-TRANSPORTES
"Agenesisdas estradasdeferronoBrasilé quasiamesma que adasestradasamericanas:a antarompiatrilho den-trodomato, oíndio,emseuencalço abria a picada; o por-tuguês,com seuscargueiros,alargáva-a; de raroem raro
umcarrodeboi seguiaocolonoeabria,comsuasrodas cortantes, colossais,doissulcosparalelos aquechamavam
"caminho"; maistardeoprogresso estendeu suasfitasde aço,aolongodos principaiscaminhose,finalmente,no sé-culo XX, o automóvel fezsurgiralgumasestradasdignas destenome"
—
ROY NASH,—
AConquistadoBrasil.Á
históriaeconômicade cada povo temmuitode expres-sivo. Revela, nas suas peculiaridades, sobretudo, os fatores desua ascendência e oferece, por issomesmo, múltiplos as-pectosqueofazemdistinguirem
sua evolução.Quanto aoBrasil,a suahistóriaeconômica nosoferece, a cada passo,os mais variados elementosque estabelecem
—
25asdiferentesetapasdoseudesenvolvimento,dealtoreflexo
em
suaevoluçãopolítica.Desdeo entusiasmodeDeroVaz Caminha, aodescrever a terra descoberta, diantedaquelabaía,onde asnaus an-coraram, "tãograndee tão formosa e tão segura,que
podem
jazer dentra nela maisde duzentosnavios"... a vislumbrar, o primeiro marco do desenvolvimento da terra encontrada, fixado no comérciomarítimo,atéaoprogresso dotransporte aéreo,cuja acentuadaevolução tantotem refletidono nosso desenvolvimento econômico, iremos encontrar, pois, diferen-tesetapasdenossaevoluçãoeconômica.
Estuda aeconomia o processo que relaciona os indiví-duos na sua atividade criadora dos bens eserviços necessá-rios à viçla humana, através da produção, e como social-mente serealiza adistribuição dasutilidades entreos com-ponentesdogruppsocial pela circulaçãoeconsumo.
Para melhor observarmosoreflexodacirculaçãono ter-ritóriobrasileirodesdea descoberta, o estudo dostransportes, nasdiferentesetapasde nossaevolução econômica, poderia enquadrar-se no seguinte esquema:
fMatéria prima fProdução {Trabalho
lCapital Economia -j
Circulação
^Consumo
Quem
querqueapreciea nossaformaçãohistórica, há-26—
de; porcerto, reconhecer asdiversasetapas porque passou a nossaterra,atravésdasvárias faseseconômicasque refle-tem aspeculiaridadesmaisevidentesda produçãobrasileira.
Inicialmente,éaeconomia de"PauBrasil", constituindo oprimeiroensaio. Existindo
em
estadonativo,naterra des-coberta a sua extraçãonãoexigiaa aplicaçãode capital.Absorvido como estava Portugal nos problemas para a fundaçãodoimpériodasíndias ,deinício,tornou-seaterra descoberta, porassim dizer,esquecidada açãooficial, levan-doaqueemprêsasparticulareseaventureirosdevárias na-ções procurassem tirar proveitos das riquezas naturais
fácil-menteexploráveis.Eisporqueconstituiu o PauBrasilo maior comércio, cujo produtosetornou de grande valor nos mer-cados da Europa precisamente pelo real interesse que, na época,representavamasplantas eas substânciastintoriais.
Tala repercussãodocomérciodoPau Brasilque impor-tou
em
sériasprovidências da parte de D.Manoel conside-rando, delogo, a sua exploração monopólio daCorôa.O
seu nome, pelo uso contínuoentreos comerciantes, levou a que, pouco a pouco,se fosseesquecendo a antiga denomi-nação daterra descoberta,para adotar-seonome de Brasil,
comoprotestodohistoriógrafoBarrosparaquemfoia "mu-dançainspirada pelo demônio,poisavil madeiraquetinge opano devermelhonãovaleo sanguevertidopara a nossa salvação".
A
história registraas diversasetapasda evolução polí-ticaeadministrativa da terradescoberta, paracujaimplan-—
27raçãotantas lutastravou o govêrno português, para a fixa-ção doseudomínio.
Era precisamente êsteproduto do então economia das terrasdoBrasilqueiriadeterminar as maissériasprovidências de partedo govêrno português ante as constantes incursões deespeculadoresdetôda natureza edevárias nacionalida-des, principalmente francêses, que organizavam serviços de tráfico permanente,animadospelo abandono
em
quese en-contravaa imensacosta."A política seguida por D. João III, escreveu Roberto Simonsen, dediplomacia, suborno e violência,com respeito àsincursõesfrancêsas àscostas brasileiras,pareceu perigosa a Mestre Diogode Gouvêa, que,
em
cartasaEl-Rei, aconse-lhava: "Seteaoito povoações seriam bastantes para defen-deraterraque não vendamoBrasila ninguémenão o ven-dendoasnausnão hão dequereraliirpara voltaremvazias".Estavam
em
jôgoem
taloportunidadeafôrçada nave-gação portuguêsa eo prestígio do seu império colonial e isso exigia providência e decisõesdas cortes portuguêsas.Assim ocorreuoestabelecimentodas capitanias donatárias.
EraaeconomiadoPauBrasilafixarnormas deconduta para aimplantação dodomínio português nasterras desco-bertas.
Enquanto isso,oespaçodecirculaçãoera ooceano.
Surge,
em
seguida,aecohomia doaçúcar,cujos efeitos ahistória registracomparticulardestaque.28
—
Oraéaexpansãoterritorialque,atravésdaexploração doaçúcar, importou
em
maior conhecimento do interior da terradescoberta;ora éa projeçãodacolônianomundo, ain-damaispronunciadaqueaotempo da economia doPau Bra-sil, despertando a cobiça de ambicionados elementos que,em
determinada época, chegaram a implantarum
govêrno colonialem
terrasdo Brasil;ora oaumentoconsiderávelda população, arespeitodo que RobertoSimonsen nosfalacom muitapropriedade:"foino impériodoaçúcarquePortugal se apoiounoséculo XVII, constituindoa baseeconômicada im-plantaçãodoeuropeu noBrasil”.Jánesta faseda economia doaçúcar novos aspectos
sur-gem
relativamente àcirculação."Emtal período,a civilizaçãose alargou paraosul e norte,acompanhando sempreafímbria costeira; para o inte-rioresbarrariacomazona semi-árida dosertãonordestino"
(CaioPradoJunior), istoporque eramos"engenhos movidos poráguaeporbois,servidosporcarrosebarcos; situadosà beira mar, ou a beira rio, mais afastados,não muito, por-queas dificuldadesde comunicações só permitiram arcosde limitados raios"(CapistranodeAbreu, na Introdução aos "Diá-logosdasGrandezas do Brasil",deBrandonio).
Pela localização, pois,detaisengenhos,quetanto trou-xeram, pela sua produção, maior incremento àterrae maior expansão quanto à sua exploração, operou-se a circulação atravésdas comunicações dosriose dasviasdeacesso cria-das pelo carro deboi constituindo os célebres"caminhos'.
—
29"A condução da cana,diz-nos Antonil, por terrafaz-se noscarros, e para
bem
cada fazenda há-deterdois,-e,se fôrgrande, ainda mais. Pormar vemnas barcas semvela, com quatrovaras, queservemem
lugarderemos nas mãos deoutros tantos marinheiros,e oarraes,quevaiao leme,e para issohá mistérduas barcas capazes,como asquecha-mam
rodeiras.O
lavradortemobrigaçãodecortaracana e dea conduzir à suacustaatéaoponto,ondeo barcodo se-nhor a recebe, elevadegraça atéamoendapor mar: pon-do-a nodito barco os escravosdo lavrador, earrumando-a no barco os marinheiros.Mas
se fôr engenho pela terra a dentro, tôda a condução por terra até a moenda cor-repor contado dono da cana, querseja livrementedada, quer obrigada ao engenho. Conduzir acana porterraem
tempodtechuvas e lamas, é querer matar muitosbois, parti-cularmentesevieramdeoutra partemagros, efracos, extra-nhandoo pastonovo e o trabalho.O
quemuito maisse há deadvertir na condução das caixas, como se diráem
seu lugar. Por issoosbois que vêmdo sertãocansados, e mal-tratadosno caminho, parabem
nãosehão de pôrnocarro, senão depoisdeestarem pelomenosum
anoe meio no pasto novo, edeseacostumarem poucoapouco notrabalho mais leve, começando pelo tempo de verão, e não de inverno, deoutra sorte,sucederáver, começandopelotempo de ve-rão,enão de inverno,deoque se viuem um
dêstesanos passadosem
que morreram sóem um
engenhoduzentos e onze bois, parte nas lamas/parte na moenda, parte nos pastos".30
—
Com
estaexposição,Antonil nos ofereceoníveleosis-temadacirculaçãonesta faseda economia doaçúcar a qual nãodeixoudecontribuirparaqueaCorôaPortuguêsaviesse buscar
em
terrasdoBrasil os"seus principais proventos",na palavra de Simonsen, riqueza que, porduzentos anos, iria proporcionar saldos à Metrópole portuguêsa.Da economia doaçúcar,âeconomia doouro.
Aos portuguêses colonizadoresnunca os metais precio-sosdeixaramdepreocupardesde oiníciodacolonização.As notíciasdasgrandes descobertas castelhanas noMéxico eno Perucriavamna imaginação sonhosderiquezas.Somenteno final doséculo XVIIé quesurgiram asprimeirasdescobertas positivasdeouro
em
terrasdas minasgerais. Desseperíodoem
diante surgeuma
nova era. Entretanto,oouro,pelo seu vulto epela sua importância,veio exigir, para a Metrópole, aimplantaçãodesistemasdecontrolesfiscais,quese altera-vam àmedida que os mineradores criavam modalidadesde dissimulaçãoparafugirà declaraçãodomontanteda produ-ção;depois surgiram asCasasdeFundição,ondedeveriaser fundidotodo o ouro extraídoe,depois deduzido oquintoe reduzido ã barrasmarcadas com oseloreal,era devolvido aoproprietário.Quais os efeitos decorrentes do período da economia doOuro?
A
atraçãodoouro importou no afluxoda popula-ção para as minas, fazendo-se povoarum
território imenso—
31até então desconhecido. Astransformaçõesprovocadas pela mineração deram lugar a que se deslocasse oeixo econô-mico de até então da colônia, espraiado queera nos cen-trosaçucareirosdonordeste. Jáosetorcentro-sul vai consti-tuindo maior atração, provocando
uma
nova vida, através dos caminhos e roteiros, quetanto preocuparam ao Conse-lhoUltramarino deLisboa, quandoemitiu aquela Resolução:"Quanto aos caminhos lhe parecem que será conveniente-mente proibí-los todos excepto os que S. Magestade tenha concedido por mercê particular, a alguns povos do Brasil,
porque quanto mais caminhos haverá, não só dos quintos mas do
mesmo
ouro,-etambém
sendo por alguma nação in-vadidas as Minas, serãonecessários socorrosdemuitaspartes epontos".Êo surgimento dociclo povoadorque, com as bandei-ras paulistas,provoca
uma
novafasedeexpansionismo."Aos Paulistas estava reservado, como escreveu Simonsen, como desbravadores dos nossossertões,o estabelecimentodos gran-des caminhos eroteiros".Em
verdade,seguiram as bandeiras porcaminhosjáatravessados pelos índios, ligando Piratinin-gaàs grandes baciasdo interiorebem
assim o planalto às costasmarítimas, ondeos sambaquis, nos extremos deseus caminhos, assinalavam as periódicas estações de beira mar, feitas pelostribos de nossa hinterlândia".
Com
o adventodo ciclopovoador criaram-secorrentes comerciaiscomosnovos núcleosconstituídos.32
—
Abertastantas estradas,passou a preponderar a tropa muar,como principal veículo detransporte.
"GastãocomumenteospaulistasdesdeaviladeS. Pau-loatéas Minas Gerais,dosCataguáspelo menos, dois mê-ses:porque não marcharão desol asol masatéo meiodia;
equandomuitoaté
uma
ou duas horasdatarde:assimpara se arrancharem, como para terem tempo de descansar, e de buscaralguma caça, ou peixe,aonde ohá,mel de pau eoutroqualquermantimento. Edestasorteatuarãocomtão grandetrabalho".(Antonil).Era
uma
nova epopéia lançada na história de nossa terra,atravésdas bandeirascomoespírito aventureirodesta gente,estabelecendonovosmarcosdefatoreseconômicosque iriamsobrepujar-senotempo."Quando seconhece por experiência quantas fadigas, privações e perigos perseguem ainda-hoje o viajante que percorreesseslongínquos países,e setem lido
em
detalhes as excursõesintermináveisdosantigos paulistas, sente-seuma
espéciedeestupefação e comoseé obrigado a reconhecer que êstes homens pertenciam auma
nação de gigantes", (Saint-Hilaire).‘Enquanto tais aspectos eramobservados no hinterland das terras do Brasil, não menores eram as deficiências e
"opressões"quesofriamaquelesquehabitavam aCapitalde então, caracterizadascom notável precisão porAntonio Ro-driguesde Brito aoresponderao Conde da Ponte, que or-denadoporS.A.R. para informar sôbre"várioseassás
im-—
33portantes objetos relativosaos interesses presentese futuros desta Capitaniae,comespecialidade,às vantagens desta Ca-pital",consultava "sereconhece aestaCidadealgumacoisa opressiva contra a lavoura; qualseja esta causa e o meio delase evitaresea
mesma
lavouratem recebido progressivo aumento,devquetantodependea prosperidadedoComércio".Ao
notável espíritode Rodriguesde Britonãofaltaraa justeza de apreciações que iriam focalisar o desleixo e o abandonodas gentesque habitavam a Capital de então e asterras da Capitania. Precisamente sôbre os transportes, estabelecendo as causas provenientesdafaltadefacilidades, escreveu que "assim comotodos os encargosque aumentam asdespesas doComércio,recaemsôbre a Lavouraem
dimi-nuiçãod<?preço dos gêneros nasprimeirasmãos, igualmente pelosmesmosprincípiostôdas as horas e instituiçõesquedi-minuemessasdespesas,facilitando as comunicações
mercan-tis,redundam
em
benefícioda lavoura,aumentandoomesmo
preço nas ditas primeiras mãos, e por consequência o pro-duto líquido, e interêsses dos lavradores.A
primeira com queoGovêrno dequalquerpaísadevefavorecer, é a cons-truçãoe conservaçãodas pontes e barcas para a passagem dosrios,estradas, canais, estivas,etc.,paraotransportedos frutos,eobjetosdo consumo dolavrador, portos, caisedocas para o seuembarqueedesembarque. Estasobras,nos faltam absolutamente e estamos reduzidos àquelas facilidades que a natureza porsimesma
nosfornece,ou aindústriasd'alguns particulares,quemesmo
às suascustasasfazemmuitasvezes.34
—
quando algum privilegiado exclusivo os não impede, como acontecenoriodeJoanes,que nãotem ponte por causado monopólio concedido acerto Padrepara passarosgadosa nadoe oshomens
em
jangada.Que
lástima!Que
vergonha!aqui mesmonas vizinhanças desta populosa Cidade!
Não
só oGovernofalta aodeverde estabelecerbarcas ou pontes, mas opõeobstáculosaoseuestabelecimento".Ecom maior precisão aindafocaliza a "opressão" e os vexamesporque passavamtodosaquêlesquesededicavam à exploração do açúcar. Através dessas apreciações iremos perceber a realidadeda épocanoquediz respeitoaos trans-portes,à sua evolução,detãovivo reflexo na própria eco-nomia.
"Uma
grande parte do anocessam inteiramenteas co-municações porterra,nãosóondeosriosatravessamos ca-minhos,mas no própriocentro do Recôncavo por causa de invadiáveis atoleiros;os quais ainda nãodãotrânsito, o fa-zem sumamentecustoso,perecendo muitosboise cavalos nas conduções, detal sortequemuitos senhoresde engenhosão obrigados a empatarsuassafrasatéo verãoseguintee fa-zê-las então conduzir, precisamente na ocasiãoem
queos cavalos, boise escravos lhessão maisnecessáriospara a co-lheita, condução-emoagem
desuas canas; donde vem que a Lavouraseacha limitadaàsterrasdebeiramar, somente, sendo todo ovalordosfrutos, quepoderiamser produzidos nasdo interior, absorvido pelas despesasdetransporte. As estradasvizinhasdaCidade, porestreitase íngremes,sãoim-—
35praticáveispara oscarros,fazendo-se,porisso,ostransportes àscostasdeescravos muito mais dispendiosamente".
Como
vemos,são aspectosduma
época,doalvorecerdo séculoXIX, e atestaram que, sempre,em
terras do Brasil, o problemadostransportes constituíamatériafundamentalpara sua prosperidade, arefletirnasua economia.* * *
Apósa economia doouro, intercorrentemente, surgiua economia do gado. Devemos reconhecer quea criação do gado constituiu
um
dosfatoreseconômicosquepermitirama ocupação dosertãodasterrasdoBrasil esustentoua manu-tençãodedilatadasregiões.De princípio,forma a retaguardaeconômica detôdaa regiãode engenhoe,posteriormente, apresenta
um
decidido apôio à mineração, que,semdúvida, tantose constituiucomo fixadordo povoamento dointerior.O
reflexo da criaçãodo gado na economiabrasileira, ena sua época, foi dealta importância, já porque repre-sentava o produto básico na alimentação, já porque servia como ogente motor e meiode transporte,em
faseonde a máquinaaindanãosemanifestara.De início, foi precisamente a indústria do açúcar que proporcionou a implantaçãodacriaçãodegado, necessária à sua atividade. Eram os trapiches e engenhos acionados por bois,que, comoé sabido, -faziamgrandedesgaste; "as carretosparaalenha eparao açúcar, exigiamnúmero
con-36
—
. /sideráveldecabeças",nodizerde Koster. Finalmente,a car-neconstituía alimentação básica para osquese dedicavam aosingentestrabalhosdosengenhos.
Posteriormente,coma proibição estabelecida pela Carta Régia de 1701 quanto àexistência decriação amenos de dez léguasdacosta,foram oscurraispenetrando eocupando os sertões. E nessa marcha depenetração, mais
um
marco é lançado na economiada terra,com o estabelecimentode novoscentros,novasregiões,"e porque as fazendas e os cur-raisdegadosesituamaonde há larguezadecampoeágua sempre manentederiosou lagoas",(Antonil).Na
Bahia eem
Pernambuco, seestendiam asfazendas e os currais na borda do RioSão Francisco,na do Riodas Velhas,na do Riodas Rãs, na do Rio Verde,na do Para-merim,na doRioJacuipe, nadoRio de- Itapicuru,nadoRio Real, na do RioVaza Barrise quantosdum
ladoe doutro do RioSão Francisco tanto se prestavam à exploração da pecuária.Na
região sulina, foi precisamente o ciclo do gado o fator-maispreponderantepara a sua expansão einstituição denossas" lindes .meridionais.Em
conclusão,nesta síntesequeora expusemos,devemos consideraros reflexosda economia dogadoque, provocando oacúmulonocentro-sul brasileirodemassasdegenteede gado, tantocontribuiupara o desenvolvimentodeoutrasati-—
37vidades, sobretudo paraexpansãodacultura cafeeirae pró-prioreerguimentoeconômico detodooterritório.
Já no século XIX, nasérie detransformações operadas
em
terrasdoBrasil,uma
delashá queveiodeterminar verda-deirarevolução nas atividadesprodutivas,criando,por assim dizer,maisuma
novaetapa naeconomiabrasileira:éa eco-nomia docafé.Já nestaoportunidade poder-se-á observar
uma
deca-dência do norte pelo estado de suas lavouras tradicionais, como a cana de açúcar, oalgodão, otabaco, enquanto o centro-sul,jána metade doséculo XIX,irátomar adianteira nasatividadeseconômicasdopaís.Dada
a aclimatação ad-mirávelem
terrasdosulea importânciaque vem deadquirir nosmercadosinternacionais,a lavouradocafémarca na evo-luçãoeconômicadoBrasilum
período perfeitamente carac-terizado.Sôbre o destaque maiordalavouradocafénaeconomia enavidasocialepolíticabrasileira,diz-nosCaio Prado Ju-nior,
em
sua "História Econômicado Brasil: "Social epoliti-camentefoi a
mesma
coisa.O
Café deu origem, cronològi-camente, à últimadastrêsgrandesaristocraciasdopaís: de-poisdos senhoresdeengenhoe dos grandes mineradores,os fazendeirosdecafésetornam aelitebrasileira.E,em
conse-auência, napolíticatambém.O
grandepapelque SãoPaulo foiconquistandonocenário pokticodoBrasil,atéchegar sua liderança efetiva, se fez à custa do café; e na vanguarda 38—
deste movimento de ascençõo,e impulsionando-o, marcham os fazendeiros e seus interêsses.Quasetodos os maiores fa-tos econômicos, sociais e políticos do Brasil, desde meiado doséculopassado até oterceirodecêniodoatual, se desen-rolam, errifunçãoda lavoura cafeeira:foiassim como des-locamento de populações detôdas as partes do país, mas
deste movimento de ascençõo,e impulsionando-o, marcham os fazendeiros e seus interêsses.Quasetodos os maiores fa-tos econômicos, sociais e políticos do Brasil, desde meiado doséculopassado até oterceirodecêniodoatual, se desen-rolam, errifunçãoda lavoura cafeeira:foiassim como des-locamento de populações detôdas as partes do país, mas