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6. Metodologias de investigação

6.2 Estudo empírico

6.2.4 Comparação com modelos que contemplem informação de apenas um ano

Depois de criado um modelo englobando observações relativas a 4 anos distintos (2007, 2008 e 2009 na variável dependente e 2006, 2007 e 2008 nas variáveis independentes), sentiu-se a necessidade de comparar aquele modelo com outros que contemplassem informação de um único ano, de forma a analisar a estabilidade das variáveis e confirmar a robustez do modelo global. A análise comparativa tinha ainda como intuito procurar fundamentar as diferenças apuradas.

Adicionalmente, tendo em consideração o impacto que a crise financeira mundial teve, sobretudo, a partir de 2008, na economia portuguesa e no relacionamento entre a banca e os seus clientes, procurou-se, ainda, verificar o impacto da crise nos modelos de regressão

65 linear, através de uma análise comparativa das variáveis independentes e respectivos coeficientes de 2008 e 2009 com as referentes a 2007, relativas ao período pré-crise.

Neste âmbito, foram construídos três modelos de regressão linear múltipla adicionais (2007, 2008 e 2009) com as mesmas variáveis dependentes e independentes do modelo global, diferindo apenas o conjunto de observações considerado26.

As tabelas seguintes procuram resumir os resultados obtidos nos modelos construídos e as respectivas estatísticas descritivas:

Tabela 6.2.4.1: Resultados dos modelos construídos

Tabela 6.2.4.2: Estatísticas descritivas dos modelos construídos

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A informação relativa a estes modelos, extraída do software SPPS, encontra-se disponível no Anexo III

Modelo Global 2009 2008 2007 Constante 0,62937 0,58983 0,61703 0,68547 Est_Div_CP -0,27083 -0,26346 -0,24805 -0,31501 Liq_Red -0,11118 -0,12151 -0,10507 -0,11154 Liq_Ger 0,01828 0,02471 0,02088 0,01128 PMP -0,00037 -0,00038 -0,00042 -0,00032 O_Ben_Fisc -0,50185 -0,60768 -0,57130 - PMR 0,00023 0,00036 0,00025 0,00015 Comp_Act -0,10214 - -0,13460 -0,25859 Cob_Serv_Div -0,00052 - - -0,00052 Rend_Brut_Vend - - -0,12953 - N 1213 408 375 430 R2 Ajustado 0,421 0,421 0,43 0,42 Durbin-Watson 2,059 2,038 1,98 2,115

Kolmogorov-Smirnov Test (Exact Sig.) 0,051 0,301 0,708 0,19

Variável dependente

66 Apresentam-se, também, as equações relativas aos modelos finais ajustados dos anos de 2009, 2008 e 2007:

2009: DivIC_Act = 0,58983 - 0,26346 Est_Div_CP - 0,12151 Liq_Red + 0,02471 Liq_Ger - 0,00038 PMP -

0,60768 O_Ben_Fisc + 0,00036 PMR

2008: DivIC_Act = 0,61703 - 0,24805 Est_Div_CP - 0,10507 Liq_Red + 0,02088 Liq_Ger - 0,00042 PMP -

0,57130 O_Ben_Fisc + 0,00025 PMR - 0,13460 Comp_Act - 0,12953 Rend_Brut_Vend

2007: DivIC_Act = 0,68547 - 0,31501 Est_Div_CP - 0,11154 Liq_Red + 0,01128 Liq_Ger - 0,00032 PMP +

0,00015 PMR - 0,25859 Comp_Act - 0,00052 Cob_Serv_Div

A análise efectuada aos quatro modelos permitiu concluir que, em todos eles, as relações entre a variável dependente e as diversas variáveis independentes apresentavam o mesmo sinal/sentido, não sendo muito significativas as diferenças entre os valores dos coeficientes. Paralelamente, os modelos apresentam capacidades explicativas muito próximas, com os coeficientes de determinação ajustados a variarem entre os 42% e os 43%.

Em termos de consistência dos modelos, das variáveis consideradas significativas, a rendibilidade bruta das vendas e a cobertura do serviço da dívida são as variáveis menos sólidas. No caso da rendibilidade bruta das vendas, esta apenas foi incluída no modelo de 2008, não tendo sequer sido considerada significativa no modelo global.

Quanto à cobertura do serviço da dívida, esta variável foi incluída tanto no modelo de 2007, como no modelo global. No entanto, atendendo ao peso bastante reduzido que a cobertura do serviço da dívida apresentou, subsistem dúvidas acerca da sua relevância para o modelo, as quais poderiam ser completamente esclarecidas, caso fossem incluídas na amostra observações relativas a outros exercícios. No estudo em apreço, por prudência, optou-se pela manutenção da variável no modelo final.

Quando comparado com os modelos de 2008 e 2007, o modelo relativo a 2009 destaca-se pelo aumento do contributo das variáveis associadas ao factor liquidez, designadamente, a liquidez geral, a liquidez reduzida e o prazo médio de recebimentos, o qual, apesar de ser um rácio de actividade tem um grande impacto sobre as necessidades de tesouraria de uma empresa.

67 Esta variação no modelo tende a reflectir uma mudança estratégica da parte dos bancos, no que concerne à concessão de financiamento às PME do sector da construção. Tendo por base as dificuldades de liquidez que o sector bancário tem vivido nos últimos 3 anos, é natural que esta seja uma matéria para a qual as instituições de crédito tenham passado a olhar com o maior interesse e rigor, sendo, actualmente, um factor ainda mais relevante, no âmbito da análise de crédito.

Em termos evolutivos, refira-se que, da análise efectuada às estatísticas descritivas das variáveis incluídas no modelo, verificou-se que, em 2009, o peso das dívidas a instituições de crédito no total do activo se apresentou, em média, ligeiramente inferior aos exercícios anteriores (31,7% em 2009 e cerca de 33% em 2007 e 2008).

De igual modo, constatou-se um aumento, em termos médios, do rácio de liquidez reduzida e uma diminuição do rácio de liquidez geral. Contrariamente ao previsto, a análise da amostra permitiu, ainda, observar, em 2008 e 2009, uma diminuição dos prazos médios de recebimentos e de pagamentos face a 2007. Esta variação não seria, de todo, expectável, sobretudo no exercício de 2009, dadas as crescentes dificuldades evidenciadas, ano após ano, pelas PME do sector da construção. De acordo com informação disponível no site do Banco de Portugal, o prazo médio de pagamentos das PME do sector da construção apresentou apenas ligeiras variações entre 2007 e 2009, enquanto que o prazo médio de recebimentos seguiu uma tendência de subida naquele período. Face a esta variação anómala, importa salientar, mais uma vez, que uma parte muito significativa das demonstrações financeiras das PME do sector da construção não é auditada ou certificada por um revisor oficial de contas, por não cumprir os requisitos mínimos impostos na lei27, pelo que nem sempre os referidos elementos financeiros apresentam o rigor desejado, reduzindo substancialmente a fiabilidade da informação.

Relativamente à estrutura de endividamento de curto prazo e aos outros benefícios fiscais, estes indicadores mantiveram uma tendência de grande estabilidade ao longo dos três períodos analisados.

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