• Nenhum resultado encontrado

lha ou uma cabra; a mesma palavra é usada para ambas em várias ocasiões O leite de cabra não só era im­

portante por causa da quantidade (cerca de três litros

por cabra, por dia), mas também podia ser usado para

P astoreando/133

M u lh e r b e d u ín a tra b a lh a fazer um cipo de iogurte

{leberi)

e queijo (Pv 27.27).

c o m p ê lo s d e c a b ra fo ra Uma cabra era portanto deixada com a família, em-

0 3 te n d a

bora as outras fossem com o pastor, e ela no geral se tornava um animal de estimação. A carne pode não ter sido tão gostosa quanto a do cordeiro ou vitela (veja Lc 15.29), mas era substancial e muitas vezes comida numa refeição (Jz 15.29), sendo também usa­ da para os sacrifícios (Lv 1.10).

O pêlo de cabra era tecido em pano de saco e uti­ lizado para cobertura das tendas, assim como em rou­ pas rústicas. As cortinas do tabernáculo eram feitas de pêlo de cabra (Êx 26.7; 35.23,26). Esse material era também empregado para encher artigos, tais como travesseiros (1 Sm 19.13), e a pele em si era uma fonte de couro excelente. Quando se matava uma cabra, sua pele era no geral impregnada de gordura e costurada para ser usada no transporte de água (reci­ piente de pele de cabra).

O problema com a fixação na terra é que as pesso­ as não podiam levar as ovelhas para o pasto. Um pas­ tor era então empregado para cuidar das ovelhas da aldeia inteira. Não valia a pena vender as ovelhas

1 34/0 Indivíduo na Vida Familiar

porque havia mais segurança nelas do que parecia à prim eira vista. Provérbios 27.23-27 mostra a sabe­ doria do beduíno — a verdadeira riqueza não está nas jóias, mas nos rebanhos; as ovelhas fornecem rou­ pas e as cabras fornecem alimento e dinheiro vivo.

Havia provavelmente várias raças antigas de ove­ lhas no rebanho da aldeia. Abraão levou o “moufflon” asiático da Suméria, e as ovelhas egípcias de pernas compridas fizeram parte do Êxodo. Uma das raças mais importantes tinha uma cauda larga e gorda, que era frita e comida (Êx 29.22; Lv 3.9).

A tarefa do pastor

Na primavera, depois das chuvas de inverno, ha­ via muita pastagem perto da aldeia. Depois de o ce­ real ser colhido, as ovelhas tinham permissão para comer tudo o que restasse. Quando isso acabava, era necessário deixar a região e procurar a erva seca que permanecia sob o sol quente (1 Cr 4.39,40). Fontes de erva fresca onde houvesse suprimento de água (águas tranqüilas, quando disponíveis) tornavam esse movimento possível (SI 23.2). Quando a água da superfície desaparecia, era preciso usar água de poço

B ed u ín o com su as o v elh a s no d e s e rto da Judéia.

Pastoreando/135

para as ovelhas. Era costume cobrir o manancial com uma pedra tão pesada que exigia vários homens para levantá-la, protegendo assim os direitos à água. (A história de Jacó dá um exemplo desse fato. Gn 29.10 mostra a força incrível de Jacó, que também é men­ cionada em outras partes da sua história.)

As ovelhas precisavam de constante proteção por­ que nos tempos bíblicos havia muitos perigos para o rebanho, da parte de animais selvagens saídos das flo­ restas que ladeavam o desfiladeiro do rio Jordão. Le­ ões e ursos eram comuns (Jz 14.8; 2 Rs 2.25), e as aventuras de Davi para proteger os seus rebanhos tam­ bém eram comuns (1 Sm 17.34-36). Amós descreve um pastor que tentou tirar uma ovelha da boca de um leão (Am 3.12). Hienas e chacais também abun­ davam. Não foi acidentalmente que Jesus afirmou que o bom pastor tinha de dar a vida pelas ovelhas (Jo 10.11). O pastor tinha de lutar, porque era seu dever pagar aos proprietários por quaisquer perdas _ .. . incorridas (Gn 32.39; Êx 22.10-13). Qualquer em-

O v e lh a s e c a b ra s . v ^ M

g e ra lm e n te p a s ta v a m pregado que o pastor arranjasse não teria a mesma

136/0 Indivícfuo na Vida Familiar

A Funda

O pastor usava como armas um bastão pesado e uma funda. O bastão é referido no Salmo 23.4 como “caja­ d o m a s era uma arma pesada, e pedras de pederneira (mais tarde pregos) eram muitas vezes incrustadas na extremidade “funcional” para torná-la mais eficaz. A funda era composta de uma tira larga de couro que podia segurar com firmeza uma pedra de cerca de 40mm de diâmetro. A tira era presa a duas cordinhas feitas de tendões, corda ou couro de cerca de 60cm de comprimento. A pedra era colocada na bolsinha e a funda girada, de modo que a pedra não se desprendia por causa da força centrífuga. Quando um dos cor­ dões era afrouxado, a pedra saltava com força tremen­ da. Nas mãos de um pastor que tivesse tempo para praticar, a funda podia ser usada com grande precisão. Ela era também usada para controlar as ovelhas. Uma pedra bem colocada, caindo à frente da ovelha desgar­ rada do rebanho, a fazia voltar. Quando a ovelha fica­ va cansada ou doente, o pastor a carregava nos om­ bros (Lc 1 5.5) e quando se perdia, ele ia à procura dela (SI 119.176; is 53.6; Lc 15.3-6).

Pastoreando/137

O p a s to r g u ia o re b an h o por te rra s d e s e rta s . N ote o c a ja d o e a vara do pastor. S eu re b an h o inclui o v elh a s e cab ras.

138/0 Indivíduo na Vida Familiar

O cajado

O cajado também fazia parte do equipamento do pas­ tor, mas não era uma arma, embora fosse usada como tal ocasionalmente. O cajado tinha cerca de dois metros de comprimento e algumas vezes uma curva na extre­ midade. Era geralmente usado para ajudar o pastor a andar com maior facilidade nos lugares montanhosos ou difíceis, assim como para guiar as ovelhas. Quando essas passavam por uma entrada apertada, como por exemplo ao entrarem no redil à noite, eram contadas debaixo da vara ou cajado. Ezequiel usa esse termo para dizer que Deus irá impedir os rebeldes de volta­ rem às suas casas depois do Exílio. Só os que forem leais a Ele passarão pela vara (Ez 20.37,38). Essa era também usada para marcar as ovelhas. A ponta era mergulhada em tinta, e quando as ovelhas passavam por sob a vara, cada décima era marcada e dada a Deus como dízimo (Lv 27.31-33).

O alforge

O pastor levava uma segunda bolsa de couro, consi­ deravelmente maior do que a usada para a funda, conhecida como

alforge.

Ela servia para guardar ali-

M e n in o -p a s to r to ca fla u ta s em P alm ira, a T a d m o r b íb lica , na S íria.

Pastoreando/139

R edil fe ito de p e d ra s p e rto mento enquanto ele ficava longe da civilização. Davi Jordânia0 Neb° ’ 03 já devia ter comido seus mantimentos quando en­ cheu o alforge (surrão) de seixos, um dos quais foi usado para matar Golias (1 Sm 17.40).

Uma flauta feita de dois pedaços ocos de bambu fazia também parte dos bens do pastor. O som era obtido soprando numa das extremidades e as notas eram controladas bloqueando os orifícios com os dedos em cada tubo. Elas podiam fornecer música alegre nos desfiles dos dias santos (1 Rs 1.40) e tam­ bém música triste (Jr 48.36). As flautas eram fáceis de fazer e também quebravam com facilidade. Quan­ do se estragavam, o pastor jogava fora e fazia outras novas. Quando foi dito de Jesus que “não esmagará a cana quebrada” (M t 12.20), o profeta estava afirman­ do que, contrário à prática, o método de Jesus era e é consertar o que está quebrado, em vez de jogá-lo fora.

O redil

Quando chegava a noite, o pastor recolhia o rebanho em um lugar seguro e ficava vigiando (Lc 2.8). Uma caverna rasa era um local seguro, e um muro era quase sempre construído no sentido da largura da caverna para formar um cercado, deixando uma pequena