Capítulo 5 – Apresentação e interpretação dos resultados
5.1.1. Conceções de professores supervisores e professores cooperantes
Foi nossa intenção conhecer as conceções que os professores, envolvidos na disciplina de Prática Supervisionada em 1.º Ciclo do Ensino Básico, tinham acerca das
“finalidades” desta unidade curricular, bem como as representações que tinham acerca
do “papel e lugar” que desempenham no atingir das mesmas. Os dados recolhidos redundaram na criação de duas categorias – “Conceções sobre as finalidades da
disciplina de Prática Supervisionada em 1.º Ciclo do Ensino Básico” e “Conceções sobre o papel e lugar de professores supervisores e professores cooperantes no atingir das finalidades da disciplina de Prática Supervisionada em 1.º Ciclo do Ensino Básico”
No Quadro 5 apresentamos os dados atinentes às conceções destes professores sobre a disciplina de Prática Supervisionada em 1.º Ciclo do Ensino Básico, bem como a frequência das unidades de registo (UR) e de enumeração (UE) respetivas.
Quadro 5
Sinopse do tema “Conceções de professores supervisores e professores cooperantes sobre a disciplina de Prática Supervisionada em 1.º Ciclo do Ensino Básico
Categorias Subcategorias
UR EU
N=8
F % F %
Conceções sobre as finalidades da disciplina de “Prática Supervisionada em 1.º Ciclo do Ensino Básico”
Experienciar a profissão através de uma componente prática
23 10,2 8 100
Proporcionar uma perspetiva reflexiva acerca da prática
9 4 8 100
Auxiliar os alunos com os conhecimentos de profissionais experientes
9 4 6 75
Permitir aplicar conhecimentos adquiridos em unidades curriculares anteriores
13 5,8 6 75
Identificar dificuldades e facilidades dos alunos na aplicação prática
64
Tal como García (2001), também os formadores desta disciplina parecem crer que esta componente pode contribuir para a formação de professores, na medida em que: os indivíduos em formação melhoram as suas disposições e competências para desenvolver a aprendizagem; aprendem a questionar o que veem, o que pensam e o que fazem; veem os limites da justificação das suas decisões e ações em termos de “ideias relacionadas” ou controlo de classe; e compreendem a experiência como um princípio, em vez de a entenderem como um momento culminante da sua aprendizagem.
Interessa, por ora, analisar detalhadamente os dados respeitantes a cada categoria e subcategorias respetivas.
Benefícios da disciplina de Prática Supervisionada em 1.º Ciclo
Podemos, então, constatar que os entrevistados atribuem à disciplina seis finalidades prioritárias, podendo ser observadas no Quadro 5.1.
Quadro 5.1.
Análise das subcategorias respeitantes às “Conceções sobre as finalidades da disciplina de Prática Supervisionada em 1.º Ciclo do Ensino Básico”
Desenvolver e fundamentar o compromisso com a profissão
5 2,2 5 62,5
Subtotal 65 28,9 8 100
Conceções sobre o papel e lugar de professores supervisores e professores cooperantes no atingir das finalidades
da disciplina de “Prática
Supervisionada em 1.º Ciclo do Ensino Básico”
Funções do professor supervisor 59 26,2 8 100
Funções do professor cooperante 62 27,6 8 100
Articulação entre professor supervisor e professor cooperante
23 10,2 8 100
Limitações do professor supervisor 10 4,4 6 75
Limitações do professor cooperante 6 2,7 4 50
Subtotal 160 71,1 8 100 Total 225 100 8 100 Subcategorias Indicadores UR EU N=8 F % F %
Experienciar a profissão através de uma componente prática
Consciencializar para a multiplicidade de funções/papéis do professor
8 12,3 6 75
Experienciar a profissão 5 7,7 5 62,5
Desenvolver conhecimentos necessários à profissão por meio da experiência prática
5 7,7 5 62,5
Desenvolver competências profissionais por meio da experiência prática
5 7,7 4 50
Subtotal 23 35,4 8 100
65
As finalidades que mereceram maior relevância, por parte dos entrevistados, sendo consensuais, correspondem a experienciar a profissão através de uma componente prática e proporcionar uma perspetiva reflexiva acerca da prática.
Relativamente à primeira subcategoria, ressalva-se que 75% dos sujeitos dizem que nesta componente se pretende consciencializar os alunos para a multiplicidade de
funções/papéis do professor. Nas palavras de E1: “Sem dúvida que uma das finalidades da disciplina é a tomada de consciência de alguns papéis fundamentais para exercer a profissão”. De igual forma, 62,5% dos entrevistados afirmam que, para além de experienciar a profissão, tal como refere E4: “(…) como é uma componente prática experienciam a profissão”, os alunos vão desenvolver conhecimentos necessários à profissão por meio da experiência prática, tal como sugere E6: “(…) permitir que desenvolvam os conhecimentos necessários para serem professores do 1.º ciclo”.
No que compete à segunda subcategoria aludida foi-nos possível depreender que esta é uma conceção partilhada pela totalidade dos entrevistados, pois tal como enuncia E1: “Desenvolver competências reflexivas é o cerne desta disciplina”.
Por seu turno, as subcategorias permitir aplicar conhecimentos adquiridos em
unidades curriculares anteriores e auxiliar os alunos com os conhecimentos de profissionais experientes foram indicadas como finalidades por 75 % dos sujeitos
inquiridos. Tais finalidades estão patentes nos seguintes discursos ilustrativos:
“(…) pôr em prática aquilo que se aprendeu na teoria.” (E3)
conhecimentos de profissionais experientes
experientes
Aprender com profissionais experientes 4 6,2 3 37,5
Subtotal 9 13,9 6 75
Permitir aplicar conhecimentos adquiridos em unidades curriculares anteriores
Aplicar teoria na prática 10 15,4 4 50
Valorizar a teoria na prática 3 4,6 3 37,5
Subtotal 13 20 6 75
Identificar dificuldades e facilidades dos alunos na aplicação prática
Identificar dificuldades teóricas e práticas dos alunos
3 4,6 3 37,5
Identificar o que os alunos já sabem fazer 3 4,6 3 37,5
Subtotal 6 9,2 5 62,5
Proporcionar uma perspetiva reflexiva acerca da prática
Refletir acerca da prática 9 13,8 8 100
Subtotal 9 13,8 8 100
Desenvolver e fundamentar o compromisso com a profissão
Identificarem-se com a profissão 3 4,6 3 37,5
Decidirem se querem exercer a profissão de professor
2 3,1 2 25
Subtotal 5 7,7 5 62,5
66
“(…) a primeira coisa a perceber é que a prática não é tudo, (…) antes de lhes deitarmos mãos temos de valorizar o que aprendemos antes na teoria”. (E6)
“(…) evoluírem como professores com a ajuda de professores mais sábios (…).” (E2)
Da nossa análise aferimos que, tal como Formosinho (2001), os inquiridos consideram que é relevante transformar os conhecimentos curriculares em conhecimentos profissionais suscetíveis de serem mobilizados na ação quotidiana, tendo como suporte a orientação dada por profissionais experientes.
Foram, ainda, indicadas outras duas finalidades desta disciplina por parte dos inquiridos, identificar dificuldades e facilidades dos alunos na aplicação prática e
desenvolver e fundamentar o compromisso com a profissão, tendo ambas reunido o
consenso de 62,5% dos sujeitos. Nas palavras dos inquiridos tais conceções surgiram da seguinte forma:
“(…) quando eles aqui chegam, saber quais as dificuldades que sentem, para
depois durante este processo de prática se debelarem.” (E1)
“(…) para além de estar implicado o desenvolvimento profissional de futuros professores, quer-se que se sintam como tal.” (E2)
Parece-nos correto afirmar que, estes formadores partilham das conceções de Caires e Almeida (2003) relativamente aos objetivos/finalidades desta componente curricular.
5.1.2. Conceções sobre o papel e lugar de professores supervisores e professores