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Comunicação e estratégia: Uma relação indissociável na organização

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Ao longo das últimas páginas, foi dada uma visão sobre comunicação e a sua importância no mercado laboral no que concerne ao seu uso pela entidade patronal pois é a entidade patronal que deve usar de um bom processo comunicativo para com os seus subordinados para obter deste o melhor rendimento, empenho e satisfação.

No quadro da organização e da relação com os funcionários, os empregadores devem não só usar a comunicação como usar a estratégia. Usar a estratégia ao serviço da comunicação.

Ao longo das últimas décadas, a comunicação foi estudada por muitos investigadores, sendo que foi analisada sob vários pontos de vista, sendo deste modo relacionada com diversas áreas como por exemplo a sociologia e a psicologia.

Trata-se de um processo muito complexo a comunicação que engloba várias variantes e vários outros processos, todos eles interligados entre si de forma tão ramificada que se torna quase impossível estudá-los isoladamente. No âmbito do mundo da organização e dos seus intervenientes, o que vai ser seguidamente analisado, é o uso da estratégia na comunicação.

Para a comunicação ser bem sucedida na organização, para o empregador ser bem sucedido na comunicação com os seus subordinados, não basta só que ele comunique. É também necessário que este saiba como o fazer.

A estratégia é algo que já vem desde tempos imemoriais, desde os primeiros tempos do homem no planeta terra, que o conflito entre eles é uma constante. Com o passar dos séculos, com a conquista e manutenção de novos territórios pelos diferentes povos do mundo, a estratégia passou a ser um factor determinante para um povo ser bem sucedido. Portanto a estratégia tem a sua origem no âmbito militar. Para assegurar a manutenção dos seus territórios, os exércitos das variadas nações, tinham de usar de estratégia para serem superiores aos seus adversários.

Existem vários personagens, militares, políticos, etc. Cada um com as suas próprias definições de estratégia. A título de exemplo podemos considerar a definição de estratégia de Clausewitz em que este considera que a estratégia consiste em estabelecer um objectivo e em elaborar um plano para se cumprir esse objectivo. (Clauswwitz, 1999: 139 in Rei, 2002: 18).

Do que não há dúvida é de que de entre as várias teorias de estratégia, todas elas referem alguns pontos-chave como o são a determinação de um objectivo ou de uma meta a atingir, a elaboração de um plano para esse efeito e os recursos disponíveis com os quais se pode levar esse plano a cabo.

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Ora falando de um modo simples e resumido, pode dizer-se que estratégia é usar da melhor maneira possível, os recursos de que se dispõe, para se alcançar os objectivos.

Falar de estratégia é também falar de vários pontos que são essenciais no pensamento estratégico:

- Antecipação: Antecipar e prever o que vai acontecer, estar um passo à frente de forma a se poder definir o que fazer perante o que irá ocorrer;

- Decisão: para uma boa estratégia dar resultado, não basta apenas planear, é preciso também executar. De preferência planear bem e executar ainda melhor;

- Método: para se executar bem é necessário usar um bom método. O método é o caminho a seguir para se resolver o problema pelo que a metodologia a usar deve ser bem planeada consoante o problema pois só assim este último pode ser ultrapassado; - Posição: que se decide tomar através do método pois este leva-nos por um determinado caminho o que nos leva naturalmente a ter uma determinada posição; - Marco de referência: é o que a estratégia representa pois o desenvolvimento e aplicação desta, leva a que esta se torne uma referência se bem aplicada;

- Perspectiva: no processo de implementação de uma estratégia, existe a perspectiva de quem o aplica na medida em que este tem a expectativa de que possa resultar;

- Discurso: Aquilo que a estratégia desencadeia falando de comportamentos e acções, sucede devido à lógica do seu discurso;

- Relação com o meio: este ponto refere-se ao ambiente onde vamos agir e onde nos vamos orientar.

Estes são alguns pontos que fazem parte de um plano estratégico. Naturalmente que vários autores hão-de ter as suas próprias visões e os seus próprios pontos. Mas no essencial a essência de um plano estratégico não há-de ser muito diferente dos pontos acima enumerados. (Rei, 2002: 20-22).

No que diz respeito ao empregador e ao seu comportamento dentro da organização, este pontos também são perfeitamente aplicáveis. Senão vejamos que é necessário que o empregador antecipe os perigos que a empresa pode enfrentar num futuro próximo. Este deve pois estar um passo à frente do que poderá vir a suceder para assim conseguir manter a sustentabilidade da organização.

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O empregador deve tomar as decisões certas sendo que deve implementar as estratégias que concebeu para salvaguardar a empresa e não deve assim ficar à espera do que aconteça. Deve ser activo e não reactivo.

Para implementar boas estratégias, quer ao nível de comunicação, quer a outros níveis no que respeita ao âmbito da organização, o empresário deve usar bons métodos de implementação dessas estratégias. Por exemplo se pretende desenvolver uma boa estratégia de comunicação para com os seus trabalhadores, deve pois fornecer-lhes todos os meios para que essa comunicação seja posta em prática. Isso só se consegue planeando bem, usando bons métodos.

Consoante a estratégia que for seguida, isso leva o empresário a adoptar uma determinada posição Essa posição que era almejada por ele, é conseguida através da aplicação dessa boa estratégia. Por exemplo se o empregador quiser ter uma boa posição dentro da empresa, de líder eficiente e respeitado, deve desenvolver estratégias que fomentem isso.

A estratégia a seguir dentro da organização, deve ser um marco, um ponto central a partir do qual a organização se deve centrar e apoiar. Por exemplo na óptica do empregador, a estratégia de comunicação a ser implementada por ele, deve ser um ponto de referência para os seus subordinados no qual estes se apoiem, se baseiem.

Se o empregador aplica uma estratégia de comunicação dentro da empresa, é porque tem a perspectiva de este plano vir a ser bem sucedido.

Relativamente ao discurso, as estratégias para desencadearem comportamentos e acções, devem ter uma boa lógica no que respeita ao seu plano de acção.

Já no que diz respeito ao processo de relação com o meio, é importante dizer que a ou as estratégias a implementar, têm como objectivo final, um melhor desenvolvimento do meio para onde estão a ser desenvolvidas e aplicadas. Ou seja, se o empregador desenvolve uma estratégia de comunicação para o seio da organização, é natural que se espera que esta estratégia dê frutos no ambiente da organização.

Pois é dentro da organização que o empregador, os seus colaboradores e os funcionários se vão movimentar sendo esse o seu local de trabalho.

Posto isto, é por demais evidente que a organização ou por outra, que quem dirige a organização, tenha boas estratégias para esta funcionar da melhor maneira possível. E a comunicação não foge à regra. É necessário que se criem boas estratégias de comunicação para esta se desenvolver em pleno de modo a que se possa criar um

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sólido sistema de comunicação e de relações entre os diferentes membros da organização.

Falando agora de comunicação estratégica propriamente dita, esta é um mecanismo de importante valia no mundo empresarial. É necessário que esta seja ponderada e que se insira numa lógica de em que se privilegie a acção directa para se obterem resultados.

A comunicação estratégica deve ser orientada também para o amanhã pois quando falamos de estratégia, falamos em prever ou seja no futuro. Sendo que a comunicação está ligada ao ser humano ou seja, às pessoas, pode considerar-se a comunicação estratégica como um instrumento que aponta baterias para o visionamento futuro da empresa. A organização que se pretende que funcione o melhor possível, deve pois ter um bom plano de comunicação estratégica que a ser bem implementado, leve as pessoas para a mesma direcção, isto é os membros da empresa, devem caminhar todos no mesmo sentido no que respeita ao rumo a tomar pela mesma. É isto que se pretende que um plano de comunicação estratégica faça.

A comunicação estratégica deve pois ser aplicada na empresa de maneira a que esse plano crie os efeitos pretendidos pelo empregador, pelo empresário. Esse plano deve ser pois alvo de um prévio planeamento e não ser elaborado de forma precipitada.

Deve ser claro e conciso e não conter informações desnecessárias que possam contribuir para a incompreensão no que diz respeito aos membros da empresa.

O plano de comunicação estratégica deve estar orientado para fomentar a união no seio da empresa ou seja o propósito da sua aplicação deve ser no que respeita aos recursos humanos da empresa, apelativo a estes para que todos possam remar para o mesmo lado.

O empregador/empresário, deve pois avaliar quais as necessidades da empresa, as suas falhas, os parâmetros onde pode melhorar, deve então de acordo com essas falhas, elaborar um plano de comunicação estratégica que possa não só cobrir essas deficiências mas também orientar o rumo da empresa na direcção dos objectivos a que este (empresário), se propôs. Não basta apenas implementar um plano de comunicação estratégica, é necessário depois monitorizá-lo para ver se está a funcionar bem.

Um empresário para ser um bom líder tem de considerar sempre a comunicação estratégica como uma ferramenta essencial para esse objectivo de bem liderar os destinos da empresa/fábrica/organização. (Rei, 2002: 27-32; 35-35; 45-46).

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Deve falar-se em comunicação estratégica ou numa estratégia de comunicação?

É evidente que no seio de uma empresa, a comunicação deve ser estratégica para levar a um melhor funcionamento da organização. Deve ser um mecanismo que deve ser orientado para cobrir as falhas comunicacionais e outras que estejam presentes no ambiente da organização. Deve ser um mecanismo orientado para a acção, que deve orientar os elementos da empresa para o rumo que o empresário pretende.

Um plano de comunicação estratégica deve ter bem presentes as necessidades e desafios que a empresa enfrenta ou poderá a vir enfrentar e deve pois direccionar os esforços de todos para os objectivos a atingir.

Todavia para se falar em comunicação estratégica deve falar-se primeiro de estratégias para a comunicação. E deve seguir-se essa ordem porque?

Porque ao falar-se de estratégia de comunicação, estamos a falar de uma estratégia que é preciso seguir para determinar a comunicação.

Um exemplo que ajudará a explicar este ponto pode ser dado com recurso ao meio militar. Como já foi referido, a estratégia tem a sua origem no ramo militar. Ora imaginemos que dois exércitos se encontram em confronto. Um deles quer fazer um ataque estratégico aos comboios de abastecimento do inimigo para assim ir enfraquecendo as suas reservas de víveres.

Obviamente que primeiro há que delinear uma estratégia de ataque. Não basta dirigir-se às bases do inimigo e depois logo se vê. É necessário que haja um plano de acção. Ora no ramo das organizações, também se passa o mesmo. Não basta apenas ao empresário dizer que vai organizar e elaborar um plano de comunicação.

É necessário que primeiro ele organize uma estratégia para depois elaborar esse plano. O empresário deve assim identificar as lacunas da organização como as deficiências de comunicação entre os trabalhadores e as chefias e outras lacunas. Deve depois definir qual a melhor metodologia a usar para prevenir essas lacunas e só então depois de bem analisados os problemas, e depois de definidos os melhores métodos a usar para os resolver, o plano de comunicação estratégica deve ser usado para assim alcançar melhor os seus objectivos.

Portanto para se poder falar em comunicação estratégica, deve falar-se primeiro em estratégia para a comunicação, pois para se poder aplicar um bom plano estratégico, deve primeiro usar-se a estratégia para delinear esse mesmo plano. (Rei, 2002: 47-50).

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