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Os primeiros centros republicanos surgiram em Lisboa em meados do

século XIX, tendo por objectivo a instrução dos grupos sociais desfavore-

cidos e a propaganda dos ideais republicanos. Estes centros proliferaram na capital e nas principais cidades portuguesas contribuindo decisiva- mente para a edificação da República. Após a criação do sistema de par- tidos da República multiplicaram-se os centros políticos ou clubes asso-

ciados aos vários partidos que foram surgindo.106

Os centros políticos promoviam a propaganda e o crescimento dos partidos na sua região. No entanto, também eram um importante agente na sociabilidade, coesão e educação dos sócios. Alguns destes centros ti- nham um centro escolar e uma biblioteca, promoviam a circulação e a leitura de jornais e organizavam palestras, festas, passeios e comícios.

Ao longo da I República o Partido Democrático continuou a ter a he- gemonia destes centros. Em 1914 tinha 339 centros ou associações na

metrópole.107Não temos dados seguros para o período de 1923 a 1926,

mas o seu número deverá ter descido ligeiramente. O Partido Republi- cano Nacionalista contava com uma rede de centros mais modesta, reu-

nindo 28 centros no continente.108A maioria dos centros estava concen-

104Cf. Serge Berstein, Histoire du Parti Radical. La recherche de l’âge d’or (1919-1926) (Paris: Presses de la Fondation National des Sciences Politiques, 1980), 180-181.

105Cf. Maurizio Ridolfi, Il PSI e la nascita del partito di massa, 1892-1922 (Roma: Laterza, 1992), 41.

106António José Queirós, A Esquerda Democrática e o Final da Primeira República (Lisboa: Livros Horizonte, 2008), 206-209; Lia Ribeiro, A Popularização da Cultura Republicana

(1881-1910) (Coimbra, Imprensa da Universidade de Coimbra, 2011).

107A. H. de Oliveira Marques, coord., Portugal da Monarquia para a República, «Nova História de Portugal», Joel Serrão e A. H. de Oliveira Marques, vol. 11 (Lisboa, Editorial Presença, 1991), 409.

108Veja-se a base de dados completa dos Centros políticos do PRN no Anexo 2 da tese de doutoramento: Manuel Baiôa, «Elites e Organizações Políticas na I República Portu-

trada em Lisboa, que contava com 9 centros do PRN e no Porto, que tinha 2 centros. Os restantes centros estavam espalhados pelo território continental, principalmente em algumas capitais de distrito, como Beja, Coimbra, Évora, Faro, Guarda, Portalegre, Santarém e Vila Real. Havia ainda centros em algumas localidades onde o Partido Republicano Na- cionalista tinha forte implantação, como Algés, Aljustrel, Barreiro, Fi- gueira da Foz, Loulé, Olhão, Penafiel, Sesimbra e Vila Nova de Gaia. Por- tanto, conforme se pode ver no mapa A2.1, o PRN contava com uma rede dispersa de centros políticos, mas com uma fraca densidade, quando comparada com o partido hegemónico da República, pelo que muitos distritos não tinham qualquer centro do PRN, como Castelo Branco, Leiria, Braga, Viseu, Aveiro, Viana do Castelo, Bragança, Ponta Delgada, Angra do Heroísmo, Horta e Funchal. Se a comparação for feita com o Partido Republicano da Esquerda Democrática há uma certa paridade,

embora este partido levasse vantagem no Porto e o PRN em Lisboa.109

Após a instauração da Ditadura Militar os diversos centros políticos do Partido Republicano Nacionalista foram encerrando, principalmente entre 1928 e 1931, em datas difíceis de circunscrever. Alguns destes cen- tros, como o de Aljustrel, ainda em funcionamento actualmente, adap- taram-se às condições da Ditadura Militar e do Estado Novo, transfor- mando-se em centros republicanos, com um carácter mais recreativo. Estes centros abandonaram a acção puramente política para se dedicarem a actividades lúdicas e culturais.

Era prática comum atribuir aos centros políticos nomes de figuras pres- tigiadas da República e do partido ou datas marcantes da afirmação re- publicana. Dentro do PRN tínhamos o Centro Republicano Nacionalista

do Barreiro – Dr. António Granjo,110o Centro Republicano – José Falcão,

da Figueira da Foz,111o Centro Dr. António Granjo de Lisboa,112o Cen-

tro Republicano 10 de Janeiro de 1919 de Lisboa,113, o Centro Republi-

cano Ribeiro de Carvalho de Lisboa,114o Centro Republicano Naciona-

lista de Alcântara (Lisboa), Dr. Jacinto Nunes,115 o Centro Escolar

guesa: O caso do Partido Republicano Nacionalista (1923-1935)» (Tese de doutoramento, Évora, Universidade de Évora, 2012).

109António José Queirós, A Esquerda Democrática e o Final da Primeira República (Lisboa: Livros Horizonte, 2008), 206-209.

110Acção Nacionalista, 8 de Março de 1925, 4. 111O Figueirense, 12 de Abril de 1923, 1 112República, 7 de Março de 1923 113A Tarde, 18 de Janeiro de 1924, 3 114República, 14 de Março de 1923, 2.

Republicano Dr. António José de Almeida,116o Centro Republicano La-

tino Coelho,117o Centro Sidónio Pais de Lisboa,118o Centro Republi-

cano Nacionalista Dr. Manuel de Arriaga,119o Centro Nacionalista de

Loulé – Mendes Cabeçadas,120o Centro Nacionalista Cunha Leal, de

Olhão,121 o Centro Político Nacionalista «Dr. Lopes Coelho», de

Penafiel.122

Em Évora, parte do sucesso do PRN deveu-se ao papel dinamizador do seu centro político que se formou no dia 1 de Março de 1923. O «Cen- tro Republicano Nacionalista Eborense» era um dos principais pólos de sociabilidade política da cidade (existiam mais três centros políticos: Ra-

116República, 15 de Junho de 1923, 2. 117República, 16 de Junho de 1923, 2. 118O Rebate, 11 de Março de 1926, 1. 119República, 7 de Março de 1923. 120O Imparcial, 21 de Agosto de 1925, 1. 121Acção Nacionalista, 30 de Julho de 1925, 4

122Segundo O Penafidelense o «Centro Dr. Lopes Cardoso» do Partido Republicano Na- cionalista de Penafiel tinha 84 sócios. O Penafidelense, 6 de Abril de 1926, 1.

Mapa A2.1 – Centros políticos do PRN (1923-1930)

Vila Real Loulé Portalegre Aljustrel Barreiro Beja Évora Sesimbra Algés Santarém Lisboa Coimbra Figueira da Foz Guarda Vila Nova de Gaia PortoPenafiel 1 2 9 Olhão Faro

dical, Esquerdista e Democrático). O centro iniciou a sua actividade com 230 sócios fundadores e até 31 de Agosto de 1926 inscreveram-se um total de 330 sócios. Tendo em conta o número de recenseados no concelho de Évora em 1925, podemos afirmar que o centro dispunha de cerca de 9%

dos potenciais votantes123. A quota mensal que os sócios fundadores pa-

gavam no centro nacionalista em 1923 oscilava entre 0,1 e 2,5 escudos (veja-se o gráfico A2.1). Chegando a quota máxima aos 5 escudos em 1926. A quota média e a moda situavam-se nos 0,5 escudos. Aqueles que paga- vam uma quota mais elevada eram aqueles que tinham um estatuto sócio- profissional mais elevado e que tinham uma participação política mais ac- tiva, tendo uma posição de destaque na hierarquia do partido e disputavam os lugares políticos mais prestigiados: deputado, governador civil, admi- nistrador do concelho, presidente e vereador da câmara municipal. Os va- lores pagos pela elite eborense eram inferiores aos praticados nos centros políticos nacionalistas de Lisboa, que em 1923 já cobravam 5 escudos aos

membros mais categorizados, chegando aos 7,5 escudos em 1925.124

Os centros políticos desempenhavam um papel fundamental na edu- cação moral e cívica dos sócios e na afirmação dos partidos. Os centros nacionalistas realizavam várias actividades políticas e culturais, embora não tenhamos registado nenhuma ligada à formação e educação formal dos seus sócios e familiares. No entanto, houve outras de estímulo à edu-

123Desconhecemos o número de sócios que se foram desligando do centro nacionalista entre 1923 e 1925. No entanto, até Dezembro de 1925 tinham-se inscrito 308 sócios. Em 1925 encontravam-se recenseados 3226 indivíduos no concelho de Évora. Cf. Baiôa,

Elites Políticas em Évora..., 43.

124Veja-se as quotas pagas pelo Dr. Bernardo Ferreira de Matos no Centro Republicano Nacionalista do Calhariz e no Centro Republicano Latino Coelho. Espólio Bernardo Ferreira de Matos, Lisboa (em posse da família)

Gráfico A2.1 – Quota mensal dos sócios fundadores do Centro Republicano Nacionalista Eborense (1923)

Fonte: Livro de Sócios Inscritos – Centro Republicano Nacionalista [Évora, 1923-1928]. Arquivo par- ticular de Cláudio Percheiro, Évora (em posse da família).

100 80 60 40 20 0 0,10 Númer o de sócios 2,50 2,00 1,50 1,00 0,80 0,50 0,40 0,30 0,20 0,15

cação das crianças e dos jovens. Para além das reuniões ordinárias de ges- tão política do centro, de dinamização política na região e da sociabili- dade política no seu espaço, os centros despenhavam outras quatro im- portantes actividades.

A primeira actividade a destacar era o recenseamento. Os centros pro- moviam o recenseamento eleitoral dos seus sócios e dos seus «amigos». No Centro Ribeiro de Carvalho, de Lisboa, apelava-se frequentemente ao recenseamento eleitoral e dava-se esclarecimentos sobre o processo. Os dirigentes deste centro tinham consciência de que «sem bons recen- seamentos não há possibilidade de ganharem eleições, por maior que

seja a dedicação partidária».125

A segunda actividade era menos frequente e estava associada a alguns dos centros políticos conservadores do PRN. Estes centros promoviam algumas cerimónias religiosas. O Centro Republicano Dr. Sidónio Pais realizava periodicamente missas e exéquias ao patrono na Igreja de

S. Domingos.126Eram também usuais as missas de sufrágio mandada

rezar por amigos de António Granjo e pelas vítimas do 19 de Outubro.127

A terceira actividade prendia-se com a visita dos máximos dirigentes do PRN aos centros. Este tipo de evento trazia grande visibilidade aos centros, principalmente aos da província, pelo que constituía uma ver- dadeira «festa». No dia 25 de Outubro de 1925 deslocaram-se a Coimbra alguns membros do Directório. Foram recebidos na estação dos cami- nhos-de-ferro por numerosos correligionários, mas também por alguns adversários que tentaram perturbar a manifestação ordeira que os nacio- nalistas iam realizar. Houve ainda alguns confrontos verbais, mas a che- gada da polícia acalmou os ânimos. Posteriormente houve uma sessão de propaganda, onde intervieram Pedro Pita, Cunha Leal e António Gi- nestal Machado. Ao terminar o comício os convidados deslocaram-se ao Centro Nacionalista de Coimbra onde decorreu uma cerimónia clássica neste tipo de eventos: foi descerrado o retrato do velho republicano

Sr. Francisco Vilaça da Fonseca.128De seguida houve uma reunião para

125República, 20 de Fevereiro de 1923, 2.

126Veja-se o convite para participar com a família nas exéquias do patrono na Igreja de S. Domingos, enviado pelo Centro Republicano Dr. Sidónio Pais. Espólio Bernardo Fer- reira de Matos, Lisboa (em posse da família).

127República, 19 de Outubro de 1923, 2.

128Os retratos colocados nas paredes dos centros podiam ser de políticos de primeira ordem (republicanos históricos e membros do Directório) ou de políticos locais. No Cen- tro Nacionalista de Algés descerram-se os retratos dos mortos do 19 de Outubro (Acção

Nacionalista, 23 de Novembro de 1924, 3). No Centro Republicano Dr. Sidónio Pais rea-

analisar e escolher os candidatos a apresentar às eleições pelo círculo de Coimbra. Por fim, para terminar a jornada de propaganda, decorreu um banquete no Palácio Ameal para 200 convivas, onde os líderes locais e os membros do Directório puderam novamente discursar e mobilizar os

seus correligionários para o acto eleitoral.129Noutra ocasião, realizou-se

uma sessão em memória Dr. António Granjo na sede do Centro Dr. Ma- nuel de Arriaga de Lisboa no dia 19 de Outubro de 1923 às 21 horas e 30 minutos. A sala estava repleta de republicanos de todas as camadas sociais e inclusivamente com muitas senhoras e crianças das escolas, o que não era muito comum neste tipo de eventos. A sala estava decorada com o retrato do Dr. António José de Almeida e o retrato do venerado Dr. Manuel de Arriaga. Na mesa da presidência encontrava-se o busto da República e o retrato do malogrado Dr. António Granjo. À esquerda deste, ainda coberto com a bandeira nacional, encontrava-se o retrato do almirante Machado Santos que ia em breve ser descerrado. A sessão de- correu com uma série de discursos dos principais políticos do PRN, sendo o de Cunha Leal o mais saudado e aplaudido. No fim dos discur- sos uma menina chamada Alice Soares de Oliveira descerrou «no meio do maior silêncio, o retrato do Almirante Machado Santos». A assistência estava de pé em silêncio e com grande emoção. De repente, irrompem vibrantes palmas e vivas a Machado dos Santos e ao Dr. António José de Almeida. Foram ainda contemplados com o prémio Dr. António Granjo alguns alunos das escolas da freguesia do Sacramento. Este prémio con-

sistiu num «diploma e 25$00 escudos»130entregues a alguns meninos e

livros a outros. Outra actividade habitual dos centros em dias festivos

era distribuir um bodo pelos «pobres republicanos».131O Centro Nacio-

nalista de Loulé – «Mendes Cabeçadas» tinha uma filarmónica. Numa visita do seu protector, a filarmónica recebeu Mendes Cabeçadas com o

hino nacional, seguido de «vivas», «palmas» e de um «copo- de-água».132

Outra actividade periódica levada a cabo pelos centros era a romagem ao cemitério junto à campa de um eminente republicano. Uma das ro-

João Tamagnini Barbosa (Acção Nacionalista, 17 de Janeiro de 1926, 1 e 4). No Centro Nacionalista Eborense foram inaugurados no dia 9 de Fevereiro de 1926 os retratos de Alberto Jordão Marques da Costa, Manuel Moniz e Domingos Rosado (Acção Naciona-

lista, 21 de Junho de 1926, 4).

129O Figueirense, 29 de Outubro de 1925, 1-2. 130República, 20 de Outubro de 1923, 1.

131Cf. Democracia do Sul, 7 de Outubro de 1928, 4; idem, 8 de Outubro de 1929, 1-2;

idem, 5 de Janeiro de 1930, 1; idem, 12 de Janeiro de 1930, 5; idem, 7 de Outubro de 1930,

1-2; idem, 7 de Outubro de 1931, 1.

magens mais famosas era ao túmulo de Machado Santos. Os «bons re- publicanos» e alguns antigos revolucionários do 28 de Janeiro, 5 de Ou- tubro, 27 de Abril e escalada de Monsanto reuniram-se junto ao monu- mento de D. Pedro IV no Rossio para iniciarem o cortejo. Na frente da romagem iam estes antigos revolucionários, seguidos de uma carreta dos bombeiros municipais coberta de flores, tendo na frente o retrato do fun- dador da República e uma bandeira que esteve hasteada na Rotunda no 5 de Outubro. No fim do cortejo seguiam os representantes dos centros políticos republicanos conservadores de Lisboa e dos partidos políticos. O cortejo dirigiu-se ao largo do Intendente, onde foi assassinado Ma- chado Santos, tendo-se feito dois minutos de silêncio. No cemitério do alto de S. João falaram várias personalidades realçando as qualidades de Machado Santos. Este tipo de cerimónias permaneceu durante largas dé- cadas. Por exemplo, durante a Ditadura era comum os republicanos be- jenses visitarem a campa de Jaime António da Palma Mira, antigo depu- tado do Partido Republicano Nacionalista.

A imprensa

A imprensa era fundamental para a divulgação e afirmação dos parti- dos políticos. Os dirigentes do PRN estavam conscientes desta necessi- dade e procuraram dotar o PRN de uma densa rede de jornais cobrindo todo o território nacional. Entre 1923 e 1932 o PRN teve 35 jornais, 26

oficiais133e 9 oficiosos,134em 29 localidades. Chaves e Torres Vedras ti-

veram dois jornais e Lisboa teve cinco jornais apoiantes do PRN. O PRN teve 2 diários e 24 não diários entre os órgãos oficiais de imprensa. Dos órgãos de imprensa não oficiais, 3 eram diários e 6 não diários (veja-se o Anexo 5). O PRN nunca conseguiu ter jornais nas colónias, nas ilhas ad-

133Eram considerados jornais oficiais do PRN as publicações regulares que defendes- sem as doutrinas do programa do PRN, adoptassem a sua orientação política e fossem reconhecidos pelo Directório (Art. 44.º do Estatuto ou Lei Orgânica do Partido Republicano

Nacionalista (Lisboa: Tipografia e Papelaria Pires & Ct.ª, 1923), 12). Como não identifiquei

nenhuma lista oficial da imprensa do PRN, considerei todas as publicações que indicas- sem no subtítulo pertencer a algum organismo do PRN ou que declarassem expressa- mente o apoio ao PRN. Contudo, havia um cadastro da imprensa do PRN centralizado no Directório que não foi possível identificar. Cf. Acção Nacionalista, 23 de Novembro de 1924, 3.

134Os jornais oficiosos não indicavam no subtítulo qualquer ligação ao PRN, nem de- claravam expressamente o seu apoio. No entanto, publicavam sucessivos editoriais de- fendendo as posições do PRN, identificavam novas adesões ao PRN e listas com os seus corpos dirigentes. Noticiavam ainda várias actividades levadas a cabo pelos órgãos do partido.

jacentes e nos distritos de Faro, Portalegre e Bragança, conforme se pode verificar no mapa A2.2. A sua rede de imprensa ficava atrás do PRP e li- geiramente à frente do Partido Republicano da Esquerda Democrática, que chegou a contar com 11 jornais oficiais (2 diários) e 10 jornais ofi-

ciosos (1 diário) entre 1925 e 1926.135

A rede de jornais do PRN foi-se deteriorando com o passar dos anos. Na fase de formação do partido contou com a adesão de numerosos ór- gãos de imprensa do Partido Republicano Liberal e do Partido Republi- cano de Reconstituição Nacional, contando 24 jornais em Maio de

1923.136A dissidência levada a cabo por Álvaro de Castro em Dezembro

de 1923 abalou as estruturas do PRN, passando o partido a contar com

135António José Queirós, A Esquerda Democrática e o Final da Primeira República (Lisboa: Livros Horizonte, 2008), 313.

136O Debate; O Torreense; Notícias de Viseu; O Penafidelense; República; Correio da Extrema-

dura; O Bejense; A Província; Democracia do Sul; O Figueirense; O Liberal; O Liberal de Basto; Gazeta de Cantanhede; A Concórdia; O Imparcial; O Regionalista; A Verdade; A Razão; Distrito da Guarda; A Opinião; A Voz do Guadiana; O Marão; A Folha de Setúbal; A Norma. Mapa A2.2 – Localidades com jornais oficiais e oficiosos do PRN (1923-1932) Vila Real Mértola Beja Évora Setúbal Algés Santarém Lisboa Figueira da Foz Guarda Vila Nova de Gaia

Penafiel Chaves Arcos de Valdevez Mafra Alenquer Torres Vedras Caldas da Rainha Castelo Branco Pombal

Cantanhede Santa Comba Dão Viseu Oliveira de Azeméis Póvoa de Varzim Celorico de Basto Barcelos Braga Viana do Castelo

20 jornais em Março de 1924.137O afastamento do poder e os problemas

internos contribuíram para que em Dezembro de 1925 já só contasse

com 14 jornais.138O enfraquecimento continuou com a cisão de Cunha

Leal, uma vez que o PRN passou a ter apenas 9 jornais a defender os

seus ideais nas vésperas do «Movimento do 28 de Maio de 1926».139

A Ditadura acentuou a decadência do PRN e da sua rede de imprensa.

Em Agosto de 1927 já só contava com 6 jornais140e em Agosto de 1930

com 3.141 Em 1923 os jornais do PRN cobriam quase todo o território

nacional, faltando chegar aos distritos de Faro, Portalegre e Bragança, às ilhas adjacentes e às colónias. No entanto, nos anos seguintes a presença de jornais do PRN no território nacional foi diminuindo, havendo vastas áreas sem qualquer jornal nacionalistas, conforme se pode verificar na evolução dos mapas A2.3 a A2.8. Durante a Ditadura Militar houve o encerramento compulsivo de alguns jornais, mas a maioria dos jornais

do PRN cessou a publicação por razões financeiras,142tendo as autorida-

des governamentais responsabilidades nesta situação, uma vez que aos jornais da oposição estava vedada a publicidade de organismos estatais e eram colocadas várias dificuldades administrativas pelos serviços de cen-

sura que atrasavam a sua publicação.143

137O Debate; Notícias de Viseu; O Penafidelense; Correio da Extremadura; O Bejense; Demo-

cracia do Sul; O Figueirense; O Liberal; O Liberal de Basto; Gazeta de Cantanhede; O Imparcial; O Regionalista; A Razão; Distrito da Guarda; A Opinião; A Voz do Guadiana; O Marão; Ga- zeta de Viana; O Correio de Chaves; O Jornal.

138O Debate; Notícias de Viseu; O Penafidelense; Correio da Extremadura; Democracia do Sul;

O Figueirense; O Liberal de Basto; Gazeta de Cantanhede; O Imparcial; Distrito da Guarda; A Opinião; A Voz do Guadiana; Acção Nacionalista; O Povo de Gaya.

139O Debate; Notícias de Viseu; O Penafidelense; Correio da Extremadura; Democracia do Sul;

O Figueirense; O Imparcial; A Voz do Guadiana; A Justiça.

140O Debate; Notícias de Viseu; Correio da Extremadura; Democracia do Sul; A Voz do Gua-

diana; Republica Portuguesa.

141O Debate; Correio da Extremadura; Democracia do Sul.

142A Voz do Guadiana suspendeu a sua publicação desde 1 de Janeiro de 1926 até 15 de Abril de 1926. Apresentou as seguintes causas para o sucedido:

«Ausência indeterminada do director e proprietário do jornal; doença continuada de quase todo o corpo redactorial; défice apreciável nos nossos rendimentos.», A Voz do

Guadiana, 15 de Abril de 1926, 1.

143Veja-se a seguinte circular enviada pelo chefe de gabinete do Ministro do Interior para os governadores Civis:

«Exmo. Senhor Governador Civil de ___________ Confidencial 100-A

Encarrega-me sua Exa. o Ministro do Interior de comunicar a V. Exa. que os anúncios das Câmaras Municipais desse distrito devem ser concedidos apenas aos jornais locais si- tuacionistas; e só em caso de extrema necessidade, poderão ser dados a outros jornais, preferindo d’entre estes, aqueles que, ao menos, se limitem, com exclusão de orientação política, a ser de simples informação.

Um dos pontos negros na estratégia organizacional do PRN foi não