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3. Revisão da Literatura

3.3 Deficiência Motora – Amputação

3.3.3 Classificação Desportiva ou Funcional

Relembrando que um dos nossos casos em estudo apresenta uma malformação congénita do antebraço direito, e é praticante de Natação de alto nível, importa perceber a forma como estes atletas são classificados no âmbito da sua prática desportiva.

Neste contexto, é a International Sports Organization for the Disable, (ISOD) que classifica os atletas, mediante uma base funcional. Nesta, não é tida em consideração a etiologia da Amputação (Shephard, 1990), ou seja, a classificação não distingue se a Amputação é congénita (presente já no momento do nascimento), ou adquirida (perda de um ou mais segmentos

corporais ao longo da vida), utilizando como critérios o nível de Amputação e o número de membros amputados (Sousa, 2006).

Contrariamente, o regulamento é bastante rigoroso relativamente à utilização de próteses ou ortóteses, não sendo permitido, por exemplo, o seu uso em modalidades como a Natação (Silva, 1992).

De acordo com a ISOD e com o International Paralympic Comittee (IPC, 2006), constatamos que a classificação desportiva para estes atletas se encontra dividida em 9 classes:

- Classe A1: dupla amputação acima do joelho (ou femural); - Classe A2: simples amputação acima do joelho (ou femural); - Classe A3: dupla amputação abaixo do joelho (ou tibial); - Classe A4: simples amputação abaixo do joelho (ou tibial); - Classe A5: dupla amputação acima do cotovelo (ou umeral); - Classe A6: simples amputação acima do cotovelo (ou umeral); - Classe A7: dupla amputação abaixo do cotovelo;

- Classe A8: simples amputação abaixo do cotovelo;

- Classe A9: amputações combinadas dos membros superiores e inferiores.

Com este sistema, facilmente ficamos a perceber que a classe A8 representa uma melhor habilidade funcional, relativamente à classe A1.

Sendo esta uma classificação geral para a prática desportiva dos indivíduos amputados, existem muitas outras, exclusivas para cada modalidade. Assim, e tendo em consideração uma vez mais o âmbito do nosso estudo, vamos fazer uma breve caracterização da classificação específica para os atletas praticantes de Natação.

A Natação é o único desporto que combina, ou reúne, indivíduos com Amputações, Paralisia Cerebral, Distrofia Muscular, Deficiência Visual, entre outras deficiências, num único sistema de classificação (IPC, 2006):

- Classe 1-10 para nadadores com Deficiência Física; - Classe 11-13 para nadadores com Deficiência Visual;

- Classe 14 para nadadores com Deficiência Intelectual.

A classificação dos nadadores com Deficiência Física é baseada em diversos factores, tais como: força muscular, coordenação, combinação entre a amplitude de movimentos e/ou comprimento dos membros. Para além de contemplados estes factores, é pedido aos nadadores que demonstrem o seu desempenho nos quatro estilos de nado.

Concluído o processo, os atletas são classificados da seguinte forma: - 10 Classes (S1-S10) para os estilos Livre, Costas e Mariposa; - 10 Classes (SM1-SM10) para o Individual Medley (provas de

Estilos, de 200m ou 400m, com a seguinte ordem de nado: Mariposa, Costas, Bruços e Livre), e;

- 9 Classes (SB1-SB9) para o estilo Bruços.

O prefixo “S” antes da classe representa os estilos Livre, Costas e Mariposa, o prefixo “SB” representa o estilo Bruços, e o “SM” representa o Individual Medley.

Dado o elevado número de classes, é pertinente que façamos uma descrição detalhada de cada uma delas, no sentido de ficarmos a compreender como são distribuídos os atletas, tendo em consideração as suas capacidades e características físicas, anteriormente comprovadas. Assim sendo, expomos de seguida o sistema de classificação funcional aprovado pelo IPC – Swimming, que nos alerta para o facto de que o sistema de classificação perfeito, que satisfará tudo e todos, nunca existirá, já que cada pessoa é única, e o espectro de deficiências é muito vasto.

S1 SB1 SM1

Nadadores com graves problemas de coordenação nos quatro membros, ou nadadores que não utilizam os membros inferiores, o tronco, e as mãos (apenas os ombros), nadando, geralmente, o estilo Costas. Normalmente, os

nadadores incluídos nesta classe estão dependentes de uma cadeira de rodas e de terceiros para a satisfação de todas as suas necessidades diárias.

S2 SB1 SM2

Nadadores aptos a utilizarem os membros superiores, sem utilização das mãos, dos membros inferiores ou do tronco, ou com problemas severos nos quatro membros.

S3 SB2 SM3

Nadadores com uma braçada razoável, mas sem utilização dos membros inferiores ou do tronco; nadadores com severos problemas de coordenação e com amputações graves nos quatro membros.

S4 SB3 SM4

Nadadores que utilizam os membros superiores, com uma debilidade mínima nas mãos, mas que não utilizam o tronco ou os membros inferiores; nadadores com problemas de coordenação que afectam todos os membros, predominantemente os membros inferiores; nadadores com amputações graves em três membros.

S5 SB4 SM5

Nadadores com funcionalidade total dos membros superiores e das mãos, mas sem funcionalidade do tronco ou dos membros inferiores; nadadores com problemas de coordenação em todos os membros.

S6 SB5 SM6

Nadadores com funcionalidade total dos membros superiores e das mãos, com algum controlo do tronco, mas sem funcionalidade dos membros inferiores; nadadores com problemas de coordenação (geralmente são ambulantes); nadadores com amputações graves, usualmente nos dois membros do mesmo lado; nadadores com um tipo específico de dimorfismo (< 130cm para indivíduos do sexo feminino e < 137cm para indivíduos do sexo

masculino). As excepções são os indivíduos com dimorfismo, abrangidos pela classe SB6.

S7 SB6 SM7

Nadadores com utilização plena dos membros superiores e do tronco, com alguma funcionalidade dos membros inferiores; problemas de coordenação ou de fraqueza no mesmo lado do corpo; amputações mais graves em dois membros.

S8 SB7 SM8

Nadadores com utilização plena dos membros superiores e do tronco, com alguma funcionalidade dos membros inferiores; amputações em dois membros; nadadores sem utilização de um dos membros superiores.

S9 SB8 SM9

Nadadores com graves problemas de fraqueza num dos membros inferiores; nadadores com pequenos problemas de coordenação; nadadores com amputação de um membro. (Se não houver nenhuma indicação médica que prescreva o contrário, estes atletas podem iniciar as suas provas fora da água).

S10 SB9 SM10

Nadadores com mínima fraqueza nos membros inferiores; nadadores com restrições do movimento na articulação da anca; nadadores com deformações em ambos os pés; nadadores com uma amputação mínima num dos membros.

Completa esta descrição, damos por concluída a nossa fundamentação relativa à caracterização das deficiências. Porém, quando nos reportamos à Amputação, torna-se importante fazer uma abordagem, por mais pequena que seja, àquilo que é denominado por “membro fantasma”. É a isso mesmo que