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Comunicação e registro de dados

No documento LIVRO SAE 2 COMPLETO PDF (páginas 76-88)

Os dados significativos (ou anormais) devem ser registrados e comunicados, assegurando-se com isso que os outros membros da equipe interdisciplinar tenham conhecimento da situação do pa- ciente e garantindo a detecção precoce dos problemas.

O registro dos dados promove a continuidade da assistência, a exatidão das anotações e o pensamento crítico, uma vez que o en- fermeiro poderá fazer uma avaliação do registro de suas inform- ações e, assim, analisar os dados coletados e aprofundar seus conhecimentos.

A Figura 4.1 sintetiza os cinco passos da fase de investigação propostos por Alfaro-LeFevre (2005).

A organização dos dados é essencial para a sua interpretação e para o processamento apto e crítico de inferências e julgamentos.

Dessa forma, o enfermeiro poderá estar mais bem estruturado para determinar o diagnóstico de enfermagem, o que constitui a etapa seguinte do processo de enfermagem. Portanto, uma avaliação insu- ficiente ou incorreta nessa fase poderá levar a um diagnóstico de enfermagem também incorreto, resultando em prescrição e evolução errôneas, o que pode comprometer a saúde do paciente.

Figura 4.1

Os cinco passos da fase de investigação segundo Alfaro-LeFevre.

No momento da investigação, o relacionamento enfermeiro-pa- ciente é fundamental para o bom desfecho do trabalho. Logo, en- trosamento é essencial, tanto quanto é importante o enfermeiro ter bons conhecimentos de Semiologia e Semiotécnica, para que os da- dos objetivos e subjetivos sejam coletados de modo fidedigno.

Para isso, quando vai ao encontro do paciente, o enfermeiro de- ve lançar mão de seus conhecimentos e coletar os dados a partir de um referencial teórico. Ou seja, após optar por uma teoria de enfer- magem, o profissional deve se direcionar pelos conceitos da teoria e realizar a anamnese e o exame físico guiados pelo modelo conceitual.

Aplicação prática: teorias

versus investigação

Você deve estar se perguntando: como fazer isso na prática? Como escolher uma teoria de enfermagem? Como implantar uma teoria na prática de modo que os enfermeiros possam vir a utilizar uma mesma linguagem e obter dados padronizados?

Rossi e Carvalho (2002) sustentam que, uma vez que o indiví- duo, a família ou a comunidade apresentem uma situação es- pecífica, o enfermeiro pode relacionar o modelo que mostrar maior congruência com tal demanda.

A escolha do referencial teórico deve ser sustentada pela con- gruência entre os conceitos da teoria de enfermagem, o perfil dos pacientes e dos enfermeiros e o tipo de ambiente em que a teoria será aplicada.

Leopardi (1999) cita que a utilização e o desenvolvimento das teorias baseiam-se na suposição de que vemos o mundo de acordo com os conceitos que já temos, resultado da nossa experiência, da educação que recebemos e da nossa cultura. Não há, pois, formação de conceitos se não houver vivência de situações em que eles apareçam.

Diante disso, torna-se evidente que muitas teorias foram escritas a partir de uma vivência prática, e acreditamos que é a partir dos conceitos dessa prática que a escolha do marco teórico deve ser feita.

Realizar um diagnóstico prévio para melhor compreensão das características da unidade, das demandas de pacientes e profission- ais e dos papéis desempenhados pelo corpo de enfermagem deve ser a primeira etapa para a escolha da teoria.

As teorias contêm definições próprias, e estas são importantes, uma vez que, segundo Meleis (1985), irão direcionar a escolha das teorias.

Hickman (2000) define que uma teoria sugere uma direção de como ver os fatos e os eventos – logo, deve ter relação direta com o cotidiano dos profissionais enfermeiros. Além disso, Rossi e Car- valho (2002) chamam a atenção para a consonância entre as polít- icas e as práticas da instituição e os conceitos da teoria.

Essa relação é imprescindível para a harmonia entre o modelo de gestão administrativo preconizado na instituição e a assistência prestada pelos profissionais no estabelecimento de saúde.

Após a escolha da teoria, torna-se necessária a capacitação dos enfermeiros por meio de programas de educação permanente, uma vez que uma mudança de comportamento motivada por capacit- ação profissional, desenvolvimento de talentos e motivação do grupo é pré-requisito para o bom êxito do trabalho.

A capacitação e o desenvolvimento de interesse pela equipe de enfermagem em prol da aplicabilidade da SAE são estratégias im- portantes a serem adotadas.

O interesse é enfocado por Santos (1998) como facilitador para a aplicação do processo de enfermagem, e é citado como: conscient- ização de que é importante, o interesse pela implementação, pela disponibilidade em seguir, pelo envolvimento do grupo e pela vont- ade da pessoa.

A preparação dos profissionais passa também pelo conheci- mento de semiologia e semiotécnica, que se torna necessário para a coleta de dados e a análise dos dados obtidos, os quais serão o guia para a elaboração dos diagnósticos de enfermagem.

A elaboração de instrumentos para auxiliar na anamnese e no exame físico diários (Figuras 4.2 e 4.3) embasados no marco teórico escolhido poderá ajudar os enfermeiros na obtenção das evidências e na aplicação da teoria.

Figura 4.2

Modelo de instrumento para coleta e agrupamento de dados da investigação de enfermagem fundamentado na Teoria de Enfermagem das Necessidades Humanas Básicas, de Wanda de Aguiar Horta.

Figura 4.3

Modelo de instrumento para coleta e agrupamento de dados para a evolução de enfermagem fundamentado na Teoria de Enfermagem das Ne- cessidades Humanas Básicas, de Wanda de Aguiar Horta.

Para Carpenito-Moyet (2008), são três os principais fatores que podem influir nas maneiras de elaboração e no tipo de informação

que os instrumentos investigativos devem conter: as necessidades e os problemas identificados; a teoria de enfermagem; e os padrões de cuidado definidos pelos órgãos legisladores e Conselhos de Profissionais de Enfermagem. Ressalte-se que as informações exigi- das pelas fontes mantenedoras dos custos médicos e hospitalares (convênios de saúde) podem também influenciar as informações que devem ser descritas nos impressos.

Esses instrumentos devem conter os conceitos da teoria, e os en- fermeiros devem adotar um comportamento de acordo com esse fundamento teórico. Cabe, no entanto, reforçar que a simples im- plantação dos instrumentos de coleta de dados sem mudança de comportamento não garante a SAE nas instituições de saúde. Para que a SAE realmente ocorra, torna-se necessária a comunhão entre os conceitos do marco teórico e a conduta dos profissionais de enfermagem.

Questões para fixação do

conteúdo

1. Qual é a primeira fase do processo de enfermagem? Defina essa fase.

2. Quais são os cinco passos que podem ajudar o enfermeiro a realizar uma coleta de dados sistematizada?

3. O que são dados diretos, indiretos, objetivos e subjetivos? 4. Como pode ser realizada a validação dos dados coletados pelos

enfermeiros?

5. Qual é a importância do pensamento crítico?

6. Qual é a importância de uma comunicação efetiva dos dados coletados durante a primeira fase do processo de enfermagem? 7. Por que se faz necessária a organização dos dados coletados?

8. Cite uma estratégia para se implantar uma teoria de enfer- magem na prática.

Segunda

Etapa

do

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