falar sobre mudanças que o PAS tinha proporcionado à educação de Condado, referiu-se à importância do Indicador Livros Lidos. Segundo a E7,

Com o PAS os alunos passaram a ler mais. Com a roda de leitura, hora do leitor, os alunos criaram o hábito de levar livros para casa e passaram a ler mais. Mudou o perfil do aluno e do professor. O aluno passou a participar mais na oralidade, argumentar, falar. O professor passou a trabalhar com projetos. (E7).

Outros Indicadores de Sucesso avaliados no Eixo Gerenciamento de Dados foram Faltas dos Alunos e Faltas dos Professores (a meta é só 2% de falta). Em ambos, houve aprovação das professoras quanto à importância desse Indicador para a prática pedagógica, contudo, em relação a Faltas dos Alunos, dezoito mais concordaram que discordaram, doze concordaram fortemente (afirmativa 9). Já em relação à Falta dos professores (afirmativa 10), treze mais concordaram que discordaram e quinze concordaram fortemente.

A ficha de leitura, escrita e produção foi a última afirmativa avaliada do Eixo Gerenciamento de Dados (afirmativa 11). Para 22 professoras, há

concordância mais que discordância de que é um Indicador de Sucesso importante para a prática pedagógica. O grupo que concorda fortemente representa nove pessoas. Nessa ficha, o professor preenche mensalmente a avaliação que faz do aluno quanto à oralidade, a escrita e a produção de texto, consolidando, assim, o acompanhamento do componente curricular Língua Portuguesa. A realidade apresentada com esse monitoramento serve para o professor planejar as aulas de Língua Portuguesa e dos demais componentes. Ao lembrar-se do momento em que entrou em contato com a metodologia do Programa, a entrevistada 1 disse que

A metodologia eu gostei, minhas colegas reclamavam muito, mas eu gostei. A gente tem em mãos a vida do aluno. Você sabe quem lê, quem não lê, quem está silabando, quem está lendo com fluência. Os alunos melhoraram muito nas produções de texto. Podia trabalhar individual, trabalhar quem não lia, aquele que estava silabando e aquele que estava lendo com fluência. (E1)

A metodologia a que se refere a entrevistada E1 diz respeito à concepção de ensino que o PAS defende: alfabetização em contexto de letramento e trabalho com gêneros discursivos. Baseado nos estudos de Emília Ferreiro e seus seguidores, que, no final da década de 1970, passaram a ser um grande marco na história da alfabetização no Brasil, o PAS concebe que o ensino dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental esteja pautado para a formação do aluno leitor e produtor de texto com função social determinada.

Para muitos professores, a mudança de concepção tradicional do ensino de alfabetização que trata a escrita alfabética como um código, para o ensino pautado na proposta do PAS, ou seja, “[...] na inserção no mundo da escrita através de atividades diárias de leitura e escrita de textos que motivem o aluno ingressar no mundo letrado, explorando a linguagem dos livros” (MORAES, 2006, p. 81) é uma mudança que inquieta os professores.

Soares (2004) explica que, no Brasil, a noção de letramento esteve sempre associada ao conceito de alfabetização. Entretanto, tem havido, com a fusão dos dois processos, a prevalência do conceito de letramento, o que pode ter provocado as “reclamações das colegas professoras” a que se refere à E1. Segundo Soares (2004, p.14),

Dissociar alfabetização e letramento é um equívoco porque, no quadro das atuais concepções psicológicas, linguísticas e psicolinguísticas de leitura e escrita, a entrada da criança (e também do adulto analfabeto) no mundo da escrita ocorre simultaneamente por esses dois processos: pela aquisição do sistema convencional de escrita – a alfabetização – e pelo desenvolvimento de habilidades de uso desse sistema em atividades de leitura e escrita, nas práticas sociais que envolvem a língua escrita – o letramento. Não são processos independentes, mas interdependentes, e indissociáveis: a alfabetização desenvolve-se no contexto de e por meio de práticas sociais de leitura e de escrita, isto é, através de atividades de letramento, e este, por sua vez, só se pode desenvolver no contexto da e por meio da aprendizagem das relações fonema–grafema, isto é, em dependência da alfabetização.

Chegando ao fim da análise dos dados do Eixo Gerenciamento de Dados, constatamos que as professoras com mais tempo de atuação no PAS aprovam e compreendem melhor que as professoras com menos de cinco anos de atuação no Programa. Foi assim nos Indicadores de Sucesso Para Casa, Falta dos Professores, Ficha de Leitura, Escrita e Produção e contribuição do monitoramento.