• Nenhum resultado encontrado

Os substratos, rega, drenagem e vegetação foram desde sempre aspetos importantes na construção das coberturas verdes. No entanto, na fase de execução, o substrato de crescimento comprova ser um fator limitante à construção de mais coberturas, isto porque, o valor final da obra é, por vezes elevado, dependendo da quantidade de substrato a utilizar, impossibilitando que nem todos possam usufruir destes sistemas devido ao acréscimo no valor total de execução de uma cobertura verde.

A dissertação procurou contribuir para se entender a diferença no uso de substratos técnicos e solos naturais em coberturas verdes.

Os substratos técnicos têm-se vindo a apresentar como a melhor solução para serem aplicados em coberturas por se poder garantir uma eficiente drenagem, arejamento, retenção de humidade e fornecimento de nutrientes, no entanto com um custo elevado para a execução. No que diz respeito ao uso de solos em coberturas verdes foi possível identificar que estes poderão trazer consequências problemáticas, tanto para a estrutura como para a vegetação.

Por forma a correlacionar a pesquisa desenvolvida nesta dissertação com a aplicação prática à realidade portuguesa, foi executado um ensaio prático que permitiu aferir uma possível solução de substrato de crescimento em coberturas verdes, recorrendo-se ao uso de solos melhorados. Os solos melhorados surgem como uma possível solução de forma a encontrar um termo intermédio entre o uso de substratos técnicos e de solos, comprovando que estes possuem condições favoráveis para o crescimento de plantas a um custo consideravelmente inferior aos substratos técnicos.

Concluiu-se com base neste ensaio prático experimental que o solo melhorado de empresa (SME) possuiu resultados superiores ao substrato técnico (ST). Comparativamente ainda aos substratos técnicos observou-se que estes possuem excelentes resultados em diversas coberturas implementadas, no entanto neste ensaio prático, observou-se que a sua prestação nem sempre é a melhor, sendo que o crescimento da vegetação no substrato técnico (ST) não foi superior ao dos solos melhorados (SME) e (SMD).

O solo melhorado desenvolvido (SMD) permitiu demonstrar que, não se tendo uma elevada disponibilidade de materiais à disposição, é possível desenvolver um solo melhorado que permite o crescimento da vegetação de forma continua, conseguindo numa fase final melhores resultados com o solo melhorado desenvolvido (SMD) do que o substrato técnico (ST), possibilitando ainda uma redução dos custos construtivos.

118 O solo melhorado desenvolvido (SMD) possuí na sua constituição argila expandida, como referido no subcapítulo “Execução do protótipo” e “Componentes de Substratos”. Apesar de este material possuir algumas vantagens, como por exemplo a leveza e capacidade de retenção de água, neste ensaio prático é possível observar no Anexo.6 que este material pouco ajudou à estrutura do solo melhorado (SMD), isto porque em eventos de precipitação elevados, este material deslocou-se para a superfície.

É de salientar que poderão ser feitas mais alterações a nível da composição dos solos melhorados de modo a se conseguirem melhores resultados, isto porque, antes do registo de [09/jun] no solo melhorado (SMD) foi possível identificar (Anexo.6) uma quantidade elevada de infestantes que se desenvolveram numa fase inicial bem como, antes do enraizamento das plantas, o retardamento na drenagem neste mesmo solo melhorado.

De acordo com os resultados obtidos poder-se-á inferir que a argila expandida com maior granulometria não é a mais adequada quando usada com solos naturais, concluindo- se que será mais adequado o uso de argila de granulometria inferior, contribuindo de uma forma mais eficaz para a estrutura do solo. O uso de materiais como pedra basáltica e pedra- pomes, apesar de leves como a argila expandida, poderão ser úteis se disponíveis no local uma vez que têm como principal função a absorção de água e nutrientes de forma bastante eficiente. Quando usadas em misturas de substratos, a função principal da pedra-pomes é auxiliar a retenção de água, aumentando assim a drenagem.

As percentagens de finos nos solos melhorados desenvolvidos (SMD) poderão ter influência no peso da estrutura quando usadas em coberturas extensivas, pelo que a solução passará por reduzir a percentagem de solo natural na composição final reduzindo de forma substancial o peso.

Quanto ao regime de rega, foi possível observar que este tem uma grande influência no crescimento das espécies, tanto no crescimento em altura como em área verde, nos respetivos substratos de crescimento. Depois da análise deste parâmetro, é possível afirmar que um regime de rega apropriado aliado a um solo melhorado, também adequado, poderá melhorar a qualidade e o desenvolvimento da vegetação.

Conclui-se também que, quanto à vegetação, nem sempre se alcançam os resultados esperados. O exemplo que demonstra da melhor forma esta afirmação é o do desenvolvimento da espécie Sedum sediforme, onde se esperava que a espécie obtivesse um maior desenvolvimento e consequentemente melhores resultados, visto ser uma planta que suporta condições extremas.

119 O aparecimento de diversas espécies insetos e aranhas no curto prazo em que se realizou o ensaio demonstra o interesse destas estruturas na promoção e fixação da biodiversidade (Anexo.7 – registos fotográficos).

Sendo múltiplos os benefícios ambientais e sociais que se obtêm com a utilização de coberturas verdes em espaço urbano, tem o arquiteto paisagista necessidade de cada vez mais desenvolver trabalhos que insiram esta tipologia de espaço verde. Maior conhecimento cientifico, otimização de técnicas construtivas e redução de custos, são aspetos fundamentais para que se possam planear e projetar as coberturas verdes. Sendo o substrato um componente estrutural fundamental para a correta instalação das coberturas verdes, ter conhecimento de como se pode produzir, aplicar e adaptar aos solos locais é uma mais-valia para os trabalhos a realizar na prática profissional de Arquitetura Paisagista.

Este trabalho ao incidir sobre solos melhorados simulando composições, avaliando características e determinando custos construtivos, constitui-se como contributo para melhor perceção da composição e funcionamento destes sistemas de construção de coberturas verdes, que se pretende que sejam cada vez mais aplicados e fruídos por todos os que vivem no espaço urbano.

6.1. SUGESTÕES PARA FUTUROS ESTUDOS

Notando-se um aumento do interesse pelas coberturas verdes, e de forma a promover mais estudos sobre formulação de solos melhorados seguem-se algumas sugestões:

a)

Analisar outras espécies vegetais e a sua adaptação a diferentes solos melhorados e ao clima da cidade do Porto;

b)

Avaliar, em protótipos de cobertura verde, os parâmetros de qualidade de água, drenagem e retenção para diferentes tipologias com diferentes misturas de solos melhorados em diferentes regimes de rega;

c)

Estudar de forma pormenorizada diferentes misturas de solos melhorados para que estes abranjam de forma eficiente uma maior quantidade de vegetação autóctone;

d)

Estudar a performance de solos melhorados nas diferentes tipologias de

coberturas verdes;

e)

Estudar a possibilidade do uso de resíduos industriais na formulação de misturas de substratos de crescimento em diferentes tipologias de coberturas verdes.

120

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGROTEC, Revista Técnico-científica agrícola Nº3, junho 2012. Visitado a 13 de julho de 2017 http://www.agrotec.pt/wp-content/uploads/2012/05/AGROTEC-_3_2012.pdf

ALLAN, D.L. et al. (1995) SSSA Statement on soil quality. In: Agronomy News, June 1995, ASA, Madison, WI, p.7.

ANICO, A 2016. Plantas autóctones em coberturas verdes: avaliação do desenvolvimento e valor

estético vs. rega e tipo de substrato - Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Arquitetura Paisagista.

ARROBAS, M 2010 – Manual de boas práticas em espaços verdes. Câmara Municipal de Bragança 2010.

AZEVEDO. P 2011- Montagem de laboratório para estudo experimental de coberturas verdes Dissertação apresentada à Universidade de Aveiro para obtenção do grau de Mestre em Engenharia do Ambiente

COELHO, A. - Manutenção de coberturas verdes Apoio ao projeto. Dissertação de mestrado em Construção e Reabilitação.

COELHO, M. R. et.al – Solos: tipos, suas funções no ambiente, como se formam e sua relação com o

crescimento das plantas. Publicação de Dezembro 2013

COSTA, L. 2010. Espaços Verdes Sobre Cobertura - Uma Abordagem Estética e Ética. Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Arquitetura Paisagista, Universidade Técnica de Lisboa.

COSTA, L. 2015- A vegetação na Implementação de Projetos de Execução em Arquitetura Paisagista. Caracterização e Definição de Critérios de Avaliação. Tese de Doutoramento, Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

COSTA, J. 2004 – Caracterização e Constituição do Solo – Fundação Calouste Gulbenkian, 7.ª edição, Lisboa.

CMHC. (2006) – Canada Mortgage and Housing Corporation : Green Roofs - A Resource Manual for

Municipal Policy Makers. CMHC. Construção Sustentável. (2008). Acedido em Abril de 2017, de

121 DUNNETT, N. KINGSBURY, N. – Planting Green Roofs and Living Walls. Portland, Oregon 97204- 3527, U.S.A.: Timber Press; 2008.

ECOCENTER –http://www.ecocenter.pt/hidroponia/substratos.html acedido a 14 de junho de 2017

FAO, ISRIC and ISSS (1998). World Reference Base for Soil Resources. Food and Agricultura Organization of the United Nations, Roma

FISHBURN, C. (2004). – Pratical considerations on design and installations of green

roofs. The waterproofing challenge.

FLL (2008) - FLL - Guidelines for the planning, construction and maintenance of green roofing. Green Roffing Guideline. Edition 2008.

FRANCA, J. 2015 – Coberturas Verdes: Guia Técnico para Projeto, Construção e Manutenção. Dissertação de Mestrado em Arquitetura Paisagista pela Universidade de Trás-Os-Montes e Alto Douro.

GIL, A. - Como elaborar Projetos de Pesquisa. 4ª Ed. São Paulo: Editora Atlas S.A, 2002.

JELLICOE, S. G. & JELLICOE, S. (1995) – The Landscape of Man: Shaping the Environment from

Prehistory to the Present Day, Thames & Hudson.

GRG (2011) – Green Roof Guide. Design Guidance for Biodiverse Green Roofs and Green Roof Supplementary Planning Document Guidance. Groundwork Sheffield. Scheffield, UK. 2011. Disponível em http://www.greenroofguide.co.uk/

HITCHMOUGH, J. – Urban Landscape Management. Incata Press. Sydney, Australia. 1994.ISBN‐ 10:0‐ 409‐ 30748‐ 3

IGRA – International Green Roof Association. Consultado em 9 de agosto de 2017. Disponível em http://www.igra‐ world.com/

IPMA – Instituto Português do Mar e da Atmosfera, I.P. Sítio de Internet. Consultado em 27 de julho de 2017. Disponível em https://www.ipma.pt/pt/

LOPES, (2002). – Revestimentos de Impermeabilização de Coberturas em Terraço. Lisboa : s.n., 2002. MOREIRA, A. – O Método Fenomenológico da pesquisa. São Paulo. Pioneira Thomson Learning, 2004.

122 NEOTURF (2012) - Coberturas Ajardinadas [consultado em Fevereiro 2017] Disponível em: www.neoturf.pt.

NTJ 11C (2012) - Ajardinamentos especiales - Cubiertas verdes. Normas tecnológicas de jardinería y

paisagismo. Barcelona. 1ª edição Janeiro 2012.

OLLYA, M. L., Sadler, P. J. & Mackay, R. (2011). An initial experimental assessment of the influence

of substrate depth on floral assemblage for extensive green roofs. Urban Forestry and Urban Greening.

PALHA, P. (2011) – Revista da associação portuguesa de horticultura – nº106 Setembro (2011). Portal do Jardim.com – consultado a 13/07/2017 às 15:43h

PRATES. J, (2012) – Desempenho de coberturas verdes em zonas urbanas. Dissertação apresentada à Universidade de Aveiro para obtenção do grau de Mestre em Sistemas Energéticos Sustentáveis RAPOSO. F (2013) – MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DE COBERTURAS VERDES - Análise de casos

de estudo. Dissertação para a obtenção do Grau de Mestre em Construção e Reabilitação.

REIS, G. G.; MULLER, M. W. – Análise de crescimento de plantas - mensuração do crescimento. Belém, CPATU, 1978. 35p.

REIS, M. (2007) – Material vegetal e viveiros. 1. In: I. Mourão (ed.) Manual de Horticultura no Modo de Produção Biológico. Escola Superior Agrária de Ponte de Lima, pp. 19-52.

ROSAS, C. (2005) – Gabinete Técnico da Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal – CONFAGRI

SILVA, J. (2012) – Coberturas e Fachadas Verdes. Lisboa: Instituto Superior Técnico- Universidade Técnica de Lisboa, 2012. Dissertação de mestrado em Engenharia Militar.

SLOBODAN B. M. (2015) – Laboratory study on the potential use of recycled inert construction waste

material in the substrate mix for extensive green… 03 setembro 2015.

KÄMPF, A. (2000) – Produção comercial de plantas ornamentais. Guaíba: Agropecuária, 2000. STOVIN et al. (2015) – The influence of substrate and vegetation configuration on green roof

hydrological performance - Ecological Engineering Volume 85, December 2015, Pages 159–172

SIMÕES. J (2012) – INTEGRAÇÃO DO ELEMENTO VEGETAL NO EDIFICADO. Dissertação apresentada para a obtenção do Grau de Mestre em Arquitetura no Curso de Mestrado Integrado em Arquitetura conferido pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias 2012.

UNRIC – Centro Regional de Informação das Nações Unidas [consultado em setembro 2017] disponível em: http://www.unric.org/pt/

123 WEIL, R. et al. (2012) – Elementos da Natureza e Propriedades dos Solos (3ª Edição).

YANG, J. (2008) – Quantifying air pollution removal by green roofs in Chicago. Atmos Environ vol.42, 31 (2008) p.7266-7273.

124

125

ANEXO 1 – Exemplo de análise de imagem com os programas “Adobe Photoshop CC

Documentos relacionados