• Nenhum resultado encontrado

4.1 CARACTERIZAÇÃO DAS COOPERATIVAS ESTUDADAS

4.1.2 Caracterização geral da cooperativa B

A cooperativa B se localiza na cidade de Rolândia, interior do Estado do Paraná. Iniciou suas atividades em 1963, como uma cooperativa de café, com a orientação de prestação de serviço aos seus cooperados. Porém, em 1975, depois de crises na lavoura de café, a cooperativa incentivou o cultivo de soja, milho e trigo; desde então a cooperativa B desenvolve suas atividades a partir de uma estratégia de diversificação, procurando agregar valor aos seus produtos e verticalizando a produção.

A cooperativa B possui um quadro funcional com cerca de 1.400 funcionários. Ela tem cerca de 7.400 cooperados distribuídos em todas as suas atividades; destes apenas 190 são cooperados do suco de laranja, produto-foco das análises para essa cooperativa nesta dissertação. Ela dispõe de 34 entrepostos para todos os produtos. No caso da laranja, não

possui nenhum entreposto, porque as frutas são processadas diretamente na planta industrial.

O faturamento bruto da cooperativa B em 2004 atingiu o valor aproximado de R$ 750 milhões.

A cooperativa B trabalha por meio de diversificação; ela funciona de forma similar a uma holding, ou seja, cada projeto desenvolvido dentro da cooperativa é tratado de forma independente dos demais; porém existem algumas áreas que são únicas, como: contabilidade, processamento de dados e gestão da qualidade. Os produtos dos seus projetos são: soja, trigo, arroz, açúcar, café, álcool, ração para animais e suco de laranja. A estratégia de produção procura agregar valor aos produtos da cooperativa, por meio da verticalização e com a comercialização dos produtos acabados.

A atuação da cooperativa B também é nacional e internacional para os seus produtos. Neste estudo, serão apresentadas somente as informações do suco de laranja, por causa do foco da pesquisa. A fábrica de extração do suco de laranja é automatizada, não existe contato manual durante o processo de fabricação; possui certificação internacional de qualidade fornecido pela ONG alemã SGF, Sure Global Fair, uma organização que estabelece padrões de qualidade mundiais para o mercado de sucos de frutas industrializadas.

A unidade industrial possui uma capacidade de produção de 10 mil toneladas de suco concentrado por ano/safra. Além disso, também são extraídas, no processo industrial, 220 toneladas de óleos essenciais, 130 toneladas de D'limonene, produtos usados nas indústrias de cosméticos, alimentação e química fina. O bagaço da laranja, que seria resíduo industrial, se transforma em ração para animais. A comercialização de laranja ocorre da seguinte maneira:

uma pequena parcela é destinada in natura para a região sul do Brasil; entre 60% e 70% da

produção de suco concentrado é exportada, basicamente para Alemanha, Suíça, França e Israel. O restante é destinado ao mercado interno. Outra informação importante é que esse suco se destina ao mercado atacadista.

A estrutura organizacional da cooperativa B é formada pela assembléia geral dos cooperados, estância máxima da cooperativa; pelo conselho de administração, formado pela diretoria executiva, presidente, vice-presidente e secretário, e mais seis conselheiros; o conselho fiscal, três gerências, administrativa-financeira, industrial e agrícola; e o nível operacional das atividades da organização. A cooperativa B também possui uma área de assistência técnica para os cooperados e uma área de difusão de novas tecnologias. Há ainda nesta estrutura as figuras do comitê central e dos comitês consultivos. O comitê central é formado pelos principais cooperados que possuam destaque nos seus respectivos comitês consultivos.

Na assembléia geral, todos os cooperados possuem direito de voto. Os integrantes da diretoria executiva possuem funções duplas: o presidente também assume o cargo de diretor administrativo-financeiro; o vice-presidente assume a diretoria industrial; e o secretário assume a diretoria agrícola. A diretoria executiva é renovada em 2/3 cada três anos. O atual presidente está no cargo desde 1979; porém o restante da diretoria obedece à lógica de rodízio.

O papel do comitê central é promover o treinamento dos cooperados para que esses possam assumir cargos administrativos no futuro. É desse comitê que os membros do conselho de administração são escolhidos. Os comitês consultivos possuem a função de manter integrada a base de cooperados; eles fazem a ligação entre os cooperados e a cooperativa, ou seja, esclarecem dúvidas, direitos e deveres sobre o funcionamento da cooperativa. Além desses

comitês, ainda existe para cada produto uma comissão formada pelos melhores produtores para acompanhar o desempenho das safras.

Os três últimos parágrafos evidenciam o princípio cooperativista da gestão democrática pelos membros; as pessoas envolvidas com a administração da cooperativa B, assim como na cooperativa A, também são membros cooperados da organização.

A cooperativa B já possui sistemas de ERP e SIG, Sistema de Informações Gerenciais, implantados e em pleno funcionamento. Em relação à temática da comunicação organizacional, a cooperativa possui um setor específico, a secretaria geral, que coordena a comunicação com os cooperados, e a assessoria de imprensa; porém ela trata diretamente da comunicação interna somente em situações particulares, ou quando é solicitada. Ainda existe o setor que trabalha somente com as informações técnicas sobre os produtos da organização; o setor de mercado funciona como trade para cada produto comercializado; conectado às bolsas de negociação mundiais.

A cooperativa B também desenvolve suas atividades com a utilização de sistemas de gestão da qualidade para orientar a produção e a gestão da organização. Outra informação importante é que a cooperativa promove ações de preservação ambiental, buscando utilizar formas de energia alternativa e minimizar os impactos ambientais decorrentes da sua produção. Esses aspectos demonstram o princípio cooperativista do interesse pela comunidade. A organização B também busca desenvolver atividades econômicas de modo sustentável e responsável para as comunidades em que se insere.

De acordo com a classificação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (2003), as duas cooperativas estudadas são do tipo agropecuário. Observa-se que elas procuram desenvolver suas atividades buscando atender aos sete princípios cooperativistas.

Até esse ponto, pode-se afirmar que as duas cooperativas atendem aos princípios: gestão democrática pelos membros, intercooperação e interesse pela comunidade. Os princípios da adesão voluntária e livre e da participação econômica dos membros são atendidos a partir da própria classificação de organização cooperativa, cujos seus membros por livre escolha assumem compromissos e dividem sobras e prejuízos econômicos. Os demais princípios serão abordados no decorrer das análises.