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Assim, com o presente estudo sobre as súmulas vinculantes chegou-se às seguintes conclusões:

A aceitação da súmula vinculante como sendo uma fonte do direito, em síntese, é a aceitação de que não apenas o legislador cria o Direito, mas também o magistrado, vez que, a criação de diretivas gerais vinculantes oriundas de uma interpretação amadurecida do Supremo Tribunal Federal sobre matéria constitucional, cuja observânca seja devida aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, é uma atuação de ordem normativa.

Que a súmula vinculante mostra-se como verdadeira “ponte” entre decisões, uma transposição do concreto para o abstrato-geral, tendo em vista, que os enunciados vinculantes, com alto grau de abstração e com efeitos erga

omnes, são editados somente após as especificidades do caso concreto,

A súmula vinculante não impede o exercício do livre convencimento dos juízes e nem usurpa funções do Poder Legislativo, pois como todo texto normativo, sempre haverá uma interpretação da súmula vinculante quando reclamada sua aplicação a um caso concreto, tendo em vista, que, como a norma jurídica, a súmula vinculante não se confunde com o texto sumular, mas é o produto da atividade interpretativa e não seu ponto de partida.

A súmula vinculante, tal qual a jurisprudência, exerce um papel de orientação para elaboração de novas leis e alteração das já existentes, bem como sinaliza para interpretações válidas das normas constitucionais em determinado período de tempo, não se podendo falar em petreficamento de decisões, violação de princípios do ordenamento jurídico nem de usurpação de funções alheias ao Supremo Tribunal Federal, enquanto órgão de cúpula do Poder Judiciário, visto que, existem possibilidades de revisão e cancelamento dos textos sumulares vinculantes através de mecanismos jurídicos constitucionais.

Assim, não há que se falar, também, em o risco de engessamento do sistema jurídico em decorrência da estrutura sumular.

Ainda, verifica-se que as súmulas vinculantes auxiliarão na diminuição de muitas antinomias do sistema jurídico, bem como na redução do risco de tratamento diverso a indivíduos que se encontram sob uma mesma situação jurídica, promovendo uma maior coerência do sistema e unidade do Direito.

Que devido às súmulas vinculantes vincularem tanto os demais órgãos do Poder Judiciário quanto à administração direta e indireta, é necessário um amadurecimento prévio, isto é, um entendimento consolidado anterior à criação, revisão ou cancelamento de uma sumula vinculante, para que tal texto sumular expresse fielmente o pensamento não somente do Supremo Tribunal Federal, mas das demais instâncias judiciais.

Que o procedimento de criação, revisão e cancelamento da súmula vinculante, inserto no texto constitucional em seu art. 103-A, deve ser visto como integrante do processo objetivo (direito processual constitucional).

Que a diferenciação entre texto sumular e súmula vinculante obriga a realização de uma atividade interpretativa, pois do texto sumular, antes de interpretado, não emanará nenhum efeito vinculativo, tendo em vista que a súmula vinculante não é o ponto de partida, mas o produto da atividade interpretativa.

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