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A necessidade de realização do presente estudo deu-se devido às pesquisas mostrarem poucos investimentos em programas individualizados de intervenção na área da comunicação alternativa com a participação de interlocutores da família, da escola e do contexto clínico em um mesmo momento do ciclo de vida de crianças com paralisia cerebral não verbais. Nesta perspectiva, também foi evidenciado na revisão de literatura a escassez de pesquisas sobre formação e capacitação de diferentes interlocutores de uma criança com paralisia cerebral.

Partiu-se da premissa que a implementação de um programa individualizado de comunicação alternativa para crianças com paralisia cerebral não verbais, de forma conjunta, com familiares, professores e terapeutas, em três de seus contextos de desenvolvimento (clínico, domiciliar e escolar), potencializaria e intensificaria o aumento do repertório de habilidades comunicativas das crianças.

Ao refletir sobre a temática dessa pesquisa considerou-se relevante fazer um levantamento sobre algumas temáticas como o processo do desenvolvimento das habilidades comunicativas; definição, classificação e caracterização da comunicação da criança com paralisia cerebral; uso de comunicação suplementar e/ou alternativa e seus impactos positivos na comunicação da criança com paralisia cerebral com seus interlocutores e por fim realizar uma revisão da literatura sobre a participação dos interlocutores em programas de intervenção de comunicação alternativa no contexto escolar, familiar e clínico.

Neste contexto, para investigar essa questão de pesquisa foi necessário privilegiar a elaboração, implementação e avaliação da eficácia de um programa individualizado de comunicação alternativa para crianças com paralisia cerebral não verbais aplicado em três contextos de vida diária e proporcionar a instrumentalização e formação teórico-prático de familiares, professores e terapeutas de crianças com paralisia cerebral não verbais.

Apesar dos resultados positivos, algumas limitações foram percebidas ao longo do estudo. Dentre essas, destaca-se a dificuldade em encontrar interlocutores familiares que autorizassem a realização da pesquisa diretamente no ambiente domiciliar. Algumas limitações influenciaram a quantidade de sessões de coleta de dados, como por exemplo, a falta das crianças no ambiente escolar, a falta dos profissionais da área da saúde, episódios de feriados prolongados e problemas de saúde nas crianças. Outras limitações influenciaram diretamente as sessões de coleta de dados, como é o caso da realização da pesquisa acontecer

86 no ambiente domiciliar, um ambiente não protegido, local que podem ocorrer muitas intercorrências como o latido do cachorro, o toque da campainha, o telefone tocando e a presença de vários membros familiares. Também foram encontradas limitações específicas relacionadas aos interlocutores da saúde, da educação e familiares devido eles não saberem utilizar o computador, o qual foi um instrumento utilizado para a etapa de confecção da prancha de comunicação alternativa.

Os dados revelaram que são exequíveis e necessárias parcerias com a família, profissionais da área da educação e profissionais da área da saúde para a promoção do desenvolvimento de habilidades comunicativas de crianças com severos distúrbios na comunicação oral. Nesta pesquisa, tais parcerias mostram-se possíveis por destacarem esses interlocutores como parceiros legítimos de comunicação. Além disso, o programa de intervenção realizado nesta pesquisa pode ser aplicado por outros profissionais e em outro público alvo levando em consideração todas as peculiaridades apontadas nesta pesquisa.

A implementação do “Comunica_PC” dirigido aos interlocutores de crianças com paralisia cerebral não verbais aplicado em três contextos naturais de desenvolvimento favoreceu o aumento das habilidades comunicativas das crianças do estudo, melhora na autonomia comunicativa e proporcionou modificações nos comportamentos das crianças nos três contextos (escola, clínica e casa).

Por fim, conclui-se que a pesquisa conseguiu:

 Contribuir para o meio acadêmico por meio da produção de conhecimento enquanto implementação de um programa de comunicação alternativa para crianças com paralisia cerebral não verbais em contextos de vida diária;

 Trazer inovações relevantes para o público atingido dentro do contexto domiciliar, escolar e clínico enquanto capacitação teórica, prática e formação de interlocutores;

 Possibilitar a formação acadêmica e continuada de profissionais da área da educação e da saúde com o intuito de inspirar o surgimento de projetos futuros no âmbito das políticas públicas brasileiras e das práticas de intervenção ligadas ao desenvolvimento humano, no cuidado de crianças com deficiência e seus familiares;

87  Beneficiar os participantes do estudo frente aos resultados, por meio do cumprimento dos

compromissos sociais previstos nesta investigação;

 Difundir o conhecimento produzido por meio de participação em eventos científicos e redação de artigos científicos.

Acredita-se que este estudo trouxe contribuições importantes ao individualizar um programa de intervenção de comunicação alternativa para crianças com paralisia cerebral e seus interlocutores mais próximos, pois os procedimentos ensinados durante a pesquisa podem ser colocados em prática e generalizados para os demais contextos sociais que as crianças frequentam.

Para futuros passos sugere-se a implementação de programas de comunicação alternativa, nos moldes do “Comunica_PC” elaborado na presente pesquisa que, de forma integrada possa proporcionar o intercâmbio de informações entre os interlocutores, numa perspectiva colaborativa.

A partir dos resultados positivos obtidos na implementação do “Programa Individualizado de Comunicação Alternativa para crianças com Paralisia Cerebral –

Comunica_PC” e para que as estratégias ensinadas nas intervenções sejam reforçadas,

mantidas e generalizadas nos mesmos ambientes em que a pesquisa foi realizada, aponta-se a necessidade de expandir e ampliar a capacitação dos interlocutores da criança em seus contextos de desenvolvimento: na casa (irmãos, vizinhos, pai, tios, primos, amigos...), na escola (auxiliar da sala, estagiários, seus pares...), na clínica (a secretária, outros terapeutas e pacientes que participam de grupos terapêuticos...).

Fica o desafio, por fim, de se discutir no âmbito das políticas públicas as possibilidades de atuação intersetorial (saúde - educação especial) na proposição, intervenção e acompanhamento do programa “Comunica_PC”.

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