2.2 COMPORTAMENTO INFORMACIONAL E ESTUDO DOS USUÁRIOS
2.2.3 Busca da Informação
A informação é concebida como um recurso importante que contribui para o desenvolvimento de uma nação, a sua busca é tão antiga quanto à existência humana, pois é vital para a sobrevivência e desenvolvimento da sociedade humana (OBI, AKANBI, KEHINDE, 2018). Nesse mesmo sentido, Vitoriano e Gasque (2018) afirmam que a busca de informação é um aspecto essencial do comportamento integral do ser humano. Buscar informações constantemente, é imprescindível para viver, adaptar-se às transformações da sociedade, tomar decisões e resolver problemas, tanto na vida pessoal como no aspecto profissional.
Conhecer o comportamento de busca da informação dos usuários é essencial para planejar, desenvolver e prestar serviços que, de fato, atendam às necessidades dos usuários, consumidores e geradores das informações (COSTA; PIRES, 2014).
Choo (2006) identifica a busca da informação como sendo um processo no qual o indivíduo engaja-se decididamente em busca de informações capazes de mudar seu estado de conhecimento, ele faz parte de uma atividade social por meio da qual a informação torna-se útil para um indivíduo ou para um grupo.
Para Wilson (1999) o comportamento de busca informacional se refere à busca intencional para obter informações como consequência de uma necessidade de satisfazer algum objetivo. O autor menciona que no decorrer da busca, o indivíduo pode interagir com os sistemas de informações manuais, tais como jornal ou biblioteca, ou ainda, com sistemas baseados em computador, após o reconhecimento de alguma necessidade de informação, o usuário pode buscá-la nos sistemas formais ou informais, como por exemplo, outras pessoas. Ao perceber uma necessidade, uma lacuna ou dúvida o indivíduo tenta preenchê-la buscando intencionalmente informações, interagindo com os espaços ou ferramentas que possibilitam o acesso à informação (NASCIMENTO; VITORIANO, 2017).
Case (2007, 2016) aponta que o Comportamento Informacional engloba duas modalidades em relação à busca informacional: a busca intencional e a busca não intencional por informações, segundo este autor, a busca por informação é um esforço consciente para adquirir informações em resposta a uma necessidade ou gap no conhecimento. Essa busca também pode ser classificada como ativa ou passiva (SECO; SANTOS; BARTALO, 2016).
Na busca ativa, o sujeito se empenha para encontrar a informação, enquanto na busca passiva, ele obtém uma informação sem que esteja procurando exatamente por ela. Tais comportamentos de busca foram observados no estudo de Malaquias et al (2017) no qual identificaram, que os alunos de administração apresentam um comportamento ativo na busca por informações, ou seja, eles não receberam informações apenas de forma passiva pela televisão ou por meio das aulas, mas demonstraram interesse em se manterem atualizados, utilizando a internet como ferramenta para esta busca.
A recepção passiva da informação, como assistir anúncios de TV sem intenção de agir sobre a informação recebida também foi mencionada por Wilson (2000), no comportamento de busca da informação que inclui ainda a comunicação
pessoal e presencial. Considerando a busca intencional por informações, Seco, Santos e Bartalo (2016) apontam que:
A busca informacional pode ser identificada em hábitos quotidianos, como ligar a televisão, quando inicialmente, sintoniza-se o aparelho quase sempre no mesmo canal; ao ligar o computador ou mesmo ao acessar um determinado grupo no Facebook, WhatsApp ou Instagram. A princípio, o primeiro ato é verificar nesses grupos o que há de novo a fim de atualizar as informações e somente depois buscar outros canais, programas e grupos.
Tomando por base a proposição de Bates (2002) que utiliza duas variáveis integradas para demonstrar a busca e pesquisa de informações (i) ativa versus passiva e (ii) direcionada versus não direcionada, Savolainen (2016) apresenta uma estrutura conceitual com quatro modos típicos de busca da informação:
FIGURA 5 - MODOS DE BUSCA DA INFORMAÇÃO
Ativo Passivo
Direcionada a) Busca e pesquisa ativa b) Monitoração passiva
Não direcionada c) Navegação e visualização
d) Aquisição incidental de informação
FONTE: Savolainem (2016)
A busca e a pesquisa ativa da informação (célula a), bem como a monitoração passiva (célula b) são formas de encontrar informações para atender necessidades que são reconhecidas e que ainda não foram satisfeitas. Navegação e visualização (célula c) e aquisição incidental de informação (célula d) se referem à incorporação de informações na base de conhecimento existente em cada indivíduo.
No que diz respeito às fontes utilizadas para busca da informação, é possível observar uma variedade existente, sejam elas formais (bibliotecas, jornais) ou informais (redes sociais), sendo que, a escolha para utilização de cada uma delas normalmente varia de um grupo de estudo para outro.
Para Baggio, Costa e Blattmann (2016), as fontes de informação são parte integral dos serviços de informação prestados aos usuários, identificá-las é o primeiro passo para buscar e recuperar a informação pontual que, segundo os autores, se refere ao elemento pelo qual o usuário inicia sua busca nas diversas fontes existentes (BAGGIO; COSTA; BLATTMANN, 2016).
Em seu estudo, Rodrigues e Blattmann (2014) identificaram que há grupos de usuários que preferem fontes locais e acessíveis, que não são, necessariamente, as melhores. Para estes usuários, a acessibilidade de uma fonte de informação é mais importante que sua qualidade.
Baggio, Costa e Blattmann (2016) afirmam que conhecer fontes de informações confiáveis, independentes de serem especializadas ou não e aplicar critérios de seleção, garante qualidade da informação a ser recuperada, contribuindo dessa forma, para o repasse da informação.
A internet tem sido utilizada como fonte de informação, pois permite uma abrangência maior de conteúdo, facilidade e rapidez para obtenção das informações (MIZRACHI, 2017; MALAQUIAS et al, 2017; LIMA; LIMA, 2017; KWASITSU; CHIU, 2019).
Figueiredo e Paiva (2015) apontam que o uso da internet é uma característica do comportamento informacional, no entanto, não é totalmente confiável, visto que, qualquer indivíduo pode postar o conteúdo que quiser, sendo necessário, portanto, avaliar o site onde a informação foi publicada. O estudo de Pereira (2016) corrobora demonstrando que as fontes de informações eletrônicas aparecem nos primeiros lugares com relação à frequência de busca, mas com relação ao grau de confiabilidade, as mais confiáveis são as fontes pessoais internas às organizações nas quais os entrevistados atuam.
Quanto à relevância das fontes de informação no processo de busca da informação, as fontes pessoais se destacam entre as mais relevantes confirmando as percepções de estudos anteriores (PEREIRA, 2016). As relações com pessoas se configuram como um componente relevante do comportamento informacional (FISHER E JULIEN, 2009; MALAQUIAS et al, 2017) e as redes sociais são utilizadas como recurso interpessoal para que os indivíduos busquem informações.
Existem barreiras que são enfrentadas pelos usuários em suas buscas de informações, tais como: idioma, geográfica, de tempo, dentre outras. Essas barreiras fazem com que os usuários, muitas vezes, se sintam desestimulados perante a
informação, deixando de obter maior conhecimento sobre algo (FIGUEIREDO; PAIVA 2015).