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Causas de Exculpação no CP (art 33º/2, 35º, 37º e 367º)

TEORIA GERAL DO CRIME E DA PENA FDUCP

3. Causas de Exculpação no CP (art 33º/2, 35º, 37º e 367º)

Coação Moral

Coação: estado de quem está coato, ou seja que é coagido, constrangido, forçado.

Coação física: o coagido fisicamente, quando absolutamente coagido,

não realiza uma ação ou omissão própria, é simples instrumento da violência física de outrem. O evento provocado pela coação não pode ser definido como uma conduta voluntária do coagido relevante para o DP, embora o seja o agente que exerce a coação e por isso responderá por ela como autor mediato.

Coação moral: o coagido moralmente tem a possibilidade de escolha,

embora essa possibilidade esteja restringida pela ameaça, mas é ainda ele que age por escolha sua.

 Quando absoluta exclui a culpa do coagido, por não lhe ser exigida, nas circunstancias conduta diversa da que realizou: exclui-se a imputação porque não é exigível ao agente que perante aquela circunstancia se determinar de acordo com a avaliação da ilicitude que faz  o autor é o coator, uma vez que o coagido atua sem culpa.

Caso Fortuito e Caso de Força Maior: ambos pressupõem um facto, ou pelo menos um

evento com toda a aparência do facto típico penal, mas a sua punibilidade está afastada porque:

No caso de força maior, o agente não tem possibilidade de evitar o evento danoso, ainda que previsível ou mesmo previsto  não há relativamente ao causador direto do evento uma verdadeira conduta, ele é um puro instrumento de forças estranhas da natureza e inexistindo uma conduta, um ato do agente, falta um elemento imprescindível do crime.

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Maria Luísa Lobo – 2011/2012

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No caso fortuito, embora o resultado seja evitável, falta ao agente a previsibilidade do resultado  o facto é objetivamente imputado ao agente, é uma ação ou conduta humana, mas é uma conduta que vem a produzir efeitos imprevisíveis e por isso não pode ser-lhe imputado nem sequer a título de negligência.

Caso de Força Maior Coação Física Irreversível

Força da natureza, um acontecimento

não provocado pelo agente imediato Ação humana, o agente mediato, o autor da coação, é um ser humano Não é um caso de exclusão da

culpabilidade do agente, mas de exclusão da própria ação

Caso de exclusão da ação, mas agora do agente que age coagido sendo um ação do autor da coação, que por isso, responderá por ela.

Coação Moral Caso Fortuito

O agente avalia a ilicitude, mas não é capaz de se determinar de acordo com

essa avaliação.

O resultado era previsível, mas o agente não podia razoavelmente atuar de outro

modo.

Não era previsível o resultado do comportamento.

O ato é do agente, é ele que causa o evento, mas o resultado era imprevisível nas circunstâncias concreto as e por isso afasta-se o dolo e a culpa do agente

Estado de Necessidade Desculpante

Exclui a culpa porque em razão de uma situação de perigo para bens jurídicos do próprio agente ou de terceiro, a liberdade de opção do agente fica muito comprimida em razão daquele perigo não lhe sendo razoavelmente exigido que o agente se motive pela norma  princípio da exigibilidade como componente da culpa

Direito de Necessidade Estado de Necessidade Desculpante Base: situação de perigo para os bens jurídicos do agente ou de terceiro

Ponderação de valores, do valor do bem ameaçado e do valor do bem sacrificado pelo exercício do direito de necessidade, só se admitindo o sacrifício de bens jurídicos alheios para salvaguarda de bens jurídicos sensivelmente superiores

Admite-se que o bem protegido seja de valor igual ou menor ao valor do bem jurídico sacrificado pelo comportamento do agente, não se tratando de ponderação dos bens em confronto. A lei considera que embora a conduta do agente seja ilícita, não lhes é razoavelmente exigível outro comportamento em face das circunstâncias concretas, não merece censura.

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 Situação de perigo para bens jurídicos do agente ou de terceiro (=pressuposto do direito de necessidade)

 Se os bens ameaçados são de valor sensivelmente superior aos dos bens sacrificados pela conduta do agente, e desde que se verifiquem os restantes pressupostos e requisitos do direito de necessidade, o facto é lícito.

 Se os bens sacrificados pela conduta do agente do forem de valor igual ou superior ao dos bens ameaçados, o facto é sempre ilícito, mas o agente pode ser desculpado, por não lhe ser concretamente exigível, naquelas circunstâncias, outro comportamento, se se verificarem os pressupostos que a lei faz depender essa desculpa.

Deste modo, os pressupostos do estado de necessidade desculpante são:

Situação de perigo atual não removível de outro modo

Perigo não pode ser removível de outro modo: a ação praticada há-de ser adequada e necessária para afastar o perigo.

Facto adequado: quando é idóneo para remover o perigo e é o meio apto menos gravoso disponível pelo agente do facto (meio necessário)

Ameaça da vida, integridade física, honra ou liberdade do agente ou de terceiros

Bem vida tem de tratar-se da vida da pessoa já nascida ou pode tratar-se da vida intrauterina? Prof. Figueiredo Dias e o Prof. Germano Marques da Silva entendem que também engloba este último caso.

Inexigibilidade de outra conduta

É necessário que não seja razoável exigir ao agente, segundo as circunstancias do caso concreto, comportamento diferente  o que seria exigível do homem normal, do homem médio, colocado nas mesmas circunstâncias.

Que o agente atue com o fim de salvação do bem ameaçado (finalidade da ação, elemento subjetivo)

Prof. Figueiredo Dias e Prof. Germano Marques da Silva: é necessário que o agente prossiga a finalidade de salvação do bem jurídico ameaçado. Não será necessário que o agente atue por motivos nobres ou que a sua finalidade ultima seja a salvação do bem jurídico em perigo, mas torna-se indispensável que ele pratique a ação para determinar com ela a preservação do bem jurídico ameaçado.

A razão ultima da desculpa é a não exigibilidade de outra conduta em razão dos bens ameaçados e que o agente se propõe proteger com o seu ato ilícito.

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Estado de Necessidade como circunstância atenuante (art. 35º/2): se o perigo ameaçar interesses juridicamente diferentes dos mencionados no nº1, a pena pode ser especialmente atenuada ou excecionalmente o agente dispensado de pena. Estado de Necessidade desculpante e coação moral: o medo resultante da coação moral, não tem relevância autónoma, o que releva é a situação de perigo nos termos do direito de necessidade.