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65 conhecimento do mercado consumidor. Essa necessidade aponta para a importância de sistemas de coordenação que potencializem os investimentos em pesquisa e tornem a qualidade o atributo-chave das transações. (FURLANETTO; ZAWISLAK, 2000).

3.7 A CAFEICULTURA NO SUL DE MINAS GERAIS

Segundo Fontes (2001), a região do Sul de Minas apresentou três períodos cafeeiros distintos. O primeiro refere-se à introdução e expansão da cultura, no início e durante o século XIX. A introdução do café no Sul de Minas foi realizada pelos tropeiros e as primeiras culturas de café na região foram estabelecidas em Aiuruoca, Jacuí e Baependi. A produção inicial destinava-se ao próprio consumo, ampliando-se paulatinamente para o atendimento da demanda local. O segundo período refere-se a uma nova expansão, no final do século XIX, ocorrido na cafeicultura do Oeste Paulista, que tinha esta região Sul como limítrofe. Essa expansão impulsionou mais ainda a cafeicultura Sul mineira, que se tornou uma das principais fontes econômicas da região. O terceiro período refere-se à formação do complexo agroindustrial do café Sul mineiro, a partir da década de 1970.

De acordo com dados do BRASIL (2005), Anuário Estatístico do Café (2003) e Anuário Brasileiro do Café (2005), a região Sul de Minas Gerais tradicionalmente mantém a liderança na produção de café, contribuindo com aproximadamente 59% da produção total de Minas Gerais, sendo responsável por grande parte das lavouras, correspondendo a cerca de 40% do total do estado, o que representa uma produção em torno de 13 milhões de sacas de 60 kg e com uma produtividade média de 19 sacas de 60 kg de café por hectare plantado.

Além dessa importância produtiva, o Sul mineiro apresenta diversas características que lhe proporcionam um lugar de destaque na cafeicultura. Possui importantes cooperativas de café, expressivas instituições de pesquisa e ensino que têm na cafeicultura uma referência para sua atuação, além de diversos representantes políticos tanto na esfera estadual como federal, que atuam defendendo os interesses dos cafeicultores. Vale ressaltar também a existência de um porto seco em Varginha, que facilita os trâmites burocráticos para exportação do café, uma ampla malha férrea e rodoviária, que interliga a região a diversos centros consumidores e aos portos, diversas indústrias processadoras de café e várias cidades têm a sua vocação direcionada para a cafeicultura, destacando-se Três Pontas, considerada a cidade de maior produção cafeeira do mundo, com mais de 50 milhões de pés de café, numa área aproximada a 33 mil hectares, produzindo uma média de 400 mil sacas por safra.

66 A atividade cafeeira é de extrema importância para a região Sul de Minas Gerais, pois gera riqueza, impostos, sustenta a economia de vários municípios e propicia para milhares de pessoas, empregos nas mais diversas formas, que tem o café como sua principal atividade. De acordo com Ribeiro e Mezzomo (2000), cerca de 60% dos produtores de café do Sul de Minas são pequenos e médios; as cooperativas reúnem também cerca de 60% dos produtores da região. Reforçando, Guimarães, Mendes e Souza (2001), afirmam que a cafeicultura responde por cerca de 40% da arrecadação de ICMS do Sul de Minas, comparável a indústria e o comércio juntos.

O Sul de Minas Gerais possui uma infra-estrutura adequada e suas condições climáticas são adequadas para o desenvolvimento da cultura do café, proporcionando a produção de cafés qualitativamente igual ou até mesmo superior aos índices obtidos nas melhores regiões produtoras do estado, país e do mundo, tendo à disposição, em quantidade e qualidade, os fatores humanos, físicos, científicos e capital adequados ao incremento e desenvolvimento da cafeicultura regional (FONTES, 2001). E é neste contexto que está inserido o Consórcio Agrícola de Fazendas Especializadas (C.A.F.E.), objeto de análise deste estudo, com sede comercial na cidade de Varginha, foi idealizado pela exportadora Princesa do Sul Ltda. e conta com a participação de 17 empresários rurais do Sul de Minas, todos produzindo especialidades, pois o objetivo do Consórcio é, justamente, atender a esse crescente nicho de mercado: o de cafés especiais.

É importante destacar que a geada de 1994 em Minas Gerais contribuiu para a queda da produção brasileira, o que, conseqüentemente, elevou os preços mundiais. Neste período, houve uma corrida para o plantio de café arábica e robusta no Brasil, México, Vietnã, Indonésia e outros países. Como a produção se inicia de três a quatro anos do plantio, o excesso na produção ocorreu por volta do ano de 1997.

A partir de 1997, os preços entram numa trajetória de declínio, ampliando as diferenças entre os preços do varejo no exterior e os do café em grão. Essa situação é resultado da mudança nas estratégias dos industriais do exterior, diante da súbita elevação dos preços ao final dos anos setenta, os importadores trocaram a estratégia de compra (redução de custos) e passaram a visar o consumidor final (preços mais elevados), com melhoria substancial da qualidade do produto ofertado, do marketing e dos pontos de venda (VEGRO, 1993).

Assim, surgem os cafés especiais, cuja estratégia predominante da concorrência entre os importadores não se direciona mais para a melhor compra, mas para a melhor venda. Tem se aí, a adoção de uma “nova” estrutura de governança. Com esse novo enfoque, os

67 importadores procuram bons fornecedores, que garantam qualidade do produto e, principalmente entregas regulares, dispensando a necessidade de formação de estoques.

A discussão apresentada acima reforça a importância mundial, nacional e regional do café, no entanto percebe-se que o mercado de café é extremamente competitivo, e uma das alternativas para sobreviver nesse mercado é a busca por uma diferenciação do produto para atender nichos específicos de mercado.

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4 MÉTODO DE PESQUISA

Os esclarecimentos a serem apresentados nesta seção abordam o método utilizado na pesquisa, a justificativa para a escolha do caso e as técnicas utilizadas para a coleta, análise e interpretação dos dados referentes à pesquisa.