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2 ANÁLISE DA GESTÃO DA IMPLEMETAÇÃO DO PROGRAMA DE

2.3 As escolas e seus resultados: a percepção dos atores sobre a realidade

2.3.6 Compreendendo a escola B através dos professores

Como já especificado, as respostas dos professores da Escola B são aqui analisadas, considerando as dificuldades apontadas e as ações desenvolvidas pela escola para saná-las.

Professor regente de turma - 1º ano do E.F. Escola B43

A gente até discutiu isso no módulo II. Porque no terceiro ano o aluno foi bem avaliado. Aí chegou ao quinto ano ele caiu. Então “o que será que aconteceu? No quarto ano não trabalhou o que deveria que ser trabalhado?” A gente até questionou isso na nossa reunião, mas não chegamos a um consenso. Mas tem aquela questão. Eu por exemplo, eu posso falar por mim, eu nunca apliquei a prova, eu nunca vi a prova, eu nunca tive acesso à prova. Porque eu poderia falar se eu visse a prova do terceiro ano, que é onde cobra a alfabetização e letramento, pra eu ver a do quinto ano, eu poderia falar, talvez. Tem essa situação, assim de análise. Porque eles falam que no terceiro ano cobra... é muita “fala” mas eu nunca vi a prova, entendeu? O ano passado, por exemplo, que eu não estava nessa escola, mas eu estava no quinto ano eu tive assim, em outra escola, eu tive acesso àquelas várias provas que a gente fica dando para o aluno entender como é o processo todo de aplicar, que eu não acho... Apliquei, mas eu não acho que é válido você ficar pegando provas de anos passados e tá sempre repetindo, repetindo, porque o aluno decora a resposta daquela prova. Eu não considero isso válido. Agora a partir do momento que você trabalha a alfabetização e letramento, que você eleva o aluno, tem mais

43 Este professor possui habilitação em Pedagogia, conta com 07 (sete) anos de docência na

possibilidade dele acertar aquelas questões (Entrevista realizada no dia 14/08/2015).

O professor não destacou nenhuma ação desenvolvida pela escola, no que tange aos seus resultados nas avaliações externas. Argumentou que desconhece o tipo de avaliação que é aplicada para os alunos e ressaltou que embora a escola tenha discutido os seus resultados, não se chegaram a um consenso sobre o porquê dos seus resultados. Observa-se na fala do professor que os conceitos pelos quais a avaliação deve se revestir na escola (Perrenoud, 2003) no sentido de ser formativa e reguladora das aprendizagens ainda carecem de uma ressignificação.

Sob essa ótica, Brooke (2006) ressalta que é importante que o diagnóstico de cada escola, seja confrontado com os sistemas de apoio e capacitação promovidos pelas instâncias superiores, as quais devem assegurar condições equitativas para que as escolas melhor interpretem seu resultados e empreendam mudanças em sua própria realidade.

Partindo deste pressuposto, justifica-se um olhar mais acurado à implementação do PIP/ATC nesta escola, considerando que a operacionalização deste Programa ancora-se em uma cadeia de apoio pedagógico às escolas. Cadeia esta composta pelas equipes Central e Regionais com o objetivo de auxiliarem as escolas na obtenção de um melhor desempenho dos seus alunos.

O ator seguinte também não apresenta um ponto de vista conciso acerca dos resultados da escola, o que se relata abaixo.

Professor regente de turma -- 2º ano do E.F. Escola B44

Não tem uma posição específica não. O que é que eu vejo é talvez mudança de quantidade de professor. Se bem que o quinto ano, é no quinto ano, né, que teve essa queda. O quinto ano eles estão ainda com um professor único. A única justificativa que eu vejo aí é porque tem muita movimentação de aluno. Eles entram, eles saem, vêm de outras escolas, a escola recebe alunos de outra escola. Então eu não sei te atribuir exatamente qual é o motivo da queda não, porque eu vejo que se ele está bem na alfabetização, no mesmo ciclo de alfabetização deveria continuar porque há uma continuação do trabalho. Mas aí é assim, eu vejo muito essa movimentação na escola, os bons, os que são melhores acabam saindo e a gente vai recebendo uma clientela com o nível de aprendizagem inferior (Entrevista realizada no dia 14/08/2015).

44 Este servidor possui habilitação em Pedagogia, especialização em Supervisão escolar. Conta

O professor pontuou que não entende o porquê dos resultados da escola. Falou da regência de aulas em detrimento da regência de turmas. Porém, revê a afirmação e fala da unidocência até o 5º ano.

Ressaltou que a única justificativa para os resultados da escola, talvez seja a movimentação dos alunos na escola em que saem os bons e entram outros com um nível de aprendizagem inferior. Não apontou nenhum problema relevante na escola e nem ações para saná-los. Observa-se na fala do professor que temas interligados como progressão continuada, interpretação de resultados das avaliações, bem como, organização do ensino em ciclos de aprendizagens ainda carecem de estudos mais aprofundados nesta escola.

No tocante à formação docente, Perrenoud (1999) ao atribuir à escola certa parcela de responsabilidade pelo fracasso escolar ressalta a necessidade de uma mudança na concepção da avaliação, no sentido de que esta se revista de um caráter mais formativo, no entanto, o autor salienta que tal conquista se relaciona com a sistematização das práticas pedagógicas e estratégias de mudança, de modo a contemplar a profissionalização dos professores.

Quanto à organização do ensino em ciclos Perrenoud (2003) aponta que é preciso que a avaliação seja formativa ao longo do ciclo e leve, ao final de cada ciclo de aprendizagem a aquisições essenciais e duráveis.

Nos mesmos pressupostos, até aqui apresentados, analisa-se a seguir o ponto de vista de outro ator da Escola B.

Professor regente de turma - 2º ano do E.F. Escola B45

Eu acho assim, que trabalhar a gente trabalha muito, mas em relação à queda é falta de interesse mesmo do aluno. Tem menino que vem mesmo para a aula só para, digamos que só para “passear”, porque trabalhar a gente trabalha mesmo com vontade, dá de tudo. Às vezes também a disciplina de aluno. Tem os indisciplinados. Toda sala é assim. Tem aqueles que querem, que vem para a aula mesmo estudar com seriedade e tem aquele que vem para brincar. O crescimento... Eu acho que o crescimento... Eu atribuo o crescimento a essas aulas de reforço que a gente dá. Igual mesmo. Tem esses meninos que vêm de manhã, e voltam à tarde, professor procurando dar uma aula diferenciada para o aluno e, às vezes, tem aquele pai também que acompanha. Você vê a diferença entre aquele

45 O ator, acima apresentado, possui habilitação em Pedagogia e Normal Superior, especialização

em Psicopedagogia e Inclusão Escolar. Atua como docente na SEE/MG há 13 (treze) anos e na escola há 09 (nove) anos (vide quadro 06).

aluno que tem o apoio familiar e o que não tem. O que tem vai longe e o que não tem, coitado, se a gente não ficar em cima [...] (Entrevista realizada no dia 14-08-2015).

Este professor atribuiu a responsabilidade dos resultados da escola à família e ao aluno, ressaltando a indisciplina e a falta de interesse do aluno. Relacionou o crescimento às aulas de reforço ministradas por alguns professores da escola. Porém, evidencia que o crescimento é alcançado quando a escola tem o apoio da família.

A partir das afirmações do entrevistado pode-se inferir que esta escola não prima por ações pautadas no compromisso de reversão dos seus respectivos resultados. Tal ponto de vista é contrário ao que propõe Sousa (2003) quando afirma que o comprometimento coletivo da escola é imprescindível para conquista do direito a uma educação de qualidade. Para a autora, esta conquista se viabiliza quando as escolas, professores e pais exploram interesses comuns e empreendem ações coletivas.

Pautando-se nas concepções dos autores, citados neste capítulo, na subseção a seguir são analisados os pontos de vista dos professores regentes de turma da Escola C.